Capítulo 18 – Convenções

Assim que terminou House não aguardou um minuto. Deixando a nuvem orgástica ele se virou para ela.

"Me diz!".

"Eu preciso de um minuto…". Ela ainda estava curtindo a onda pós-coito.

"Você está grávida?".

Ela sorriu e passou os dedos pelo queixo dele. "Isso é tão ruim? Já temos dois… temos experiência. Funcionamos como família".

"Cuddy… preciso de uma resposta objetiva".

"Ok…". Ela o encarou com seriedade. "Não, eu não estou grávida".

"Então por quê?...".

"Eu estava me divertindo com você...".

Ele ficou indignado. "Isso não é brincadeira. Um filho não é brincadeira".

"Ei... calma lá, cowboy. Eu sei disso, foi só...".

Ele voltou a respirar.

"Seria tão ruim se eu estivesse grávida realmente?". Agora ela ficou séria e sentou-se na cama.

"Cuddy... eu não sei... já temos uma vida tão corrida com os dois... e planos para quando eles crescerem. Tudo voltaria a estaca zero".

"Eu gostaria de ter tido um filho biológico com você, mas também não imagino nossa vida sem Rachel e Karl. Então eu meio que estou muito feliz com nossa família".

Cuddy havia de fato feito as pazes consigo mesma em relação a nunca ter tido um filho biológico. Ela não se sentia menos mãe por isso, nem uma mulher malsucedida. A terapia ajudou. Mas a família que ela construiu e que pertencia a ela sim, foi o principal.

"Eu ficaria feliz com outro filho, agora que sei que não sou um fracasso completo como pai, mas eu fico feliz também com o que já temos e com a perspectiva de podermos fazer mais coisas a medida em que eles crescem. Temos planos. Não se esqueça de que faremos uma volta a América de moto".

"Eu nunca concordei com isso".

"Você concordou sim!".

"Eu estava bêbada. Isso não conta".

"Você assinou um papel".

"Papel que você fez se aproveitando do meu estado alterado de lucidez". Ela respondeu rindo.

"Ninguém te obrigou a beber vinho demais ou a assinar nada. Agora não tem volta".

"Você é um...".

Mas ele a beijou impedindo que ela concluísse seu argumento.

...

Naquele dia eles iriam à praia com as crianças. Wilson quis ir junto e Cuddy aceitou prontamente, afinal, não se nega ajuda quando se está com crianças hiperativas, como era o caso de Karl. Rachel ficava mais contemplativa, mas Karl era a energia em pessoa. Wilson iria com sua nova namorada: Susan. Uma agente da vigilância sanitária.

Eles chegaram à praia de Cape May. Era um dia ensolarado e Cuddy tratou de aplicar protetor solar nas crianças.

"Ele é tão loirinho, tem que tomar cuidado com o sol". Susan comentou preocupada.

"Cuddy já está cuidando disso". House se esticou na cadeira de praia.

"Papai House, eu posso comer um sorvete". Rachel havia começado a chamá-lo de pai em todas as ocasiões possíveis e imagináveis. Antes era somente quando Karl o chamava assim também, mas agora transcendia a todas as barreiras.

Nas semanas anteriores Rachel havia ficado febril sem razão aparente. Cuddy a levou ao pediatra, mas não havia nada errado com a menina. Cuddy não se lembrava de nenhum fator diferente na rotina da menina, nada que justificasse uma reação emocional. Mas, dias depois a menina questionou a mãe antes de dormir.

"Mãe... House pode ser meu papai igual ao que ele é com Karl?".

E Cuddy entendeu de onde vinha a febre da filha.

"Filha, nós já falamos sobre isso. Você sente que House é seu papai?".

"Sim. Muito!".

"Então ele é o seu papai".

Os olhos da menina se arregalaram. "Posso chamar ele de papai sempre?".

"Se você quiser... Sei que ele ficará feliz com isso".

E a menina dormiu feliz e a febre se foi.

Naquela mesma noite Cuddy abordou o assunto com House. Ele corou e ficou sem jeito. "Mas eu já disse pra ela que ela podia me chamar assim..."

"Você é um ótimo pai para ambos", Cuddy sempre fazia questão de reforça isso pra ele, "eu acho que ela ainda estava um pouco em duvida, em um duelo íntimo".

"Eu não vou dizer a menina que não pode me chamar assim, mas eu...".

"Não se sinta pressionado por esse título".

"Não é o título, é tudo o que isso representa".

"Você é o melhor pai que ela poderia ter". E ela acariciou o braço dele o tranquilizando. "O melhor pai que eu poderia querer pra ela".

"E sobre todas as coisas contra? E sobre House o lunático?".

"Meu lunático preferido?".

"Eu falo sério...".

"Eu também. E, se você não percebeu, você continua sendo um lunático, mas um lunático responsável. Vitória x vitória!".

Ele respirou resignado. "Ela é uma menina. Que exemplo posso eu dar para uma menina?".

"O que você já vem fazendo todos os dias. Semana passada você esteve na reunião de pais no meu lugar. No outro dia você cozinhou pra eles. Levou Rachel para a cama e leu pra ela. Ficou cuidando dela... Isso é ser um pai".

Ele acenou com a cabeça. Ele amava aquela menina e não queria que nada desse errado para ela, mesmo que ele tivesse que se afastar. Ele arrancaria um braço por ela, por Karl...

"Ok".

Cuddy sorriu. "Eu te amo tanto!".

Ele sorriu.

"Talvez a ajude se você começar a chamá-la de filha também... só uma sugestão".

Cuddy havia aprendido definitivamente o jeito de convencê-lo sobre as coisas.

Voltando ao presente. Desde que Rachel passou a chamá-lo de papai em todos os momentos, ela não parou mais. Tudo era motivo para isso.

"Sorvete!". A menina insistia.

Rachel estava na fase glutona, só pensava em comer.

"Rachel, mal chegamos à praia... Faça um castelo de areia, ou algo do tipo. Gaste as calorias antes de consumir mais". House respondeu.

A menina emburrou.

"Logo você ganha seu sorvete, filha".

House havia adotado a sugestão de Cuddy, e de fato contribuiu para que a menina se sentisse mais à vontade no papel de filha dele.

"O que houve?". Cuddy chegou perguntando enquanto Karl rolava pela areia.

"Ele vai tirar todo o protetor solar assim". Susan comentou.

"Ela quer sorvete...". House explicou.

"Depois filha, agora que tal uma caminhada?".

"Eu quero sorvete!".

"Desde quando ela te chama de pai?". Wilson perguntou chocado.

"Faz algum tempo. Mas recentemente ela começou a esquecer o meu nome e substituiu por esse título". House respondeu.

"Não filha, não agora. Depois". Cuddy respondeu ainda sobre o sorvete.

A menina ficou muito emburrada.

"Ela está nessa fase e olha que nem é pré-adolescente ainda". House falou.

"Você vai ficar emburrada e perder um dia lindo de sol". Cuddy ignorou a filha e deixou que a irritação dela passasse sozinha, sem mimos.

"Você está bem com isso?". Wilson perguntou baixo para House.

"Com ela emburrada?".

"Não! Com ela te chamando de pai".

"É o que eu represento mesmo".

"Verdade". Wilson ficou pensativo. As coisas tinham mudado, seu amigo tinha mudado.

Susan continuava observando Karl e comentando tudo sobre o menino.

"É impressão minha ou ela está focada no nosso filho?".

Cuddy já tratava Karl como seu filho também, e sentia o mesmo amor e carinho por ele, que sentia por Rachel. Mas o menino ainda não a chamava de mãe, claro que eles não o pressionam a nada. Mas Karl já estava bem próximo de Cuddy. Confiava nela de olhos fechados. A abraçava, a beijava e a tratava como uma mãe.

"Ela deve pensar que ele é alguma bactéria". House respondeu irônico se referindo a profissão de Susan: agente da vigilância sanitária.

Cuddy riu. "Eu mato ela, comparar meu filho à uma bactéria".

"Uma bactéria branca. Bem clarinha".

"Para!".

House riu.

"Cadê o menino?". Susan questionou, quando Cuddy ia virar para House fazendo alguma piada, ela se desesperou porque Karl realmente havia sumido.

"House! Cadê ele?".

Todos ficaram em desespero. House andou mais rápido do que sua perna permitia. Aquela areia fofa, isso seria seu fim, mas ele não pensou em nada, só precisava encontrar o seu filho.

Mas Karl não estava em canto algum.

Todos saíram à procura. Nada!

Uma hora se passara e nada do menino aparecer. Cuddy já esperava pelo pior e começou a chorar.

"Acalme-se! Vamos encontrá-lo!".

"E se ele entrou na água sem que o víssemos".

"Ele sabe nadar!".

De fato House matriculara o menino nas aulas de natação e ele estava se saindo muito bem.

"Aqui não é uma piscina, é o mar!". Cuddy respondeu chorando.

As buscas continuaram. Até Rachel procurava o menino preocupada. Ela já sentia que era um irmão, eles se tratavam como irmãos.

"KARLLLLLLLLLLLLL!". Ela e Cuddy gritavam.

"KARLLLLLLLLLLLLLLLL".

Então Rachel viu alguém loiro dentro do jardim de uma casa antiga que ficava as margens da praia. "Ali!". Ela apontou.

Cuddy e Rachel correram para lá.

"KARLLLLL!".

Era ele. Sozinho parado ali.

"Estávamos todos preocupados. Graças a Deus!". Cuddy o abraçou.

"Eu achei que tinha visto minha mãe". O menino disse e Cuddy arregalou os olhos.

"Aqui?".

"Ela entrou naquela porta". Ele apontou para a porta da frente da casa, aparentemente, vazia.

"Acho que foi impressão sua. Sinto muito".

Ele a encarou. "Eu juro que vi!".

"Ok, eu acredito em você. Talvez uma mulher parecida...".

"A mãe dele morreu, não morreu?". Rachel perguntou sem jeito.

Cuddy tentou contornar a situação. "Seu pai está muito preocupado, vamos lá dizer que você está bem".

O menino não se movia.

"O que houve?". Cuddy perguntou.

"Ela me disse que você é minha mãe agora".

Cuddy arregalou os olhos em choque.

"A mulher que você viu te disse isso?".

"Sim".

"Mas ela não morreu?". Rachel insistia.

"Karl, vamos... depois conversamos melhor sobre isso".

Mas ele não se movia. "Você é a minha mãe agora?".

Cuddy foi pega desprevenida.

"Claro que sim, bobo". Rachel respondeu. "Se House é meu pai, mamãe é a sua mãe também".

Fez sentido para a mente do menino aquele comentário. "E você é a minha irmã?".

Rachel, que não havia pensado nisso, de repente ficou em dúvida pensativa. "Eu acho que sim".

"Crianças...". Cuddy não sabia o que dizer.

"Eu sempre quis ter um irmão". Rachel abriu o sorriso e abraçou o menino.

Cuddy queria chorar, mas dessa vez de emoção. Como era simples para as crianças.

"Karl, eu te amo! E serei sua mãe com todo o prazer do mundo. Mas isso se você quiser. Você não precisa me chamar de mãe... você tem que fazer aquilo que seu coração quiser. Tudo bem?".

O menino acenou com a cabeça e Cuddy o abraçou.

"Agora vamos. Seu pai terá um ataque cardíaco logo mais".

"Isso é algo no coração?". Rachel perguntou.

"Sim". Cuddy respondeu sorrindo.

Assim que House os viu quase desfaleceu. Aí sentiu toda a dor na perna pelo esforço prolongado. "Meu Deus! Onde você estava?". Ele parecia irritado.

"Eu... eu...".

"Depois conversamos", Cuddy tentou acalmá-lo. "O que importa é que está tudo bem".

House não sabia se abraçava ou se batia no filho. Mas preferiu sentar.

"Como está sua perna?". Cuddy perguntou preocupada.

"Bem". Ele mentiu. Obviamente estava com dor.

"Desculpe papai". Karl conseguia ser meigo quando queria.

"Depois conversamos. Agora vamos pegar um sorvete!". Cuddy disse.

"Oba!". As crianças reagiram.

"Você precisa de algo?". Wilson perguntou preocupado.

"Não, só de um tempo".

"Ok".

Wilson se afastou para junto da namorada.

"Eu acho perigoso pegar sorvetes na praia...".

"Susan, são crianças".

"Por isso mesmo".

"Se um dia tivermos um filho ele não poderá tomar um sorvete na praia?".

"E nem se rastejar na areia, ou desaparecer sozinho".

Wilson ficou muito irritado com aquilo. Afinal, ele sabia o quanto House e Cuddy batalhavam por aquela família. Para estarem juntos. Para criarem seus filhos.

"Acho melhor terminarmos por aqui".

"O quê?".

"O que você ouviu".

"Você está terminando comigo por conta de seus amigos?".

"Não só por isso".

"Então?".

"Se você não vê como uma família é algo tão perfeito mesmo com todos os problemas que possam existir... Não temos ideias em comum".

A mulher saiu de lá furiosa. Arremessou o tubo de protetor solar nele fazendo um pequeno show. Por sorte a praia estava vazia.

Depois ele se aproximou de House. "Vou precisar de uma carona pra casa".

"Por quê?".

"Susan foi com o carro".

House abaixou o óculos de sol e o encarou.

"Terminamos tudo".

"Oh, finalmente!".

"Ei, eu posso estar sofrendo aqui".

"Não, você não está". E House estendeu uma cerveja para o amigo.

"Não... eu não estou".

E eles riram.

...

Mais tarde naquela noite...

"Não Cuddy, Karl não viu o espírito de Lydia na praia".

"Como você explica então?".

"Tenho várias opções para explicar isso".

"E se o espírito dela apareceu pra ele e pediu pra que ele me veja como uma mãe?".

House bufou. "Ok, digamos que ele viu o espírito dela, o que não aconteceu. Qual a revelação disso?".

"É algo... forte! Com um significado intenso".

"Repito o que você me disse há algumas semanas: você já é a figura materna dele. E a melhor mãe que ele poderia ter. Um fantasma não precisa aparecer para dizer isso a ele. Ou a você".

"Você acha isso mesmo?". Ela se emocionou. House odiava vê-la chorar.

"É claro que eu penso assim".

Ela o abraçou. "Eu amo nossa família! Eu amo Karl".

Ele a envolveu com o braço. "Sua família também te ama".

E ela ficou ali algum tempo até adormecer. Mas antes disse...

"Acho que Lydia está feliz com nossa família, não é?".

House respirou fundo. "Sim Cuddy, eu tenho certeza de que ela está feliz".

...

No dia seguinte pela manhã o assunto do café da manhã foi Susan.

"Ela sumiu com o carro dele".

"É o mínimo depois de ter sido largada na praia".

Cuddy se surpreendeu. "Você a está defendendo".

"Para Wilson parar de ser idiota".

Cuddy riu. "Ela era muito chata".

"Eu te disse. Você dizia que ela era incompreendida".

"Ok, eu sou muito inocente as vezes".

"As vezes?".

"O que você quer dizer com isso?".

"Ela jogou o tubo de protetor solar nele. O quão legal deve ter sido essa cena?". House falou e Cuddy riu ainda mais alto.

"Que droga que não vimos isso".

"Esse é o espírito. Se não fosse pelo fantasma de Lydia". Ele zombou.

Então Cuddy jogou a massa de panquecas na cabeça dele.

"O que foi isso?".

Ela riu.

E começou uma guerra de massa de panquecas. Quando as crianças entraram na cozinha ficaram em choque e empolgados começaram a guerrear também com tudo o que tinham direito. Ao final, a cozinha estava coberta não apenas de massa de panquecas, mas de geléia, de creme de avelã, de tudo.

"Oh meu Deus! O que fizemos?".

"Terceira guerra mundial?" House perguntou.

"Ok, teremos que limpar".

"MÃE!". Rachel e Karl falaram ao mesmo tempo para choque dos adultos.

Cuddy queria agir com naturalidade, mas não conteve o choro. House virou os olhos. "Outra vez?".

"Desculpe se eu me emociono. Se eu mantenho contato com meus sentimentos".

"Você tem mantido muito contato com seus sentimentos atualmente".

"Por que mamãe está chorando?". Rachel perguntou confusa.

"Pergunte a psicóloga dela". House respondeu.

"Eu preciso de um minuto... depois vamos limpar toda essa bagunça".

"MÃE!". Agora foi House.

Cuddy sorriu e foi para o quarto.

"Mamãe chora muito". Rachel reclamou e foi para o sofá.

"Nem pense nisso, garota. Pode voltar para limparmos tudo isso".

...

No final de semana vieram os irmãos de Karl para visitá-lo. Na verdade, eles vinham visitar toda a família, pois criaram um vínculo sincero entre todos. Eles gostavam de estar lá. Gostavam de House, de Cuddy, de Rachel...

Blythe não era uma figura frequente na casa, eles se falavam mais pelo telefone, sobretudo Cuddy e Blythe. A mulher sempre ligava ou mandava mensagem perguntando sobre a família. Eles viam Arlene eventualmente, mas fugiam sempre que podiam. Agora com as crianças, eles realmente se sentiam bem, e vice versa.

House nem pense em começar a jogar videogame com eles agora, vamos jantar antes.

"Ahhhhh". Karl e Ben reclamaram.

"Meninos vamos almoçar e depois vamos sair. Vocês irão gostar do passeio".

Os meninos preferiam ficar no videogame, mas House piscou pra eles. "À tarde jogamos, não vamos demorar".

"Lisa, eu queria falar com você sobre a faculdade".

"Claro, querida". Ela falou para Eleonor.

"Eu estive pensando em alguns cursos...".

E as duas iniciaram uma conversa sobre carreiras. Eleonor admirava a mulher que era tão poderosa e ainda assim tão acessível. Tão feminina.

Gina contou para House seu progresso com o livro de anatomia e tirou algumas duvidas sobre fisiologia. Ela estava encantada com as funções do fígado. Ela achava House incrível. Seu conhecimento... parecia um Google ambulante.

Os meninos ficaram brincando de bola no quintal. Ah, o quintal... House e Cuddy mudaram de casa há alguns meses. Agora eles tinham espaço suficiente para os três e mais um quarto de hospedes bem grande para receber os irmãos de Karl sempre que vinham. E um belo quintal.

Arlene os provocou dizendo que agora sim ela via o dinheiro de médica da filha e dele sendo investido em algo útil.

Mas o mais importante para House era que cada um tinha o seu próprio banheiro. Quer dizer... Ele e Cuddy dividiam um grande banheiro na suíte e havia mais três banheiros na casa.

Depois do almoço eles foram passar a tarde na praia com as crianças, voltaram no final do dia e jogaram videogame, comeram pizza, riram. As crianças amavam aquele final de semana quando estavam todos juntos.

"Como está seu pai?". Cuddy perguntou para Eleonor.

"Ele terminou com aquela bruxa com quem namorava e agora está mais irritado do que o normal".

"Sinto muito".

"Como minha mãe pode ficar tantos anos com ele?".

"Talvez ele tenha mudado...".

"Você sim deu sorte. House é legal. Minha mãe era legal... merecia também um cara legal".

Ela pegou na mão da menina. "Você é legal. Nunca se esqueça disso".

Ela sorriu para Cuddy. "Sinto muita falta dela".

"Eu imagino".

"Será que ela está bem, onde quer que esteja?".

"Eu tenho certeza que sim, querida. Sua mãe estava muito tranquila, não levou magoas ou revolta com ela".

"É verdade...".

"E ela está muito orgulhosa de você e de seus irmãos".

Uma lágrima apareceu nos olhos de Eleonor, e ela tratou de esconder. Cuddy fez o mesmo.

...

Karl não falava muito sobre Lydia, mas House e Cuddy mencionavam a mãe pra ele com naturalidade em algumas ocasiões. House não sabia muito sobre ela, ele aprendia com os irmãos do garoto. Então ele tentava trazer isso a tona para que seu filho soubesse um pouco sobre sua mãe biológica, mas o menino parecia muito confortável com seu pai e sua mãe de coração. A cada dia ele se apegava mais e mais em Cuddy.

"É impressionante, eu olho para Karl e vejo você mini". Ela dizia pra ele quando estavam indo pra cama aquele dia.

"Genética. Nada de mágica".

"Ele tem suas expressões faciais. Seus olhos".

House sorriu.

"Ele é tão fofo".

"Ok, obrigada".

Ela riu. "Você acha que as crianças vão ouvir se nos divertirmos um pouco?". Cuddy perguntou maliciosa.

"Esse é o quarto mais alto da casa, mais afastado, por uma boa razão". Ele respondeu.

"Você acha que fazemos muito isso?".

"Isso o quê?".

"Sexo".

"De onde vem essa pergunta?".

"Parecemos adolescentes".

"E?".

"Minhas amigas não fazem tanto...".

"Problema delas e dos namorados e maridos dela... agora venha aqui!".

Ela foi puxada para ele e deu um grito.

"Agora... se você gritar assim eu não garanto tanta privacidade".

"Desculpe...".

E eles se entregaram ao amor.


"Mamãe posso chamar Elias?". Karl pediu para Cuddy.

Os irmãos do garotinho nunca tinham ouvido ele se referir a ela como 'mamãe' e Cuddy ficou preocupada com a reação deles.

"Claro que sim, filho. Mas me deixe falar com a mãe dele antes, ok?".

"Ok, obrigado".

Aparentemente os irmãos disfarçaram bem qualquer estranheza. Mais tarde ela falou sobre isso com House.

"É natural que ele te chame assim, Rachel me chama assim".

"Mas é diferente. Pode dar a impressão de que Lydia não existe".

"Mas ela não existe mesmo".

"House!".

Ele respirou fundo. "Karl é pequeno, você será a figura materna".

"Mas eu penso que terei que conversar com as crianças pra explicar".

"Cuddy... não. Você não pode controlar tudo e nem explicar tudo o tempo todo".

Ela respirou fundo. "Você acha isso?".

"Sim. Confie em mim".

E eles continuaram as atividades naturalmente. Cuddy se esforçando para manter a naturalidade.

"Vamos todos brincar de algo diferente hoje". House anunciou. "Vamos fazer um QUIZ de conhecimentos gerais".

"Isso não. É injusto!". Cuddy argumentou. "Você é um gênio".

"Eu quero ficar com House!". Gina gritou.

"Eu também!". Ben e Rachel falaram.

"Eu fico com você, mamãe". Karl correu pra ela. "Eu também fico com você". Eleonor disse.

"Obrigada, vocês são muito caridosos". Cuddy respondeu sorrindo.

"Que traição de vocês dois!". House os atacou divertido.

"Papai, eu vou saber responder tudo sobre As Princesas". Rachel disse animada.

House riu. "Que bom pra mim".

"Não! Vamos mudar um pouco. Vamos brincar de mímica". Cuddy argumentou.

"Ok, eu sou bom nisso também". House concordou.

E assim eles passaram uma tarde divertida até às seis horas da noite, quando a tia dos garotos os buscou.

"Tchau House!".

"Tchau moleque. Cuide-se!".

"Tchau House! Tchau tia Lisa!".

Eles sorriram e acenaram.

"Por que eles te chamam de House apenas e me chamam de tia Lisa?".

"Olha você outra vez se preocupando com tudo".

"Não é preocupação...".

"Relaxa. Viu? Ninguém fez um caso porque Karl te chama de mãe, é natural...".

"Mãe eu quero comer!". Rachel gritava, a menina queria comer o tempo todo.

"Mãe eu não acho o meu carregador do controle do videogame". Karl perdia tudo o tempo todo.

Ela sorriu. Talvez ele tivesse razão. Ela estava feliz com sua vida, e isso bastava. Ela não precisava se justificar pra ninguém sobre nada.

Cuddy precisou aprender a conviver com House sendo totalmente alheio as regras e convenções. Ele tem sido o seu namorado que mora na mesma casa, que compartilha tudo, mas não é marido. No papel, pois na vida real sim. Se dependesse só dela, eles teriam se casado no papel também e tudo estaria documentado. Por Arlene também, a mulher sempre os incomodava com isso. Mas não era isso o que House queria, e ela não o forçaria. Eles estavam felizes, ela se sentia amada, desejada e acolhida. Ela tinha uma família linda. O que seria um título? Quando tantas pessoas possuem títulos, mas não trazem o amor e a felicidade em seus corações? Coisas que esse homem maravilhoso chamado Greg House a ensinava diariamente.

Quem disse que ele não era um homem de relacionamentos? Ela nunca esteve em um relacionamento mais maduro e feliz.

FIM


Esse é o fim pessoal.

Gostaram da fanfic? Opiniões? Críticas? Sugestões?

Espero que essa estória tenha trazido momentos de descontração pra vocês, afinal, a vida é tão séria que precisamos sempre buscar o que nos traga o simples prazer de um sorriso.

Não pensem que eu não estou escrevendo sobre uma ideia que eu tive. Em breve teremos novidades. Fiquem atentos!