Vínculos das almas

Sinopse:

Uma obrigação e promessa repercute há dois milênios. Uma alma presa voluntariamente em um ciclo de reencarnações em busca do acúmulo de conhecimento e que faz surgir reencontros ao longo dos milênios enquanto surge consequências acarretadas pelo envolvimento dessa alma com o mundo. O desejo de mudança ruge com os seus conhecimentos. O que fazer quando esta alma solitária afligida pelas consequências do passado, encontrar o amor? Será que este amor será influente o suficiente para mudar as suas concepções e rejeitar o seu destino predestinado? Ela irá rejeitá-lo ou aceitará? O que define o certo e o errado? Casais: Chang Y i&Ji Yunhe. Li Shu & Xue Sanyue. Li Haoqing & Si Yu. Ning Ruochu & Qing Ji. Ning Qing & Ning Xiyu, Ashile Sun & Li Changge, Hao Du & Li Leyan, Tian Yao & Yan Hui, Dong Hua & Bai Fengjiu, Dongfang Qing Cang & Xiao Lanhua, Yin Zheng & Li Wei. Também teremos a aparição de Shang Que, Chang Heng e Wei Shuyu.

Aviso: Esta é uma fanfiction da novela The Blue Whisper (O sussurro Azul) que se passa em um universo alternativo enquanto que eu seguirei a história do livro ao mesmo tempo em que posso adicionar personagens exclusivos da série, assim como situações.

Nós também teremos personagens dos respectivos doramas: The Long Ballad, Back From the Brink, Eternal Love of Dream (Três vidas três mundos: O livro de cabeceira), Love Between Fairy and Devil (Amor entre fada e demônio) e New Life Begins..

Porém, eles podem ser de raças diferentes dos seus doramas originais, assim como as idades podem divergir dos seus respectivos universos. Também pegarei uma ou outra concepção dessas séries, lembrando que a base dessa fanfiction é The Blue Whisper.

Inclusive, o casal principal é Chang Yi e Ji Yunhe. Os demais casais vão aparecer de forma secundária.

notas da escritora

Em uma ilha no vasto oceano...

Capítulo 1- As preocupações de um pai

No vasto oceano ocidental, uma bela e frondosa ilha se destacava reinando na imensidão do mar. Havia largas e grandes palmeiras junto de outras árvores de vastas copas, areia dourada que lembrava ouro quando a luz do sol incidia sobre ele, além de ter uma montanha imponente que ascendia para o céu e uma magnífica cachoeira de água cristalina com uma queda formidável que desaguava em dez rios ao longo da ilha fornecendo água em abundância.

Porém, para os olhares mais atentos eram visíveis estranhas estátuas espalhadas ao longo da costa e na montanha. Essas estátuas tinham formas desfiguradas pela erosão do tempo, mas, ainda possuíam marcas do seu antigo esplendor.

Afinal, apesar de se encontrarem desgastadas pela ação do tempo, era visível o fato de permanecerem estoicamente de pé e com uma fundação formidável junto do fato de ser possível avistar joias que brilhavam e que se encontravam localizadas no centro de cada uma delas. Todas as estátuas formavam um círculo externo compreendendo aqueles se encontravam margeando toda a orla da praia que contornava a ilha e uma interna que abraçava a montanha.

Naquele instante, dois homens com constituição forte e alta se encontravam na praia. O mais velho portava uma coroa majestosa nos cabelos e que envolvia um elaborado penteado em forma de um bolo vertical estreito enquanto o resto do seu cabelo estava solto e ia até a cintura. Os cabelos eram negros com metade para baixo na cor azul. Também portava em sua mão direita um magnifico cetro dourado que possuía no ponta um cristal azul que brilhava.

Apesar de trajar roupas imponentes, o homem parecia incomodado com aquela vestimenta. O outro era um jovem ao lado dele cujo rosto lembrava o do mais velho. Ele usava uma coroa mais discreta nos mesmos moldes do cabelo do homem ao seu lado e trajava vestes majestosas que somente eram menos vistosas do que a do mais velho. Ele também parecia incomodado com a vestimenta.

O mais novo tinha cabelos prateados na altura da cintura e olhos azul-gelo.

- Eu sei que não gosta, mas, infelizmente, na terra precisamos usar nossas pernas e não podemos nadar da forma como desejamos como fazemos no oceano.

- Sim, pai. Também sinto falta das nossas caudas.

- Compreensível...

Eles andam por todas as estátuas, analisando-as individualmente, com o mais velho usando o seu cetro para se aproximar de cada uma, ficando satisfeito ao ver que o brilho se intensificava.

Após algumas horas, o mais jovem suspira aliviado conforme se aproximavam do mar.

- Pronto, terminamos. Precisaremos verificar no próximo mês. – o mais velho comenta demonstrando alívio em sua face.

- É um trabalho cansativo.

- Sim, mas necessário. Nossos ancestrais assumiram essa responsabilidade que foi passada para todos os governantes. Em breve, será a sua função. Apenas estou preparando você para assumir as minhas obrigações no futuro.

- Eu sei. Mas...

O mais velho ergue a mão e apoia no ombro do mais novo, falando com um sorriso em seu rosto com sinais leves de envelhecimento:

- Você é um jiaoren (tritão) tubarão jovem, como eu já fui uma vez. Contando que se lembre do que eu proibi você de fazer, não terá nenhum problema adicional.

O mais jovem revira os olhos de costas para o seu pai e repete:

- Não ir à terra e não me aproximar de humanos, muito menos de mestres demoníacos. O senhor também disse para eu não ser ingênuo, principalmente perto dos humanos.

- Sim. Enquanto estamos no mar, nosso poder é formidável e por isso, muitos nos consideram como os demônios subaquáticos mais poderosos de todos. Nós somos os espíritos condensados dos oceanos e por isso, nosso poder é amplificado enquanto que ao morrermos, nosso poder retorna ao oceano ao mesmo tempo em que nos tornamos espumas do mar. Portanto, em terra, nosso poder é reduzido a menos que estejamos em um local com gelo porque podemos manipular a água congelada. O gelo pode nos fortalecer. Claro, não fornece no mesmo nível de poder que possuímos nos oceanos. Como membro da família real, nós temos as maiores e mais poderosas caudas. Devemos nos manter como demônios raramente vistos por humanos. Já basta o que aconteceu com alguns que ousaram quebrar as regras.

- Eu sei.

- Os humanos não são de confiança porque mentem e enganam os outros, traindo facilmente por vários motivos. Nós nunca mentimos e odiamos o engodo e a traição. Os mestres demoníacos são os mais perigosos porque tem magia oriunda do seu pulso oculto. Eles sabem usar magias e selamentos, além de odiarem nós, monstros, independente do fato de sermos inocentes ou não por não desejarem fazer qualquer distinção. Eles nos matam ou tentam nos domar para servi-los como escravos – ele fala domar e escravo com visível asco no seu rosto - Se desrespeitar essas regras, você corre o risco de pagar um preço caríssimo. Você é muito gentil e bondoso, além de justo. Também tem certo grau de inocência. Tudo isso me faz ficar preocupado com você.

Ele inspira profundamente e fala, olhando para o seu genitor que exibia um semblante preocupado:

- Não fique preocupado, pai. Vou seguir as suas regras. Eu compreendo que é para o meu bem e segurança.

- Eu sei que é perfeitamente apto a respeitar a regras. Porém, o que me preocupa é o seu coração. Um coração herdado da sua mãe. Eu temo por esse coração porque ele pode subjugar a sua mente e não existe nada de mais perigoso do que deixar o coração mandar em você. Tal conduta somente é aceitável e necessária em algumas situações. O seu coração tem que ser como a maré que é capaz de mudar ao longo do dia. Deve adaptar-se, Chang Yi. No futuro, irei confiar as tribos dos mares para você que irá reinar em meu lugar ao receber o cedro dos oceanos.

O jovem havia ouvido esse discurso algumas vezes e compreendia o temor do seu genitor. Ele mesmo não sabia a intensidade do seu coração e se seria capaz em momentos críticos de sobrepujar a sua mente, ou seja, o seu lado racional.

Inclusive, o príncipe herdeiro havia lido que as emoções eram muito poderosas. Nesse aspecto, eles não se diferenciavam dos humanos.

Normalmente, ele ficava em sua concha gigantesca com uma pérola grande iluminando tudo. O jovem tritão tubarão costumava ficar deitado quando não estava ajudando o seu pai nos assuntos do reino. Sempre que podia, gostava de assumir a sua forma verdadeira.

Ele preferia morar na sua concha imensa em vez de viver no imponente palácio submarino porque podia ser livre.

Afinal, no palácio havia regras que deviam ser seguidas e ele apreciava a liberdade.

Os jiaoren possuíam três formas. A sua forma verdadeira, uma forma meia humana com cauda e outra com pernas humanas. A última era somente usada naquela ilha e pela família real porque era necessário fiscalizar ao andar em terra enquanto que as demais sereias e tritões somente nadavam no oceano sem necessidade de ir para terra firme.

- Fique tranquilo. Vou seguir as suas proibições.

- Obrigado. – ele sorri enquanto buscava ficar tranquilo apesar de ainda sentir receio que o seu filho cedesse à gentileza do seu coração em um momento crítico.

Afinal, o príncipe tinha a gentileza como parte da sua natureza, além de seguir restritamente as regras da sua espécie. Para alguns, podia ser sinônimo de inveja. Para outros, de pesar. No caso do pai dele, este sentia mais pesar do que inveja porque temia a influência do coração do jovem sobre a sua mente junto do fato dele ser ingênuo em alguns aspectos.

Claro, o soberano sabia que ás vezes era necessário o sofrimento para obter aprendizado da situação e para amadurecer. O seu filho ainda era jovem para os padrões da espécie e corria o risco de cometer algum erro.

Então, o rei se lembra de algo que o seu pai disse para ele quando era um jiaoren jovem "A prosperidade molda a força e a adversidade nutre a alma. É isso pelo que se deve passar para ser rei."

Apesar disso, ele era pai e queria proteger o seu amado filho, ainda mais pelo fato de que o seu filhote lembrava a sua amada esposa que morreu ao dar à luz, fazendo-o sentir um vazio em seu coração com a perda da sua companheira.

Afinal, os jiaoren só tinham um companheiro para a vida. Eles se vinculavam apenas uma vez. Quando a rainha desapareceu como espuma do mar ao mesmo tempo em que o seu poder e corpo retornou ao oceano, o rei tinha sentido que havia perdido parte do seu coração.

Mesmo assim, nunca condenou o seu filho. Não somente isso. Considerou o seu filho uma recordação da sua amada. Era o filho de ambos e a criança lhe trouxe felicidade suficiente para suportar a dor da perda por todos esses anos. Talvez, por não desejar perdê-lo, acabou criando ele de forma demasiadamente protegida, além de desejar egoisticamente manter essa inocência dele que se assemelhava ao da falecida rainha.

Porém, quando o jovem cresceu e passou a nadar livremente pelo oceano, o rei viu tardiamente o seu erro. Mas, não podia fazer nada porque era tarde demais. Se tivesse tido outra conduta em relação à educação do seu filhote poderia ter evitado a ingenuidade do seu amado filho.

Agora, somente lhe restava a imensa preocupação pela sua segurança. Não pelo que o oceano guardava porque como membro da família real, o poder deles era assustador, se destacando com distinção do resto da sua espécie e sim, pelos perigos trazidos pela terra firme. Chegar perto da praia era arriscado se Chang Yi se encontrasse com algum mestre demônio poderoso.

Aliais, seria extremamente perigoso para qualquer jiaoren porque como eram demônios raramente vistos por humanos e considerados poderosos por serem o espírito do mar condensado, representando o próprio oceano junto do fato de produzirem belas pérolas, eram extremamente cobiçados. Um mestre demônio nunca perderia a chance de tentar capturar um deles para domar considerando a fama de serem quase indomáveis por serem externamente orgulhosos e preferirem a morte a serem subjugados.

Eles iriam desejar usá-los para ascender dentre os mestres demoníacos ao utilizá-los como troféus porque nenhum tritão capturado foi convertido em escravo por escolherem morrer em nome do seu orgulho. Somente algumas sereias acabaram domadas porque as fêmeas cediam mais facilmente enquanto que os machos morriam pelo seu orgulho.

Afinal, eles representavam o próprio oceano por serem o espírito do mar condensado e assim como o oceano, este não se curvava a ninguém, muito menos para um humano.

Isso ocorria em relação aos tritões porque no quesito orgulho eram muito mais orgulhosos que as fêmeas de sua espécie, além de serem mais resistentes a quebra do seu espírito, morrendo antes que isso ocorresse ao contrário de algumas sereias, embora algumas fêmeas tivessem morrido para não serem subjugadas, aumentando assim a fama de serem difíceis de serem domados como escravos.

O rei estava imensamente preocupado por não ter pensado que no futuro aquele filhote iria crescer e passaria a desejar nadar livremente pelo oceano como qualquer outro tritão.

Inclusive, eles tinham uma canção que louvava a liberdade conhecida por todos e sempre cantada pelo coração deles.

Eles caminham até o mar e após a água bater acima das suas cinturas, ambos se transformam na sua segunda forma enquanto as roupas eram suprimidas magicamente. Elas somente reapareceriam quando assumissem a forma humana novamente.

Eles possuíam a aparência humana da cintura para cima com músculos fortes e estatura imponente enquanto que surgia da cintura para baixo, uma imponente e majestosa cauda com barbatanas que imitavam o lótus. O tamanho e imponência da cauda já os tornavam distintos. A aparência apenas complementava a distinção dentre a sua espécie.

Afinal, a família real era a única que possuía uma cauda que lembrava as flores de lótus.

Dentre as sereias e tritões, somente a família real tinha caudas grandes, musculosas e imponentes. A cauda dos jiaoren representava o seu nível do seu poder e status. Em matéria de magia e força física, os membros da família real eram os mais poderosos, tornando-os merecedores de governar os demais seres no mar, fazendo-os possuir uma cauda longa, poderosa e magnífica, destacando-os com distinção dos demais membros da sua espécie.

Além da cauda, havia o físico.

Dentre os tritões, os membros da família real herdavam uma maior força e poder condizente com a enorme magia que possuíam. Um jiaoren era poderoso no oceano. A família real era ainda mais poderosa. A sua parte humana compreendia músculos desde o peitoral até os braços e abdômen, estando em harmonia com as caudas musculosas que eram fortes e imponentes, além de majestosas.

Além disso, ambos possuíam uma aparência linda, fazendo jus aos mitos dos humanos sobre a beleza incomparável dos tritões e sereias. A voz deles era como a dos contos e detinha poderes mágicos dependendo da magia impregnada em suas vozes e para qual finalidade a usavam.

Também era verdade o mito que as suas lágrimas se tornavam lindas pérolas quando caiam do seu rosto.

Então, ao chegarem às profundezas do oceano, o jovem assume a sua forma verdadeira que era de um tubarão branco majestoso e imponente, possuindo quatro vezes o tamanho do grande tubarão branco e quando terminasse de amadurecer para os padrões da sua espécie, seria seis vezes maior que o maior tubarão animal do oceano.

Somente a família real podia possuir esse tamanho. Os demais membros assumiam no máximo três vezes o tamanho de um animal similar. Existiam aqueles cuja forma verdadeira era de um polvo, lula, golfinho, baleia e qualquer outro animal subaquático representando as suas respectivas tribos no vasto oceano enquanto que os descendentes da linhagem da família real eram todos tubarões brancos.

O pai o observa nadar ao longe e suspira, se lembrando da sua juventude antes de assumir o cetro e concorda que o seu filho precisava aproveitar uma vida sem compromissos por enquanto. Quando fosse mais velho, perderia muito da liberdade porque teria obrigações reais e dentre elas, compreendia fiscalização das fronteiras e outros assuntos. Governar os oceanos era uma tarefa cansativa. Não havia motivos para jogar o fardo pesado em ombros tão jovens na opinião do rei.

Com um suspiro, ele se afasta em direção contrária a que foi tomada pelo príncipe.

Longe dali, havia um barco grande. Nele estava algumas pessoas e uma jovem de roupas nobres, usando um elaborado penteado elaborado contendo pingentes pendurados nos grampos compridos de madeira. Ela olhava com olhos ansiosos o vasto oceano enquanto os marinheiros trabalhavam arduamente no barco.