No dia da volta às aulas para o terceiro ano letivo do Trio de Prata, Diana, Anne e Draco encontraram-se com os amigos grifinórios na plataforma e logo correram para procurar uma cabine na qual coubessem os seis, porém a única a qual encontraram já possuía um homem adormecido que desconheciam. O grupo se apertou e seguiram viagem. Ronald questionou sobre quem era o acompanhante deles, Hermione respondeu o nome do homem: R. J. Lupin. Ron, como sempre, disse que ela sabia de tudo e perguntou indignado como ela podia saber de tudo. Diana e Anne, revirando os olhos, responderam que estava escrito na maleta que se encontrava sobre o bagageiro e chamaram Weasley de idiota, arrancando risadas dos outros, menos do ruivo, que ficou com a coloração do rosto muito parecida com a de seus cabelos. O Trio de Ouro começou a discutir sobre Sirius Black, fugitivo de Azkaban, e Harry contou sobre a conversa que tivera com Arthur Weasley antes de embarcar no trem. O Trio prateado envolveu-se na conversa, afinal também estavam preocupados com o fato de o ex-prisioneiro tentar perseguir Potter. Em determinado ponto da conversa Diana olhou Anne estranhamente.

- Sis… Ele não é teu parente? - ela perguntou com a expressão pensativa, igual à que Harry fez, o que deixou Hermione e Ron surpresos.

- Ele é primo da minha mãe… - Black respondeu enquanto mordia o lábio. Draco de repente a encarou com os olhos arregalados.

- Verdade! Você é minha prima! - o menino disse como se tivesse acabado de descobrir a América.

Antes que alguém pudesse questionar sobre quem era a mãe de Anne, o trem deu um solavanco e parou. Assustados, todos se espremeram na janela para ver o que acontecia, porém não enxergaram nada. A temperatura caiu rapidamente e até o vidro congelou. Os seis se entreolhavam com certo medo e não muito tempo depois uma figura negra encapuzada com as mãos pútridas apareceu na porta da cabine. Diana pegou a mão de Draco e a apertou, recebendo um aperto da mesma forma em retribuição. Hermione olhava paralisada para a figura, Ron estava à beira de um ataque de pânico e Anne e Harry se entreolhavam, pensando no que fazer. A jovem Black tirou a varinha do bolso, porém não adiantou muito; a figura entrou na cabine e foi como se toda a felicidade tivesse sido sugada do mundo e apenas existisse a dor e o sofrimento. Potter desmaiou e Diana desmaiou logo depois. Lupin acordou e ao ver o que se passava, usou uma espécie de feitiço prateado para espantar a criatura.

Alguns minutos depois, simultaneamente Harry e Snape despertaram e ambos perguntaram quem estava gritando, ao que Hermione respondeu que ninguém gritara. Anne e Malfoy trocaram um olhar preocupado e o homem que os acompanhava deu um chocolate para cada um, enquanto comia um também, e saiu da cabine. Diana perguntou se mais algum deles havia desmaiado, porém apenas Harry confirmou. O restante da viagem foi mais calado e permaneceu assim até chegarem a Hogwarts.

O ano letivo iniciou agitado, Diana havia optado pelas novas matérias de Trato das Criaturas Mágicas, Aritmancia e Runas Antigas, assim como Draco. Anne optou por Adivinhação ao invés de Aritmancia, mas tinha a companhia do Trio de Ouro nas aulas, então tinha quem a acompanhasse. Na primeira aula de Trato das Criaturas Mágicas, com Hagrid, Nott, sendo o idiota arrogante que era, ofendeu um hipogrifo e acabou na enfermaria com um braço quebrado, para a alegria de todos os alunos que assistiam à aula. Passados alguns dias, Anne e Diana comentaram entre si que Hermione estava assistindo a todas as aulas do período e acharam aquilo bastante estranho, afinal ela estava em dois lugares ao mesmo tempo. Ambas julgaram ser impossível, afinal não havia um feitiço que permitisse isso. Di brincou, dizendo que era como se a garota estivesse voltando no tempo para isso, ao que Ann respondeu em uma brincadeira que deveria ser alguém tomando poção polissuco. As duas sonserinas resolveram não dizer nada, nem questionar, apenas observariam no momento.

Tiveram algo muito interessante na matéria de Defesa Contra as Artes das Trevas, bichos-papões. Lupin lhes ensinara o feitiço utilizado para rebater as criaturas e os mandara fazer uma fila para testar se aprenderam. Neville Longbottom foi o primeiro com seu medo de Severus Snape e o colocou nas roupas da avó do menino, o que fez todos rirem, inclusive Diana que mesmo com o instinto assassino, não conseguiu não rir. Neville ficou vermelho ao ver a cara da filha de Snape e muito envergonhado pediu um "desculpa…". Parvati Patil foi a próxima, seu bicho papão sendo uma naja enorme que ela transformou em um palhaço de brinquedo.

A pessoa seguinte a encarar o bicho-papão foi Anne. A criatura não demorou a tomar a forma de um jovem belo de cabelos castanhos, olhos azuis, frios e penetrantes. O garoto sorriu de maneira sinistra: o sorriso de um verdadeiro psicopata que não se importava de destruir a vida de quem fosse para atingir seus objetivos.

"Olá, Anne..." - a voz dele causava arrepios na menina e foi neste momento que ela ergueu o braço com a varinha apontada para ele. Ela já havia escutado demais aquela voz em seus sonhos, então precisava fazer algo. Trêmula e com as mãos pegajosas, Black utilizou o encantamento.

No lugar onde o garoto antes se encontrava apareceu um robô dourado que andava estranhamente de um lado para o outro. Quando o mesmo notou as pessoas ao seu redor, ergueu uma das mãos e acenou, dizendo em uma voz metálica "Olá. Eu acredito que não fomos apresentados. Prazer em conhecê-los. Sou C-3PO, Ciborgue de Relações Sociais."

Diana foi a próxima, Lupin fez menção em se aproximar mas desistiu; continuou encostado em uma bancada observando, apenas demonstrava em seu semblante uma preocupação. A menina não entendeu o motivo da expressão do professor, mas deixou esse pensamento para depois. Se sentia intrigada, pensava em tudo, no entanto não conseguia achar um medo excessivo de algo. Revisou todos os bichos nojentos e asquerosos, mas eram apenas isso mesmo, nada que lhe causasse medo. Mesmo que a parte racional de sua mente não conseguisse achar nada, a parte inconsciente se manifestou, pois quando a ruiva olhou novamente para o bicho papão ele já havia se transformado.

A sonserina sentiu um arrepio na espinha ao ver nuvens negras se formando à sua frente, pareciam nuvens de tempestades, mas a mesma sabia que não seriam só isso. Seu coração disparou; aquela criatura estava brincando com suas memórias, percebendo que era algo que já tinha sonhado. De repente uma luz verde muito forte disparou de uma das nuvens. Di soltou um berro horrorizado, e escutava um eco de um grito em seus ouvidos. A jovem se agachou tampando as orelhas e começou a chorar compulsivamente.

Anne, que estava ao fim da fila, correu para próximo de sua amiga, notando a preocupação no olhar dos amigos, a confusão estampada no rosto dos outros colegas e o rosto do professor mais pálido que o normal. Black se abaixou ao lado da irmã de coração e a envolveu em um abraço, murmurando que estava tudo bem, que era apenas um bicho papão e que ela estava segura.

Draco também se aproximou, tocando a mão de Diana, dizendo que ele e a prima a levariam para fora da sala. Lupin apenas assentiu a eles, demonstrando que estavam dispensados. O trio saiu dali rapidamente e, no corredor, Di começou a respirar mais fundo e se acalmar de maneira gradativa. Não demorou para que o Trio Dourado aparecesse, os três com o semblante preocupado. A jovem Snape forçou um sorriso e disse que estava bem, logo indagando sobre como tinha sido o resto da aula. Potter contou que seu bicho papão era um dementador, mas que o professor não o tinha deixado enfrentar e entrou à sua frente. Ron comentou que o maior medo do docente era um globo branco, fazendo com que os sonserinos franzissem a testa. O grupo saiu dali discutindo sobre, porém Harry e Diana ficaram um tanto mais calados, cada qual tentando entender o que acontecera a eles.

As semanas seguintes se passaram com uma estranha normalidade para o sexteto: as aulas estavam cada vez mais produtivas, Lupin era de longe o melhor professor de Defesa que já haviam visto e todos aprendiam de uma ótima maneira. Até mesmo Neville Longbottom se mostrava capaz de executar os feitiços. O clima estava esfriando para a felicidade de Anne, afinal a mesma odiava os dias quentes e sua alegria não podia ser maior quando no dia de seu aniversário ela, Diana e Draco leram o aviso de que a primeira ida a Hogsmeade seria exatamente no Dia das Bruxas. Animados com a visita ao um dos poucos povoados bruxos, eles saíram da Sala Comunal seguindo às escadas e logo depois ao encontro do resto do grupo.

Eles sabiam que eram motivos de cochichos dos alunos mais velhos, até mesmo dos professores, pois nunca tinha sido criado um grupo de amigos Grifinória/Sonserina tão unido, mas nenhum dos seis se importava com os comentários.

O sexteto acabou se encontrando no corredor, pois Harry, Ron e Mione também estavam à procura deles. Desceram as escadas em direção ao pátio, confabulando sobre Hogsmeade. O trio sonserino ficou sabendo nesse ponto que Harry não havia conseguido a permissão para ir ao vilarejo, deixando os três chocados.

Anne olhou na direção do garoto, sentindo uma empatia gigante por ele, afinal não era justo que ele não pudesse ir. Ela encarou-o, tentando pensar em uma solução e, quando a ideia surgiu, a garota sorriu de orelha a orelha (fazendo com que Di prendesse a respiração, afinal não poderia ser boa coisa). Black olhou para os lados com o intuito de ver se alguém estava por perto e se aproximou do moreno, baixando a voz ao dizer:

- Harry, use a capa.

- Mas é claro! - disse ele arregalando os olhos e então abrindo o sorriso, enquanto a ruiva teve uma reação semelhante, mas era mais por que a sua irmã teve uma ideia boa dessa vez.

- Harry, você não pode. - ela exclamou chateada e de cara fechada, obviamente achando uma péssima ideia.

- Por que não, Mione? - questionou Diana franzindo a testa. - Não é culpa do Harry que seus tios são trouxas idiotas.

A garota de Gryffindor respirou fundo e encarou a ruiva com um olhar severo que quase se igualava ao de McGonagall.

- Existe uma razão para que a professora Minerva não tenha deixado. Black ainda não foi preso, sabia? - falou ela em tom exasperado.

- Mas Hermione... Harry e eu enfrentamos Voldemort no ano passado, lembra? Black não pode ser pior do que o mestre, concorda? - Anne argumentou. Di apenas concordou com a cabeça, ao final da frase de sua irmã, enquanto Draco e Ron ficavam olhando de uma à outra como uma partida de tênis de mesa.

- E mais uma coisa, ele não vai estar sozinho, todos nós estaremos com ele. - disse Snape passando o braço ao redor do menino, comprovando um ponto. A morena balançava a cabeça negativamente, como se não quisesse escutar as afirmações delas, e se virou bruscamente para o menino-que-sobreviveu.

- Se você for, Harry, eu vou contar para a professora McGonagall! - exclamou por fim e Diana olhou-a horrorizada.

Ann não acreditava no que estava ouvindo. Será que a grifinória realmente seria capaz de entregá-lo? A jovem balançou a cabeça e também fechou a cara, os olhos adotando uma frieza que sua irmã de coração nunca tinha visto antes.

- Ótimo, faça isso! - a morena de olhos azuis exclamou - Aproveite e diga à professora que a ideia foi minha, assim talvez você consiga fazer com que Harry e eu sejamos expulsos!

Hermione abriu a boca para falar, porém acabou por não dizer nada e saiu dali rapidamente sem se despedir. As expressões de espanto dos três garotos eram semelhantes umas às outras. Di saiu de seu torpor e soltou um longo suspiro, dizendo a Potter que o mesmo deveria sim usar a capa de invisibilidade e se Hermione perguntasse algo ele deveria dizer que não iria. Ela também se propôs a ficar esperando-o para que ele não fosse sozinho.

A semana deles passou rapidamente, pois estavam muito ansiosos com o primeiro final de semana em Hogsmeade. Harry fez exatamente como Di e Ann sugeriram, quando Hermione o questionou ele disse que havia desistido da ideia, usando a melhor expressão de inocente possível.

No sábado de manhã, Anne, Draco, Ron e Mione (está parecendo desconfiada) foram para o vilarejo enquanto Diana, com a desculpa que estava frio de mais, ficou no castelo junto de Harry, mas obviamente ela tinha um plano, afinal a saída era acompanhada por Filch e não poderiam sair depois. Seu plano era simples: ela falaria com seu pai dizendo que se arrependera de ficar na escola. A ruiva sabia que ele a acompanharia até Hogsmeade e Harry iria escondido sob a capa atrás dos dois Snape.

O garoto moreno, quando chegou a hora, agradeceu à jovem Snape pelo esforço dela e de Anne em não deixá-lo sozinho, ao que a garota respondeu que amigos servem para isso. Potter sorriu e tirou a capa do bolso, vestindo-a, e Diana seguiu na direção dos aposentos do pai. A garota conversou com ele conforme o planejado e ele concordou, desde que a acompanhasse até a entrada do vilarejo, ao que ela concordou, afinal aquilo fazia parte de seu plano.

Os dois caminharam com tranquilidade até o local de destino e Di abraçou o homem, agradecendo sua companhia e recebendo um beijo na testa em resposta, junto com um "nada de aprontar". A jovem deu um sorriso um pouco forçado, se sentindo um pouco culpada por usar seu pai dessa maneira, mas ainda respondeu brincando com um belo "eu nunca apronto", sabendo muito bem que isso era uma baita mentira, que não enganava seu pai nem um pouquinho. Snape bufou, e dando um "até logo" ele voltou para o castelo. A ruiva ficou ali parada vendo o seu pai se afastar e assim que não conseguia mais vê-lo, ela olhou em volta.

- Ai, isso é horrível. - a sonserina murmurou, ficando na dúvida se era por ter enganado seu pai ou pelo fato que não conseguia definir onde estava Potter. Provavelmente um pouco das duas situações. - Cadê você Harry?

Demorou para que existisse resposta por parte do garoto e a jovem já estava começando a ficar receosa de que o moreno não os tivesse acompanhado, mas quando sentiu seu cabelo sendo levemente erguido, notou que ele estava ali por perto. Ela riu e Harry tirou a capa, também rindo, e guardou-a no bolso novamente.

- Então quer dizer que você nunca apronta? - o jovem perguntou em um tom levemente debochado e ergueu uma das sobrancelhas. Ela olhou com uma cara de falso espanto.

- Eu? Aprontar? NUNCA! - disse a jovem se segurando para não rir, mas assim que ele começou, os dois caíram numa gargalhada sem fim. Assim que conseguiram se acalmar, eles ficaram encarando o vilarejo completamente encantados, viram os alunos indo e vindo pela rua, entrando e saindo das lojas. Não havia nenhum que não tivesse uma expressão de felicidade no rosto. Sorrindo um para o outro, a sonserina e o grifinório começaram a caminhar e procurar o restante do grupo deles.

Anne, Draco, Hermione e Ron estavam parados em frente à entrada da Casa dos Gritos. A jovem sonserina encarava o imóvel bastante pensativa por sua história. O que havia acontecido lá para que estivesse fechada? A jovem olhou para os amigos na intenção de perguntar se poderiam chegar mais perto e foi nesse momento que ela viu sua irmã de coração junto de Harry e abriu um sorriso largo. Ela havia conversado com Mione a respeito disso mais cedo enquanto estavam caminhando pelo vilarejo e finalmente conseguira fazer com que a garota relaxasse sobre a presença de Harry ali, afinal se precisasse ele poderia esconder-se debaixo da Capa de Invisibilidade.

Uma vez que estavam todos juntos, eles realmente começaram a explorar o vilarejo, pois de acordo com Anne ela fez com que os outros esperassem a chegada dos dois para que conhecessem a cidadela juntos, o que deixou os "atrasados" bastante gratos.

O sexteto visitou todas as lojas possíveis em tempo recorde, obviamente para Anne a Zonko's foi a melhor: saiu de lá com os bolsos cheios das mais variadas espécies de brincadeiras. Di ficou maravilhada com a Dedosdemel e também encheu os bolsos, porém de doces, muitos doces.

Com os casacos e calças bastante estufados, começando a ficar com preguiça de andar e ficar em pé, o grupo resolveu sentar e relaxar longe dos alunos que caminhavam e enchiam as lojas. Se encaminharam para uma clareira perto da cerca das Casas dos gritos, e uma vez lá, montaram um pequeno piquenique. A jovem Snape percebeu que eles haviam pego apenas coisas de comer e se ofereceu para ir buscar algo para beber. Anne parecia que nem havia escutado sua irmã falando, pois estava muito distraída discutindo (de uma maneira amigável) com Mione sobre Star Wars.

- Anne! Como você pode dizer que Darth Vader é o melhor personagem? - a grifinória perguntou bastante confusa - Tudo bem que no final ele se redimiu, mas isso não apaga as coisas ruins que fez.

Black sorriu levemente e negou com a cabeça bastante divertida.

- Não apaga, eu sei, mas você não acha que as pessoas merecem o benefício da dúvida se provarem que são capazes de mudar? - indagou, olhando profundamente nos olhos da morena de Gryffindor e notou seu rosto assumindo um tom escarlate.

Di negou com a cabeça divertida, afinal sobre essas "conversas Nerds", como Anne chamava, ela entendia muito pouco por ter sido criada apenas no mundo bruxo.

Harry percebendo que a ruiva não iria conseguir trazer tudo sozinha, se ofereceu para ajudá-la. Os dois voltaram rapidamente até o vilarejo, mais especificamente ao Três Vassouras, e pegaram os copos de cerveja amanteigada que os gêmeos Weasley haviam sugerido para eles. Na volta à clareira, passando pela trilha, Harry parou de repente, fazendo com que Di olhasse para ele interrogativamente.

- Vi um vulto - disse o jovem parecendo meio pálido, o que fez a outra levantar uma sobrancelha, não entendendo por que o menino-que-sobreviveu ficou daquele jeito. Mas de qualquer forma, começou a olhar entre as árvores e arbustos, tentando ver o que o moreno tinha visto, surpreendendo-se ao notar um cão negro muito grande parado em pé. A ruiva achou ser impressão, porém podia jurar que o cachorro tinha feito uma expressão de choque ao vê-la. O animal deu alguns passos para trás, ainda encarando-a.

- Calma, amiguinho. Não vou te machucar, nem meus amigos. - Di falou dando um passo à frente, mas não seguindo mais que isso. Com certeza o pobrezinho não estava habituado à companhia de humanos que não tentassam bater nele. O cão a encarava com desconfiança e parecia assustado, mas não se afastou; cheirou o ar durante alguns instantes e se aproximou vagarosamente, também cheirando a mão da garota, que deu um sorriso largo, o qual logo sumiu quando ela notou o quão magro ele estava - Venha comigo, temos bastante comida para alimentá-lo. - a sonserina disse, rezando que ele pudesse entendê-la. Aparentemente deu certo e a cauda do cão começou a abanar. Os dois seguiram lado a lado até onde os outros cinco estavam.

- Tem certeza que isso é um cachorro? - perguntou Potter obviamente desconfortável. Di parou e virou para ele, o olhando com muita atenção.

- Claro que é, olhe pra ele. - disse ela estranhando muito o comportamento do garoto - Qual o problema Harry? Até parece que você viu um fantasma.

- Ele... parece o Sinistro - disso o menino muito baixo, fazendo com que a menina franzisse a testa. - Tenho visto o Sinistro em todo lugar, é um agouro... de morte.

Di olhou para ele, piscou uma, duas vezes, tentando entender se o grifinório estava falando sério e, ao perceber que realmente estava, a jovem começou a rir.

- Ora, por favor. Você não acredita nessa porcaria de Adivinhação, não é, Harry? - indagou ela divertida e para a surpresa dos dois, o cachorro fez um barulho de bufo, como se concordasse com a menina. Ao notar o barulho do cão, Anne começou a rir.

- Harry, a professora Trelawney é um gênio, mas convenhamos... Cada cão preto que você encontrar vai ser o Sinistro? Espero que não. - a garota falou, logo depois dirigindo-se ao cão que naquele momento a encarava com grande desconfiança - Vem, cãozinho. Temos comida e vamos dividir com você, colocar um pouco de carne nesses ossos. - a morena sorriu a ele de maneira adorável.

- Acho que temos que dar um nome para ele. - disse Mione dando um pouco de comida para cachorro preto. Os seis pararam e se entreolharam, todos pensando em um nome adequado para o meninão.

- Já sei! - gritou Ron, fazendo com que as duas sonserinas se entreolharam, só esperando. - O nome dele devia ser Sinistro!

- Não! - exclamou Harry parecendo horrorizado, enquanto Anne dava um tapa na nuca do ruivo em uma óbvia manifestação do seu desagrado.

- Claro que não, Weasley! - disse Diana cruzando os braços, para não ajudar a sua irmã de coração a bater no garoto, afinal, Mione já havia batido no braço dele também. O menino estava esfregando o braço e olhou para a ruiva de modo superior.

- Ah tá, eu não ouvi você dar nenhuma sugestão, Snape. - disse o menino emburrado, tentando ignorar os olhares de morte de Anne. Os seis escutaram um latido/ ganido. Di se aproximou rapidamente do cachorro, preocupada.

- Que foi garotão? Tá machucado? - perguntou a menina pegando o rosto do cachorro com as duas mãos, tentando ver o que tinha de errado com ele. Mas a única coisa que conseguiu perceber era o olhar assustado - Não vamos machucar você...

Harry, que até aquele momento se encontrava um tanto calado, aproximou-se dele também.

- Isso mesmo, não vamos. Vamos cuidar de você e não deixar que as pessoas o machuquem. - o garoto falou, demonstrando preocupação em seu semblante. A expressão de medo do cão deu lugar à confusão e o mesmo olhou de um para outro antes de bufar novamente e deitar-se, encarando a ruiva de maneira profunda. A jovem aproximou-se dele com cuidado e tocou uma de suas orelhas com cuidado, logo afagando-lhe com carinho.

Anne pegou a mão de Hermione, apertou e deu um sorriso, comentando:

- Sis, acho que ele vai ser um grande amigo seu.

A garota sorriu amplamente, iria gostar de ter um animalzinho (que de "inho" não tinha nada) de estimação.

- Então realmente preciso de um nome para você! - disse a ruiva continuando com o carinho e percebeu que ele a olhava parecendo divertido. A jovem Snape estava começando a achar que o cão entendia o que eles diziam, mas manteve isso para si mesma. Com certeza a chamariam de maluca! Saindo de sua divagação, começou a escutar os seus amigos discutindo nomes novamente.

- Sério, Black, Totó é uma boa opção! - disse Ron indignado.

- Não Ron! Esse nome é ridículo! - exclamou Mione de braços cruzados, enquanto Draco e Harry estavam disfarçando a risada, e Anne parecendo que iria bater no ruivo novamente, mas Di interrompeu todos eles.

- É isso! É perfeito Ronald! - disse a menina animada.

Como se fosse um filme em câmera lenta todos os rostos, inclusive o do cão, viraram-se na direção de Diana. Os cinco alunos (Ron também) tinham a mesma expressão incrédula estampada em sua face. O cachorro virou a cabeça, demonstrando sua completa confusão. Os adolescentes estavam atônitos e Black foi a primeira a quebrar o silêncio:

- Di, você não pode estar falando sério! - o tom de voz da jovem denotava seu desespero.

- Claro sis! - disse a ruiva com um sorriso de orelha a orelha, o que fez os seus amigos ficarem cada vez mais espantados e de boa aberta, mas ela os ignorou e se virou para o cachorro. - Black! O nome dele vai ser Black!

A sucessão dos fatos que se seguiu a essa resposta foi intrigante, para dizer o mínimo. Primeiro: Anne encarou a irmã e levou uma das mãos à testa, dando um sonoro tapa na mesma, depois resmungou de dor. Segundo: Hermione olhou para a morena, depois para a ruiva e em seguida para o cão, abrindo um grande sorriso de aprovação. Terceiro: Draco, Harry e Ron, como se tivessem combinado, se abaixaram, segurando as barrigas e soltando gargalhadas estrondosas. Quarto: o cachorro deitou-se de barriga para cima e começou a se mover, fazendo um barulho como se estivesse rindo também. Diana olhou para seus amigos, piscando, e em momentos depois caiu na gargalhada junto.

E foi nesse clima de descontração que eles voltaram para Hogwarts, com o novo amigo trotando atrás deles Como todos estavam distraídos, esqueceram de algo muito importante, mas logo o problema seria jogado na cara deles pois Severus Snape estava esperando na porta principal do castelo, de braços cruzados e parecendo muito bravo.

Diana quando o viu parou feito pedra, o que fez Draco, Ron e Harry passarem reto por ela, até se virarem confusos com sua parada brusca. Anne e Mione estavam conversando, mas pararam ao mesmo tempo que a ruiva, pois também haviam visto o professor esperando. Black, que estava trotando atrás de Di esbarrou nela, a olhou e se sentou do lado da mesma, parecendo curioso.

A jovem Snape deu um sorriso amarelo e sussurrou um "Esquecemos da capa". Isso fez com que os meninos perdessem a cor do rosto ao se virarem para a entrada de Hogwarts. Severus Snape se manteve impassível observando a atitude dos alunos. Diana engoliu em seco murmurando um "eu vou dar um jeito nisso" e aproximou-se do pai com seu melhor sorriso.

- Pai! - ela exclamou e praticamente pulou em seu pescoço, agarrando-o em um abraço apertado, ao qual ele retribuiu de maneira carinhosa.

- Eu sabia que vocês não deixariam seu amigo para trás. - ele falou baixo, em tom neutro, nenhum resquício da aparente "braveza". A garota se afastou um pouco e o olhou de maneira surpresa. - Não me olhe com tanto choque, conheço bem você e Anne, e agora misturados com esses outros três...

A ruiva deu um sorrisinho envergonhado e um latido/rosnado fez com que sua atenção voltasse para Black, o cachorro. Se soltando de seu pai, Di se aproximou dele.

- Black, esse é o meu pai. Seja bonzinho com ele, ta bom? - disse a menina chamando a atenção do cachorro negro que a olhou estranhamente, pela primeira vez ela conseguiu definir o que ele estaria sentindo. O cão bufou, encarando o homem de maneira penetrante, que devolveu o olhar da mesma forma antes de se dirigir aos alunos, salvo sua filha:

- Vocês não têm que se aprontar para a festa? - perguntou com uma das sobrancelhas erguidas e um tom que dizia claramente "saiam daqui". Snape não precisou falar duas vezes: em questão de segundos a única aluna ali era Diana, a quem o pai deu atenção novamente - Filha, você sabe que cães não são permitidos dentro do castelo, certo? - seu tom não foi de briga, apenas aparentava se certificar de que ela realmente sabia o que estava fazendo.

- Eu sei... - disse ela pensativa, afinal queria cuidar daquele coitadinho que obviamente tinha sido maltratado. - Mas... o Hagrid tem o Canino, e se o Black ficar por lá? - a jovem questionou, afinal se Hagrid podia ter um cachorro, por que ela não poderia ter um? Entretanto, vendo que seu pai não estava muito convencido voltou a falar, mas dessa vez com a melhor cara de cachorrinho pidão. - Não quero deixar ele sozinho, ele obviamente precisa de ajuda... Por favooooor?

O homem nem tentou argumentar com a jovem após isso e Di sabia muito bem que isso ia acontecer, afinal a expressão de cãozinho pidão sempre funcionava. Black estava sentado ao seu lado, aparentemente observando a interação entre os dois.

- Que fique bem claro: ele é sua responsabilidade. Sabe que ter um animal de estimação requer comprometimento. - o homem falou, ajeitando a capa que usava sobre os ombros - Acredito que seria interessante termos uma conversa com Hagrid, ele com certeza tem um local no qual Black pode ficar seguro. - quando disse o nome do cão, franziu a testa - Devo perguntar a origem desse nome?

- Bom... - ela começou a explicar lentamente, com um sorriso de quem aprontou. - Ele é preto... e as outras escolhas estavam no nível de Totó, mas quando o Ron chamou a Anne de Black foi quando eu tive a ideia. Até porque no fim faz sentido.

Severus soltou uma risada divertida e balançou a cabeça negativamente, chamando a filha para que fossem à cabana do Guarda-Caça. Os dois caminharam até lá com Black em seu encalço e Hagrid ficou bastante surpreso ao vê-los ali, logo concordando em ajudá-los. O homem entrou em sua casa e não demorou a voltar com um grande pedaço de carne, dando-o ao cão negro que balançou a cauda, bastante feliz com o alimento que recebera. Di sorriu e se abaixou para conversar com seu novo amigo, dizendo-lhe que ficasse ali e que no dia seguinte voltaria. Não se importando se o animal estava sujo, ela o abraçou e pediu que ele se comportasse, logo se levantando e pegando a mão do pai, agradecendo a ele por tê-la deixado ficar com o amigo. Caminharam novamente daquela forma na direção do castelo, afinal ela também precisava se aprontar para a festa.

Quando a ruiva entrou na sua sala comunal, Anne e Draco já estavam na mesma, prontos, cheirosos e arrumados para a festa. A garota então disse a eles que fossem para o Salão Principal e logo os alcançaria, afinal, se demorassem muito perderiam os melhores lugares. Rapidamente ela foi se arrumar também.

Os dois sonserinos, ao colocarem os pés no Salão Principal, nem olharam na direção de sua própria mesa, uma vez que raramente se sentavam ali; seguiram seu rumo diretamente à mesa de Gryffindor, na qual o Trio de Ouro já se encontrava: Harry e Ronald de um lado e Hermione sentada do lado oposto a eles. Ann teve uma pequena dificuldade em decidir onde sentaria, mas acabou optando por fazê-lo ao lado da jovem Gryffindor e não percebeu o rosto tomar um leve tom escarlate ao receber um sorriso da garota. Draco sentou-se ao lado de Ron e seguiram conversando sobre quadribol e outras aleatoriedades, enquanto as garotas engataram uma nova conversa sobre a franquia Star Wars.

Não demorou muito para que Anne fosse tirada da confabulação pela presença de um ruivo sentando ao seu lado com pouca - ou nenhuma - delicadeza: era um dos gêmeos Weasley e o outro sentou-se à frente dele ao lado de Harry. O garoto próximo à jovem Black abriu a boca para falar, porém foi interrompido por um leve cutucão no ombro. Ann sorriu, sentando-se mais perto de Hermione - e corando novamente no processo - no intuito de abrir espaço para a recém-chegada, que estava olhando para um dos gêmeos com uma expressão que claramente dizia "oh, você está sentado no meu lugar!". O garoto em questão sorriu de maneira divertida e afastou-se um pouco para o lado contrário ao qual Anne foi, assim deixando um espaço considerável para que a ruiva sentasse ali de maneira confortável.

- Então… Do que vocês estavam falando? - perguntou a jovem Snape, ainda estranhando o fato de que os gêmeos Weasley estivessem sentados ali também. Afinal apesar de serem amigáveis, dificilmente sentavam com o sexteto.

- Viemos parabenizar a forma como vocês seis estão mudando Hogwarts. - disse George, que estava sentado do lado de Harry, fazendo com que o grupo do terceiro ano não entendesse nada.

- O que você quer dizer? - perguntou Draco confuso. Fred balançou a cabeça negativamente em um claro tom de deboche e suspirou exageradamente.

- É sério que vocês não notaram a quantidade de alunos de casas diferentes sentados às mesas? - o garoto apontou para a ponta da mesa de Slytherin, na qual um garoto da casa de Ravenclaw, provavelmente do sexto ou sétimo ano, estava sentado de mãos dadas com uma sonserina.

- É só olharem com um pouco de atenção e vão perceber. - completou o outro ruivo com um sorriso aprovador, logo apontando para um lugar perto deles, onde se encontravam as gêmeas Patil sentadas juntas na mesa de Gryffindor. Os seis olharam espantados, e então se entreolharam chocados. Como se fossem uma pessoa só, se levantaram e começaram a olhar todas as mesas. Achando mais alguns casais de casas diferentes sentados juntos, porém nenhum Gryffindor à mesa de Slytherin, nem o contrário, com exceção do Trio de Prata. Outro grupo de amigos com a mistura de três casas diferentes tinha seus integrantes sentados à mesa de Hufflepuff.

Como se existisse uma força invisível obrigando-os a olhar na direção da mesa dos professores, assim eles o fizeram e notaram algo que provavelmente poderia ser preocupante. Primeiramente o diretor estava encarando-os por cima dos óculos de meia-lua com uma expressão indecifrável apesar do brilho em seus olhos extremamente azuis. Minerva os encarava com mais severidade que nunca, os olhos estreitos. O semblante de Severus era praticamente impossível de se ler, parecia nostálgico, porém nenhum dos garotos entendeu a razão. Lupin olhava do sexteto para o professor de Poções com um sorriso que aparentava um tanto de tristeza, o que deixou os alunos ainda mais confusos. Eles entenderam aquilo como um sinal para que sentassem novamente e assim o fizeram, nenhum deles sabendo o que dizer, até que Anne quebrou o silêncio estranho.

- Bom… Não fizemos de propósito, apenas gostamos de estar perto de amigos de verdade. - ela falou, sorrindo para sua irmã de coração antes de piscar para os grifinórios - Sis, você notou que o Tio Sev não parece muito com ele mesmo? - a garota questionou em um tom um tanto preocupado e nem percebeu a forma com que o chamou na frente dos alunos.

- Ah… Sim, eu percebi. - disse a menina lentamente perdendo o sorriso, pois sabia o que passava pela cabeça de seu pai quando ficava assim. - Ele fica assim às vezes… deve estar pensando na minha mãe…

Harry franziu a testa à resposta e olhou na direção do professor antes de voltar sua atenção à ruiva.

- Sua mãe? O que aconteceu com ela? - o grifinório demonstrou curiosidade, porém perguntou de maneira completamente delicada. A jovem Snape olhou para o Menino-Que-Sobreviveu, então transferiu seu olhar lentamente para todos ali presentes e suspirou.

- Ela faleceu quando eu era muito pequena, um bebê ainda. - disse ela um pouco tristonha. - Não sei muito dela na verdade, o pai não fala sobre. Acho que dói demais pra ele, a amava muito… - a ruiva fez uma pausa, sentia às vezes que seu pai era injusto em não falar de sua mãe, mas aprendeu a desistir das informações, pois sempre que tentava, acabava com uma briga ou um silêncio horroroso. Sacudindo seus pensamentos para longe, terminou. - Só sei que sou muito parecida com ela, e que seu nome era Lily.

Anne sentiu Hermione se mexer de maneira desconfortável ao lado dela e encarou-a de maneira questionadora, porém apenas recebeu uma negação de cabeça em resposta. Harry arregalou os olhos e piscou duas vezes antes de responder:

- Incrível… Minha mãe também morreu quando eu era muito pequeno e também se chamava Lily.