O silêncio que pairou sobre os jovens na mesa de Gryffindor após a revelação sobre a mãe de Potter era um contraste gigante à algazarra que tomava conta do Salão. Anne pensou em comentar sobre isso com Diana, porém a mesma estava calada e parecia perdida em pensamentos; a morena não sabia se deveria tirá-la de sua bolha, então decidiu por fazer o comentário com Hermione. Ela se virou para dar atenção à grifinória, porém deu um pequeno pulo no banco ao ver que esta a estava encarando fixamente. Logo sentiu algo molhado na blusa que estava usando e rapidamente olhou para o local, surpreendendo-se ao notar a grande mancha laranja que se formou ali: era suco de abóbora. Black franziu a testa, perguntando-se como aquilo havia ido parar ali e a resposta veio quando notou o cálice vazio em sua mão esquerda, com a boca virada para seu corpo. "Anne Black, você é mesmo idiota!" pensou, balançando a cabeça negativamente. O pulo da morena fez com que Diana e Mione saíssem dos seus devaneios.

Ron começou a rir da Sonserina, porém não de maneira debochada, apenas divertida, e logo o grupo que antes estava calado se juntou às risadas, com exceção de Anne que continuava balançando a cabeça negativamente.

- Ahh sis, você é realmente uma desastrada! - disse a ruiva divertida enquanto alcançava sua varinha e com um feitiço rápido limpou sua irmã de coração.

Black sorriu largamente e, em um impulso praticamente normal, abraçou Di apertado e beijou seu rosto, arrancando um olhar curioso dos gêmeos, afinal os mesmos com certeza não eram habituados a ver sonserinos sendo carinhosos uns com os outros.

- Sis, eu já disse que você é a melhor irmã do mundo? - a morena questionou, apertando a bochecha da outra.

- Hoje ainda não! - respondeu a outra sorrindo amplamente retribuindo o abraço. - E eu também amo você, sis!

Foi nesse clima mais ameno e brincalhão que o grupo seguiu durante a festa, até o momento em que chegara a hora de todos seguirem às suas respectivas salas comunais. Os sonserinos se despediram dos amigos e não demorou para que chegassem ao Salão Comunal. Anne largou-se em uma das poltronas, dizendo que não estava sequer com um pingo de sono e pediu a Diana e Draco que os dois fizessem companhia a ela, logo questionando a irmã de coração sobre o que acontecera com Black, o cão. A ruiva então falou o que ela e seu pai conversaram e contou que deixaram o cãozinho com o Hagrid. Finalizou dizendo que ela iria visitá-lo todos os dias de manhã e ao final da tarde, afinal, conforme Snape havia dito: era a sua responsabilidade.

A morena assentiu e logo disse que se a irmã de coração precisasse de ajuda, ela a ajudaria, afinal também adorava animais. Seu primo também concordou e disse que eles não eram um Trio por acaso. A conversa deles pulou rapidamente para a partida de quadribol que aconteceria dali alguns dias. Os três estavam bastante ansiosos, afinal a meta era ganhar a Taça, afinal no ano anterior o campeonato havia sido cancelado por conta dos ataques do basilisco. Ann os interrompeu, batendo em sua própria testa, se lembrando de que ainda não havia visitado Fofinha desde que o ano letivo começara e pediu com muita animação que os outros dois a acompanhassem nessa visita. Diana ficou extremamente pálida e negou com a cabeça, afinal havia ficado praticamente meio ano petrificada por culpa da Fofinha, que disso, para ela, a cobra não tinha nada.

Ann franziu a testa, explicando que os antigos herdeiros de Slytherin queriam apenas usá-la para o mal, por isso a coitada atacara os nascidos trouxas. A personalidade de Fofinha era um espelho do que existia no coração de quem a "controlava". Draco não concordou, nem discordou; apenas disse que não era momento ainda, mas que Black deveria ir, afinal o basilisco agora era de responsabilidade dela. A morena tentou mascarar sua decepção, mas seus melhores amigos a conheciam muito bem para que ela conseguisse fingir que isso não a afetou, então Di sugeriu a sua irmã de coração que convidasse o Harry para ir com ela.

Ainda que a contragosto (pois queria a companhia da irmã, mas não insistiria sabendo que ela não se sentia à vontade por conta da experiência ruim que tivera no ano anterior) Anne concordou, dizendo que faria isso no dia seguinte. Diana sorriu agradecida e abriu a boca para responder, porém foi interrompida pela entrada de seu pai na Sala Comunal. O semblante do mesmo estava sério demais e a jovem Snape foi capaz de notar a centelha de raiva em seu olhar. O homem, então, disse em tom severo que eles tinham cinco minutos para vestirem os pijamas e voltarem ao Salão Principal pois passariam a noite lá. Sem aguardar resposta por parte dos três, ele seguiu aos dormitórios para dar o mesmo recado ao restante dos alunos.

O trio se entreolhou, obviamente não entendendo o que estava acontecendo, mas ordens eram ordens, e ficar do lado errado do professor de poções era uma péssima ideia. Os alunos já apareciam no salão comunal e se encaminhavam para o Salão Principal, conforme o que o Diretor da casa de Slytherin havia dito. Anne e Draco se colocaram em pé, mas a ruiva disse que iria esperar seu pai para tentar descobrir o que estava acontecendo.

O loiro falou que ele e a prima deveriam ir aos dormitórios para que a ruiva pudesse conversar com o pai sem que tivesse "plateia", afinal ambos sabiam que o homem era bastante reservado. Anne disse que voltariam logo, porém seria tempo suficiente para que Di pudesse descobrir o que aconteceu. Logo que terminou de falar, ela e Draco se apressaram, seguindo para seus respectivos dormitórios no intuito de trocarem de roupa.

Assim que os dois sumiram no corredor, seu pai apareceu na sala novamente vindo do outro corredor, que levava ao quartos dos dois últimos anos.

- Pai... - a jovem o chamou assim que ele chegou perto, fazendo com que o mesmo olhasse para ela, percebendo apenas nesse instante que ela ainda estava ali.

O homem parou de caminhar e, no momento em que a encarou, perdeu a frieza de antes, sobrando apenas a preocupação e o aparente cansaço.

- Por que ainda não foi se trocar? - o questionamento veio em tom sério, ainda que o mais gentil possível vindo dele.

- Eu... queria falar com você... - disse a menina devagarzinho, analisando o humor de seu pai, para ver se ele não ficaria chateado com suas perguntas. Ao notar que ele estava aberto, ela a fez. - O que está acontecendo, pai?

Severus soltou um longo suspiro antes de responder à filha:

- Sirius Black está em algum lugar do castelo. Ele praticamente destroçou o quadro da Mulher Gorda. - a preocupação do homem se misturava a algo que a ruiva notou como sendo raiva novamente e ela arregalou os olhos, chocada e horrorizada. Com um pensamento de que, se ele estava em Hogwarts naquele momento, ele esteve em Hogsmeade o dia todo e o Harry correra um grande risco.

A atenção dos dois se voltou ao corredor que levava aos dormitórios, uma vez que o barulho de passos foi ouvido por ambos. Anne e Draco caminhavam praticamente em câmera lenta - certamente para não atrapalhar a conversa de pai e filha antes da hora -, o que fez com que os dois Snape se entreolhassem e revirassem os olhos à idiotice dos outros dois.

Severus cansou de esperar eles acelerarem o passo sozinhos, então mandou-os fazerem isso. Em seguida virou para sua filha e puxou a varinha, logo transformando as vestes dela em pijama.

- Agora sumam da minha frente. - o homem disse em tom brando com uma das sobrancelhas erguidas, fazendo sinal para que eles saíssem da Sala Comunal. Os três sorriram e correram para fora da Sala Comunal, sabendo muito bem que jamais Severus brincaria com outros alunos.

Ao chegarem ao Salão Principal, o trio se surpreendeu ao ver que as mesas haviam sido trocadas por inúmeros sacos de dormir.

- Realmente vamos passar a noite no Salão? - Anne questionou - Mas por quê?

- Venham, vamos encontrar os outros e eu conto. - disse a jovem Snape preocupada, e já começando a olhar ao redor procurando o restante do sexteto.

Nenhum deles ainda havia notado o burburinho que tomava conta do local, porém quando o fizeram apenas Black e Malfoy franziram a testa por não entenderem o que se passava. Di apontou para um dos cantos do Salão onde havia acabado de avistar os amigos grifinórios e para lá seguiram. Os sonserinos se apressaram e ajeitaram os sacos de dormir com os pés na direção da parede para que pudessem ficar de frente para os outros.

- Será que alguém pode agora me explicar o que está acontecendo? - Ann questionou um tanto impaciente ao se deitar.

- Sirius Black entrou no castelo, tentou entrar na nossa Sala Comunal. - disse Mione parecendo muito preocupada e olhando de canto de olho para Harry.

Novamente os únicos surpresos foram os primos sonserinos. O loiro ficou levemente estarrecido, porém a mente da morena começou a trabalhar mais rápido que nunca e logo parou ao escutar as teorias de outros alunos que estavam ao redor do local onde os seis se encontravam.

- Vai ver ele sabe aparatar! - sugeriu uma aluna de Ravenclaw que estava próxima - Aparecer de repente, sabe? Sem ninguém ver.

- Provavelmente se disfarçou. - disse um quintanista de Hufflepuff.

- Vai ver ele voou! - sugeriu Dino Thomas.

- Francamente, será que eu fui a única pessoa que se deu ao trabalho de ler Hogwarts: Uma História? - perguntou Hermione, zangada, aos amigos.

Em resposta, Anne balançou a cabeça negativamente, não sabendo se era por conta das besteiras que acabara de escutar ou se era pelo fato de estar um tanto horrorizada com os outros que pareciam não ter lido o livro que Mione acabara de citar.

- Eu também li. Mais de uma vez, na verdade. É uma das leituras mais importantes. - disse, sorrindo.

- Essa coisa de livro chato. - a ruiva resmungou, mas os meninos do grupo escutaram e soltaram risadinhas, enquanto as outras duas os ignoraram completamente. A garota de Gryffindor sorriu largamente em clara aprovação, fazendo com que a de Slytherin corasse um pouco.

- Não se pode aparatar nem desaparatar dentro de Hogwarts ou em qualquer lugar da propriedade. - disse a jovem Black. Hermione assentiu, logo acrescentando sua argumentação.

- E o castelo não está protegido só por paredes, sabem. Recebeu todo o tipo de feitiço para impedir que as pessoas entrem escondidas e eu gostaria de saber qual disfarce é forte suficiente para enganar os dementadores. Estão guardando todas as entradas do castelo, alguém teria visto se o Black entrasse voando.

Ann já não acompanhava mais o raciocínio de Mione, uma vez que sua mente começou a trabalhar com rapidez novamente.

Se o assassino havia adentrado o castelo, certamente passara o dia em Hogsmeade ou nos arredores. O sexteto ficara mais isolado a maior parte do dia também. Se Black estava atrás de Harry, por quê não o atacou onde poderia se livrar do corpo com mais facilidade?

- Tem alguma coisa que não se encaixa. - a garota falou, olhando para o rosto de cada um dos amigos. Ela estava deitada entre Diana e Draco. Sua irmã de coração estava de frente para Harry, ela própria de frente para Hermione e seu primo de frente para Ron.

- Sim... - disse a ruiva lentamente, sabendo exatamente o que sua irmã pensara, pois ela havia pensado a mesma coisa enquanto caminhavam até o Salão. - Por que ele não tentou em Hogsmeade, sendo que tinha uma oportunidade melhor?

Os grifinórios se entreolharam de maneira pensativa e ficaram calados durante algum tempo e quem quebrou o silêncio novamente foi Potter.

- Agora que vocês falaram... Até faz sentido se pararmos para pensar. Estávamos longe o suficiente e, para quem matou vários bruxos com um único feitiço, lidar com seis adolescentes seria moleza, não acham? - ele indagou.

- Exatamente. - exclamaram Di e Ann juntas, com os a mesma linha pensamentos. O que fez os outros quatro se sentassem rapidamente, começando a perceber que ambas sonserinas tinham razão.

Hermione mordeu o lábio e a expressão em seu rosto era deveras confusa.

- Se ele não quer Harry, então o que ele quer? - ela questionou - O que poderia ter na Torre de Gryffindor que o interesse?

- Se vocês não forem dormir agora... - falou uma voz que todos eles conheciam muito bem. Os sexteto olhou para a direção da voz, e viram Severus Snape de braços cruzados com uma expressão nada agradável no rosto e Albus Dumbledore ao lado dele, encarando-os por cima dos óculos de meia-lua e então o professor de poções continuou sua ameaça - Cada um dos seis vai perder 50 pontos e ficarão duas semanas em detenção comigo.

Todos os garotos arregalaram os olhos e em menos de 10 segundos estavam dentro dos sacos de dormir, cada qual perdido em seus próprios pensamentos com o intuito de fingirem que estavam dormindo.

Os garotos não sabiam quanto tempo havia se passado desde que Snape os mandara dormir. Draco e Ron de fato haviam seguido as ordens do professor, porém os outros quatro não; estavam virando de um lado para outro claramente agitados. Apenas pararam de se mexer, fingindo que dormiam, quando escutaram a voz do Diretor de Slytherin.

- Diretor. Todo o terceiro andar foi revistado. Black não está lá. Filch verificou as masmorras; não há ninguém, tampouco.

- E a torre de Astronomia? - era Dumbledore quem questionava - A sala de Sibila? O corujal?

- Tudo revistado. - Snape falou.

- Muito bem. Eu não esperava que Black se demorasse. - a voz de Albus demonstrava cansaço. Diana, Anne, Harry e Hermione respiravam baixinho, praticamente sem fazerem barulho, para que pudessem escutar direito.

- O senhor tem alguma teoria de como ele entrou no castelo? - perguntou o professor de poções parecendo irritado.

- Várias. - respondeu o diretor - Uma mais impossível que a outra.

- O senhor se lembra da minha preocupação no começo do ano letivo com o nosso novo professor. - disse Snape lentamente, fazendo com que Diana reparasse sua hesitação e um tanto de raiva na sua entonação. A garota e os outros três perceberam que Severus citava claramente o professor Lupin.

- Lembro sim. - cortou o diretor com um tom de alerta. E logo tratou de encerrar essa questão - Nenhum professor dessa escola ajudaria um bruxo das trevas a entrar. - Ambos ficaram em silêncio alguns minutos, obviamente o pai de Diana estava frustrado demais para responder qualquer coisa. Mas Dumbledore continuou como se estivesse pensando alto - Creio que os seis colocaram uma questão interessante. - disse ele fazendo com que os Di, Anne, Mione e Harry resistissem a vontade de abrir os olhos de choque, e Snape encarar o diretor confuso. - Sabemos claramente que Harry estava em Hogsmeade, com ajuda de seus amigos...

Assim que o diretor falou isso, Snape soltou um longo suspiro resignado.

- Eu deveria saber que Diana estava aprontando alguma coisa, não acredito que caí nessa novamente. - ele disse um tanto contrariado.

O pequeno grupo foi capaz de escutar a diversão no tom de Albus quando o mesmo voltou a falar:

- Bom, Severus, era certo que ela não deixaria Harry para trás, não ele. A jovem Snape não gostaria de deixar qualquer um de seus amigos tristes sabendo que poderia ajudar, ainda que desprezando levemente as regras. - Com os olhos entreabertos, o quarteto notou que o professor de Poções tinha a testa franzida no momento em que negava com a cabeça. Eles se mantiveram calados, apenas escutando o que Dumbledore dissera a seguir, porém não conseguiram identificar o tom do homem - É realmente uma pena que a gêmea de Harry não esteja aqui, tenho certeza de que ela também integraria esse grupo bastante inusitado.

- Ela está morta. - os jovens foram capazes de notar a tensão na voz do professor quando ele falou aquilo, lutando contra o ímpeto de olharem na direção dos dois homens e questioná-los sobre a existência dessa irmã - E para a segurança dela e de Potter é melhor que continue dessa forma. - a voz de Snape denotava um tom de aviso para que aquela parte da conversa fosse encerrada. Diana, Anne, Harry e Hermione não eram capazes de se comunicar naquele momento, mas certamente os mesmos questionamentos cruzaram a mente dos quatro: quem era a irmã de Harry Potter? Ela estava viva, ou morta? Seus pensamentos foram interrompidos novamente pelo diretor que voltou ao assunto Sirius Black.

- Em todo caso, voltado à nossa conversa anterior, Severus... Por que Black não os atacou no vilarejo?

- O senhor não pode estar considerando o que eles falaram?! Que Black não estaria atrás do Potter? - questionou Snape abismado.

Ann e Di não sabiam o que pensar em relação ao diretor saber que Harry havia ido ao vilarejo, porém o homem não parecia surpreso, tampouco parecia na intenção de castigá-los por isso. Um homem bastante estranho, Dumbledore. Um gênio, porém não menos estranho.

- Ah, Severus. Em muitos momentos as mentes jovens pensam muito melhor que as nossas. - foi a simples resposta do diretor - Na maioria das vezes não se permitem levar por velhos preconceitos.

- Em todo caso... - falou o diretor de Slytherin desconfortável. - O senhor não acha que Potter deveria ser avisado?

- Talvez, mas por enquanto deixe-o dormir. Porque nos sonhos entramos em um mundo inteiramente nosso. Deixe que mergulhe no mais profundo oceano ou flutue na mais alta nuvem.

No dia seguinte, após as mesas serem colocadas novamente no lugar, os sonserinos sentaram-se à de Gryffindor para que pudessem seguir com a confabulação da noite anterior. Harry estava incomumente calado, mas também não era para menos, uma vez que para ele foi uma grande surpresa saber que tinha uma irmã. Ele comentou que em momento algum lhe fora dito isso.

Hermione, com uma expressão bastante pensativa que havia a possibilidade de que a garota estivesse viva, a julgar pelas palavras de Dumbledore e Snape. Potter apenas assentiu, parecendo não querer ter muita esperança.

Di, que estava somente escutando até então, jogou os pensamentos sobre essa questão para o fundo da mente, afinal estavam em um beco sem saída em relação a essa nova informação, portanto passou para o próximo, que era mais urgente em sua opinião: Sirius Black. A garota voltou a questionar o porquê d'ele não ter atacado Harry em Hosgmeade, e sobretudo: como ele havia entrado no castelo.

Anne, então, externou o pensamento da noite anterior: iria enviar uma coruja à sua tia e perguntar sobre o assassino, afinal eram parentes. Draco franziu a testa ao indagar se a tia a quem ela se referia era a mãe dele, ao que a garota também franziu a testa, lembrando-se apenas naquele momento de que a mãe dele também era sua tia e negou com a cabeça, dizendo que a carta era para Andrômeda, quem a havia criado.

Antes que o loiro pudesse questionar mais alguma coisa, Mione pediu que eles não se metessem em encrenca, ao que a morena respondeu que não iriam, afinal era apenas uma "curiosidade de família". A jovem de Gryffindor balançou a cabeça negativamente e pediu que tomassem cuidado. Di assentiu, dizendo que acompanharia a irmã de coração ao corujal para que a mesma não fizesse nenhuma besteira, recebendo um tapa no braço em resposta. Abrindo sua mochila, Ann pegou uma pena, o tinteiro e rasgou um pedaço de pergaminho, logo iniciando a escrita do bilhete.

"Bom dia, Tia! Como estão as coisas em casa? Espero que esteja tudo bem.

Eu gostaria de saber se a senhora pode me contar um pouco mais sobre Sirius Black. Sei que vocês são primos, mas vocês conversavam? Como ele era? Como agia antes de ir para Azkaban?

Sei que pode parecer estranho perguntar isso agora, mas eu estou fazendo algumas pesquisas sobre a história de nossa família para saber um pouco mais sobre nossa origem.

Obrigada, de coração.

Com amor, Anne"

Após terminar de escrever, a garota guardou os materiais na mochila e dobrou o pergaminho cuidadosamente antes de guardá-lo no bolso. Levantou-se do banco e disse que elas deveriam ir antes que se atrasassem para a aula, fazendo com que a ruiva se levantasse também. As garotas foram ao corujal, discutindo baixo sobre os últimos acontecimentos, porém nenhuma chegou a qualquer conclusão que fosse; como Dumbledore dissera: cada teoria era mais improvável que a outra. Black disse esperar que a tia pudesse passar alguma informação útil, assim elas poderiam saber mais.

Assim que Anne amarrou a carta com cuidado na perna da coruja, Diana e ela fizeram o caminho de volta e se despediram, uma vez que a morena teria aula de Adivinhação e a ruiva de Aritmancia.

A semana passou praticamente voando, em meio às aulas e treinos de quadribol. O Capitão do time de Slytherin viera - aparentemente a muito contragosto - dizer que Di substituiria Nott na posição de apanhadora do time naquele primeiro jogo, uma vez que o braço do garoto ainda não estava recuperado. Antes que a garota pudesse dizer qualquer coisa, o mais velho passou o horário do treino e sumiu dali, deixando-a perplexa, porém bastante contente, afinal teria chance de mais uma vez orgulhar seu pai e, obviamente, trazer uma grande vitória à casa de Slytherin.

Conforme os dias passavam a chuva aumentava cada vez mais. Draco dissera que o tempo estava horrível, porém Ann complementou que não estava tão horrível quanto o humor de Snape, que estava mais ácido que o normal, mas sem sombra de dúvidas não tanto quanto no ano letivo anterior. Na aula de quinta-feira o mesmo tirou 50 pontos da casa de Gryffindor e deixou Neville Longbottom em detenção por ter derrubado a balança de pesagem de ingredientes no chão.

Após o término da aula, o sexteto se levantou com o intuito de se encaminhar para a próxima aula, mas Diana não os seguiu para fora da sala. Quando os outros perceberam que ela não os acompanhava, viraram para ela com expressões questionadoras nos rostos, ao que ela respondeu que iria falar com seu pai, pois ele estava mais irritado do que o normal. "Ah, se você o tivesse visto quando estava petrificada…" foi o pensamento de Anne, porém ela o guardou para si. A ruiva mandou eles irem na frente que ela já os seguiria e então se encaminhou para o escritório de seu pai, o qual se localizava em um cômodo adjacente à sala de aula, logo atrás da mesa do professor.

A loira bateu na porta (que estava entreaberta) e entrou, afinal estava acostumada a fazer isso. Assim que adentrou o aposento viu seu pai fazendo uma poção. O mesmo estava de cara fechada, parecendo que fazia a mesma por obrigação. No momento em que Snape notou que a jovem estava de dentro da sala, franziu ainda mais o cenho e logo questionou rispidamente sobre a razão de ela estar ali. Di primeiramente se sentiu magoada pela forma com que ele a tratara, mas engoliu isso e encarou o chão, dizendo que ela estava preocupada pois ele estava muito irritado naquela semana, e também que ela sabia que ele não era de ficar daquele jeito.

O homem suspirou longamente, dizendo que a situação com a nova fuga de Sirius Black estava deixando todos mais tensos. A ruiva assentiu, mesmo que ainda estivesse com a dúvida de ser mesmo Harry que Black queria, mas isso não seria sensato expressar no momento, não com seu pai naquele estado de espírito. Eles ficaram em silêncio por um momento e então a jovem o questionou sobre a poção que fazia. Severus pareceu hesitar antes de responder que o diretor havia pedido que ele fizesse essa poção para ajudar um professor.

Curiosa, Di perguntou que poção que era, pois parecia mais complicada do que o normal, e muito mais avançada do que conhecia, o que era dizer muito pois ela estudava os livros de poções do seu pai, dos mais básicos aos mais desenvolvidos. A jovem viu que estava se intrometendo demais pois seu pai voltou a ficar tenso e acabou respondendo que os problemas dos professores não eram de interesse dos alunos. Ele a encarou mais suavemente, quase se desculpando com o olhar, e disse que ela deveria ir para a sua próxima aula antes que se atrasasse e dizendo que ela não precisava se preocupar.

Diana saiu dali e acabou não comentando com os amigos sobre a conversa, apenas disse que seu pai realmente não estava em seu melhor humor.

A sexta-feira amanheceu com uma tempestade pior que a do restante da semana e os integrantes do sexteto deram graças a Merlin por não terem aula do lado de fora do castelo naquele dia e de quebra tinham aula dupla de DCAT com um dos melhores professores que tinham!

Os seis se dividiram em pares como sempre faziam: Harry e Hermione sentados à frente, Diana e Anne ao meio, Draco e Ron logo atrás das duas. O grupo conversava animadamente, porém os jovens foram interrompidos pela porta da sala se abrindo e revelando ninguém mais, ninguém menos que Severus Snape. O homem adentrou a classe fechando todas as venezianas e logo caminhou à parte da frente sem olhar para os lados ou prestar atenção em qualquer um dos alunos.

- Abram na página 394. - disse o professor em tom extremamente ríspido. Anne e Di olharam uma para a outra com o questionamento estampado em suas faces: onde estava o professor Lupin? Entretanto não ousaram abrir a boca para questionar e apenas fizeram o que Snape mandara. Nenhuma das duas leu o que estava na página pois foram interrompidas pela coragem estúpida de Potter.

- Com licença, senhor. Onde está o professor Lupin? - o garoto questionou de maneira respeitosa, o que fez com que as duas sonserinas arregalassem os olhos, uma vez que nunca viram-no se dirigir ao professor de Poções daquela maneira.

Aproximando-se da mesa de Harry, Severus respondeu:

- Isso não é da sua conta, é, Potter? - e seguiu andando para o fundo da sala - Basta que vocês que seu professor se acha impossibilitado de dar aula no presente momento. - ele ligou uma espécie de projetor - Página 394!

Novamente se ouviu o farfalhar de folhas de papel sendo rapidamente viradas e logo as duas sonserinas escutaram uma questionamento de surpresa vindo de Ron.

- Lobisomens?

Antes que Di pudesse comentar qualquer coisa com a irmã de coração, Hermione virou-se na direção do Diretor da casa de Slytherin.

- Mas senhor - ela chamou - Nós só vimos Barretes Vermelhos e Hinkypunks. Criaturas noturnas seria depois.

Di e Anne novamente se entreolharam alarmadas, pois a grifinória estava brincando com o fogo. Diana então se inclina e sussurra:

- Mione… fica quieta!

A jovem de Gryffindor encarou a amiga com a testa franzida como se perguntasse silenciosamente o porquê de a mesma ter dito aquilo, porém Snape tornou a andar para a frente da sala enquanto falava.

- Calada! - ele exclamou, o tom de sua voz deveria ser o suficiente para que ninguém o questionasse novamente - Agora… Quem pode me dizer a diferença entre um animago e um lobisomem? - ele indagou em sua "voz normal de professor" - Anne estava a meio caminho de erguer a mão, porém quando viu Hermione levantar a sua própria mais rápido que um apanhador tentando agarrar o pomo de ouro, acabou por desistir. Severus olhou em sua direção, porém ignorou-a completamente - Ninguém? Que decepção. - o deboche e o escárnio em sua voz eram muito nítidos.

- Por favor, senhor. - a garota de Gryffindor novamente tomou a fala. A jovem Snape gemeu em frustração e se deu um tapa na cara pois conhecendo o pai sabia que o mesmo se enfezaria e, como ele não estava em seu melhor momento de humor, tinha certeza de que o mesmo não ficaria apenas na pegação de pé normal que fazia com os alunos da casa vermelha e dourada. A ruiva tentou enviar via pensamento: "Não Mione…", porém foi em vão; uma vez que a garota em questão seguiu com sua fala - Um animago é um bruxo que escolhe virar um animal e um lobisomem não tem escolha. Em toda lua cheia quando se transforma ele não se lembra mais de quem é. Mataria seu melhor amigo se cruzasse com ele e o lobisomem só responde ao uivo de sua espécie.

Uma tentativa de projeto de uivo foi ouvida na parte de trás da sala e a jovem Black virou-se a tempo de ver Theodore Nott bancando o idiota que era, não que ela esperasse outra coisa. A vontade de ironizar sua "pata machucada" era grande, porém não o fez, uma vez que escutou seu professor agradecê-lo.

- Obrigado, senhor Nott. - ele caminhou até à frente da mesa de Granger - Esta é a segunda vez que fala sem ser convidada, senhorita, será que é incapaz de se controlar ou sente prazer em ser uma irritante sabe-tudo?

- Ele tem razão, sabiam? - disse Ron em um tom alto o suficiente para que o restante do sexteto escutasse. Di apenas levantou uma sobrancelha, por dentro concordando com a frase dele. Anne cerrou as mãos por conta da raiva que estava sentindo naquele momento. Weasley não deveria ser amigo da garota? Então por que ficava fazendo vários comentários - sim, ela já havia percebido isso - que tinham o intuito de alfinetar Hermione de uma maneira bastante ruim?

A fúria de Black foi ainda mais inflamada após Snape tirar alguns pontos da garota de Gryffindor. Se ele não queria uma resposta, então não perguntasse! Naquele momento a sonserina não se lembrou que Diana havia dito no dia anterior que o homem estava com o humor mais torto que o normal e aquilo também não era desculpa para agir daquela forma com uma aluna que simplesmente respondeu o que ele perguntara. Não se importando em perder pontos de Slytherin ela resolveu falar exatamente o que se passava em sua mente.

- Ora, profe… - mas fora interrompida por uma dor gigante em sua costela - AI! - só naquele momento ela notou que Di a beliscara com força. Seus olhares se cruzaram e a ruiva sussurrou um "Cala a boca! Agora não…". Ainda que a contragosto, a morena assentiu, cruzando os braços sobre a mesa.

O olhar de Snape parou nela e ele questionou com uma das sobrancelhas erguidas:

- Algo pertinente a acrescentar, Black? - Anne semicerrou os olhos antes de balançar a cabeça negativamente e voltar a atenção ao seu livro - Foi o que pensei. Como antídoto à ignorância de vocês, quero em minha mesa na próxima aula dois rolos de pergaminho sobre os lobisomens, com ênfase em particular sobre como reconhecê-los.

Nenhum dos alunos presentes naquela sala parecia contente com aquilo, mas ninguém demonstrou isso de maneira que Snape pudesse perceber; nenhum deles queria chamar a atenção do professor para si. A não ser uma certa ruiva que estava com o cenho franzido.

- Mas senhor. - ela começou devagar com todo o devido respeito que seu pai exigia em sala de aula, inclusive dela. - Amanhã tem quadribol.

O homem encarou os olhos da filha, parecendo realmente ponderar o que ela dissera e, por fim, aparentou chegar a uma conclusão.

- Pois muito bem. Um rolo e meio de pergaminho para a próxima aula. Sugiro que os senhores que são integrantes dos times tomem muito cuidado. Nenhuma contusão será desculpa. - ele falou antes de se voltar à matéria - Pela última vez: página 394! - disse, completamente sem paciência e os poucos que ainda não tinham aberto, o fizeram correndo.