CAPÍTULO 18: Eliminatórias Femininas

Notas Iniciais

Todo tempo tem um grito de guerra e um slogan, não é? Com os nossos da Universidade de Tohoku não seria diferente. No caso do time feminino, o grito de guerra veio das palavras que um dos ex-treinadores disse todo início de treino. O slogan surgiu de uma capita que cursava astronomia nos anos 1970.

GRITO DE GUERRA: Passe melhor, pule mais alto, bata mais forte, dê tudo de si!

SLOGAN: MIRE NA LUA. ACERTE NAS ESTRELAS!

Por ordem de residência, nosso elenco desse capítulo é:

TATSUO HARU - líbero reserva - tem uma disciplina constante de treinos desde os 11 anos de idade, o que lhe confere uma excelente consciência corporal e concentração acima da média mesmo entre os jogadores veteranos. Leva muito a sério seu plano alimentar e a primeira vez que provou bebida alcoólica foi no dia do karaokê que começou todo o tumulto dessa história. Já lesionou o joelho e o pulso, além de ter quebrado três dedos, por isso joga com protetores nos joelhos, cotovelos e pulsos e faixas enroladas nos dedos. Acredita que o esforço traz resultados e se dedica a tudo o que se propõe a fazer. Usa presilhas com personagens de Saint Seiya para manter os cabelos curtos fora do rosto durante as partidas.

KOBAYASHI MAYU - capitã – os olhos pretos da capitã do tempo feminino estão sempre brilhando de determinação. Seus longos cabelos também pretos amarrados num rabo-de-cavalo firme e a postura altiva a revelam como uma figura importante para qualquer um que olhe. Ela é a veterana mais antiga do tempo. Gosta de doces, mas se contém por causa do vôlei. Está sempre atento para manter a harmonia e o equilíbrio da equipe, auxiliada pelo vice-capitã. Atua como consulta sempre que possível e demonstra ser acessível, principalmente como as novastas. Começou a jogar vôlei por indicação médica no fundamental. Acumulou muitas vitórias nos campeonatos de sua província, embora nunca tenha participado de um torneio nacional. Quando viu o potencial de Haru, convenceu o titular líbero a treinar em separado para conseguir uma vantagem sobre suas rivais históricas.

IBARAKI AIKO – líbero titular – seus olhos verdes bem puxados e os cabelos volumosos loiros chamam a atenção dos garotos. Quer ser jogador profissional e está se candidatando a testes em tempos da 2ª divisão de Miyagi. Sentiu-se ameaçado por kouhai e tentou convencer uma treinadora que seguisse o estilo tradicional de posicionamento garantindo vitórias mais consistentes. É mais alto que Haru e teve um breve namoro com Shiraishi Setsuo quando ambos eram calouros do mesmo curso - Tecnologia e Inovação. Foi por causa dele que ela entrou no clube de vôlei feminino. Os dois ainda saíram casualmente até que ele começou a namorar uma reserva líbero. Continua considerando-o um excelente partido.

MICHIMIYA YUI - ex-capitã do time feminino do Karasuno. Ela corta os cabelos castanhos bem curtinhos, evidenciando seus grandes e animados olhos também castanhos. Na faculdade, decidi tentar a corrida em marcha até decidir o que realmente faria. Na metade do ano, foi chamado para participar do início do clube de Sepak Takraw na Universidade de Sendai. Entregou um amuleto da sorte para Daichi quando o time masculino jogou no ginásio de Sendai no ano anterior e agora o reencontrou no mesmo prédio, embora em cursos diferentes. Cursa 1º ano de Turismo.

SAWAMURA DAICHI - ex-capitão do time do Karasuno. Joga vôlei desde criança e sempre levou o esporte a sério. Tem um instinto nato de liderança e bons instintos. Suas falas sempre inspiram e suas decisões transmitem confiança aos companheiros. Tem uma visão prática e objetiva da vida, expressa nos olhos amendoados atentos e nos cabelos bem cortados e simples de arrumar. Tentou continuar no vôlei na faculdade, mas logo desistiu devido à carga de estudos e ao trabalho. De vez em quando, sai com Sugawara em Sendai, tornando a amizade deles mais próxima do que na época do ensino médio. Teve uma grande surpresa de encontrar a antiga capitã do Karasuno no mesmo prédio da Universidade de Sendai. Curso de 1º ano de Direito.

SUGAWARA KOUSHI - levantador reserva do tempo de vôlei da Universidade de Tohoku. Os olhos dourados e cabelos cinza-claros já fizeram sucesso com as garotas no ensino médio, mas ele só tinha tempo para vôlei e estudos. Até se envolver com Himeno e Haru não se interessou por partidas de tempos femininos, o que lhe rendeu arrependimentos tardios ao ver o desempenho extraordinário das equipes. Por isso, fez uma 'leve' pressão para os amigos o acompanharem nos jogos de hoje. Está muito confuso sobre seus sentimentos sobre as duas, embora ainda considere que Himeno seja a escolha mais certa. Avalia que Haru deve ser cantora ou jogadora profissional e não professora, mas jamais dirá isso a ela.

NISHINOYA YUU – líbero titular do Karasuno. Seu temperamento extrovertido o faz se destacar como grande incentivador dos companheiros em quadra. Sua autoconfiança o torna bastante consciente do ambiente ao redor, embora o coloque em enrascadas quando em excesso, como no episódio em que ele ficou suspenso por um mês por baderna no corredor. Quando Sugawara falou sobre a forma de jogar do líbero de Tohoku, pesquisou sobre ela e quis conferir com seus próprios olhos. A partir dessa partida, desenvolverá uma admiração secreta por Haru como jogadora e sempre a incentivará a se tornar profissional.

SUGIMOTO YUMI – levantadora titular - tem um rosto redondo amigável emoldurado por cabelos vermelhos cortados assimétricos e olhos castanhos-chocolate puxados. Seu pai e suas duas tias por parte de mãe jogaram vôlei até a faculdade e ela passou a infância indo aos estádios. É um vice-capitão há 3 anos e uma veterana que se mudou primeiro de Haru. À medida que a kouhai se soltava em quadra, as duas conquistadas mais próximas. Sua voz suave e sua expressão tranquila escondem uma vontade de ferro que suas companheiras de tempo conhecem bem. Foi ela quem chamou a atenção da treinadora e da capitã para a forma diferente de Haru jogar e pensar.

HIMENO SUMI – atacante/ace principal - olhos e longos cabelos pretos, que ela mantém brilhando e perfumado com óleos aromáticos. Joga vôlei desde o fundamental e é bastante competitivo. Desenvolveu músculos compactos e resistentes e conquistou uma posição de destaque no momento, sendo a mais entrevistada. Até esse ano, queria ser um jogador profissional, mas mudou de ideia ao arrumar emprego como editora júnior na filial de uma grande editora de Tóquio. Não gostei de Haru desde o início por considerar a atrevida ao sistematicamente atrapalhar suas jogadas. Com o passar dos meses, o interesse de seu namorado na garota a incomodou tanto que ela desenvolveu uma postura de evitá-la o máximo possível. Como muitas companheiras de tempo a admiram, seguiram seu exemplo.

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Tatuagem Haru

"Está tudo bem. Nós treinamos muito. Tenho confiança em Ibaraki-senpai... Pelo menos, na quadra..." Haru se lembrava do vídeo com a partida do time adversário que assistiram ontem. "Ela jogou contra a Sendai durante três anos. Como sabe o suficiente." Através das jogadoras sérias, pensando nas fichas com dados das adversárias que um treinadora entregaria. Aquela era o jogo decisivo, após ambas as equipes vencerem três partidas cada.

Eles se reuniram no centro da quadra.

- Tohoku, para cima! – a capita Kobayashi similarmente. – 'Passe melhor, pule mais alto, bata mais forte, dê tudo de si!' – todas gritaram o grito de guerra. - É a nossa vez! Forçaaaaa! – as jogadores ergueram os punhos.

Assim que se passou para a área das reservas, Haru viu o tempo masculino na arquibancada. Shiraishi acendeu quando a notou olhando para eles.

- Ele é lindo demais! – Ibaraki exclamou alto o suficiente para sua namorada ouvir. – Olha esse sorriso. – Haru continuou acenando, decidindo mandar um beijo para ele para provocar seu senpai.

"Quem dorme com ele sou eu." Ela registrou o treinamento individual, com Ibaraki perguntou todo tipo de coisa sobre Shiraishi. E se registrava que assim que punham os pés fora do ginásio, o titular líbero fazia questão de tratá-la como parte da paisagem, seguindo o exemplo de sua amiga Himeno.

Pensar na ace a fez procurar os cabelos cinza-claros, encontrando Koushi conversando com um homem e uma mulher, um pouco distante da torcida do Tohoku. Ele acenava para a namorada e ao ver Haru, acenou para ela também.

"Não faça isso!" Ela franziu o cenho, sentindo os olhos de Himeno às suas costas. "Você é burro?" A agressividade passiva da ace aumenta após o festival de verão. Metade do tempo segue sua liderança, praticando diferentes graus de indiferença para com Haru. "Não posso demonstrar que isso me afeta. Ele é meu amigo." Acenou discretamente em resposta, suspirando com a boca aberta.

- Haru-chan! - do outro lado do time masculino, Keiko sacudiu um par de pompons, liberada. – Haru-chaaan!

"Eles vieram mesmo." Ela falou involuntariamente ao ver o grupo de amigos tão animados de pé perto da faixa com a lema do time feminino. Izumi e Shiro gritaram junto com Keiko, enquanto Sota, Hotaru e Miyo assopravam buzinas. O peito dela ficou quente e os cantos dos olhos formigaram. "Concentre-se!" Ela bateu nas bochechas, evitando que emoções desnecessárias se instalassem. Respirou fundo, fechando os olhos.

O apito anunciou o início da partida.

KOUSHI DE SUGAWARA

- Os jogos universitários são realmente de outro nível. – Michimiya Yui foi admirada pela rapidez e força das jogadoras. – Eu acompanhei alguns treinos do clube no início do ano, mas as partidas oficiais são intensas.

- Os jogos das garotas são bem diferentes dos nossos. – Sawamura Daichi confessou não ter visto muitos jogos femininos. – Embora as surpresas estejam sempre presentes.

- Espero que ninguém saiba que vocês são de Sendai. – Koushi brincou, pois os dois vestiram camisetas com o nome da universidade rival de Tohoku. – Se perdermos, vamos achar que vocês deram azar.

- A responsabilidade é sua, pois foi você quem nos chamou, Suga-kun. – Daichi afirmou, relaxado no assento.

- Um líbero é muito experiente e seu corpo envelhece sozinho. – Nishinoya Yuu, o líbero principal do Karasuno, viera acompanhar presencialmente, após os elogios de Koushi no grupo de mensagens do clube de vôlei. – Mas ela ainda não acertou o direito a estratégia que você comentou, Suga-san.

- Eu também não estou entendendo... – Koushi via que as jogadas pelo fundo não estavam encaixando e não entendia o motivo de Ibaraki estar no lugar de Haru. – Já estamos na metade do segundo set e o Tohoku vai perder se não tomar uma decisão.

- Esse líbero não é a mesma que vi na TV. – Michimiya desvendou o caso. – Essa parece que não consegue acompanhar tão bem quanto a cabelos curtinhos.

"Por que o treinador não substitui?" A treinadora pediu mais um tempo e eles viram falar no ouvido da líbero. Mesmo assim, o jogador não conseguiu executar a execução. Não estava falhando em nenhum outro momento. Parecia que se recusava. "Um titular líbero não quer seguir a kouhai... Ela também está preocupada." Através dos olhos vidrados de Haru e sua garganta se move. "Elas guardaram a estratégia para o jogo mais importante e agora estão naufragando."

Tatuagem Haru

"Só pode ser brincadeira!" Haru sentiu seus músculos retesarem a cada ponto perdido e cada jogo errado. "Nós treinamos há meses! Tudo aquilo que eu tive que aguentar você está tirando na lata do lixo!" Ela não entendeu o que estava comemorando com o líbero bem mais experiente. Todas as vezes em que a levantadora sinalizava um ataque de fundo, Ibaraki não conseguia se mover como elas treinavam à exaustão.

-Tatsuo! – o treinadora a chamou quando o Sendai estava com 17 pontos. – Aquiça e venha.

Haru entrou quando as adversárias chegaram aos 19.

- Demorou! - Sugimoto Yumi, uma levantadora, uma saudou. – Pronta para falar sério? – Haru concordou, sua indignação fazendo seu foco ser totalmente acionado assim que se posicionou. – Atenção! Vamos atrás desse conjunto ponto por ponto!

"Lá vem o saque!... Elas não mandam em cima da líbero nenhuma vez... Sem grandes malabarismos."

O passe da recepção não foi para a levantadora, que estava bem posicionada na rede. De repente, um líbero clamou no fundo e ace cravou a bola no fundo da quadra adversária. O bloqueio não foi levantado, de olho na levantadora. Sugimoto até envolver os braços, funcionando como chamariz.

As garotas pularam e gritaram em comemoração. A arquibancada demorou um pouco para reagir, mas explodiu em aplausos quando o ponto foi confirmado.

"Não é contra as regras. Nenhuma regra diz que só um jogador pode levantar a bola." Haru sentiu uma adrenalina percorrer seu corpo e suas células se agitarem. Seus membros tonificados e prontos. Sua mente estava clara e atenta.

KOUSHI DE SUGAWARA

- Fecha a boca, Nishinoya-kun! – Koushi riu da expressão do amigo. De alguma forma, você se sente orgulhoso ao vê-la em ação.

- Foi muito rápido! – exclamou Michimiya. – Ela entrou há trinta segundos!

- Não pensei que isso fosse possível. – Daichi arregalou os olhos.

- A recepção dela fica prejudicada? – Nishinoya quis saber como o jogo continuaria, sentando na beirada da cadeira com as costas eretas e os olhos sem nem piscar.

"Por que a comunicação de Sumi e Haru em quadra parece perfeita, mas presenciei tantas graças onde Sumi agia como se não a visse?" Koushi franziu levemente a testa ao ver as duas se cumprimentando antes de Himeno ir para o saque. "O olhar de Haru é assustador. Ela deve estar frustrada por apenas observar... Por mais que diga que prefere não se envolver demais, sei que ela fará o que for preciso para avaliar o tempo."

- Agora ela vai ser acionada na defesa. – Michimiya disse e poucos instantes depois Haru defendeu o ataque adversário, levantando a bola o suficiente para um corte direto da ponta direita. – Uau!

Tatuagem Haru

- Alternar. – uma levantadora sinalizou.

"Quebramos a sequência delas. Agora vamos para os pontos. Se fizermos cinco, empatamos." Haru não ouvia mais a arquibancada ou nenhum som fora da quadra. "Se usarmos demais, elas vão se acostumar rápido. Precisa ser algo aleatório. Vou deixar a decisão com Yumi."

- Três. Hum! – Haru comandou, fazendo outro jogador receber a bola do contra-ataque e saltando para levantar antes da linha de fundo para um corte seco da própria levantadora.

"Podem me olhar com as caras feias. Vocês só me divertem assim." Ela encarava as jogadoras adversárias com sua habitual expressão neutra. Era conhecido pela discrição e silêncio em quadra, por isso sua participação nas estratégias mais amplas era um segredo bem guardado e que sua equipe só usava para o xeque-mate. Além disso, todo o seu tempo deve estar afinado com as jogadas arriscadas. "Estamos muito afim de ir a Tóquio nessa temporada!"

- Dois. Dois! – ela comandou e sua recepção caiu bem nas mãos de Sugimoto, que entregou uma paralela para Himeno. "Ainda bem que Yumi não se deixou influenciar pelas outras. Seria impossível sem a liderança dela."

KOUSHI DE SUGAWARA

- Foram sete pontos desde que ela entrou. – Daichi segue olhando, sem conseguir tirar os olhos da jogadora baixinha. – Ela e a levantadora estão em completa sintonia.

- Sim. Apesar de ser algo que aparentemente qualquer líbero consegue fazer, exige um esforço enorme de concentração das duas. – Koushi contornou para eles sobre os treinos e como elas precisaram de orientação individual, treinando em locais separados do restante da equipe até conseguirem esse nível de interação. – Mas eu me lembro que um titular líbero também participou.

- Você está dizendo que elas estão fazendo isso há poucos meses? – Michimiya estava incrédula.

- Começaram um pouco antes do verão. Foi uma sensação nos dois tempos. – Koushi riu dizendo que o capitão e o líbero deles brigaram porque Tateyama se pegou e proibiu seu kouhai de tentar fazer aquilo. – Segundo ele, não é bom quando um líbero se destaca demais.

- Ele está certo. – Nishinoya específicas, com seu topete e olhar questionador. – Uma vez ou outra, tudo bem. Mas usar tanto assim pode ser ruim para o tempo em grupo. Você não notou nenhum fato negativo, Suga-san? – Koushi pensou um pouco, vendo a entrega harmoniosa e as comemorações efusivas a cada ponto.

- Sim. – ele confessou, apertando os lábios. - Percebi algumas garotas a evitar no festival de verão e na biblioteca, mas não investiguei o fundo. – "Será que, de novo, estou fechando os olhos? Como no início do ano?" Assim que as palavras saíram de sua boca, Koushi notou que estavaa ocupado demais olhando para o outro lado. "Fui egoísta... Nós nos encontramos tantas vezes e eu nunca disse nada... Coloquei meu namoro e notas na frente e deixei todo o resto passar." Ele engoliu em seco, seus olhos estreitamente para a quadra, disposto a prestar atenção aos mínimos detalhes.

- Se for só isso, não é tão ruim, mas já é ruim o suficiente. – Michimiya afirmou. – O que ela estiver fazendo só será valorizado se elas ganharem.

- Ela sabe disso. – Nishinoya pareceu se lembrar de algo. – No ensino médio, ela fez a mesma coisa para o seu tempo ganhar o Campeonato Nacional dois anos seguidos. – Michimiya acenou em concordância.

- Ouvimos muito falar da líbero de Nara Gakuen, mas estávamos mais preocupados com as eliminatórias de Miyagi. – os grandes olhos castanhos da jovem brilharam ao realizar que finalmente a via tão próxima. – Quando vi as finais pela TV, fiquei bastante impressionado com as jogadas. Nunca esperei ver ao vivo.

Koushi notou que sua visão de Haru ficou mais nítida. Admirou sua postura e seus movimentos limpos e rápidos. Seu rosto de traços delicados fechados em total concentração, limpando o suor que pingava de seu queixo sem tirar os olhos da bola, fruto de treinamentos que iam muito além do clube de vôlei. Engoliu em seco por nunca ter realmente pensado sobre ela como atleta de alto nível. Se habituou a manter sua atenção em Himeno desde o início e se arrependia por não ter aproveitado os meses de treino no mesmo ginásio.

- Mas, ao invés de continuar nas universidades da sua província, onde provavelmente recebeu convites, ela veio para cá. – Nishinoya ponderou. - Não acha estranho?

Tatuagem Haru

"Elas aprenderam. Quase bloquearam essa bola agora." Haru sentiu que estava chegando ao seu limite. "Precisamos acabar com isso rápido!" Ela piscou com força, esperando a bola.

Após perderem o primeiro set, ganharam o segundo pela reviravolta na estratégia. O terceiro terminara com vantagem para Sendai e o quarto teve uma boa recuperação da Tohoku, quando os ataques armados pela líbero se encaixaram com mais facilidade. O quinto set foi disputado ponto a ponto. Nenhuma das equipes conseguiu abrir uma distância garantida no placar e isso irritou os jogadores.

- Não se afobem! – a treinadora gritava. – Um ponto de cada vez! Crie seu próprio tempo!

"É um perigo a aceleração desenfreada... Os erros vão se acumulando." Haru não sabia naquele momento parou com os ataques pelo fundo e começou a jogar a bola cada vez mais alto, para dar tempo às companheiras para respirar e pensar antes de agir. "Mas há o tempo de retorno também... Não estou aqui para me sentir confortável! Estou aqui para ganhar! Nem que tenha que me quebrar inteira!"

-Haru! – Sugimoto a chamou. Respiravam com dificuldade e os uniformes grudavam com o suor. As duas estavam exaustas. "Yumi não saiu em nenhum momento." – Vamos encerrar agora! – Haru viu o cartaz. "Quatro pontos!" – É o nosso uau! – ela sorriu para Haru.

- Atenção redobrada! – o capitão Kobayashi bateu palmas ao lado de Haru. – Sumi, você consegue, não é? – um ás, do outro lado de Haru, apenas assentiu. Foi quando Haru descobriu que era o único jogador do primeiro ano em quadra. "Temos que finalizar logo... O problema é que a outra equipe está muito mais descansada mentalmente."

-Quatro! Sei! Hum! – Haru apresentou o comando, conduzindo a bola para o lugar alugado à rede, para Himeno fintar depois que o bloqueio desceu.

KOUSHI DE SUGAWARA

- Como ela faz uma jogada de tempo nessa situação? – Koushi segurava as laterais da cadeira porque pensou que a bola cairia do lado delas na rede. Seu coração batia loucamente quando o estádio explodiu em palmas e gritou.

- Isso conseguiu a confiança do tempo. – Daichi não tinha mais palavras para demonstrar seu espanto pela ousadia das garotas. – Ainda bem que acabou sendo do tempo adversário! Você pode ter dado terrivelmente errado.

- Ela se daria muito bem com a nossa dupla maluca. – Nishinoya reconheceu, os olhos bem abertos e a expressão de satisfação. – Kageyama-kun iria pedir para me substituir na hora. – deu uma risada, imaginando a cena. – Hinata-kun ficaria em êxtase.

- Só para vocês saberem, essa é a mesma sensação de quem assistiu vocês no ano passado. – Michimyia caçoou deles. – Quando vocês fizeram aquelas jogadas absurdas como se fossem nada, nós duvidávamos do que estávamos vendendo.

"Isso é verdade. Mesmo que eu estivesse acostumado, por ter ficado muito tempo no banco, via a ocorrência dos outros. Naquela época, era divertido! Agora... Agora eu só quero que acabe logo... Mas quero ver-las jogar mais... Elas atingiram um nível muito elevado para estudantes, mas queimaram toda a estamina." Koushi previa que Himeno estaria completamente exausta, pedindo por uma massagem, como ao final dos treinos mais puxados. "Ainda tenho o óleo de capim-limão e lavanda. Será bom fazer um chá relaxante também... Talvez ela prefira sair para comemorar..."

- Tem gente de olho. – Nishinoya contou alguns homens mais velhos, em pé na nota da arquibancada. – Elas estão fazendo fama hoje.

- Haru-chan não quer seguir carreira. – até Koushi se espantou com o tom de certeza de sua declaração. – Ela quer ser professora, tem se esforçado bastante.

"Eu sei o que ela quer?... Nós nunca conversamos sobre isso... Sumi quer continuar como editora, me disse várias vezes... E por que eu pensei em Haru primeiro?"

- Bom, parece que ela se empenha em tudo o que faz. – Daichi sinalizou para a quadra. – É match point para o Tohoku.

Koushi viu que era um rali longo. A expressão de Haru era de intensa dor e determinação. Os cabelos ficaram grudados de suor e, mais de uma vez, ele a viu sacudir os braços e socar as coxas. Himeno cortou três vezes e Sendai se recuperou. Assim que seus pés tocavam o chão, apoiava as mãos nas coxas para alongar os músculos e tendões dos braços e costas. A levantadora, Sugimoto Yumi, flexionava os dedos e os pulsos. Isso tudo ocorria nas frações de segundo entre um toque e outro. Todas respiravam com muita dificuldade.

"Estar na plateia é mais angustiante do que na quadra!" Ele precisa se lembrar de respirar.

-Ah, não! – Michimyia tapou a boca porque a bola foi mal recebida, ricocheteando para o fundo da quadra.

O capitão alcançou com as pontas dos dedos e devolveu de qualquer jeito com um grito. Não havia altura para levantar, então Haru deslizou e fez o passe deitado, impulsionando o máximo possível até a rede. Ao invés de uma cortada forte, Sugimoto apenas deu uma tapinha para o lado, tirando a bola do bloqueio.

A arquibancada explodiu ao redor de Koushi e ele se declarou junto, querendo correr para abraçar uma namorada, ver como Haru estava, descobrir se a capitã se machucara e elogiar cada uma das jogadoras. Impossibilitado de realizar esses desejos, ele convocou e aplaudiu aberto, junto com os amigos.

Tatuagem Haru

- Não consigo levantar! – Haru não tinha forças para erguer o braço, precisando do apoio de duas companheiras para ir até o bolo no centro da quadra, onde elas se abraçavam e choravam. – Um capitão Kobayashi? – olhou para trás, lembrando que ela trombara com a barreira no fundo da quadra, mas a garota vinha também reforçada por duas jogadoras.

- Quero um mês de férias. – ela piscou para Haru e as duas se apoiaram para a comemoração.

"Uma bolha estourou." Só ao ser abraçado pelas outras é que Haru voltou a ouvir o barulho da arquibancada. Olhou ao redor e descobriu Setsuo acenando com os dois braços, chamando seu nome. "Pare com isso, seu bobo!" Entre os espectadores, Koushi aplaudiu e acenava, sendo retribuído por Himeno. "Logo mais será o jogo deles... Preciso descansar para assistir."

- Vamos nos cumprir. – Sugimoto, vice-capitã, tocou em seu ombro. – Você fez um bom trabalho, Haru-chan! – bagunçou os cabelos de Haru. – Nós vamos ao Nacional!

- Você foi uma verdadeira maestrina, Yumi-senpai! – Haru sabia que esse elogio a deixaria nas nuvens, pois sua mãe, regente de orquestra, era sua maior inspiração. "Você simplesmente ignora as outras. Há boas companheiras ao meu lado."

Cumprimentaram como jogadoras e como treinadoras adversárias, depois a torcida.

Seus amigos batiam palmas e ela riu ao ver Shiro e Hotaru segurando o colarinho da camiseta de Keiko, que se inclinava perigosamente para fora da série.

Enquanto aguardavam a montagem da estrutura para entrega da premiação, vestiram os agasalhos. Haru sentiu seu coração disparar ao receber a medalha e ver Kobayashi e Sugimoto receberem o troféu. Ergueu os olhos para as arquibancadas e vive a visão turva pelas lágrimas.

Enfim voltou ao vestiário e ela respirou aliviada.

- Não foi nada demais. A compressa de gelo vai resolver. – Kobayashi informou, voltando da avaliação médica com ataduras na mão inchada. – Vai ser difícil tomar banho por alguns dias.

- Acabamos de nos alongar. – Sugimoto confirmou com um gesto amplo para a sala, com garotas em vários graus de exaustão. – Alguns querem para o final masculino e outros querem ir embora. Perguntei ao treinador se o ônibus poderia fazer duas viagens e ela vai verificar. – Kobayashi sinalizou que entendia.

- Eu posso ir com os garotos depois da partida deles. – Haru disse. Fizera dupla com Sugimoto para o alongamento e sentir os músculos menos doloridos, embora saiba que se encostasse em alguma parede, dormiria imediatamente.

- Você não é o único que pode andar com eles. – Ibaraki falou baixo, pensando que só Haru escutaria, mas, por azar, as conversas cessaram naquele instante e a frase reverberou pelo vestiário.

- Posso ficar surda, mas não ouvi Haru-chan dizer nada disso. – o rosto de Haru inteiro se abriu para ver Himeno falar em seu favor. – Ela sabe que vários de nós temos amigos no momento masculino e que queremos apoiá-los como eles fizeram conosco. - "Pode marcar território, Sumi. Eu não poderia me importar menos com as opiniões de vocês."- Depois daqui, podemos comemorar todos juntos, afinal foi um ano de trabalho conjunto. O que acham?

A maioria apoiou a sugestão, ansiosa para deixar a grosseria de Ibaraki para trás.

- Se agasalhem antes de ir para a arquibancada. – Kobayashi comandou e elas reclamaram. – Meninas, vocês foram excelentes hoje! Não se esqueça: NÓS ESTAMOS NO NACIONAL! Todas gritaram e assobiaram, energizadas

Haru reagiu como as companheiras de tempo, embora seus pensamentos a deixassem reflexiva enquanto trocava de roupa e vestia o uniforme de moletom. Era mais uma encruzilhada em sua vida.

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Notas Finais

Preciso confessar: não sou esportista... rsrsrs! Tentei ser o mais fiel que consegui, mas caso tenha comprometimento alguma gafe com as regras do vôlei, me perdoe, por favor. Tudo em prol da emoção de um jogo interessante e rápido. Espero que você tenha gostado.

Eu queria muito ver a opinião de Nishinoya sobre a nossa protinha, então convidei novamente o pessoal do Karasuno para uma participação especialíssima. E gosto bastante de pensar que Sugawara e Daichi continuaram amigos após o ensino médio. No mangá, Daichi e Michimiya não terminam juntos, mas não sonham, né?... rsrs!

A eliminatória masculina virá daqui a pouco.

Beijos,

Jasmim Tuk