Disclaimer: Saint Seiya não me pertence e, sim, a Masami Kurumada, Toei e cia.
Obs.1: Capítulo focado em Saga, Cris e Ares.
Obs.2: a primeira parte são cenas de ALSA, fic da Krika Haruno, que pincei apenas do casal deste capítulo para simbolizar a recuperação das memórias e também, do compartilhamento das memórias dos casais.
OBS. 3 - IMPORTANTE: A Cris me perguntou sobre qual ponto de ALSA nós vamos embora do Santuário. Se se recordam, no capítulo 50 de ALSA, após as primeiras lutas, Athena cura Jules, Sheila e Cris usando a fonte e anuncia que irá nos mandar para o abrigo e no 51 somos levados para lá.
Apesar de no disclaimer do cap.1 que escrevi em 2015, eu ter mencionado o cap. 43, é exatamente neste ponto, entre esses dois capítulos, que este gaiden começa, com alguns fatos diferentes do que acontecem no cap. 51 (como Athena usar Aegis para curar as feridas de todos e nos fazer dormir com sonífero para mandar a gente ao abrigo e de lá, de volta ao hotel).
Então, aqui, Star Hill já ruiu (mas nós não lembrávamos e não anotamos no caderno, por isso Paula e Rodrigo perguntam sobre Star Hill no cap. 9 deste gaiden). Com isso, Ares já tinha começado a gostar da Cris e ela a superar o medo dele, quando vamos embora.
Texto em itálico se refere a flashbacks, quando houver.
Texto normal se refere ao presente.
Música tema para o capítulo: It's No Good - Depeche Mode na versão Instrumental por Ambient Light Orchestra.
Capítulo 17
Atrás das prateleiras principais, Saga lia um livro. Atena havia lhe pedido que fizesse uma pesquisa para encontrar uma maneira que pudesse evitar a entrada de estranhos no santuário, além de procurar uma maneira que pudesse forçar um vértice a abrir. Assim que saiu da casa de Touro foi direto para lá. O grego lia atentamente quando escutou uma voz. Tombou o rosto para ver.
- "Ela gostou mesmo daqui."
- Quantos livros sobre mitologias... – Cristiane olhava um por um. – olha só esse...
Saga apoiou o rosto com um das mãos passando a fita-la, da posição que ela estava não podia vê-lo.
- "Isso é mania de geminiano, falar sozinho..."
- Será que tem algum livro especifico dos Olimpianos? – procurava por livros em inglês. – idiota claro que tem. Estamos num templo de Atena...
- "E de responder as próprias perguntas." – passou a reparar nela, era alta, tinha cabelos negros ate o meio das costas. Usava ósculos. Pele negra. – "os seios são pequenos e..." – o cavaleiro arqueou a sobrancelha. - " no que estou pensando? " – voltou a atenção para o livro, mas não durou muito. – "ela parece gostar de leitura..." – sorriu. – "alguém interessante para conversar."
Cris continuava a olhar os livros até que achou um que falava sobre mitologia brasileira.
- Mitologia brasileira? – procurou por algo que pudesse usar para subir, pois o livro estava na segunda prateleira de cima para baixo. – eu preciso ver.
Achou um banco um pouco mais alto. Apoiando-se nas prateleiras subiu, contudo a altura ainda não foi suficiente. Firmando numa coluna, ela ficou nas pontas dos pés, enquanto a outra mão tentava ao menos tocar no livro.
- Só mais um pouco...
Os dedos tocaram o livro de capa verde escura, contudo ela desequilibrou. Foi tudo rápido e quando percebeu estava sendo carregada.
- Temos uma pequena escada lá nos fundos.
- Eu não sabia... obrigada. – o fitou. – onde estava? - assustou-se ao ver Saga.
- Te vendo falando sozinha. – riu.
.
- Você é exatamente como eu imaginava.
- Não sou... como... - há muito queria perguntar algo. - como sabe diferenciar eu do meu irmão?
- Seu olhar. Kanon sempre tem um olhar direto e seguro de si. Você as vezes não olha nos olhos, achando não merecedor de encarar as pessoas.
- Isso mesmo...
- Não se esqueceu de Star Hill, não é? Prometeu-me. - não queria que ele lembrasse dos crimes, por isso mudou de assunto.
Saga a fitou surpreso. Por que ela tornava as coisas tão fáceis, sendo que não eram?
- Acho que você não tem noção de como eu sou...
- Tenho sim. Um cavaleiro que colocou o dever acima do próprio sofrimento. Em Hades você provou o seu valor.
Ele deu um sorriso tímido, voltando a atenção para a cidade. Cris o olhava. Os olhos eram ainda mais verdes, pequenas linhas do tempo surgiam ao redor deles, alguns fios brancos misturavam aos azuis. Ela desviou a atenção para as mãos dele, notando algumas marcas de cortes profundos nos pulsos, pelo jeito delas parecia de poucos dias. Sentiu um aperto no peito.
.
– Cris... - os olhos marejaram. - por favor... - as lágrimas começaram a cair. - não... vá... eu não... vou... conseguir...sozinho...
– Saga...
Ela o abraçou com força e ele correspondeu ao gesto. Os dois choraram.
Se recompondo um pouco o geminiano a soltou, mas seus rostos ficaram próximos. Ele tocou a face dela acariciando-o e no segundo seguinte beijaram-se. Intensificaram o contato e apenas a falta de ar os separou, mas não uma distância muito grande. As testas ficaram coladas com o olhar fixo um no outro.
– Obrigado... por tudo... - ele deu um meio sorriso.
.
- Tem certeza disso? - Ares ficou surpreso pela confissão dela. Mesmo com tudo que aconteceu ela ainda gostava de Saga? Por quê? - Por quê? - não entendia. - por que gosta de mim...? Eu tentei te matar...
- Eu não sei... só gosto de você.
Aquilo o perturbou e muito.
- Volte para o templo. - virou o rosto, com raiva de si mesmo por ter ficado perturbado com aquilo. Sentimentalismo sempre foi para os fracos, por isso Saga era um fraco.
- Saga...
O rosto dele ficou tenso, ao sentir o toque dela em sua face. Ficou ainda mais quando sentiu os lábios dela sobre os seus. O que ela estava fazendo? Era doida? E que sensação era aquela? A mineira aprofundou o contato, pois poderia ser o último. Saga estava indo para uma guerra e poderia perdê-lo.
Cedendo a uma vontade sua, Ares a enlaçou nos braços sem aperta-la.
- Volta para mim.
Ares ainda gravou a sensação do beijo e as palavras, antes que a consciência de Saga sucedesse. O cavaleiro piscou algumas vezes até cair em si.
.
Cris mexeu, chamando atenção de todos no quarto. Ela despertou, sentando.
- Cristiane...
Ela olhou para o lado.
- Saga! - o abraçou, deixando o geminiano surpreso. - graças a Deus está bem.
- Não é o Saga.
- Não importa. - o abraçou mais forte.
Ares ficou surpreso, mesmo sabendo que ele era o outro, continuava a abraça-lo?
- Não escutou garota estúpida? - afastou-se. - sou o Ares.
- Eu sei.. estou aliviada... você está bem.
O cavaleiro a fitou receoso. Se ela sabia perfeitamente quem era, tinha que ter medo dele. Por que ela não tinha?
- Sua idiota. - afastou ainda mais. - vai se arrepender disso.
.
- Seu destino está selado... – notou o rosto dela quente, alias todo o corpo estava quente. – seus amigos não sabem nem cuidar de você. – disse irônico. – está febril. – a soltou.
- Não é nada... – sentiu um forte cansaço.
Ares estreitou o olhos, colocando as mãos na testa dela, estava muito quente.
- Qual é o seu problema?
- Nenhum. – tentou levantar, mas não conseguiu. – deve ser efeito dos remédios. – segurou no ombro dele para apoiar-se, Ares a segurou. – Obrigada.
Estava próxima demais e aquilo o incomodou. O incomodou muito, mas não se conteve.
O cavaleiro aproximou tomando-lhe os lábios de forma possessiva. Cris sabia que quem estava no comando era Ares, mas aquele beijo era bem diferente do dado em Gêmeos. Não chegava a ser terno como o de Saga, mas era carinhoso.
- A-res... - murmurou.
.
Cristiane via as memórias de Saga e de Ares de forma embaralhada. Às vezes, eram pela ótica de Saga, outras pela de Ares e ainda outras vezes, o ponto de vista dos dois se misturava e se confundia.
Suas próprias memórias, desbloqueadas pelo cosmo de Athena, a fizeram se recordar dos momentos bons com Saga, mas também do desespero de quando ele tentou suicídio, duas vezes, do medo de Ares, quando teve contato com ele pela primeira vez, quando ele a feriu…
E se recordou de quando Ares lutou em Star Hill. Quando a montanha começou a ruir, que uma fenda se abriu e Cristiane foi tragada, Ares iria deixá-la morrer, mas tanto ele como Saga, eram movidos pelo que sentiam por ela, e o geminiano se lançou no vazio para salvá-la. Mesmo que os dois acabassem feridos e soterrados.
As lembranças do beijo que Ares lhe deu, carinhoso, mesmo que ele não admitisse, veio a mente, assim como a morte de ambos na guerra contra Hell.
Mas mesmo com essas lembranças, a agressão de Ares marcou sua mente. Como poderia não marcar?
Ela acordou, bastante assustada.
Cristiane arregalou os olhos quando viu Saga ao lado, com uma expressão melancólica. Sentou na cama e se afastou um pouco, se encolhendo, com receio de ver Ares naquele momento.
– Saga…? Ou… Ares…?
– Saga… - A voz saiu melancólica.
– Desculpe. Eu… - Cris relaxou um pouco e se aproximou da beirada da cama.
– Tudo bem, eu também teria essa reação se fosse você.
Cristiane ficou quieta, observando suas feições.
– Tem medo de mim, não é, Cristiane? - Ares se manifestou, com a voz triste. - Eu sei que tem. Você está certa em ter medo de mim…
Ela ficou surpresa com o tom de voz dele, mas ainda o olhava com cautela e seu corpo ficou tenso. Ares, por sua vez, tinha o olhar decepcionado. Onde estava aquela Cristiane que havia lhe recebido tão bem e feliz quando se reencontraram? Onde estava o jeito alegre, descontraído dela com ele, que dizia amá-lo da mesma maneira que amava Saga?
Uma lágrima rolou pelo rosto de Ares, surpreendendo até Saga.
"Está chorando…?"
"Cale a boca, Saga. Não sou fraco como você…"
"Mas está chorando… por ela… Até eu posso sentir sua tristeza e sua decepção por ela estar com medo de você agora. Você esperava que a atitude dela não mudaria quando se lembrasse do que você fez a ela?"
"Cale a boca, Saga…"
– É normal que tenha medo de mim. Eu te feri. Eu feri a mulher que eu amo. E não demonstrei remorso, nem depois… Nem depois de te salvar. Mas eu achei que você me amasse agora… Não achei que se afastaria de mim, assim. Como se tivesse repulsa…
– Ares… - Cristiane o viu derramar uma lágrima apenas, mas o olhar mostrava que ele ficou sentido com a atitude dela. Se surpreendeu com a confissão dele. - Você… me ama?
– Eu sei que te feri, que fui cruel com você. Eu só pensava em acabar com Saga, matar Athena, e em ter poder e controlar o Santuário e o mundo. Mas eu me apaixonei por você, Cristiane. Não queria admitir, no começo. Você me fez sentir uma coisa diferente e… percebi que não importava o que eu fizesse… se eu matasse Athena, acabasse com o Santuário, tivesse poder… Nada disso importaria mais, nada disso teria qualquer significado mais e nada disso me faria ter o que eu realmente passei a querer.
Ele se levantou e se aproximou da cama, levando uma das mãos ao rosto de Cristiane. Ela ficou tensa, inicialmente e instintivamente, recuou. Isso doeu em Ares, mas ele respeitou.
– Meu único objetivo passou a ser proteger você e impedir que Hell te ferisse. Eu queria você. E você é a única coisa que eu quero agora. Eu quero ter você do meu lado.
Cristiane estava imóvel, não sabia o que fazer. O receio inicial estava dando lugar a outros sentimentos. As lembranças do beijo carinhoso e a maneira como ele a protegeu quando lutou contra o guerreiro de Hell… Sua determinação em derrotar a deusa nórdica para garantir que ela vivesse segura, quando participou da Exclamação de Athena…
Saga ouvia tudo calado. Já sabia, sim, dos sentimentos de Ares por Cristiane, há muito tempo. Mas a confissão de sua outra face o deixou comovido e espantado. Não costumava dar controle por tanto tempo a ele, mas não queria atrapalhar.
Ares precisava se redimir.
– Me perdoa, Cristiane? Me perdoa pelas coisas que fiz?
O olhar de remorso, de súplica e tristeza de Ares era algo inesperado. A mineira se compadeceu e deu um pequeno e triste sorriso.
– Perdôo… - Ela tocou a face de Ares que arregalou os olhos, não tinha expectativa de ser perdoado. - Eu amo vocês dois. Eu não posso perder vocês.
Ares encostou a testa na dela e chorou, pela primeira vez. Seu coração estava apertado, mas sentia alívio. Deu vazão as lágrimas, chorando copiosamente e deitou a cabeça em seu colo, afundando o rosto nas pernas de Cristiane, que lhe acariciou os cabelos.
Kannon e Su ouviram o choro alto e estranharam, vindo ver o que aconteceu. O geminiano, ao parar na porta e se aproximar, sentiu o coração doer.
– Saga… - Deu alguns passos para se aproximar, mas parou quando Cris lhe explicou.
– Ares. - Cris disse, com lágrimas nos olhos também, olhando para Kanon com um sorriso triste, sem parar de acariciar os cabelos do homem a sua frente.
– Ares…? - Kannon e Su murmuraram, sem entender nada.
Já Ares, no colo de Cristiane, sequer ouviu, chorando alto. Se arrependimento matasse…
Nem ele nem Saga jamais imaginaram que um dia ele se arrependeria tanto e tão amargamente de suas ações. Mas quando ele reviu mentalmente suas memórias… quando reviu o que fez dez anos antes a Cristiane, a brasileira que agora amava, se arrependeu.
Pela primeira vez em sua vida, sentiu dor ao ver a si mesmo ferir alguém com suas próprias mãos. Atentar contra a mulher que amava lhe fez sentir uma dor insuportável.
Quando que ele, Ares, teria sofrido dessa maneira?
Kannon achou melhor deixar o irmão e tomou a mão de Su, levando-lhe para a sala.
De tanto chorar, o geminiano adormeceu no colo de Cristiane e ela ficou ali, acariciando seus cabelos, até a hora do almoço.
XxxX
Olás!
Mais um capítulo curtinho, 2 em um fim de semana! (Compensando o tempo que fiquei sem postar!) Eu sei que dei um foco maior ao Ares do que ao Saga, mas eu precisava dessa redenção do Ares para poder encaminhar com a fic.
Este cap, em si, foi mais dramático, mas é o momento de virada, a partir de agora, eles não terão mais drama.
E dessa transformação do Ares, é que vai sair o Saga saudável, e o relacionamento de Cris e Ares também vai ser saudável (convenhamos que com o ele fez, não seria saudável se não tivesse essa transformação), porque na minha visão, esse trisal precisa de momentos felizes a partir de agora. Eles merecem ser felizes!
Espero que a Cris, especialmente, tenha gostado, mesmo não sendo como ela imaginou, ou o que ela gostaria, talvez.
Também espero que essa mudança do Ares não tenha ficado muito nada a ver ou forçada.
Só tem uma review para responder, pq escrevo logo em seguida de postar o capítulo anterior: então, Cris, sim! O xará do meu irmão sempre um fofo, né? Hahahahaha! Cada Casa vai ter um jardim agora, mas essa estufa é só da Mabel! Hahahaha
Até o próximo!
