Na sala de aula, o clima era tenso. Os alunos estavam divididos entre revisar suas anotações e murmurar palavras de incentivo para si mesmos. O professor, com sua postura impecável e olhar crítico, ajeitava o computador na mesa, preparando os slides para as apresentações.
Érika estava sentada ao lado de Aiolos, com as mãos inquietas em cima da mesa. Ela tentava se concentrar no trabalho, mas a ideia de enfrentar o professor fazia seu coração disparar. Eles seriam o segundo grupo a se apresentar, o que não dava muito tempo para se acalmar.
Aiolos percebeu o nervosismo dela. Mesmo enquanto conferia algo no notebook, ele lançava olhares rápidos para a colega. Quando notou que Érika mordia o lábio inferior e mexia nos cabelos sem parar, inclinou-se um pouco em sua direção.
— Ei, vai dar tudo certo — disse ele, em um tom baixo e reconfortante. — Nós ensaiamos, e o trabalho está impecável. O professor não terá do que reclamar.
— Espero que você esteja certo... — respondeu Érika, ainda um pouco tensa.
Aiolos sorriu, apoiando o cotovelo na mesa e descansando o queixo na mão, inclinando-se mais próximo a ela.
— Eu sempre estou. E, além disso, você sabe mais sobre o tema do que qualquer um aqui. O que é incrível.
O elogio fez Érika corar ligeiramente. Ela desviou o olhar por um momento, mas logo voltou a encarar Aiolos, sentindo-se um pouco mais confiante.
— Obrigada, Aiolos. Acho que estava precisando ouvir isso.
— Sempre que precisar, é só chamar — respondeu ele, piscando de leve, o que a fez sorrir apesar do nervosismo.
Poucos minutos depois, o primeiro grupo foi chamado para a apresentação. Enquanto eles se dirigiam à frente da sala, Érika respirou fundo e ajeitou os papéis em suas mãos, tentando controlar o nervosismo crescente. Ao seu lado, Aiolos colocou uma mão suave em seu ombro por um instante, transmitindo calma e segurança.
— Estamos juntos nessa, lembra? Vai ser tranquilo.
Ela assentiu, sentindo um pouco do peso sair de seus ombros. Por mais que estivesse ansiosa, saber que Aiolos estava ao seu lado tornava tudo mais suportável.
Chegou, enfim, o momento de Érika e Aiolos apresentarem o trabalho. O professor chamou o nome deles com sua voz firme e profissional, enquanto o restante da turma olhava com atenção. Érika engoliu em seco e se levantou, enquanto Aiolos pegava os papéis com as anotações finais.
Ao chegarem à frente da sala, Aiolos iniciou a apresentação. Ele ajustou os slides e começou a falar com sua típica segurança, gesticulando com clareza e mantendo o contato visual com o professor e a turma. Sua voz era calma, mas assertiva, demonstrando domínio sobre o tema.
Érika, que estava ao seu lado, respirou fundo e observou a forma como ele conduzia a explicação. A confiança que Aiolos exalava parecia contagiante. Sentiu-se um pouco mais tranquila, determinada a manter o mesmo nível de profissionalismo e clareza.
Quando chegou sua vez, ela ajeitou os óculos — um gesto automático para acalmar o nervosismo — e deu um passo à frente. Respirou fundo, olhou para a turma e começou a falar. A princípio, sua voz saiu um pouco hesitante, mas à medida que avançava, foi ganhando segurança. Suas palavras se tornaram mais firmes, e sua postura refletia confiança.
Ao final da apresentação, Érika fechou a última frase com convicção e suspirou internamente, aliviada por ter concluído sua parte.
O professor olhou para ambos por alguns segundos antes de fazer suas considerações finais.
— Excelente trabalho. Vocês atenderam a todos os requisitos de maneira exemplar. A apresentação foi clara, objetiva e demonstrou pleno domínio do tema. Parabéns.
As palavras do professor foram como uma melodia para os ouvidos de Érika. Ela deixou escapar um sorriso de alívio e olhou para Aiolos, que retribuiu com um leve aceno de cabeça, como se dissesse: "Eu disse que daríamos conta."
Enquanto voltavam para seus lugares, Érika sentia o coração mais leve, como se um peso enorme tivesse sido retirado de seus ombros. Sentou-se ao lado de Aiolos e, baixinho, murmurou:
— Obrigada... por tudo.
Aiolos sorriu de lado, sem desviar o olhar da frente.
— Foi você quem brilhou, Érika. Eu só segui o plano.
Ela sorriu, dessa vez mais abertamente, com o alívio e a satisfação de quem sabia que tinha dado o melhor de si.
As aulas chegaram ao fim, e Érika e Aiolos saíram da sala juntos, caminhando lado a lado pelo corredor movimentado. A sensação de alívio ainda pairava sobre Érika, que não conseguia conter o sorriso de satisfação por terem concluído a apresentação com sucesso.
— Aiolos, mais uma vez, obrigada por tudo. De verdade. Eu não sei o que teria feito sem sua ajuda — disse ela, olhando para ele com genuína gratidão.
Ele deu de ombros, com um sorriso discreto.
— Não foi nada. Você se saiu muito bem, Érika. Foi um trabalho de equipe, e é sempre bom trabalhar com alguém que leva as coisas a sério.
Chegaram ao pátio da universidade, onde o sol da tarde iluminava o ambiente e os estudantes circulavam em pequenos grupos. Érika parou e ajustou a alça da mochila, já se preparando para se despedir.
— Bom, eu vou indo. A gente se vê por aí, Aiolos.
Ela deu um passo para se afastar, mas Aiolos, em um gesto rápido, levantou a mão para detê-la. — Espera, Érika.
Surpresa, ela parou e virou-se para ele, curiosa. — O que foi?
Ele parecia levemente hesitante, mas sua expressão era serena. — Eu estava pensando… já que o trabalho foi bem e hoje é um bom dia, você toparia sair comigo para comemorar?
O coração de Érika disparou. Ela não esperava aquele convite e por um momento sentiu o rosto esquentar. — Sair…? Comemorar?
Aiolos deu um pequeno sorriso. — Sim. Não precisa ser nada complicado. Apenas algo para relaxar e aproveitar o resto do dia. Que tal?
Ela ficou alguns segundos em silêncio, tentando processar a situação, mas logo se deu conta de que a oportunidade de passar mais tempo ao lado dele era única. Finalmente, ela sorriu e respondeu, tentando parecer tranquila: — Claro, eu adoraria.
Aiolos assentiu, satisfeito. — Ótimo. Então vamos?
— Vamos — respondeu ela, sentindo o coração ainda acelerado enquanto o seguia, curiosa e animada pelo que aquele convite poderia significar.
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As meninas estavam reunidas em um café próximo à universidade, que haviam combinado de se encontrarem, quando Luisa verificou o celular e sorriu ao ler uma mensagem.
— Meninas, vocês não vão acreditar — disse ela, atraindo a atenção de todas.
— O que foi? — perguntou Koga, curiosa.
— Recebi uma mensagem da Érika. Ela saiu com Aiolos!
Os rostos das amigas se iluminaram, e Koga foi a primeira a reagir: — Até que enfim! Já não aguentava mais aquele chove não molha entre os dois.
Hina concordou, rindo: — Verdade! Eles precisam parar de rodeios e admitir logo o que sentem.
— Quem diria, hein? A nossa Érika finalmente deixando a timidez e a vergonha de lado — brincou Calisto, arrancando risadas de todas.
— Bom, tomara que dê tudo certo para eles — completou Luisa com um sorriso, e todas concordaram.
Após terminarem o café, decidiram voltar para casa, pois ainda havia muito a ser feito para a confeitaria. Quando chegaram, Calisto abriu a mochila e tirou alguns papéis que havia trazido consigo.
— Encontrei algumas ideias de desenhos para as paredes. Dá uma olhada — disse ela, espalhando as folhas sobre a mesa.
As meninas se aproximaram, curiosas, e começaram a analisar as opções. Havia desenhos de xícaras fumegantes, bolos decorados, cupcakes coloridos, colheres delicadas e até pequenos croissants estilizados.
— Esses de xícaras combinam perfeitamente com os lustres que compramos — observou Koga.
— E esses cupcakes são fofos demais. Podíamos colocar no canto perto das vitrines — sugeriu Hina.
— Acho que podemos combinar vários desses, fazendo uma espécie de mural nas paredes principais — opinou Luisa.
Todas concordaram, animadas com as escolhas. Calisto, sorrindo, começou a esboçar como os desenhos ficariam nas paredes: — Vou preparar um esquema e no final de semana já quero pintar nas paredes. Vai ficar lindo, vocês vão ver.
Com os detalhes decididos, elas finalmente puderam relaxar, sentindo-se cada vez mais próximas de transformar a confeitaria em um lugar especial e cheio de personalidade.
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Enquanto caminhavam pela praça tranquila no final da tarde, Érika e Aiolos sentiam o silêncio confortável que só surge entre pessoas que compartilham algo especial. O sol dourado começava a se pôr no horizonte, lançando tons quentes de laranja e rosa no céu, sentados em um banco de madeira próximo a uma fonte, Aiolos parecia mais sério, os olhos verdes fixos no reflexo da água.
— Foi uma tarde maravilhosa, Aiolos. — Érika disse, tentando esconder o nervosismo. — Obrigada por me convidar.
Ele virou o rosto na direção dela, o brilho de seus olhos parecendo ainda mais intenso sob a luz suave do entardecer. Um leve sorriso surgiu em seus lábios antes que ele respondesse: — Érika, estar com você é maravilhoso.
Ela sentiu o coração acelerar e tentou esconder o rubor que subia às bochechas, mas antes que pudesse responder, ele respirou fundo e continuou: — A verdade é que, para mim, tudo se torna especial quando estou com você.
O olhar dela se encontrou com o dele, confuso e esperançoso ao mesmo tempo.
— Especial? Por quê?
Aiolos inclinou-se levemente, diminuindo a distância entre eles. — Porque eu estou apaixonado por você, Érika.
O mundo pareceu parar por um momento. Érika piscou, tentando assimilar o que acabara de ouvir. As palavras dela se perderam, e tudo o que conseguia fazer era olhar para ele, sentindo o coração disparar.
— Eu pensei muito antes de dizer isso — continuou ele, segurando a mão dela com delicadeza. — Mas não consigo mais guardar isso para mim. Você é incrível, Érika. Forte, determinada, gentil... e eu quero estar ao seu lado, se você permitir.
Ela sentiu os olhos marejarem, incapaz de segurar a emoção. Por tanto tempo, guardara seus próprios sentimentos, temendo que fossem unilaterais. E agora, ali estava ele, confessando tudo com aquela honestidade que ela tanto admirava.
— Aiolos... — começou, mas parou para respirar fundo, criando coragem. — Eu também sinto o mesmo.
O sorriso que se formou no rosto dele era de pura felicidade. Sem hesitar, Aiolos ergueu uma das mãos, tocando suavemente o rosto de Érika. Ela não recuou; pelo contrário, inclinou-se levemente em sua direção, como se o momento fosse inevitável.
E então, sob o céu tingido pelas cores do pôr do sol, ele a beijou. O toque foi gentil, mas cheio de emoção, um misto de declarações não ditas e promessas silenciosas. Quando o beijo terminou, eles permaneceram próximos, testas encostadas, sorrindo um para o outro.
— Isso significa que podemos tentar? — perguntou Aiolos, a voz baixa, mas cheia de esperança.
Érika sorriu, o coração leve como nunca antes. — Significa, sim.
De mãos dadas, eles ficaram ali por mais algum tempo, saboreando o início de algo que sabiam ser especial e único.
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Os dias passaram em um ritmo intenso, com as meninas focadas nos últimos ajustes para a tão aguardada abertura da confeitaria. As paredes ganharam vida com as pinturas detalhadas feitas por Calisto, que transformou o ambiente com desenhos vibrantes de xícaras de café fumegantes, bolos decorados e doces delicados. A cada pincelada, ela transmitia a essência acolhedora e doce que todas queriam para o lugar.
— Está perfeito, Calisto! — elogiou Koga, admirando o mural finalizado.
— Obrigada, meninas. Espero que todos gostem tanto quanto nós — respondeu Calisto, orgulhosa.
Com os móveis no lugar, as prateleiras decoradas com vasos e suculentas, e os equipamentos de cozinha prontos, o local estava impecável. As amigas estavam ansiosas, contando os dias para a inauguração, que seria no próximo fim de semana.
— Vai ser um sucesso, tenho certeza! — disse Luisa enquanto organizava as últimas listas de compras.
— Sem dúvidas! E já estou me preparando psicologicamente para não devorar tudo antes de vender — brincou Koga, arrancando risadas.
Naquela tarde, enquanto revisavam os últimos detalhes, Milo enviou uma mensagem para Luisa:
Milo: "Ei, as meninas podem tirar uma noite de folga? Estamos organizando um jantar no nosso apartamento, e queremos que vocês venham. Será divertido, prometo!"
Luisa compartilhou o convite com as amigas, que reagiram com entusiasmo.
— Adoro a ideia! Vai ser bom para relaxarmos um pouco — comentou Hina.
— E aproveitar para ver nossos meninos, claro — completou Calisto, piscando para as outras.
As meninas chegaram juntas ao apartamento de Aiolos e Aiolia, onde a reunião estava organizada. O lugar estava impecável, decorado com simplicidade, mas acolhedor. A mesa de jantar estava posta com cuidado, e o aroma de comida deliciosa preenchia o ambiente.
— Que recepção incrível! — exclamou Érika, olhando ao redor.
Milo se aproximou de Luisa com um sorriso, estendendo a mão para ela.
— Espero que você tenha vindo com fome, porque preparamos algo especial.
Kanon e Koga estavam próximos da cozinha, trocando brincadeiras enquanto colocavam as bebidas na mesa. Máscara da Morte e Calisto riam juntos no sofá, enquanto Aiolos e Érika trocavam sorrisos cúmplices perto da janela.
O jantar começou com conversas descontraídas e muitas risadas, cada casal aproveitando a companhia um do outro e dos amigos. Durante a refeição, não faltaram brindes ao sucesso da confeitaria e às novas conexões que todos estavam construindo.
— Aos sonhos que se tornam realidade! — declarou Kanon, erguendo seu copo, sendo seguido pelos outros.
Conforme a noite avançava, o clima no apartamento era de pura harmonia. Após o jantar, eles se reuniram na sala para conversar e compartilhar histórias. As risadas enchiam o ambiente enquanto lembravam momentos engraçados e dividiam expectativas para o futuro.
— É impressionante como tudo está se encaixando — comentou Hina, olhando para as amigas. — Nossa amizade, os relacionamentos... Até a confeitaria parece um sonho se realizando.
— Isso porque estamos juntos nisso — respondeu Shion, sorrindo para ela. — Quando as pessoas trabalham com amor, tudo flui melhor.
Enquanto isso, Milo cochichou algo no ouvido de Luisa, arrancando dela uma risada espontânea e uma leve cor nos rostos de ambos. Kanon puxou Koga pela mão e a levou até a varanda, apontando para as estrelas, enquanto Máscara da Morte fingia reclamar de como Calisto o havia "forçado" a ajudar na pintura, apenas para vê-la rir e balançar a cabeça, divertida.
Já Érika e Aiolos estavam sentados no canto da sala, trocando olhares cúmplices. Ele segurou a mão dela de forma discreta, mas o suficiente para transmitir segurança e carinho.
— Acho que este é um dos melhores momentos que já vivemos juntos — comentou Calisto, observando todos ao seu redor. — Espero que tenhamos muitos outros assim.
— E teremos — garantiu Aiolos, com sua voz firme e gentil. — Esse é só o começo.
Quando a noite começou a se despedir, todos se levantaram para se despedir. Apesar do cansaço do dia, ninguém parecia com pressa de encerrar aquele momento especial.
— Obrigada por essa noite incrível — disse Luisa, abraçando Milo antes de sair.
— Foi especial porque vocês estavam aqui — respondeu ele, devolvendo o abraço com carinho.
Um a um, os casais e amigos se despediram, com um sorriso no rosto e o coração aquecido. A noite tinha sido perfeita, uma pausa merecida antes de todos os desafios que estavam por vir.
E assim, sob as estrelas de Atenas, mais uma página se virou, repleta de carinho, amizade e sonhos que continuavam a se entrelaçar.
