Capítulo 7: Alédia
Saga respirava ofegante. Havia se esforçado muito para segurar o ataque de Elemiah e ele não parecia enfraquecido.
- Devo admitir que é resistente. – Elemiah sorriu. – outros já teriam morrido.
- Os humanos podem surpreender. – devolveu o sorriso.- Antes de prosseguirmos, posso perguntar algo?
- Diga.
- O que é Alédia?
Elemiah franziu o cenho, mas ficou em silêncio. Não estava nos planos de Saga fazer aquela pergunta, mas talvez conseguisse obter alguma informação.
- Não faço ideia do que está falando.
O geminiano o olhou e Elemiah sustentou o olhar.
- Não está mentindo.
- Não teria razão para tal.
De repente Saga olhou para trás. O cosmo de Aioria...
- Mahasiah não vai matá-lo, pelo menos não por enquanto. – disse Elemiah. – ele só deve está castigando o humano por ele se intitular irmão de Raziel.
O grego ficou preocupado, se o combate não parasse Aioria ficaria gravemente ferido.
- Vamos terminar isso. – elevou seu cosmo.
- Como quiser.
- Explosão Galáctica!
O ataque de Saga partiu em direção a ele. Elemiah pegou sua espada e cortou o ataque em dois.
- Como?!
- Quem sabe numa próxima vez.
O anjo da Restauração criou uma bola de energia e jogou contra Saga. O geminiano tentou segura-la mas a pressão era muito forte. Acabou sendo atingido indo ao chão.
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Desde que deixara Leão, Aiolos sentia o cosmo de Aioria oscilar. Conhecia a capacidade dele, mas Mahasiah era muito mais forte. Num confronto sério, o leonino não teria vez. Dianeirah que até o momento seguia calada, aproximou-se dele.
- Algum problema? – indagou baixo.
- Nenhum. – a fitou. – não é nada.
O olhar volveu para frente e quando viu o símbolo da casa parou. Era Sagitário.
- Sua antiga residência? – indagou Uziel, notando a parada.
- Sim.
- Então não teremos problema em atravessá-la. – Mikael deu-lhe um sorriso.
Raziel não respondeu. A passagem corria silenciosa, quando Sitael chamou a atenção para algo.
- O que é isso? – apontou.
Quando Aiolos viu ficou surpreso.
- Aos jovens que chegarem aqui... – Dianeirah lia. – confio-lhe Atena. Você escreveu isso?
Todos os olhares foram para ele.
- Sim.
- Não esperava menos do meu general. – disse Mikael. – se misturou tanto com os humanos que até escreveu uma frase para proteger a humana. Pena que agora será inútil. – riu.
Os olhares foram de Mikael para Aiolos.
- Por que escreveu? – Uziel ficou curioso.
- O santuário estava sob o julgo de Saga... novos cavaleiros estavam sendo treinados e queria que eles protegessem Atena contra ele.
Jeliel rolou os olhos. Era típico dele.
- Isso não será mais necessário... – Mikael formou uma bola de fogo. – vamos apagar esse capítulo da sua vida.
Aiolos olhava para sua letra. Havia escrito minutos antes de partir do santuário, deixando tudo para trás até sua honra, pois seria considerado traidor.
- Espere senhor Mikael.
- O que?
- Eu mesmo o destruo. Não suje suas mãos com isso.
- Bem observado.
Aproximou da parede com o olhar fixo nos dizeres. Dianeirah observava cada ação. Mikael e os demais podem não ter percebido, mas ela intuiu que aqueles dizeres haviam mexido com Raziel.
Cerrou o punho direito e num soco rápido acertou o meio da frase. A parede trincou naquele local e pedaços se desprenderam.
- Perfeito, vamos em frente.
O arcanjo do Fogo deu as costas seguido pelos demais. Aiolos permanecia com o punho na parede, mas com o rosto baixo, olhando os fragmentos espalhados pelo chão.
A general esperou os outros afastarem para aproximar de Raziel.
- Raziel. – tocou-lhe no ombro. Quando ele a fitou, ficou surpresa por ver seus olhos marejados. – "Ele ainda guarda sentimentos humanos?" Não se preocupe com isso, são só palavras que agora não fazem sentido. Isso tudo dissipará.
- Tem razão. – se recompôs. – sou um general, não um humano.
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Em seu trono, Atena tentava se manter calma. Vez ou outra olhava para o tapete que retratava a história de Lemuria. Deveria existir uma conexão entre aquelas terras, Asher e o santuário. Se havia algum motivo para Asher escolher ali para o local de Abisko tinha que encontrá-lo.
- Atena.
Shion parou diante dela. A deusa não respondeu de imediato, demorando o olhar em seu grande mestre. O ariano estava naquelas terras desde a tenra idade e como discípulo de Hakurei deveria ter escutado sobre esse artefato. Os olhos miraram as pintas lemurianas. Os sobreviventes do cataclismo estabeleceram-se em Jamir e era estreitamente interligados ao santuário.
- "Se Asher era uma lemuriana e supostamente sobreviveu até a Era moderna, ela escolheria Jamir ou o santuário para esconder Abisko... onde há sobreviventes de sua raça..."
- Atena.
A voz de Shion a trouxe de volta.
- Traga Kanon até aqui, agora.
A ordem o assustou, mas acatou. Em segundos, o dragão marinho estava diante dela.
- Não temos tempo. – levantou de seu trono. – consegue aplicar seu golpe triângulo dourado no entorno do templo?
- Acho que sim.
- No que está pensando Atena? – indagou Shion.
- Faça-o agora. Aiolos está com eles então poderá sentir nossos cosmos. Quero que o confunda com isso. Use toda a sua força, não sabemos se Lúcifer e Shaka virão até aqui e Shaka consegue nos localizar muito bem.
- Eu não entendo senhorita.
- Assim que Kanon lançar o seu ataque, quero que vá a Star Hill, Shion. – o fitou. – camuflado pelo poder do Kanon, Aiolos não perceberá que saiu do templo e foi para a montanha sagrada. Não quero correr o risco de Mikael descobrir sobre Gabrian.
- E o que quer que eu faça lá?
- Pergunte a Gabrian se Abisko é guardado por um lemuriano e se Asher alterou as memórias de seus descendentes.
- Eu... – Shion calou-se, não era hora para questionamentos. – irei agora mesmo.
- Kanon, mande Mu vir para cá imediatamente.
- Sim.
- Vá, não temos tempo. Eles já estão chegando em Capricórnio.
Os dois foram cumprir as ordens. Assim que Kanon lançou seu golpe, Aiolos e Shaka sentiram.
- "O que está planejando Atena...?" – pensou Shaka.
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Saga sentia muita dor no corpo. Tinha tentado segurar o ataque, mas Elemiah era muito forte. Se os demais anjos fossem como ele, teriam problemas. Apoiando no que tinha restado de uma parede levantou.
- É bem resistente. – Elemiah cruzou os braços sobre o peito. – Diga-me Saga, por que me perguntou sobre Alédia?
- É o Abisko. – teve que inventar as pressas, não poderia correr esse risco. – os ancestrais lemurianos o chamavam assim. Pensei que soubesse desse outro nome.
- Na minha época ele só tinha esse nome.
- Por que quer Abisko e comandar a humanidade? Você não é como os arcanjos.
Ele sorriu com comentário.
- Fui criado para cumprir orden que eu faço.
- Apenas por cumprir ordens? – Saga havia percebido que Elemiah era diferente dos demais, até mesmo de Aiolos.
- E o que mais seria? – ergueu sua espada. – a conversa está muito boa, mas preciso ir. – abriu suas asas. – até mais.
Elemiah cortou o ar com sua espada, nos primeiros segundos nada aconteceu, mas uma poderosa energia surgiu indo de encontro com Saga.
- Explosão galáctica.
O ataque de Saga bateu de frente com a energia do anjo porém... quando o geminiano percebeu, a espada de Elemiah estava a centímetros dele. Lembrando das palavras de Gabrian, ele deu um salto para trás, mas nesse movimento acabou acertado. Foi ao chão.
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Aldebaran e os demais observavam Kanon despejando seu cosmo no entorno do templo.
- Gostaria de saber o que Atena planeja. – disse Aldebaran.
- Ela deve ter pensado em algo. – respondeu Kamus.
- Estou preocupado com Saga e Aioria. – Dite olhava para o rumo das casas. – aquelas explosões de cosmo não são normais.
- Temos que esperar. – Giovanni trazia uma expressão grave. – e rezar para que o plano de Atena funcione.
- Sim. Pelo menos não é Aiolos que está lutando com Aioria. – observou o pisciano.
- Mas isso uma hora vai acontecer. – Kamus olhava para Kanon. – e não podemos esquecer de Shaka. Tenho certeza que Lúcifer irá aparecer.
Trocaram olhares apreensivos.
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Gabrian sem notícias do que estava acontecendo, resolveu explorar o pequeno templo. Tinha apenas um amplo cômodo, com um altar ao centro. Nas laterais, pequenas estantes com alguns livros, resquícios de armaduras e outros objetos que desconhecia. O olhar aguçado fitou uma caixa de madeira encoberta por alguns livros. Não era dado a curiosidade, mas aquele objeto o atraia. Aproximou e pegou a caixa vendo o entalhe na tampa: o báculo de Atena.
Abriu a caixa e os olhos arregalaram.
- Mas isso é... – pegou o objeto. Era um pingente com um cordão feito de oricalco. Aliás, todo o objeto era nesse material. –isso era de...
- Senhor Gabrian.
Sem demonstrar o susto, Gabrian depositou a caixa no lugar e escondeu o objeto entre as mãos. Cuidadosamente virou-se.
- O que faz aqui?
- Não se preocupe, ninguém percebeu minha saída do templo. Estamos seguros. Olhava os livros?
- Queria saber mais sobre esse local. O que veio fazer aqui? – não queria render perguntas.
- Atena pediu que lhe perguntasse algo.
- Sobre?
- Ela quer saber se Abisko está guardado por lemurianos e se Asher foi capaz de alterar as memórias de seus descendentes.
Gabrian o fitou intensamente. Atena estava caminhando para descobrir a verdade sobre Abisko.
- A resposta é sim para a primeira pergunta e não para a segunda.
- Mas...
Um forte estrondo interrompeu as palavras de Shion.
- Precisa voltar, grande Mestre. Não há mais nada nas saberá interpretá-las. Vá logo.
Shion não tinha gostado daquela conversa. Já desconfiava que Gabrian sabia mais do que contara, contudo por enquanto tinha que se preocupar com os outros arcanjos.
Foi-se. Ao se ver sozinho, Gabrian abriu a mão revelando o objeto.
- A hora da verdade está chegando.
Guardou o objeto novamente.
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Shura fitava o grupo. Era estranho, pois não sentia cosmo propriamente dito vindo deles, mas uma energia diferente. Até mesmo o cosmo de Aiolos vibrava diferente.
- Não se prolongue muito Raziel. – disse Mikael.
- Seguirei logo em seguida.
Como os demais, Shura não impediu a passagem deles. Os dois fitavam-se.
Logo após a volta a vida de Asgard, Aiolos carregava sentimentos conflitantes. Vingança e indulgência disputavam lugar em seu coração. Por vezes sentia ódio de Shura, por vezes compaixão. Enquanto estava na sua forma "humana" a balança pesava mais para o lado da clemência, mas agora na sua forma "divina" a vingança falava mais alto. Eram amigos e Shura não teve nem o bom senso de escutá-lo.
O espanhol sentia a garganta seca. A forma que Aiolos o fitava demonstrava que o perdão tinha sido momentâneo e como no sonho, seria acusado de assassino pelos céus.
- Aiolos.
- Raziel. Meu nome é Raziel, o anjo da Luz, general do arcanjo Mikael.
- Vai realmente levantar a mão contra Atena?
- Ela está no caminho do meu senhor.
- Você a defendeu tantas vezes, chegando até...
- Até morrer. – deu um sorriso cínico. – você nem hesitou em me matar.
- Estava... – desistiu de falar. Nada que dissesse apagaria o que tinha feito. – está certo.
- Queria te matar, mas recebi ordens para deixar os capachos da humana vivos. – desembainhou sua espada. – a espada de um anjo contra a espada de um assassino.
Aiolos nem esperou uma resposta de Shura partindo para cima dele. O cavaleiro defendia-se como podia, pois não queria feri-lo.
- Vamos Shura ataque. Faça como daquela vez.
- Eu jamais faria algo contra você.
- Cínico.
O grego abriu a palma da mão e formou uma bola de energia lançando contra Shura. O cavaleiro segurou, mas foi arrastado.
- Aiolos...
O ex cavaleiro abriu as mãos novamente, dessa vez fazendo uma flecha de energia. O olhar que ele dirigia a Shura era de ódio.
- Seu castigo ainda chegará.
Com um simples movimento a disparou. Shura ainda tentou desviar, mas recebeu a flecha na altura do peito.
- Ai-olos...
Murmurou antes de ir ao chão. Raziel guardou sua espada e seguiu em frente.
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Aioria foi ao chão. Seu corpo todo estava ferido, mesmo evitando ser acertado pela espada do anjo. Levantou olhando-o. A vestimenta dele era diferente dos outros anjos. Usava uma calça branca larga. Na cintura um pedaço de pano azul que fazia a vez de saia e preso por um cinto dourado. O peito estava desnudo e os braços cobertos por panos azuis presos por braceletes dourados. No topo dos cabelos brancos uma auréola. Aliás, aquele objeto, é que demonstrava que estava diante de um anjo e não de uma divindade de outra mitologia.
- Eu esperava mais de você, já que teve a sorte de ter sido orientado por um anjo.
- Aiolos não é um anjo.
- Além de fraco é ingênuo. Quando vai entender? Raziel é uma criatura divina e não um lixo humano.
- Pode dizer o que quiser, não me atinge. – Aioria elevou seu cosmo. – eu não vou desistir do meu irmão. Vou trazê-lo de volta.
- Idiota. – Mahasiah sacou sua espada.
O anjo partiu para cima dele. Aioria defendia-se como podia, pois não estava acostumado a um combate com armas. Os braços da armadura estavam com diversos cortes.
- Essa vestimenta feita de oricalco não vai te proteger por muito tempo.
- Sei que não. – Aioria soltou uma rajada de cosmo para afastá-lo. – Relâmpago de plasma.
Seu ataque partiu em direção a Mahasiah. Apenas usando sua espada o repeliu.
- Não é possível...
- Desapareça.
Mahasiah criou ao redor de si um redemoinho feito chamas azuladas. Concentrou-o em uma esfera e lançou contra Aioria. O grego ergueu seu cosmo para conter o ataque, contudo o do anjo foi mais forte. O leonino foi ao chão.
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Dohko na parte leste do santuário, apenas acompanhava as explosões de cosmo dos companheiros. Estava preocupado, mas não poderia abandonar seu posto. O mesmo pensamento era de Miro.
Encoberto pela magia de Kesabel, Shaka e Lucy aguardavam a hora para agirem.
- Em poucos minutos Mikael estará no templo. – disse Shaka.
Lucy não comentou. Os pensamentos estavam em seu plano. Nada poderia dar errado.
No templo, Atena aguardava a volta de Shion.
- Será que Gabrian está seguro? – indagou o ariano mais novo, fitando o golpe de Kanon agir ao redor da construção.
- Está. Felizmente os anjos não são tão bons em perceber cosmos.
Para o alívio da deusa, Shion apareceu no salão.
- Atena.
- E então? – perguntou esperançosa. As respostas de Gabrian poderiam mudar o rumo das coisas.
- Abisko está aos cuidados de lemurianos e ela não alterou suas memórias.
- Ótimo.
- Não compreendo Atena.
- Se Asher foi um lemuriana nada mais natural que Abisko esteja com seus descendentes.
Shion e Mu trocaram olhares.
- Se ele não está aqui só pode está em Jamir. Aquele local tem sido o reduto de vocês desde a ruína de Lemúria.
O grande Mestre franziu o cenho. A dedução de Atena era pertinente, mas algo dentro de si, não acreditava cem por cento. Havia algum detalhe que escapava deles.
Não muito longe dali...
Lucy abandonou a postura austera abrindo um grande sorriso.
- "Yekun e Azazel, podem começar."
Miro olhava na direção do templo. Os arcanjos não demorariam a chegar. Subitamente sentiu um frio na espinha, assumindo a posição de defesa.
- Quem é?
- Finalmente vou brincar com um humano de pouco de poder.
De entre as árvores surgiu um ser de asas negras. Usava um conjunto de calça e camisa negros, assim como a bota de couro. Seu sobretudo era igualmente negro e de gola composto por penas negras. Sua tez era bem branca, como se estivesse morto e os lábios e os olhos amarelados estavam encobertos por uma tinta negra. Os cabelos vermelhos desciam repicados até o meio das costas. As unhas negras pareciam garras.
- O que você é?
- O anjo que anuncia a morte. – sorriu com crueldade. - sou Yekun, o anjo da Destruição.
- Pelas suas roupas faz parte dos tais anjos que caíram.
- De onde mais eu seria?
- O que quer?
- Só brincar um pouco. – estralou os dedos.
Yekun avançou sobre Miro que só teve tempo de cruzar os braços sobre o rosto. O cavaleiro foi arrastado por metros.
- Ele é forte.
O cavaleiro contra atacou, iniciando uma luta corporal.
Enquanto isso...
Dohko preparava-se para voltar ao templo quando sentiu algo. Não era um cosmo mas uma presença.
- Sei que está aí.
- Astaroth me contou sobre a faculdade de vocês de sentirem outras pessoas.
O libriano olhou para onde ouvira a voz. Um servo de Lucy estava sobre o telhado de uma construção. Dando um salto parou perto do cavaleiro.
- Quem é você?
- Azazel, o anjo da Morte.
A roupa dele era similar a de Gabrian, porém feita de couro. O braço direito era desnudo, mas coberto por tiras de couro. As asas abertas lhe conferiam um ar superior. As iris amarelas eram frias e penetrantes. Dohko percebeu que ele não era um inimigo comum.
- Se está aqui, seu senhor também está.
- Ele tem assuntos a tratar com a sua senhora.
- E qual o seu propósito aqui? – Dohko assumiu a defensiva.
- Apenas distraí-lo.
O libriano não esperou para atacar. Se sua experiência em batalhas estivesse certa, Azazel era um dos anjos mais fortes de Lucy. O cavaleiro dava socos e chutes e o anjo desviava sem dificuldade. Num dado momento, Dohko acertou o rosto dele. O rosto tombou um pouco para o lado, mas não havia sentimento algum na expressão de Azazel. Era como se aquilo não tivesse sido nada.
Na porta do templo, o cosmo de Kanon cessou, fazendo os três olharem para a entrada do templo.
- Eles chegaram.
Na porta do templo, Deba, Giovanni, Kamus, Afrodite e Kanon formaram uma barreira protetora.
- Onde está Atena? – indagou Raphaelle.
Os dourados ficaram calados.
- Terei que perguntar à força, - o arcanjo do Vento envergou suas asas.
- Não há necessidade arcanjo.
Atena surgiu tendo os lemurianos em cada lado.
- Espero que tenha conseguido o que pedi. – disse Mikael. – assim evitará dissabores.
- É claro que ela conseguiu.
Uma voz surgiu no meio deles. Os três arcanjos trocaram olhares, pois não esperavam que ele teria audácia em aparecer novamente. Diante de todos surgiu Lucy e seus anjos. Os cavaleiros mais Atena fitaram instantaneamente Shaka. O ex cavaleiro de Virgem usava uma túnica branca repleta de recortes e decoradas nas extremidades pelo dourado. Os punhos também tinham detalhes em dourado. Usava sandálias douradas e as asas negras constratavam com a luminosidade das vestes. Os olhos azuis estavam abertos.
- Shaka... – murmurou Atena.
- Astaroth. – Lucy apenas lançou-lhe um olhar e ele desapareceu.
- Shaka! – gritou Mu.
- Ele foi cuidar dos seus humanos cara deusa.
Arregalaram os olhos. Giovanni nem esperou uma ordem partiu para onde Shaka tinha ido.
- O que faz aqui Lucy? – Mikael ignorou o fato.
- Apenas observar você pegar o Abisko. – sentou como se houvesse uma cadeira. – mandei alguns dos meus brincarem com alguns cavaleiros então não se preocupe.
Atena os fitava preocupada. Tinha que ganhar tempo.
Afrodite volveu o olhar para Kesabel. Ela estava muito diferente do encontro na vila. Usava um vestido na cor roxa, com um generoso decote em V que deixava amostra a lateral do seio. A saia tinha uma grande fenda na perna. Havia uma espécie de ombreiras preta com detalhes em dourado. Os braços eram cobertos por luvas da cor do vestido e com detalhes como das ombreiras. Os cabelos brancos estavam totalmente soltos e desciam até o meio das costas. Estava sem asas. Mesmo com a situação, achou-a absurdamente linda.
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Miro e Yekun se fitavam. O combate mano a mano tinha sido duro, mas os dois seguiam relativamente empatados.
- Nada mal para quem sobreviveu a um ataque dos de cima. – Yekun brincava com sua espada.
- Como assim?
- Sua luta contra os da luz, dias atrás. Pena que seu mérito de ter sobrevivido vai acabar agora. – elevou seu elgin.
- Não pense que pode me derrotar tão facilmente.
- Eu não penso, eu posso. – chamas surgiram ao redor de Yekun. - Chamas infernais!
O ataque partiu para cima de Miro.
- Agulha escarlate!
As duas energias encontraram-se no meio provocando uma grande onda de explosão. Os cosmos negro e dourado estavam equilibrados, contudo, a do ex anjo começou a empurrar a de Miro.
- Como...?
O cavaleiro tinha dificuldades em segurar o ataque.
- Adeus infeliz.
Yekun aumentou a intensidade e Miro foi atingido em cheio.
Enquanto isso...
Dohko saltou para longe de Azazel.
- Você não é um anjo comum.
- Assim como você não é um cavaleiro comum, como disse Astaroth. – apenas voltou o rosto para a posição normal.
- Shaka andou falando de nós.
- Certamente.
- Vocês possuem alguma hierarquia? – indagou, precisava coletar o maior número de informações.
- Narahim e eu. Astaroth. Gadrel e Kesabel e por último Yekun.
O libriano percebeu que ele não mentia e aquilo o preocupou. Shaka era um dos mais fortes entre a elite dourada, no entanto estava atrás de dois anjos.
- E desejam o Abisko para dominar o mundo?
- O reinado dos três arcanjos deve chegar ao fim. - Azazel elevou sua espada. - Já sanou suas dúvidas.
Azazel cortou o ar com sua espada. Nos primeiros segundos nada aconteceu, porém do local que ele tinha cortado, começou a surgir pontos negros. Os pontos condensaram tornando-se uma grande bola de energia negra e que partiu em direção a Dohko.
- Cólera do Dragão!
O ataque do libriano tinha acertado a bola, contudo desaparecido em seguida.
- O que...?
Ele foi acertado. A bola de energia diminuiu de tamanho até ficar do tamanho de uma bola de gude e em seguida adentrou em sua testa. Dohko perdeu os sentidos.
- Em breve ficará impossibilitado de lutar.
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Giovanni usando a velocidade da luz chegou ao lugar onde os moradores estavam escondidos. Sentia o cosmo de Shaka e temia pelo que poderia acontecer. Os olhos arregalaram quando viu os moradores ao redor dele. Pareciam maravilhados e felizes pela presença dele, mesmo vendo-o com um par de asas negras.
- Shaka...
O indiano que acariciava os cabelos de uma criança parou o movimento e virou-se lentamente para o cavaleiro.
- Giovanni.
- Estamos protegidos. – disse uma senhora. – dois cavaleiros de Atena estão aqui.
- Sábias palavras. – respondeu Shaka sorrindo.
- É melhor entrarem. – Giovanni tomou a palavra. – Atena pediu que ficassem escondidos.
- Obedeçam-no. – Shaka virou para a multidão. – será melhor para vocês.
Enquanto a última pessoa não entrou, Giovanni não soltou a respiração. Mesmo sendo Shaka, uma sensação esquisita crescia dentro de si.
- Veio me impedir? – o virginiano recolheu suas asas.
- Não acredito que teria coragem de fazer algo.
- Matá-los só traria paz para eles.
Giovanni engoliu a seco.
- Não posso acreditar que um cavaleiro de Atena possa ter virado um ser das trevas.
- Você também já foi assim. – o fitou. – a diferença que sou um anjo e você um reles humano. Mas... viemos para conversar?
O italiano não se moveu. Enfrentar Shaka seria difícil, por conta de sua amizade e por conta do poder dele. Era Shaka de Virgem.
- "Literalmente o homem mais próximo de Deus."
Nem terminou seus pensamentos, assustou-se com Shaka diante de si. O indiano trazia a palma da mão direita aberta e com uma bola de energia. Sem qualquer problema, lançou a queima roupa em Giovanni.
O cavaleiro voou longe.
- "Ele vai me matar."
- Não adianta fazer nada, Giovanni. Eu conheço todas as suas técnicas e suas habilidades. Será inútil.
E Giovanni não teve chance. Shaka não poupou esforços para machucá-lo.
- Não vai fazer nada? – Shaka pegou o cavaleiro pelos cabelos. – aliás não pode fazer nada. Sempre foi um cavaleiro medíocre.
Giovanni estava com o rosto todo estourado e se não fosse pela armadura estaria com vários ossos quebrados.
- Eu sei disso. E sempre achei você um cavaleiro esplêndido, pelo menos até agora... jamais imaginaria que se vendesse para um perdedor como Lúcifer.
- Não ouse falar do meu senhor. – deu um soco no estômago dele.
O italiano foi de quatro ao chão, cuspindo sangue.
- Você sempre alimentou o desejo de ser punido pelos crimes que cometeu. – Shaka aproximou dando um chute nele. – nada que um ser divino para fazer isso.
O cavaleiro nem conseguiu revidar.
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- Retire-se com sua corja Lucy. – Raphaelle pegou sua espada. – ou terei que liquidá-los.
- Não tem coragem para tal. – sorriu desdenhoso. – mas acredite em mim, vim em paz. Quero apenas rever Abisko, liquidar vocês eu faço depois.
- Deveria agir de modo prudente Lúcifer.
Os olhares foram para os três seres alados que surgiram no final da escada.
- Seu vassalo sempre foi bem abusado Mikael. – Lucy referia-se a Aiolos. – mas gosto disso.
Mikael não respondeu. A aparição de Lúcifer não estava em seus planos, mas também não era uma atitude arbitrária. O arcanjo caído queria tanto o artefato que claramente apareceria no santuário. Precisava agora ter muita atenção.
- Aiolos, onde está Aioria e os demais? – indagou Afrodite.
- Eles... – o sagitariano sorriu. – aqui.
Ele estralou o dedo e os três cavaleiros apareceram. Aioria e Shura estavam muito feridos.
- Aioria, Shura!? – Deba foi até eles.
- Como pôde Aiolos? – Atena abandonou seu posto indo até eles.
Kanon se juntou a eles.
- Saga.
- Estou bem.
- Isso é o que acontece com qualquer um que cruze nossos caminhos. – não havia nem um pouco de compaixão na voz do grego.
- Seu grande idiota. – Deba cerrou o punho. – como levantou a mão contra Aioria?
-Não fiquem tristes. – uma pessoa envolta numa energia negra apareceu no pátio. – tem esse aqui também.
Yekun jogou Miro perto deles.
- Miro! – Kamus o acudiu.
Shion olhava tudo com apreensão. Miro, Shura, Aioria estavam bem feridos. Até mesmo Saga trazia ferimentos.
- Pode lamentar depois Atena. – a voz de Mikael cortou. – me entregue o Abisko.
Ela pareceu não escutar, pois olhava para seus cavaleiros. Os combates mal tinham começado e já estavam feridos daquela maneira.
- Atena sabe o que deve fazer.
A deusa fitou o dono da voz. Aiolos a fitava de uma forma indiferente. Nem lembrava aquele valoroso rapaz que a salvara ainda bebê.
- Deveria saber que ela não vai entregar sem lutar.
Aquele cosmo conhecido fez todos sentirem um frio na espinha. Shaka surgiu trazendo Giovanni pelo braço. Sem se importar, o jogou perto de Miro e os demais.
- Mask! – Afrodite foi até ele. – Mask... – ficou assustado pelo estado dele. – Shaka...?
- Ele merecia muito mais por tudo que fez. – a voz saiu fria.
Pela primeira vez o grande Mestre estava paralisado. Dois cavaleiros inimigos, quatro cavaleiros feridos e um inimigo, o qual não conseguia medir suas forças. O que faria?
Atena olhava com pesar para seus ex cavaleiros.
- Já que disse isso – ela levantou. – deveria saber que Abisko não está no santuário. Vocês dois tinham livre acesso ao templo.
A frase os deixou surpresos. E a mente de Uziel pensava. Realmente Raziel não sabia da existência do Abisko e ao que parece Astaroth também não. A própria humana assim como o grande mestre desconheciam tal objeto.
- "Será que Revelação mentiu? Ou Asher está..."
- Não venha com seus truques Atena, - disse Mikael. – não tenho tempo para eles. Se não quer ver seus cavaleiros e os demais humanos morrerem me entregue Abisko.
- Cavaleiros. – Shion deu a ordem.
Mu e Afrodite cercaram os feridos. Aldebaran, Kamus e Kanon seriam a linha de frente.
- É perda de tempo. – Aiolos deu um passo a frente empunhando sua espada. – estão desfalcados. Para o bem de todos é melhor entregarem Abisko.
- Como pode falar assim Aiolos?
Deba deu um passo em sua direção, mas parou ao ter a espada apontada para si. Saga acompanhava tudo perplexo. O sagitariano estava disposto a tudo.
Nem parecia que Lucy estava ali, pois não abriu a boca para dizer nada. Apenas acompanhava.
- Afastem-se. – pediu Atena, passando pelos três cavaleiros e ficando entre eles e Aiolos. – abaixe a arma.
Fitaram-se por alguns segundos. Aiolos não ia obedecê-la, mas diante do olhar determinado, foi como se seu corpo não quisesse contrariá-la. Abaixou a arma. O fato não passou despercebido para Elemiah e Dianeirah.
- Se eu seguir com vocês deixarão eles em paz?
- Resolveu colaborar. – disse Raphaelle. – deixaremos esses humanos vivos em troca de você.
- Não pode fazer isso Atena. – falou Shion. – não agora que...
- Saberão o que fazer. – volveu o olhar para o grande mestre dando um sorriso amável. – ainda há esperança.
- De... jeito nenhum... – a voz fraca de Mask chamou a atenção. – a senhorita não vai a lugar algum. – levantou.
- Giovanni...
- Mask. – Dite o amparou. – está ferido.
- Se vocês dois resolveram nos trair... – olhou para Aiolos e Shaka. – assumam as consequências. – cuspiu sangue. - Já sabem qual o destino para quem tenta contra a vida Atena...é serem derrotados por nós.
- Não imaginaria essas palavras vindas de você anos atrás. – Shaka sorriu. – Mas se esqueceu de um detalhe Giovanni. – o cosmo de Shaka começou a queimar. – não somos os deuses gregos.
Tudo foi muito rápido. Quando perceberam viram um raio de cosmo negro atravessado no peito de Giovanni.
- Sha-ka...? – Mu ficou chocado.
Os demais cavaleiros estavam perplexos. Giovanni foi ao chão.
- Pagou pela sua insolência. – os lábios de Shaka curvaram cruelmente.
- Shaka... – murmurou Deba incrédulo.
Saori apenas via o cavaleiro de Câncer no chão gravemente ferido.
- É isso que acontece quando erguem suas mãos contra nós.
Não foi planejado, mas tanto Aiolos e Shaka elevaram seus cosmos e acertaram os que ainda estavam de pé.
- Não! – exclamou Atena perplexa. – meus cavaleiros...
E tudo foi de repente. Um aumento súbito do cosmo da deusa fez com que anjos e ex anjos se afastassem. Apenas os arcanjos permaneceram nas suas posições. Atena foi envolvida por uma luz dourada. Da sua testa surgiram dois pontos de luz dourada.
- "Mas o que... – Lucy afastou um pouco. – será possível que… Asher?" – arregalou os olhos.
Os cavaleiros menos feridos auxiliavam uns aos outros a levantar.
- Mestre. – Deba ajudou Shion. – o que está acontecendo?
- Não sei... – respondeu com preocupação.
O cosmo de Atena queimava em seu entorno enquanto o ar expandia-se provocando rajadas de vento. Nas terras de Tenkai, Revelação sentiu forças antigas se agitarem.
- Começou...
Não muito longe dali, Poseidon olhou para o céu, sentia o cosmo de Atena vibrar diferente.
- Senhor Poseidon. – Sorento aproximou.
- Algo está acontecendo no santuário.
Em Star Hill, Gabrian acompanhava a movimentação dos ventos.
O céu antes azulado ficou vermelho. Shaka e Aiolos trocaram olhares sem entender o que estava acontecendo.
- Mestre, o que está acontecendo? – indagou Deba. – Atena...
O ariano não disse nada. Em todos esses anos no santuário, nunca tinha ouvido falar de algo semelhante.
- "O que... pode ser..." – os olhos arregalaram. – " será que..." Protejam Atena! – gritou desesperado.
Antes que os cavaleiros pudessem agir, o cosmo de Atena expandiu mais uma vez. Seu corpo foi envolto na luz principalmente na área ao redor do peito. No chão começaram a aparecer símbolos.
- "Finalmente." – Mikael sorriu.
Uma torre de luz subiu até os céus e brilhou intensamente, cegando a todos...
Os primeiros a abrirem os olhos foram os arcanjos. Atena flutuava sob um desenho, desacordada. Acima dela um pequeno objeto brilhante.
- Atena... – murmurou Kanon.
- Cerquem-na! – gritou Shion.
- Não se intrometam.
O arcanjo do Fogo elevou seu elgin repelindo-os. A passos precisos aproximou da deusa, pegando-a num braço enquanto a outra mão segurava o objeto dourado.
- Abisko... – Uziel sorriu.
- Realmente estava com ela todo esse tempo. – disse Raphaelle.
- Mestre... – Saga o fitou.
O rosto do ariano tencionou. Jamais imaginaria que estava dentro de Atena. Gabrian sabia disso?
- Obrigado pela cooperação humanos. Vamos.
Antes de partir Mikael fitou Lúcifer. Os seres de Tenkai sumiram levando a deusa.
- Esperem! – gritou Afrodite.
Lucy que continuava na mesma posição pôs-se de pé. As previsões de Revelação estavam corretas. A humana detinha Abisko.
- Vamos.
- Mas senhor Lucy... – iniciou Yekun. – vai deixar aqueles cretinos levarem Abisko?
- Sim. – respondeu simplesmente. – Kesabel.
A jovem saiu de onde estava caminhando até os cavaleiros. Parou na frente de Afrodite. O sueco prendeu a respiração ao tê-la tão perto. Era ainda mais bela, mesmo com os chifres.
- Senhor Lucy agradece por terem protegido Abisko até agora. – sorriu. Ele de perto era ainda mais bonito. – adeus Gustavv.
Um a um foi envolvido por uma fumaça negra desaparecendo.
- Shaka! – chamou o ariano mais novo.
O indiano limitou-se a olhar para os ex companheiros com um profundo desprezo antes de sumir em meio a fumaça.
- Temos que ir atrás deles! –berrou Deba.
- Fique onde está cavaleiro. – ordenou Shion. – precisamos cuidar dos feridos e achar Dohko.
Só então se deram conta que o cavaleiro não estava ali.
- Vamos entrar.
Estavam em estado de choque. Enquanto os feridos foram levados para o quarto, Afrodite foi procurar Dohko e Mu buscar Gabrian. Para Shion, aquele arcanjo devia muitas explicações.
O cavaleiro de Peixes seguia o rastro do cosmo do libriano que por sinal estava muito fraco. Ficou preocupado quando o viu caído em meio a pedras e pedaços de árvores.
- Dohko. – o corpo estava ferido.
O pegou no colo e voltou para o templo. Aioria, Miro, Shura e Giovanni eram os que mais necessitavam de cuidados.
- Mas que droga! – Deba deu um murro na parede. – como Shaka e Aiolos puderam fazer isso? E ainda levaram Atena!
- Abisko está com ela é a maior das preocupações agora, Aldebaran. – disse Kamus.
Shion estava em silêncio num canto.
- Ele precisa de ajuda.
Dite surgiu de repente trazendo Dohko. Rapidamente o deitaram.
- Cinco cavaleiros feridos... – murmurou Kanon.
Mu materializou com Gabrian no recinto. Sem dizer uma palavra o arcanjo foi até os cavaleiros acamados, aplicou em todos uma espécie de passe, mas demorou um pouco mais em Giovanni.
- Astaroth está muito forte.
- Você nos deve uma explicação!
Os cavaleiros arregalaram os olhos quando viram Shion partir para cima de Gabrian e o segurar pelo colarinho. Mesmo com o ato a expressão do arcanjo não se alterou.
- Mestre?! – indagou Mu incrédulo.
- Fale logo! – Shion aplicou mais força.
- Tenha calma lemuriano. Tudo ao seu tempo.
- Você sabia que Abisko estava com Atena. Por que não nos alertou?!
- Terá suas respostas mestre do santuário. – a voz saiu firme. – aguarde seus subordinados acordarem.
Shion o soltou, afastando-se. Gabrian ajeitou sua roupa e voltou ao trabalho. Não poderia gastar sua energia daquele modo, mas era preciso que os guerreiros de Atena estivessem aptos ao combate. Cerca de uma hora depois, os cinco começaram a despertar.
- Onde...
- Acalme-se cavaleiro de Libra.
Dohko fitou o arcanjo e os demais companheiros.
- O que aconteceu?
- Aiolos! – gritou Aioria olhando para os lados. – o que...
O último a despertar foi Giovanni.
- Shaka...
- Como se sentem? – indagou o arcanjo.
- Bem. – disse Shura pelos demais. – o que aconteceu?
- Onde estão os anjos? – Miro perguntou.
- Ele vai responder. – Shion apontou para o rapaz. – os anjos levaram Atena.
- COMO?! - exclamaram os cinco.
- É melhor todos se sentarem. – ele mesmo procurou uma cadeira. Estava cansado pela ação de cura.
Os dourados arranjaram-se. Primeiramente Gabrian passou a palavra a Kamus para que ele pudesse contar aos demais o que tinha ocorrido.
- Então todo esse tempo... – murmurou Dohko. – poderíamos ter evitado tudo.
- Não poderiam. – Gabrian o cortou. – seis generais divinos, seis generais das trevas e quatro arcanjos. Vocês não teriam chance.
- Pelo jeito que fala, parece que sabia que isso aconteceria. – disse Saga.
- Sou o arcanjo da Revelação.
- Então está na hora de contar o que sabe. – a voz de Shion saiu grossa. – precisamos saber de tudo para salvarmos Atena e a Terra.
- Asher vagou por muitos lugares até se estabelecer aqui há centenas de anos. Ela descobriu que nessas terras haviam lemurianos e que vivia um ser capaz de fazer frente aos arcanjos. Por todos esses anos ela viu a deusa Atena agir em prol da humanidade.
- Então Asher sabia o tempo todo da nossa existência?
- Sim Dohko. E da existência de lemurianos. – fitou Mu e Shion. – Quando Abisko foi dado a mim consistia numa peça única. Foi Asher que criou a chave.
- Chave?
- Mikael e os outros nunca viram Abisko e o que o arcanjo do Fogo levou foi a chave. – volveu o olhar para o céu através da janela. – Asher achou melhor criar uma chave para dificultar o acesso ao Abisko.
- E como essa chave foi parar dentro do corpo de Atena? – indagou Afrodite. – supostamente ela saberia.
- Como era a mulher que lhe pediu para cuidar de Alédia? – Gabrian olhou para o libriano.
- Era... – pensou um pouco. – muito parecida com Atena, porém com feições mais maduras.
- Cabelos lilases eram muito comuns entre os lemurianos, - levantou. – a maioria os tinha. Asher também possuía e seus olhos eram verdes.
- A mulher do meu sonho era...
- Asher.
Ficaram surpresos com a revelação.
- Mas ela não está morta? – indagou Miro.
- Não sei te responder essa pergunta. – o fitou. – não estou em Tenkai para sentir se alma dela foi para lá, ou se vaga pela terra, ou se está viva. Em qualquer dessas situações ela conseguiria aparecer em sonhos para alguém. O fato é que Asher pediu para que protegessem Alédia.
A mente de Shion trabalhou rápido.
- Se Asher apareceu em sonho... significa que Atena é Alédia?
- Sim. Alédia é o nome que Asher deu a ela.
O silêncio abateu-se entre eles.
- Alédia era a única pessoa que teria poder suficiente para carregar Abisko dentro de si. Somado a isso, a única que poderia protegê-lo dos arcanjos.
- Mas como isso aconteceu? – Shion indagou. – Atena se lembraria de Asher. Eu ou até mesmo Saga saberíamos disso.
O geminiano concordou.
Gabrian ficou em silêncio. Enquanto isso, a mente de Giovanni trabalhava. Todas as indagações de Shion faziam sentido. A não ser que...
- Como disse que essa tal Asher era? – olhou para o libriano.
- Parecida com Atena.
Kamus acompanhava o raciocínio do italiano.
- Como Atena veio parar no santuário? – o francês fitou Shion. – ela reencarnou aqui?
O arcanjo sorriu.
Shion franziu o cenho.
- Seis meses antes do surgimento de Atena, ela aparece em sonho para o grande mestre dizendo que vai reencarnar. Aguarda-se esse prazo e em determinada noite aparece diante da estátua um bebê. Essa era a tradição. Porém com Sasha foi diferente, mestre Sage teve que sair em busca dela. Quando Atena me visitou em sonho,fiquei preocupado, pois ela poderia nascer novamente fora dos domínios do santuário, como na guerra santa passada.
- Mas eu soube que ela apareceu na estátua. – comentou Deba. – todos os aspirantes ficaram sabendo.
- Sim. No primeiro dia de setembro, logo de manhã senti um cosmo me chamando. Rapidamente fui aos pés da estátua e Atena estava ali. Seu cosmo me avisou...
Shion arregalou os olhos e levantou apressado.
- Mestre?
O rosto dele ficou branco. Pois agora as lembranças daquele dia faziam sentido. Aquele cosmo...
- O que foi Shion? – Dohko preocupou-se com a palidez.
- Não foi o cosmo de Atena que me despertou... foi outro cosmo...dizendo para proteger Alédia...
- O cosmo de Asher. – disse Gabrian. – foi ela que deixou o bebê Atena naquele local. Assim como na sua reencarnação anterior ela não surgiu dentro do santuário. O corpo mortal de Atena nasceu a alguns quilômetros daqui. Asher a trouxe para cá, com dias de nascimento.
- Como é?! – Saga fitou o arcanjo.
- Asher achou Atena e a trouxe. - murmurou Shion. - Mas como isso é possível? Como ela saberia que o bebê era Atena?
- Simples Shion, - disse Gabrian. -Alédia e Saori são os nomes mortais de Atena. Naquele dia, Asher pediu para proteger não apenas a entidade Atena, mas também sua filha. Alédia é filha biológica de Asher.
- O QUE?! - berraram todos.
- Mas isso não faz sentido. – disse Kamus. – como a entidade Atena...
- Atena escolhe o corpo que vai nascer. – respondeu Shion. – Na guerra anterior, por Hades ter "nascido" em outro lugar, a fez escolher uma criança que nascesse perto dele. Além disso, é necessário que seja um corpo mortal mais resistente que os demais para abrigar seu cosmo. Em outras vindas talvez isso não tenha sido necessário, mas nas duas últimas... Atena deve ter escolhido Asher para gerar um corpo mortal resistente.
- As duas coisas se completam. – Gabrian voltou a falar. – Atena precisaria de um corpo forte e Asher precisaria de alguém que tivesse poder suficiente para proteger Abisko. O certo é que assim que Alédia nasceu, Asher fez um ritual e fez com que o corpo de Alédia guardasse a chave. Depois disso a trouxe para o santuário.
- Se a Asher é a mãe dela... – começou Giovanni. – isso faz de Atena...
- Uma lemuriana. Nessa vida, o corpo mortal de Atena é lemuriano. – disse Gabrian.
- O que? – os dois arianos arregalaram os olhos. – lemuriana?
- Asher deve ter feito alguma magia para esconder as marcas de sua raça. Assim não levantaria suspeitas. Quando me perguntou se Abisko estava sendo guardado por lemurianos respondi que sim, Atena é lemuriana.
Os cavaleiros silenciaram. Descobrir que Abisko estava dentro de Atena era tão surpreendente que descobrir sobre as origens da deusa.
- Mikael tem noção disso? – perguntou Aldebaran. – ou Lúcifer?
- Creio que não. – Saga respondeu por Gabrian. – eles ficaram bem surpresos com a aparência de Atena, mas talvez não tenha ligado os fatos, achando apenas ser uma grande coincidência.
- Ele está certo. – disse o arcanjo. – a nossa sorte é que não desconfiam disso.
- E agora? – indagou Shura. – eles estão com a chave pensando que estão com Abisko.
- Não será tão fácil assim. Asher não deixou sua filha desamparada, - o arcanjo começou a andar pelo local. – a chave é apenas um dos requisitos para Abisko aparecer.
Ele silenciou, deixando os cavaleiros absorverem as informações.
- Gabrian, - Saga o chamou. –como são os anjos?
- Azazel falou de uma hierarquia. – comentou Dohko.
- Isso mesmo. Existem duas hierarquias: a de criação e a de poder. Primeiro foram criados os arcanjos, em seguida os anjos chamados de primeira ordem. Elemiah, Dianeirah, Azazel, Narahim, Achaiah e Cahethel. Seus poderes ficam abaixo apenas de nós.
- Eu lutei com Elemiah. – disse o geminiano mais velho. – a primeira vista parece um adversário comum, mas ele tem um poder incrível.
- Elemiah passa a imagem de despreocupação, mas ele é um grande anjo. – falou Gabrian. – assim como Azazel. Ele tem um temperamento frio e calmo e é um exímio cumpridor de suas tarefas. Dianeirah segue a linha de Azazel enquanto Narahim a de Elemiah. Azazel o anjo da Morte, Elemiah da Restauração, Dianeirah do Caos e Narahim da Aniquilação.
- E quanto a Mahasiah? – indagou Shura.
- Faz parte dos anjos da segunda ordem. Raziel, ele, Astaroth e Gadrel. Seu irmão, - apontou para Aioria. – e Mahasiah tem temperamento forte e fiel. Seguem incondicionalmente Mikael. Já Gadrel é mais impulsivo e Astaroth carrega um grande sentimento de orgulho. Os dois se assemelham muito a vocês humanos.
- Os que restaram...
- Terceira ordem. Yekun, Jeliel e Sitael. O que mais difere dos três é Sitael. Por ser o mais novo ainda não foi corrompido totalmente pelas paixões humanas. Jeliel e Yekun têm a mesma natureza de Lúcifer.
- E Kesabel? – Dite notou que ela ficou fora.
- Ela é uma híbrida. Foi gerada da união de uma humana com um anjo caído. Ela nasceu muito depois da queda de Aurien. Por causa disso pode ser confundida facilmente com uma mulher comum.
Afrodite ficou calado e Gabrian percebeu.
- Fale o que sabe cavaleiro.
Os olhares foram para ele.
- Ela esteve no santuário dias atrás.
- Como assim? – indagou Shion.
- Na volta de uma missão a encontrei no caminho que leva a Rodorio. Não tinha cosmo então pensei que era uma turista perdida. Ela chegou a ir em Rodorio, mas rapidamente a levei para a fronteira do santuário. Se eu soubesse... sinto muito.
- Nunca saberia que ela é um anjo se ela não se mostrasse Afrodite. – disse Gabrian. – não tem culpa de nada.
- Então ela é a mais fraca. Pela sua natureza humana.
- Se engana Miro. A hierarquia da criação não segue a mesma linha de poder, exceto para os anjos da primeira ordem. Sitael apesar de ser o mais jovem de todos está no mesmo patamar que Raziel e Astaroth. Depois tem Mahasiah, Gadrel e Kesabel e por último Jeliel e Yekun.
Miro cerrou o punho. Perdeu para os mais fracos.
- Shion, vá a Star Hill. Embaixo de alguns livros antigos há uma caixa com o símbolo de Atena. – disse Gabrian.
- Caixa? – estranhou. – andou mexendo...
- Apenas pegue. Confie em mim.
O grande mestre não confiava nele, mas não tinha o que fazer. Teleportou para o monte sagrado e seguindo as orientações do arcanjo achou a caixa. Estranhou, pois não lembrava daquele objeto. Minutos depois retornou com o objeto em mãos.
- O que tem essa caixa Gabrian? Você...
- Enquanto aguardava, achei-a perdida. Abra.
Shion obedeceu ficando surpreso ao ver o conteúdo.
- Esse é o símbolo de Lemuria. – disse o arcanjo. – feito de oricalco. Asher sempre usava essa corrente. De certo estava no bebê Atena quando você a encontrou.
O ariano pegou a fina corrente feita de oricalco e a ergueu. O pingente era em formato oval tendo vários aros finos um dentro do outro.
- Esse símbolo tem no tapete. – comentou Mu.
- Lemuria era representada assim. Lembra de ter encontrado isso em Atena?
- Sim... – murmurou perplexo. – achei curioso Atena aparecer com isso no pescoço. Como não remetia aos símbolos da deusa, guardei nessa caixa e levei para Star Hill. Durante todos esses anos me esqueci completamente.
- É mais uma prova que Atena é filha de Asher. Quando ela voltar em segurança, certifique de entregá-la. Asher tinha muito apreço por esse colar.
