Oi pessoas, esta postagem foi demorada. Confesso que fiquei pensando se levaria a fic adiante. Ainda tenho minhas dúvidas, mas o capitulo 3 está aí. Vou tentar posta mais rápido possível.


Capítulo 3: Primeiros Ataques


Aiolos olhava o cair suave da neve pela janela. Achava a paisagem linda, mas não saberia se gostaria de morar naquele local. Voltou o olhar para cama, vendo que Hilda ainda dormia profundamente. Aproveitou o momento para ligar para o santuário.

Atena não queria que a batalha de Seiya chegasse aos cavaleiros em viagem, mas Shura acabou contando sobre o ataque. Imediatamente os três retornaram.

- Com um só golpe?! - exclamou Máscara da Morte surpreso.

- Sim Mask... - murmurou Aldebaran. - o estado dele é grave.

- E não desconfiam de ninguém? - Aiolos fitou o grande Mestre que trazia uma expressão fechada.

- Estamos investigando. - limitou-se a dizer isso. - preciso pensar.

Shion pediu licença.

- Como alguém entra aqui e derrota o Seiya? - Aioria tentava pensar. - nossas defesas estão fracas.

- Atena está cuidando disso. - disse Mu. - a ordem é para permanecermos nas nossas casas.

No hospital, Seiya recebia todos os cuidados. Respirava sem ajuda de aparelhos e os ferimentos apesar de graves estavam estáveis, mas a maior preocupação dos médicos era seu estado inconsciente. Parecia em coma.

Hyoga estava no quarto, encostado na soleira da porta. Trazia os olhos fechados. Só se mexeu quando sentiu o cosmo de Atena.

- Senhorita Saori.

- Como ele está? - a deusa fitou o leito.

- Na mesma. As funções vitais estão estáveis, mas continua no "coma."

Atena não disse nada, entrando. Parou ao lado da cama, tocando levemente os cabelos negros do cavaleiro. Nem na luta contra Hades o viu daquele jeito. Era um milagre ele está vivo.

- Se acontecer alguma coisa me avise, por favor.

- Pode deixar.

A deusa saiu pensativa. Por mais que tentasse, não conseguia se lembrar de algo que poderia ligar ao ataque. Sabia que seu pai e os deuses do Olimpo estavam quietos, mas poderia se esperar qualquer coisa vinda deles. O jeito era aguardar.

No santuário o clima de apreensão imperava. As rondas continuavam e Kamus e Saga tentavam descobrir alguma coisa.

- Não há pistas Saga. - disse Kamus esfregando os olhos. - estamos no escuro.

- Eu sei. - o geminiano deixou as costas caírem no encosto do sofá. - o único que poderia nos ajudar era o Seiya mas pelo estado dele, não será tão cedo.

- Quem teria poder para invadir o santuário sem ser sentido, mas conseguir nocautear o Pégaso?

- Algo que nos trará um grande problema. Sinto que isso foi só o começo.

As horas correram sem novidades tanto do ataque, quanto de Seiya.

Shaka terminava sua meditação. Expandiu seu cosmo por todo o santuário à procura de cosmos, mas não adiantou. O local estava livre de influências.

- Shaka.

O indiano abriu os olhos.

- Pensei que todos estavam em suas casas.

- Estava separando alguns livros para Shion, - Saga sentou no chão de frente para o indiano. - enquanto ele não encontrar uma pista não vai sossegar.

- E com razão.

- Descobriu alguma coisa nas suas meditações?

- Não. - relaxou um pouco o corpo. - não há nada no raio de quilômetros.

- Desconfia de alguém?

- Não. O ataque foi perfeito.

- É uma pena que nossa paz durou tão pouco tempo. - o geminiano levantou. - estava acostumando...

- Iremos entrar em guerra? - mais afirmou que indagou.

- Basta saber contra quem. Vou para Gêmeos. Boa noite.

Shaka apenas acenou.

Por causa do estado de vigilância, cada dourado jantou em sua própria casa. Aioria, na cozinha, terminava a refeição. Pensava em Lifia e no ataque. Será que chegaria a Asgard? Balançou a cabeça negativamente. Shion e Atena encontrariam o culpado.

Foi para o quarto e rapidamente pegou no sono...

... Aioria estava na porta do templo. Sentia os cosmos dos companheiros, mas estava sozinho. De repente sentiu uma forte dor na altura do peito. Quando olhou para si viu a armadura Leão manchada de sangue. Recuou alguns passos, porém foi de joelhos ao chão. Sentiu um cosmo perto de si. Ergueu o olhar e não acreditou ao ver asas. A visão foi escurecendo e no segundo seguinte estava no chão...

- Não! - gritou acordando.

O grego olhou ao redor a procura do seu algoz. Novamente sonhara com aquele ferimento e aquilo começou a preocupá-lo.

- Eu preciso... - murmurou enquanto acalmava-se. - contar ao Shion.

Os sonhos misteriosos não assombravam apenas Dohko e Aioria. Algumas casas a baixo, um certo lemuriano também não estava tendo um sono tranquilo.

Mu remexia-se na cama. O rosto estava banhado pelo suor...

... Estava dentro de um cômodo e sabia que não era sua casa. Quando abriu a porta da frente, deparou-se com um cenário de horror. Muitas pessoas corriam pela rua assustadas. Crianças, jovens, adultos e velhos todos apavorados. Não reconheceu o lugar apesar das construções parecerem gregas. Mas o que o deixou surpreso era ver que as pessoas eram de sua raça.

- "Lemurianos...?"

O pensamento foi interrompido pelo som de uma trombeta. Mu e as demais pessoas volveram os olhos para a direção do som. O ariano viu no céu, algo bastante brilhante e com enormes asas. Segundos depois o barulho foi ensurdecedor o que fez todos irem ao chão, tamanho o deslocamento do ar. Quando os olhos voltaram para o céu viu apenas uma bola de fogo vindo em sua direção...

- Atena...

Mu acordou assustado. O coração estava disparado e a respiração rápida. Olhou pela janela percebendo que ainda era noite.

- O que foi aquilo... - passou a mão pelo rosto. - e quem eram aqueles lemurianos?

A pergunta se perdeu no ar...

O dia surgiu levemente calmo. Shion estava de pé desde muito cedo e trancado em seu escritório. Por mais que pesquisasse, por mais que pensasse não tinha ideia de quem poderia ser o novo inimigo. Com Seiya em coma, não havia respostas. Batidas a porta chamaram sua atenção.

- Espero que tenha ido dormir.

- Dormir um pouco Atena.

A deusa aproximou-se sentando-se a mesa.

- Essa falta de informações me deixa preocupada. - os olhos verdes foram para o quadro da parede ao lado. - sem pistas e o Seiya...

- Nós encontraremos respostas Atena. - Shion queria animá-la. - Já passamos por muitas situações difíceis passaremos por esta também.

- Assim espero. - olhou para a porta. - entre Mu.

- Estou interrompendo?

- Não. - Saori respondeu de imediato.

- Aconteceu alguma coisa? - indagou Shion notando a expressão séria do pupilo.

- Sim e não. - aproximou, sentando na cadeira indicada pelo mestre. - só queria ajuda num sonho que tive.

Shion e Atena trocaram olhares.

- Que sonho?

- Estava numa cidade de arquitetura grega, mas seus moradores eram lemurianos. Eles corriam assustados. Escutei o barulho de uma trombeta e quando olhei para o céu, havia algo brilhante. Depois tudo foi tomado pelo fogo. - silenciou.

Atena e Shion olharam-se novamente. O grande Mestre levantou e foi até um pequeno armário de onde tirou um livro de capa negra. Voltou para a mesa, abriu-o e ofereceu a Mu para que ele visse.

- Se parece muito... - fitou Shion. - com o lugar do meu sonho.

- Este é o único livro que fala sobre a terra dos nossos ancestrais. De tempos em tempos ele é copiado para que a história aqui retrata não se perca. Essa cópia é da época que cheguei ao santuário. - Shion o fitou diretamente. - conta a história da nossa raça, até ela ser extinta pelo cataclismo. O seu sonho é do último dia de Lemuria.

- Lemúria primeiro foi destruída por furacões, que acarretaram em fogo e depois tragada pelas águas. - disse Atena, passando a mão pela testa. - foram poucos os sobreviventes. Pelo seu relato sonhou com esse dia.

- Mas por que? - fitou a deusa. - eu nunca tinha visto esse livro. Escutei poucas vezes essa história na infância. Qual o motivo desse sonho agora?

- Não faço ideia. - Shion respondeu com sinceridade. - eu que já li esse livro várias vezes nunca tive esse tipo de sonho.

Mu voltou a atenção para a pequena imagem desenhada. O lugar era exatamente o mesmo, assim como a situação, inclusive o algo brilhante no céu.

- No meu sonho... - ele apontou para a gravura. - isso tinha asas.

- Asas? - Shion estranhou. - nos contos, esse objeto foi um meteorito que caiu iniciando o cataclismo. Num sonho um objeto pode ter outras representações.

O ariano mais jovem apenas concordou. Talvez Shion tivesse razão, mas que o objeto parecia ter asas, parecia. Seus pensamentos foram interrompidos pela chegada de Aioria.

- Perdão, volto outra hora.

- Pode entrar Aioria, não estávamos em reunião. - Shion achou estranho a entrada do leonino. Ele sempre batia na porta. - aconteceu algo?

- O senhor consegue interpretar sonhos?

A pergunta fez os três, que estavam sentados, arquearem a sobrancelha.

- Que tipo de sonho? - indagou Atena com uma expressão mais séria.

- Na verdade foram dois... alguns dias atrás acordei no meio da noite. Tinha sonhado que uma espada havia transpassado meu peito.

- E o segundo? - perguntou Shion.

- Estava na porta do templo. Sentia o cosmo de todos, mas estava sozinho. De repente senti uma forte dor no peito. Era uma espada. Antes de ir ao chão vi meu algoz e ele... - ponderou antes de dizer. Como diria que vira alguém de asas?

- Quem era Aioria?

O grego assustou-se com o tom sério de Atena.

- A pessoa tinha asas... - murmurou com vergonha.

Atena franziu o cenho. Duas pessoas sonhando com asas não era mera coincidência.

- Conseguiu ver o rosto?

- Infelizmente não. Juro que não vi nenhum filme, nem jantei muito para que eu sonhasse com isso.

- Eu também sonhei com algo que tinha asas, Aioria. - Mu o tranquilizou. - se está ficando louco isso pegou. - sorriu.

- São só sonhos. - disse Atena por fim. - Fiquem tranquilos. - sorriu.

Mu e Aioria concordaram. Minutos depois deixaram o escritório do mestre. Assim que eles saíram o sorriso de Atena morreu.

- Mu ter sonhado com o último dia de Lemuria e ambos com asas é no mínimo suspeito. Dohko também teve um sonho estranho e esse ataque a Seiya. Esses fatos estão interligados de alguma forma Shion.

- Mas como? Qual o ponto de intersecção desses quatro eventos?

Atena soltou um suspiro. Não tinha as respostas.

- Se forem sonhos proféticos eles vão voltar e com qualquer um dos cavaleiros. Devemos ficar atentos, mas sem levantar suspeitas.

Shion concordou.

No caminho até a entrada do templo, os dois cavaleiros conversavam sobre seus sonhos.

- Que estranho... - Aioria coçou a cabeça. - estamos ficando malucos. - riu.

- Isso vocês sempre foram.

A voz grossa fizeram-os olharem para o fim das escadarias de Peixes. Eram Aldebaran e Kanon.

- Todo mundo desse santuário tem pino frouxo. - brincou Kanon. - o que fizeram dessa vez para serem chamados tão cedo no templo?

Aioria e Mu compartilharam os sonhos.

- Alguém quer te matar para ficar com a Lifia... - o marina brincou novamente. - tem certeza que aquele guerreiro deus perdeu o interesse na sua namorada?

- Sem brincadeiras Kanon. Eu sempre acordo com dor, como se fosse real.

- E Atena disse para não se preocupar? - indagou Deba.

- Sim. - respondeu Mu pelos dois. - no meu caso, parece que tudo não passou de uma coincidência.

- Ou memória ancestral.

Os quatro olharam para trás.

- Sempre escutando a conversa...

- Vocês que falam muito alto. - disse Dite. - mas voltando ao assunto, tirando a parte que Frodi quer ferrar com você, o caso do Mu pode ser memória ancestral. Os lemurianos são mais evoluídos mentalmente que nós humanos. Seus poderes telecineticos são uma prova disso. A destruição de Lemuria foi tão traumática nos sobreviventes que ficou gravado em suas memórias e chegou aos seus descendentes.

- Com base em que está dizendo isso? - perguntou Kanon. - é entendido do assunto por acaso?

- Estou supondo. - o fitou entediado. - Lemurianos são especiais. Aposto que vocês têm capacidades que nem imaginam que tenham.

- A teoria dele faz sentido. - disse Aioria. - e Frodi está fora de circulação.

- E por que só agora? - Deba ainda não estava convencido.

- Vai saber. - Dite deu nos ombros. - algo destravou aí dentro. - apontou para a cabeça de Mu.

- Parece plausível.

- Se Atena e Shion não disseram nada é porque não é nada. E temos maiores preocupações do que sonhos. Passei por Libra e Dohko está querendo criar uma estratégia de defesa. Ele está chamando todos.

A casa de Libra estava ocupada pelos homens de Atena. Espalharam pela sala, aguardando os últimos a chegarem para a reunião. Inicialmente, Dohko faria no templo com a presença de Shion e Atena, mas os dois deveriam estar muito ocupados na tentativa de descoberta do ataque ao Pégaso.

- Agradeço a presença de todos. - iniciou. - E nossos anos de convivência nos permite irmos diretos ao ponto, - olhava para todos. - nossos dias de paz se foram.

- Acha que entraremos em guerra? - indagou Miro.

- O ataque ao Seiya foi só o prenúncio. Infelizmente não temos pistas de quem será nosso inimigo, mas acredito que ele seja mais forte de tudo que já enfrentamos.

- Olimpo? - sugeriu Shura.

- É uma possibilidade. - cruzou os braços sobre o peito. - de toda forma, tomei a liberdade de criar um esquema de segurança. - fitou Aiolos. Na qualidade de futuro Mestre ele tinha que opinar.

- O que você decidir está decidido Dohko.

- Obrigado. Bom...Apesar de podermos contar com os cavaleiros de Bronze, quero deixá-los na "reserva." Shion e principalmente Atena precisam de uma vigilância mais presente. Quero dois turnos de doze horas. De sete a sete um cavaleiro ficará encarregado da proteção dos dois, no templo e enquanto isso, - fitou Kanon. - quero que fique encarregado de proteger a casa vazia.

- Tudo bem.

- Quando o inimigo se mostrar aí sim poderemos ter um plano mais efetivo.

- Todos concordamos mestre. - disse Deba. - e quando começará?

- Hoje a noite. Pensei em seguir a ordem das casas para ficar mais fácil. Tudo bem para você Mu?

- Sim.

- Não desconfia de ninguém mestre? - indagou Kamus. Com certeza o libriano tinha algo ou alguém em mente.

- Sinceramente não faço ideia. - o fitou. - estamos totalmente no escuro.

- Poderemos ter outro ataque? - perguntou Mask.

- Sim, o problema é que não sabemos quando. Temo que não tardará. - respirou fundo. - cada um para sua casa e as sete esteja no templo, cavaleiro de Áries.

- Sim senhor.

Na porta da oitava casa, os cavaleiros dividiram-se. Miro, Shura, Kamus e Afrodite subiram enquanto Aiolos esperou o restante da turma descer. Por cosmo pediu o irmão para esperar.

- O que foi fazer cedo no templo?

- Eu... - não sabia se contava. Aiolos era bem implicante quando queria. - nada de mais.

- Fala Aioria. Eu te conheço. - apoiou em uma das pernas.

- Uns sonhos que eu tive... - abaixou o olhar.

- Sonhos?

- Por duas vezes sonhei com alguém me ferindo no peito com uma espada. Contei ao mestre e a Atena e eles disseram que era só sonhos.

- Quem te feriu? - a voz saiu séria.

- Não faço ideia. - suspirou. - não vi o rosto nem senti o cosmo. - preferiu não contar a respeito das asas. - foram só sonhos Aiolos.

O sagitariano ficou em silêncio por um tempo.

- Se Atena disse para não se preocupar...

- Vou para minha casa.

Passou pelo irmão, tocando-lhe no ombro. Aiolos ainda ficou um bom tempo parado em Libra antes de seguir para sua casa.

No caminho de Câncer a Gêmeos, o ariano relatou a Saga e Deba o sonho que teve.

- Afrodite não está totalmente errado. - disse Saga. - vocês lemurianos tem poderes mentais muito fortes. Pode realmente ser uma lembrança ancestral.

- E o principal, - Deba fitou o amigo. - Atena e Shion disseram para não se preocupar. O caso de Dohko sim é preocupante. A Atena apareceu para ele, dizendo para proteger algo ou alguém.

- Desconfio que esse algo ou alguém tenha relação ao ataque ao Seiya. - disse Kanon. - Dohko sonhar com essas coisas não é normal.

Chegaram a Gêmeos.

- Antes das sete eu desço. - falou o marina.

Deba e Mu continuaram o trajeto em silêncio. Aldebaran que conhecia bem o amigo, sabia que algo o incomodava.

- Mu.

O ariano o fitou, a espera de alguma pergunta, mas ela não veio. Mu sorriu.

- Estou angustiado sim. - disse.

- Eu te conheço. - abriu um sorriso. - não acha que foi um sonho comum.

- Não. Acredito na hipótese do Gustavv de ser uma memória ancestral, mas acho que é mais do que isso, deve ter um significado. Eu vi o desenho, é exatamente igual e aquele ponto luminoso... - calou-se por alguns segundos. - aquilo era asas.

- Acreditar que meteoros tem asas é um pouco demais...

Mu soltou um suspiro desanimado.

- Não estou dizendo que seja impossível. - Deba tentou consertar. - mas...

- Tudo bem Deba. Sei que parece fantasioso, mas eu acredito no que vi, fora a sensação que...

- Que...?

- Tem alguma coisa por trás da destruição de Lemuria. Sei que nos registros antigos relatam que o continente foi acertado por um meteoro e depois por um tsunami, mas toda vez que lembro do sonho, questiono essa verdade.

- Como assim?

- Será mesmo que foi desse jeito que aconteceu? - pararam na porta de Touro. - que o continente desapareceu no meio do oceano?

Aldebaran franziu o cenho e ficou calado por alguns segundos.

- E se eu te disser que não foi.

- Como? - não entendeu a frase.

- A sua suposição. E se Lemuria não foi destruída dessa forma? E se tiver sido por outra coisa?

O ariano silenciou-se.

- Infelizmente será apenas suposições. - disse com pesar. - não há como descobrir.

- Há mais mistérios entre o céu a terra do que toda nossa vã filosofia, já dizia Shakespeare. Talvez exista respostas para suas dúvidas, respostas complicadas e com cunho pesado.

Foi a vez do ariano franzir o cenho.

- Está muito filósofo hoje Deba. - sorriu.

- Estou apenas dizendo a verdade. As verdades sempre aparecem, cedo ou tarde.

Mu ficou surpreso com a seriedade da voz. Deba às vezes tinha frases de impacto.

- Espero que esteja certo. - sorriu. - até mais tarde.

O taurino via o amigo se afastar. Conhecendo-o bem, tinha noção que aquele sonho ainda o atormentaria por um bom tempo. Volveu o olhar para o céu que estava num profundo azul.

- A verdade sempre aparece...

O.o.O.o.O

Lucy estava em seu quarto lendo. Enquanto a hora não chegava passava o tempo em meio aos livros. O único que tinha o direito de interrompê-lo era Azazel e era ele, o anjo ajoelhado ao seu lado.

- Aconteceu algo? - Lucy continuava sua leitura.

- Nada grave. Depois do ataque aos humanos os anjos da luz estão silenciosos.

- Mikael irá agir, posso sentir. - passou uma página. - pode ir para Tenkai.

O anjo desapareceu. O líder fechou o livro. Se Mikael ordenasse um novo ataque, teria certeza dos planos do irmão.

- Mikael sempre foi muito previsível... Gadrel.

No mesmo instante o anjo apareceu diante dele.

- Sim.

- Azazel voltará em breve com notícias de Tenkai. Quero que fique de prontidão e assim que ele repassar as informações quero que vá a Ninkai.

- Algum objetivo?

- Mikael fará um novo ataque a humana. - depositou o livro, numa mesa de canto. - quero que acompanhe esse ataque, mas em hipótese alguma deixe que os anjos ou os humanos percebam sua presença, principalmente Astaroth. - o fitou. - não sabote meu plano. - o fitou de forma fria.

- Sim senhor.

Gadrel sumiu, indo para seu alojamento.

- O que Lucy queria? - indagou Nara sentado confortavelmente num sofá.

- Você não tem quarto?

- Senti o nosso senhor te chamando. Novidades?

- Ninkai. Parece que os da luz planejam um novo ataque.

- E vai só observar? - sorriu provocante.

- Lucy me mata se eu interferir. E não quero morrer antes de matar alguns generais. Agora saia.

Nara levantou fazendo careta.

- Espero que tenha juízo e use a prudência. - parou na porta. - não queira ver a fúria de um arcanjo. Viu o que aconteceu aos pintinhas. - deu uma piscadinha, antes de sair.

O.o.O.o.O

Depois do ataque feito ao humano em Ninkai, Jeliel permitiu-se abrandar os treinos. Os cavaleiros de Atena não eram tão fortes a ponto de exigir um preparo maior. Treinava com espadas na arena dedicada a eles.

- Você sempre foi rigoroso com os treinos. - Dianeirah parou a certa distância.

- Eles são lixos. Posso facilmente derrotá-los. - não parou o que estava fazendo.

- Então devem ser mesmos. - a voz de Elemiah preencheu o ambiente. - serem derrotados por você. - disse para provocar.

Jeliel não parou o que estava fazendo para responder, o que deixou os dois generais surpresos.

- Deixe-o em paz, Elemiah. - pediu Dianeirah.

- Já deixei. - o general de Raphaelle bateu asas e se foi.

- Fique preparado, os arcanjos nos chamarão a qualquer momento.

A jovem saiu da arena. Jeliel parou de treinar, olhando para o local onde antes estavam os dois anjos.

- "Vou me tornar mais forte que vocês e quando essa guerra acabar..." - deu um sorriso maldoso.

No palácio Kyn, os três arcanjos escutavam um coral de crianças anjos. Desde o retorno de Jeliel, Mikael não havia falado mais em Ninkai. De olhos fechados escutava o final da melodia.

- Estão cantando divinamente crianças. - disse Uziel. - continuem assim.

O grupo composto por treze crianças fez uma reverência e saiu por uma porta lateral.

- Bonito mais tedioso. - disse Raphaelle. - até quando vamos ficar aqui sem fazer nada?

- Nunca teve paciência, não é Rapha? - brincou Uziel. - Gabrian sempre teve que te obrigar a ir nos concertos.

Mikael olhou para os dois de forma ferina.

- Desculpe. - pediu o arcanjo da Água. Havia esquecido que Mikael odiava quando o nome de Gabrian era pronunciado. - Desistiu da ideia de atacar a humana? - indagou querendo mudar o foco.

- Não. Já dei um tempo para ela se recuperar. Chame seus generais.

Minutos depois os cinco generais estavam diante deles.

- Os humanos tiveram tempo para se recuperaram do susto. - sorriu. - Jeliel e Elemiah, deem um passo a frente.

Os dois anjos obedeceram.

- Quero que ataquem dois humanos da elite de Atena, mas não os matem, apenas os deixem bem feridos. Podem revelar seus nomes e mostrar suas asas, mas sem maiores detalhes.

- Acha prudente? - indagou Uziel.

- Ela faz parte do mundo dos idólatras, não sabem sobre nós. - voltou a atenção para os dois generais. - em hipótese alguma se aproximem ou se mostrem a Raziel. Se ele estiver presente abortem o plano imediatamente.

- Sim senhor. - disse Elemiah pelos dois.

- Estão autorizados a partirem.

O.o.O.o.O

Durante o restante da manhã e princípio da tarde, os dourados permaneceram em suas casas, como havia pedido Shion e Dohko.

Pouco depois das quatro, o libriano solicitou a Miro e Kamus que realizassem uma ronda nas fronteiras do santuário. Teria que ser uma coisa rápida já que depois deveriam voltar para suas casas.

De posse de suas armaduras os dois cavaleiros partiram.

Enquanto isso em Devakai, Lucy recebia as notícias de Tenkai. O líder dos caídos estalou os dedos.

- Gadrel.

- Estou indo.

O anjo sumiu.

Lucy olhou para o tabuleiro de xadrez que surgiu na sua frente. Duas peças douradas rumavam para cima das peças marrons, enquanto uma negra pairava sobre elas.

- Isso será divertido.

No santuário tudo estava tranquilo e nem suspeitavam das duas figuras que estavam no relógio de fogo. Jeliel estava de pé, enquanto Elemiah agachado em uma das pernas.

- Então é aqui que Asher escondeu o artefato. - murmurou Elemiah. - se parece com aquelas construções... - deu um meio sorriso ao se lembrar do passado. - por que não estou surpreso do Abisko estar aqui.

- Localizei duas energias ao norte. - disse Jeliel não dando importância às palavras do outro general. - não se parecem com a de Raziel.

- Ótimo. - Eli levantou, estalando os dedos. - um pouco de diversão.

Jeliel abriu suas asas e partiu.

- Que cara chato.

Elemiah fez o mesmo seguindo-o. Os dois anjos nem perceberam uma terceira pessoa que os seguiu.

Kamus e Miro andavam lado a lado.

- Até quando Seiya ficará naquela situação? - indagou o grego retirando da frente um galho de árvore.

- O ferimento dele foi grave. - Kamus seguia atento. - pelo menos seu estado é estável.

- Menos mal. Diante de uma possível guerra tudo que não precisamos é perder um cavaleiro.

O aquariano parou imediatamente, colocando o braço na frente de Miro para pará-lo.

- O que foi?

- Não está sentindo...? - a voz saiu baixa. - a atmosfera está diferente.

Miro concentrou-se. Realmente estava sentido como se houvesse algo ao redor deles.

- É melhor aparecer. - disse Kamus.

Por alguns segundos a única coisa que escutaram foram o som dos pássaros fugindo assustados. Os dois cavaleiros assumiram a defensiva.

- Estão mais atentos do que o outro humano. - uma voz ecoou pelo local.

- Quem é você? - indagou Miro. - Mostre-se imediatamente!

- Um humano querendo me dar ordens...

O aquariano achou estranho o fato dele usar a palavra "humanos".

- "Será que é um deus?" Apareça.

- Será um prazer... - a voz saiu fria.

Miro e Kamus olhavam para todos os lados a procura da voz. Os olhos estreitaram quando em meio as árvores, surgiu uma figura masculina de longos cabelos prateados. Ele usava uma vestimenta branca, muito semelhante aos quimonos japoneses. A imagem dele em si não causou temor e sim o fato de não sentirem o cosmo dele.

- Quem é você? - indagou o aquariano.

- Jeliel. - ele parou cerca de cinco metros deles. - espero que não me decepcionem como o outro humano.

- Outro humano? - Miro não entendeu.

- Foi você que derrotou o Seiya. - afirmou Kamus.

- Sim. - sorriu. - foi muito fácil. - desembainhou sua espada. - assim como será fácil contra vocês.

Miro não teve tempo, recebeu um poderoso ataque que o jogou longe.

- Miro! - olhou para trás.

- Não se preocupe você será o próximo.

Quando Kamus volveu o olhar para Jeliel, arregalou os olhos. O homem trazia dois pares de asas, mas não teve tempo de raciocinar. O olhar estreitou ao ver surgir em meio às árvores outro homem com asas.

- Vá brincar com outro, eu cuido dele. - disse Elemiah.

Jeliel partiu em direção a Miro.

- Espere!

O aquariano tentou se mexer mas algo o prendia. Voltou o olhar para o ser alado que se aproximava. Se não fosse pelas asas, passaria por um homem de gosto excêntrico. Usava calça e camisa de manga comprida feitas do que parecia malha. Por cima um sobretudo pesado feito de couro. Tanto a roupa quanto o sobretudo eram numa cor bem chamativa: vermelho vivo.

- Vai me fazer desfeita? - fez cara de decepcionado. - Meu nome é Elemiah. E você?

- Kamus... o que são vocês? E o que querem?

- Se sobreviver responderei às suas perguntas.

- "Preciso avisar aos demais." - pensou o aquariano.

- Nem adianta. - Eli sorriu. - esse local está isolado do mundo exterior. Vamos nos divertir?

A alguns metros dali, Miro reclamava da dor enquanto se livrava dos galhos.

- Essa doeu.

- Você durou um pouco mais.

O escorpião não acreditou no primeiro momento que viu. Um homem com asas?

- A pancada foi forte...

- Não está louco. - disse Jeliel. - eu tenho asas, pois sou um ser superior a você.

- O que?

Jeliel concentrou sua energia na espada, disparando novamente contra o cavaleiro. Miro elevou seu cosmo na tentativa de parar o ataque mas foi acertado em cheio.

Distante dali, Kamus ouviu o barulho do impacto.

- Miro!

- Jeliel não vai matá-lo, Kamus. Não podemos matar vocês... ainda.

- O que querem? Como entraram no santuário?

Foi questão de segundos, Elemiah surgiu na frente do aquariano.

- Me derrote primeiro.

Elemiah tocou no peitoral de Kamus, uma poderosa energia circundou o cavaleiro provocando uma forte dor.

- AHHHH!

Elemiah fechou o punho direito e aplicou um soco no cavaleiro, o francês foi arremessado para onde Miro estava.

- Kamus! - gritou Miro limpando a boca de sangue.

- Infelizmente sou obrigado a concordar com você Jeliel... - Elemiah pousou ao lado do general. - eles são fracos.

- Eu vou derrotá-los. - o cosmo do escorpião elevou-se. - Agulha Escarlate!

Miro direcionou seu ataque para Elemiah, que seria facilmente acertado, pois usava uma roupa comum. O anjo não se mexeu recebendo a queima roupa doze agulhas. O ataque provocou orifícios fazendo o sangue vermelho fluorescente sair.

Kamus, de pé, sabia que só aquele ataque não seria capaz de derrotá-lo, entretanto deveria ao menos feri-lo. Elevou seu cosmo disparando o Pó de Diamante. O ar frio foi em direção a Elemiah, que ferido pelas agulhas, não se esquivou. O general foi ao chão.

- Agora só falta um. - disse Miro.

- Tome cuidado. - Kamus aproximou, ainda não querendo comemorar vitória.

- Vocês são patéticos. - Jeliel sorriu.

- E engraçados. - disse Elemiah.

Para o espanto dos dois cavaleiros, Elemiah levantou e se não bastasse, os ferimentos causados pelos dois sumiram.

- Como...

- Precisarão mais do que isso para me matarem. - o general estralou o pescoço. - mas foram bons golpes. Espero encontrá-los novamente. - desembainhou a espada que trazia debaixo do sobretudo.

Os dois anjos ergueram suas espadas. Na ponta delas surgiram duas bolas de energia. Elas se uniram duplicando a quantidade de poder. A bola de energia partiu para cima dos cavaleiros provocando uma onda de explosão por onde passava. Nesta hora, a barreira criada pelos anjos se desfez e todo santuário sentiu dois cosmos gigantescos explodirem seguido por um tremor de terra. Gadrel que observava a luta retirou-se logo após.

Miro e Kamus foram atingidos em cheio, sofrendo diversos ferimentos graves e caindo inconscientes no chão.

- Shion! - Atena deu um grito de terror.

- Fique aqui Atena.

O grande Mestre elevou seu cosmo dando as ordens. Afrodite foi imediatamente para o templo, enquanto Kanon e Aioria foram encarregados de irem atrás de Miro e Kamus.

Rapidamente os dois chegaram ao local onde as energias eclodiram.

- Está tudo destruído... - murmurou Aioria.

- Novamente um ataque e nem sentimos... - o marina cerrou o punho.

Andaram mais alguns metros encontrando os companheiros.

- Miro! - Aioria agachou ao lado dele. - Miro!

- Vamos levá-los. - Kanon pegou Kamus.

Assim que viu seus dois cavaleiros, Atena suprimiu o grito. Eles sangravam muito.

- Leve-os para a enfermaria. - pediu Shion. - quero buscas por todo o santuário.

A morada de Atena foi posta em vigília. O sol sumia no horizonte...

- Que droga! - Aioria socou o chão do pátio do templo. - estamos completamente à mercê deles.

- Entraram sem serem detectados. - Dohko estava preocupadíssimo.

- Precisaremos reforçar a proteção a Atena. - disse Aiolos. - apenas um cavaleiro pode não ser suficiente.

Sentiram o cosmo de Atena chamando. Ela esperou apenas os que estavam patrulhando para se pronunciar.

- Os ferimentos são graves, mas estão fora de perigo.

- Um segundo ataque em menos de uma semana e da mesma forma. - disse Shaka.

- Temos que esperá-los acordar. - a voz de Atena saiu baixa. - só então saberemos o que aconteceu.

- Mu, Kanon, Dohko e Afrodite ficarão no templo essa noite. - Shion fitou a todos. - Aldebaran a primeira linha de defesa começará por você. Assim que eles acordarem teremos mais detalhes e possivelmente saberemos o nome do nosso inimigo.

O.o.O.o.O

Gadrel voltou imediatamente para Devakai. Encontrou seu senhor no salão principal do castelo.

- Eles foram rápidos. - Lucy olhava duas peças marrons tombadas no tabuleiro. - não atacaram Astaroth?

- Não. - ajoelhou. - A defesa da humana é fraca. Elemiah nem usou seu poder para derrotá-los.

- Mikael não quis brincar. - Lucy sorriu. - mandou logo Elemiah.

- Por que também não atacamos? - indagou Yekun. - venceremos facilmente.

- Porque ainda não é o momento. - o líder o fitou. - para que vamos gastar nossos poderes se tem alguém que pode fazer o trabalho por nós? Tenha paciência Yekun. - e voltando a atenção para Gadrel... - eles os mataram?

- Não. Apenas feridos.

- Ótimo. Vamos aguardar os próximos passos.

Lucy dispensou seus generais. Os cinco foram para a ala que os pertenciam.

- Por que só os de cima tem direito de brincar com os humanos? - Yekun estava com a expressão fechada. - eu os mataria rapidamente.

- São tão fracos assim? - indagou Kesabel ignorando Yekun.

- Não puderam nem encostar em Jeliel! - exclamou. - aquele fracote. Até Sitael está ficando mais forte.

- Com quem eles lutaram? - indagou a garota.

- Os nomes eram Miro e Kamus.

Kesabel logo pensou em Gustavv.

- Mas não devemos subestimá-los. - disse Narahim. - a humana conta com várias defensores, eles podem ter níveis diferentes de poder e além do mais já derrotaram os deuses da terra média.

- Não puderam contra o Jeliel, Nara. - Yekun o fitou. - qualquer um pode matar aquele arrogante.

- Humanos quando acuados podem desenvolver um poder enorme. - a voz de Azazel chamou a atenção de todos. - não podemos entrar na batalha com o espírito que já vencemos. Adversários são adversários.

O grupo ficou em silêncio. Kesabel lembrou-se novamente de Gustavv. Ele tinha uma quantidade boa de energia, mas não dava para saber se seria suficiente para derrotar Jeliel.

- Em que está pensando Bel? - indagou Nara.

- Eu os vi e apesar das evidências, acredito que Azazel tenha um pouco de razão. Humanos quando acuados são capazes de qualquer coisa.

- Fala por experiência própria? - Yekun zombou.

- Você não é tão mais forte que Jeliel. - devolveu a provocação. - pode morrer rapidinho.

- Hora sua...

- Calma... - Nara entrou no meio dos dois. - sem brigas por favor.

- Sendo fortes ou não vamos derrotá-los. - disse Azazel. - para o treino, todos vocês.

A ordem acalmou os ânimos.

O.o.O.o.O

Assim que atacaram os cavaleiros de Atena, os dois anjos retornaram para Tenkai. Os três arcanjos os aguardavam no salão principal.

- Fizemos como nos pediu senhor. - disse Elemiah ajoelhando diante de Mikael.

- E como foi?

- Tão fácil quanto da primeira vez. - respondeu Jeliel. - eles usavam uma espécie de armadura, mas nada preocupante.

- Estão vivos?

- Sim.

- Ótimo. Descansem e quanto a vocês, - olhou para o restante dos generais. - aproveitem pois a hora de agir está próxima.

Os generais retiraram-se.

- O que quis dizer? - indagou Uziel, assim que se viu apenas com os irmãos.

- Faremos uma visita a humana. - Mikael pegou sua espada.

- Algo me preocupa. - Raphaelle tomou a palavra. - Lucy e sua corja estão em silêncio por séculos. Para quem queria Abisko estão bem quietos.

- Lucy é o menor dos nossos problemas. - o arcanjo do Fogo manuseava sua espada. - ele não tem poder para ir contra nós. - fitou os irmãos. - depois de liquidarmos com a humana e termos em nossas mãos o artefato, Lucy vai desaparecer.

Raphaelle e Uziel trocaram olhares.

Dirigindo-se para Abos, Elemiah contava aos demais a luta contra os humanos de Atena.

- Por isso disse que Raziel está fraco. - falou Sitael. - eles têm o mesmo nível.

- Dessa forma a nossa vitória está garantida. - Mahasiah andava ao lado de Dianeirah. - se o senhor Mikael planeja um grande ataque eles não terão chance.

- São vermes. - Jeliel abriu a boca. - nem precisará de usar todos nós.

- Quer a diversão só para você? - Elemiah o fitou. - tem humanos para todos. Será divertido.

- Finalmente ação! - Sitael exclamou animado. - não vejo a hora de lutar. Dianeirah podemos treinar? - a fitou esperançoso.

- Você não cresce. - sorriu. - vamos para a arena.

- Vou aumentar meus poderes! - comemorou.

- Sendo assim acho que vou praticar um pouco. - disse Maha. - vamos Eli?

- Vai ser divertido.

Jeliel apenas escutava a conversa. Ele derrotou dois humanos, não havia necessidade de treinar, mas veria o treino dos demais. Vê-los em ação poderia trazer algum ganho.

- Eu apenas assistirei os treinos.

Os quatro se olharam sem entender.

- Como quiser. - disse a jovem.

O.o.O.o.O

Depois da reunião, Shion dispensou o grupo. Atena e ele trancaram-se em seu escritório.

- Dois ataques misteriosos, Shion. - a deusa soltou um suspiro desanimado. - e não temos ideia de quem seja.

- Quando Miro e Kamus acordarem teremos maiores informações.

- Irei transferir Seiya para o Japão. Quero que Shun e os demais fiquem lá. Precisamos ter um suporte caso algo mais grave aconteça.

- De acordo. Quando irá mandá-los?

- Amanhã cedo.

- Vou intensificar os selos ao redor do santuário, pode nos ajudar um pouco.

- Faça isso.

O clima no santuário era de apreensão. Shaka estava na sala das árvores gêmeas meditando a procura de respostas. Ficou por um bom tempo, todavia não teve sucesso.

- Descobriu alguma coisa? - Mask estava em sua cozinha, comendo um pedaço de bolo.

- Com o inimigo à espreita, está fora da sua casa e comendo a comida dos outros?

- Saco vazio não para em pé. E todos os ataques foram fora das doze casas.

Shaka não respondeu, indo pegar um copo com água.

- Buda falou com você?

- Não. - respondeu seco, dirigindo-se para a mesa. - não deveria ir embora?

- Acompanhe meu raciocínio. - ignorou a pergunta. - Atena mais velha pede para cuidar de Alédia. - pausou, mas continuou quando percebeu que Shaka prestava atenção. - Seiya é atacado na arena.

- Prossiga.

- O sonho de Aioria sendo morto. Mu sonha com Lemuria sendo destruída e após isso um novo ataque na floresta.

- Acha que estão interligados? - Shaka detestava o jeito do canceriano, mas reconhecia que ele era perspicaz.

- Certamente o que nos atacou pode estar querendo esse tal de Alédia.

- E onde entraria o sonho do Mu?

- Um ataque. - cortou mais um pedaço de bolo. - talvez Lemuria foi só simbologia. Talvez o alvo seria o santuário. Isso aqui está muito bom. - apontou para o bolo.

- Pare de comer meu bolo! - Shaka puxou o prato. - e isso tudo seria obra de quem?

- Não faço ideia. Só a aranha de parede e cubo de gelo para responder. Só sei que nosso período de paz foi para o espaço. - espreguiçou-se. - ainda bem que eu não trouxe as crianças.

- Eu ainda não consigo acreditar que aqueles anjos gostam de você. - levantou, guardando o bolo numa vasilha.

- Tenho meu charme. - sorriu.

- Nunca pensei que um matador de inocentes teria afilhados. - o fitou. - tirando a parte que continua um irresponsável e boca suja, você mudou.

Mask ficou calado. Todas as vezes que ouvia sobre sua mudança lembrava de Helena. Se no passado, não fosse uma pessoa sanguinária, talvez hoje ela estaria viva.

Shaka notou o silêncio. De certo ele pensava na asgardiana.

- Você fez tudo que podia dentro das suas possibilidades.

- Foi pouco. - a voz saiu baixa.

- Então faça pelos irmãos dela.

Giovanni o fitou na hora.

- Se estamos diante de uma nova batalha empenhe-se ao máximo para proteger o mundo onde eles vivem.

- Shaka me consolando... quem diria. - sorriu. - eu farei o meu melhor. - levantou. - obrigado pelo bolo.

- Vá logo.

Mask acenou saindo. Shaka balançou a cabeça negativamente. Era um irresponsável, mas que aprendeu a respeitar.

Dohko em sua casa mexia na sua mini biblioteca atrás de mapas do santuário. Muitos ficavam no templo, mas ele tinha seu acervo pessoal que poderia ser útil no momento como aquele. Achou alguns levando para a sala, depositando-os sobre uma mesa. Voltou para o cômodo para buscar mais.

Aiolos foi para Libra, para uma última conversa com o chinês. Chamou e como não teve resposta, entrou vendo inúmeros mapas sobre a mesa. Um deles chamou a sua atenção.

Dohko voltava com as mãos carregadas, eram os últimos. Do corredor viu Aiolos debruçado sobre sua mesa. Ele olhava um dos mapas atentamente. Não sabendo explicar a si mesmo, ficou apreensivo ao ver o amigo olhando aquele mapa. Teve um pressentimento ruim.

- Não deveria está na sua casa? - disse em forma de brincadeira.

- Fui relatar ao Mestre o esquema de segurança da vila. - respondeu sem tirar a atenção do mapa. - que mapa é esse Dohko?

O libriano aproximou, depositando ao lado, os outros.

- Em mais de trezentos anos, somente Hakurei, Sage, Shion e eu sabíamos da existência desse mapa. - fitou os desenhos. - foi feito antes da guerra santa do século dezoito pelo senhor Sage.

- Ele é diferente... pelos desenhos sei que está representando as doze casas, o templo e Star Hill, mas...

- Ele mostra todos os pontos onde a barreira em torno do santuário é mais forte. Os pontos em amarelo escuro indicam isso e os vermelhos os pontos críticos. Mostra também os túneis que passa por baixo desse solo. É por onde os moradores podem escapar em caso de invasão.

- Não sabia que tínhamos esses túneis e nem da fragilidade da barreira.

- Poucos sabem. - começou a enrolá-lo e se dependesse dele poucos continuariam a saber da existência do mapa. - nem Saga sabe da existência dele e Shion vai te explicar sobre eles depois que você sagrar Grande Mestre. Até lá você não viu nada.

- Eu não vi nada. - entendeu o recado.

- Eu já vou subir. - tocou no ombro do sagitariano.

Os dois subiram e na saída da parte íntima de Capricórnio, Aiolos fitou Dohko subir.

- "Ele tem razão em se preocupar, aquilo nas mãos inimigas..."

Deu as costas e entrou. O grego rumou para o cômodo onde Shura costumava treinar. O viu socando um saco de areia. Sem querer atrapalhar sentou-se no chão.

Mesmo com um santuário apreensivo, o espanhol mantinha seus exercícios. Shura dava socos mas observava o amigo que entrou em silêncio e permanecia assim.

- O que te preocupa grande Mestre? - parou, passando a mão no rosto para tirar o suor. - ...é se a Hilda quer algo com você?

- Nós já temos algo. - sorriu. - É essa guerra. Nossos inimigos sempre foram conhecidos: Hades, Poseidon e os demais deuses do Olimpo, agora estamos lidando com algo desconhecido.

- Não acha que são os Olimpianos?

- Seria o mais lógico a se pensar, mas... está silencioso demais.

- Desde os tempos mitológicos os Olimpianos querem dominar a Terra. Titãs e Loki. Pode ser qualquer um. E seja quem for vamos vencer. E pare com esses pensamentos, que eu saiba o pessimista aqui sou eu.

Aiolos riu da observação.

- Se eu seguisse meus pensamentos não teria me tornado cavaleiro. - voltou a socar o saco. - graças a você estamos tendo essa conversa.

- Saga e eu fomos seus "tutores", era natural encorajá-lo.

Shura lembrou-se daquela época. Saga e Aiolos sendo os mais velhos eram responsáveis pelos aspirantes.

- Tempos bons. - sorriu.

- Foram.

- Pena que depois Saga e eu estragamos. - o espanhol deu um soco mais forte.

- É passado Shura. - Aiolos levantou e antes que o saco voltasse o segurou. - eu já esqueci tudo que aconteceu.

- Mas nós não.

- Ficam remoendo sem necessidade. - sorriu. - éramos amigos, continuamos amigos. Eu seguro, pode socar. Como nos velhos tempos.

- Está anoitecendo e temos plantão. E na qualidade de futuro Mestre tem que dar o exemplo.

- Está bem. Já entendi que quer encerrar esse assunto. - caminhou para porta. - mas saiba que já esqueci daquele dia há muito tempo.

Saiu. Shura soltou um suspiro desanimado. Aiolos até poderia ter esquecido, mas ele não.