Os lados do conflito

E Oriko pulou para trás.

"EEEIIIAAHHH!" Revenante aterrissou no local onde a sua adversária estava, golpeando o chão com uma de suas azagaias. A arma ficou presa e formou rachaduras no concreto.

Oriko teve um momento para ajeitar a sua saia. "Você já deve ter se dado conta que eu não estou interessada em lutar contigo. Por que ainda insiste?"

Revenante arremessou a sua azagaia.

Oriko não se moveu, e o projétil passou ao seu lado. Ela não tinha certeza se a mulher negra fez isso por frustração ou por estar tentando antecipar a direção para qual ela iria desviar.

"IIEEAAHH!" Revenante pegou uma cama com uma mão e a arremessou.

Barulhenta. Oriko viu a cama voando em sua direção. O móvel estava vindo alto demais e ela apenas precisou se curvar para evitar ser atingida. É claro, aquilo apenas fora uma distração, a mulher negra vinha com uma nova arma em punhos, Oriko nem precisou usar de sua magia para prever isso.

Revenante aplicou uma estocada firme, mas apenas atingiu o ar.

A loira apenas havia precisado dar um passo longo para o lado. Sua oponente podia ser mais forte, rápida e ágil, mas Oriko já estava acostumada com essa diferença em suas sessões de treino com Kirika. Era só uma questão antecipar e usar o momento do movimento do inimigo contra ele mesmo. "Que tal você parar e começar conversar comigo? Eu creio que as bruxas do passado não te dariam tal opção."

"Você não me engana!" Revenante se preparou para arremessar a sua arma.

No momento que a azagaia deixou mão da mulher negra, Oriko já havia saltado para longe, mais especificamente para centro do dormitório, onde seria mais difícil para sua oponente encurralá-la.

Revenante criou uma nova azagaia em suas mãos. "Pera eu te pegar pra você ver!" E ela correu direção a sua adversária.

Oriko suspirou.

Revenante estava se aproximando quando sentiu um poderoso 'soco' em um lado da sua caixa torácica. "AAHHGnn!" Ela parou e se curvou com a dor súbita.

Oriko abriu a palma da mão e a esfera de cristal que ela havia utilizado contra a sua oponente voou até ela. "Você ainda não entendeu. Se eu quisesse te matar, já teria feito, mas eu busco a paz."

Revenante lentamente recobrou a sua postura, arfando, e rangendo os dentes. "Huff... huff... Fina- Cof! Cof!"

"Eu volto a repetir: Nós não matamos Madre," Oriko disse, com um pouco de frustração, "você vai ignorar a mulher que descrevi? Ou você não conhece ninguém assim?"

Revenante clamou, com ojeriza, "Foi por causa de vocês, bruxas disfarçadas, que eu matei Valquíria!"

Oriko tentou compreender o que ela estava dizendo, e quem seria essa Valquíria, mas não teve tempo, sua adversária já havia saído em disparada em sua direção! Reagindo de imediato, ela fez a sua esfera voar na velocidade de uma bala.

A esfera atingiu Revenante e estilhaçou, sem que ferisse, muito menos parasse a mulher negra.

Oriko arregalou os olhos.

Revenante também, além de abrir um sorriso de orelha a orelha. "Agora você morre!"

Oriko pôde sentir a azagaia penetrando sua testa, quando então reabriu os olhos.

Revenante clamou, com ojeriza, "Foi por causa de vocês, bruxas disfarçadas, que eu matei Valquíria!"

Oriko segurou a respiração, ela não tinha tempo para interpretar o que havia acontecido em sua visão. Logo a mulher negra disparou, Oriko tomou a decisão mais segura e pulou para longe. Assim que aterrissou, ela já estava pronta para abrir uma distância maior de sua adversária.

No entanto, Revenante parou e relaxou a sua postura.

Oriko exalou, com alívio, mas com certa surpresa também.

"Ué? Por que você não usou a sua bolinha de merda?" Revenante ergueu uma sobrancelha. "E até tá parecendo que você viu um fantasma."

Ela está... zombando de mim? Oriko ergueu as sobrancelhas, mostrando um sorriso. "Aquilo foi um aviso. Eu não quero machucar você."

"Mentindo que nem um político..." Revenante escarrou e cuspiu sangue no piso.

"Já que está insistindo." Com leve gesto, Oriko comandou a sua esfera para atacar. Isso não deve funcionar.

Como esperado, a esfera estilhaçou quando atingiu Revenante, sem deixar uma marca sequer na pele negra, nem ser capaz de fazê-la mover. Era como atingir algo imenso, sólido e firme.

Oriko não esboçou reação alguma, se mantendo em silêncio.

O corpo de Revenante ficou tenso, deixando seus músculos anda mais aparentes. "'Se eu quisesse te matar, já teria feito...' Sério? Bah! O futuro não é seu pra decidir!" Então ela voltou a perseguir a bruxa.

Oriko evitou o ataque, mas não conseguiu mais manter uma boa distância de sua adversária. Ela está mais rápida? Mais agressiva também.

"Não vai lutar? Então só morre!" Revenante desferiu uma série de golpes com a sua azagaia.

Como uma valsa mortal, Oriko circulou envolta da mulher negra, desviando da arma afiada por milímetros.

Os ataques de Revenante continuaram, incansáveis.

Mas a loira ainda estava no controle da situação. Ela está abrindo a guarda de propósito, isso significa... Em um momento de oportunidade, ela acertou um tabefe no rosto da mulher.

Revenante parou o ataque, com um semblante estupefato.

Oriko se afastou.

Revenante segurou a mandíbula, fazendo uma careta de dor, enquanto voltava a prestar a atenção em sua inimiga.

Oriko fez um gesto com a mão.

Um orbe de cristal veio voando em alta velocidade, acertando em cheio um dos olhos de Revenante, mas nada aconteceu além do orbe quebrar. A mulher negra nem piscou os olhos.

"Eu devo presumir que na próxima vez a minha mão não deve funcionar também," Oriko comentou, "parece que quando você recebe um tipo de ataque, você se torna invulnerável a ele."

Revenante abriu um sorriso atrevido. "É mais do que isso."

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Homura examinou aquele homem, mais especificamente na gema que ficava no fecho direito de seu manto. Ele havia feito contrato Incubator, algo que ela nunca viu acontecer. Homura estava ciente de que a criatura maldita tinha as suas razões para fazer contratos apenas com garotas na adolescência. Ela só pôde concluir que estava diante de uma exceção, uma perigosa exceção.

Inquisidor segurou sua cruz com mais firmeza.

Homura sentiu a magia do homem crescer, e estava crescendo envolta dela mesma! Sem pensar duas vezes, ela se jogou, rolando no chão. Ela sentiu um flash de calor e olhou para trás, vendo que uma coluna de fogo havia se formado na posição que ela estava anteriormente.

O olhar de Inquisidor ficou mais intenso.

Sentindo um novo pico de magia, Homura rolou pelo chão mais uma vez. Ela escapou de ser engolida pelas chamas, mas o seu vestido funerário tinha labaredas, que ela as matou dando golpes com a mão.

Inquisidor iniciou uma caminhada em direção a bruxa.

"INQUISIDOR, CUIDADO!"

Porém ele parou ao ouvir uma certa criança.

Nano clamou, "Se as suas chamas atingirem o combustível do foguete, você irá incinerar o andar inteiro!"

"Inquisidor!" Invasora fez o mesmo, mas por outras razões, "PARE!"

"Parar?" Ele continuou olhando para a bruxa. "Eu estou salvando vocês."

"Armaram para nós!" Invasora afirmou, "nós estamos sendo usados como peões!"

Nano ficou boquiaberta. Ela havia ouvido direito?

Inquisidor permaneceu em silêncio.

Homura ainda estava caída no chão, olhando para ele. Parecia sábio não fazer movimentos bruscos ainda.

"Você precisa me ouvir!" Invasora insistiu.

"Eu estou ouvindo." Inquisidor segurou a cabeça da cruz com a outra mão, pronto para partir o seu objeto sagrado em duas armas.

Vendo que a situação estava na eminência de um ponto sem retorno, Invasora gritou, "MADRE NÃO ERA UMA TRAIDORA!"

Inquisidor paralisou por um momento, antes de se virar para ela.

Invasora continuou, "Ela morreu na entrada, defendendo a Irmandade. Você deve ter sentido a explosão."

Os lábios de Inquisidor estremeceram antes de perguntar, "Então por que você quer que eu pare?"

"Essa bruxa afirmou que elas não mataram Madre," Invasora respondeu, "foi uma mulher de cabelos brancos. Alguém do nosso grupo, alguém de dentro."

"Uma mulher adulta de cabelos brancos?" Inquisidor ergueu as sobrancelhas. "Uma mentira, não há ninguém assim aqui."

"Por que ela inventaria tal mentira? Quando ela poderia simplesmente ter nos matado? Você não teria chegado a tempo para nos salvar," a bailarina argumentou, "além disso, alguém informou essa bruxa de que nós iríamos destruir Mitakihara e matar a todos. Ela veio para cá para nos impedir."

"Agora está me dizendo que ela é uma heroína. Outra mentira!" Inquisidor ficou indignado. "Por que está acreditando em uma bruxa?"

"Olha!" Invasora apontou para a garota caída. "OLHA! Você não a reconhece?"

Homura sentiu a ameaça crescer quando o homem olhou para ela.

No entanto, o semblante sério de Inquisidor logo se quebrou em um estado de surpresa. Ele voltou a trocar olhares com a irmã. "Ela é a..."

"Sim, um dos nossos alvos, Homura Akemi." Era Invasora que tinha um olhar inquisidor dessa vez. "Por que ela está aqui?"

O homem abaixou o olhar, ponderando, sua respiração audível. Ele começou a assentir, como se estivesse concordando com a sua própria resposta, "O... O traidor deve ter conseguido contatar ela e deu a nossa localização. Ele-"

"NÃO!"

Ele voltou a olhar para a bailarina.

"Não!" Invasora balançou a cabeça. "Não é isso! Por que o traidor iria contatar ela, e esperar ela vir do Japão, através do oceano, para nos destruir? E não contatar as bruxas que vivem nesse país? Nós deveríamos estar cercados por centenas delas se fosse caso."

Inquisidor coçou a barba dele, inquieto, sem saber onde pôr seu olhar.

"Não, Inquisidor," Invasora concluiu, "alguém quer Homura Akemi aqui e nós somos a isca."

Ele sorriu, sucedido por um riso contido. "Huhu... huhuhu..."

Para a surpresa de Invasora. "Inquisidor?"

Ele olhou para ela, com uma expressão agora serena. "Era tão óbvio, não era?"

"O-O quê?" Invasora piscou os olhos, temerosa com a reação dele.

"Quem que introduziu e insistiu que Mitakihara era a origem dessa crise? Quem que, durante o roubo das sementes, não estava visível pelas câmeras e poderia sair e entrar nessa base sem que alguém pudesse notar ou impedir? Quem que deixou uma bruxa entrar nessa base, sendo que ela e essa mesma bruxa, e mais duas outras garotas mágicas, compartilharam uma sala? Quem que estava nessa sala ainda está viva para contar a história que quiser?"

Invasora arregalou os olhos.

Inquisidor voltou a ter um semblante de seriedade. "Se o que você diz é verdade, a única capaz de fazer isso é Generalíssima. Ela é a TRAIDORA! Portanto, isso faz de mim o novo líder. Você compreende isso?"

Invasora assentiu em silêncio, a pergunta havia soado muito ameaçadora.

Homura não conseguia compreender o que eles estavam dizendo. Parecia que a bailarina havia feito o homem parar de atacar, mas agora ela estava concordando com ele?

Inquisidor suspirou. "Isso também implica que podemos estar em uma situação de controle de percepção da realidade. Eu... não sei mais no que acreditar. Eu estava tão convencido de que uma bruxa havia roubado as sementes, que eu acabei negligenciando essa possibilidade."

Invasora ficou boquiaberta. "Então... Você acredita na bruxa agora?"

"Eu não sei! Eu não..." Inquisidor balançou a cabeça, frustrado. "Essas novas bruxas parecem ser um fenômeno real, mas nossa cadeia de informação está comprometida. Generalíssima pode ter manipulado o contato com o mundo exterior, talvez até a situação em Washington. É por isso que Valquíria teve que morrer, Madre também."

Invasora comentou, "Quando você deixou a sala de segurança, Generalíssima disse que você não é mais membro a Irmandade."

"É claro que eu seria o próximo, eu sou um investigador, eu não paro na primeira 'verdade' que eu encontro. Se você parar para pensar, é incrível que eu não fui o primeiro. Talvez ela não encontrou uma oportunidade..." Inquisidor engoliu seco e suspirou, antes de perguntar, "A bruxa estava conversando contigo, não é? Nós temos que extrair dela a informação de quem está por trás disso."

"Era o que eu estava tentando fazer," Invasora respondeu em tom de obediência, como um soldado, "através de meios pacíficos, aliás. Eu irei dizer a ela que você pede desculpas e tentarei convencê-la de que nós não iremos destruir a cidade com esse foguete. Ela está acreditando nisso."

Homura desistiu de acompanhar a discussão da bailarina com o padre. Eles estavam decidindo algo, isso era o melhor que ela podia interpretar. Ela olhou para o imenso foguete, pronto para lançar.

Não importa o que estivesse acontecendo, só havia uma maneira de garantir a segurança de Madoka.

"Ela acredita que esse foguete é uma arma?" Inquisidor ergueu as sobrancelhas. "Ótimo. Será fácil de convencê-la, pois iremos destruí-lo."

"O quê?" Invasora franziu o cenho.

"Você disse que estamos sendo usados como peões, então é hora de deixarmos de agir como tal. Esse foguete sempre foi mais um projeto egoísta da Generalíssima do que algo em prol da Irmandade. E eu tenho... minhas suspeitas sobre o seu objetivo."

Invasora não sabia o que dizer. Poderia Homura estar certa?

Inquisidor continuou falando, "Precisamos convencer Nano sobre isso, não deve ser difícil para você, porém eu não acredito que iremos conseguir o mesmo com Revenante e Sortuda, as duas são leais demais a Generalíssima. Nós devemos encontrar e se reunir com Matryoshka."

"Matryoshka?" Invasora ainda estava tentando absorver o plano. "P-Por que ela?"

"Ela estava certa sobre algumas coisas. Nós podemos confi-" Condicionado pelos seus anos de treinamento, Inquisidor estava sempre atento a qualquer manifestação sútil de magia. Algo estava vindo da bruxa. Ele se virou e, graças novamente ao seu treinamento, testemunhou que ela havia invocado a arma mais letal do universo em sua mão.

Uma ampulheta!

Sabendo que a diferença entre todos os membros da Irmandade ali presentes estarem vivos ou mortos era uma fração de segundos, Inquisidor tomou a única ação sã naquela situação.

Antes que pudesse pôr a ferramenta mágica na posição horizontal, Homura foi surpreendida por uma conflagração de chamas engolindo a sua ampulheta. Em um ato instintivo, ela arremessou o objeto.

A ampulheta voou e girou no ar, até onde estava Invasora e Inquisidor. As chamas que a consumiam se tornaram roxas.

O homem arregalou os olhos.

Já a bailarina ainda estava começando a ficar ciente do que estava acabando de acontecer, mas ela não teria mais tempo.

Uma massiva explosão. "AAHH!" Atrás da barricada, Nano viu um corpo ser arremessado com grande velocidade contra o foguete e então capotar pelo piso, parando perto de onde ela estava. Ela imediatamente reconheceu o tutu de sua amiga. "INVASORA!"

O corpo permaneceu imóvel, em uma posição retorcida.

"Invasora! INVASORA!" Nano deixou a barricada e foi até ela. "Invasora..." Ela virou o corpo.

Invasora estava com os olhos fechados, sua face escurecida por fuligem e queimadura, e sangramentos.

Com o coração apertando, Nano empurrou o corpo, esperando uma reação. "Invasora! Acorda, fala comigo. Fala! Fala..."

No clipe de cabelo vermelho que prendia o longo rabo de cavalo da Invasora, não havia mais uma gema em forma de asa, apenas alguns poucos e pequenos fragmentos de cristal azul.

Nano estremeceu e parou de respirar. Ela teria desmaiado, se uma força irracional não tivesse surgido dentro dela. "Invasora, abra os olhos." Ela voltou a empurrar a bailarina caída, com mais violência. "Abra os olhos! Acorda! INVASORAH!" Lágrimas desciam livremente pela sua face, enquanto começou a dar socos erráticos contra o corpo. "INVASORAAH! INVAAAAHH! INVASORÁÁÁÁÁÁHHH!"

"AAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH!"

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"CAPITANO POTENZA!"

A porta de metal caiu com o golpe de Kaoru, revelando para o grupo de que o túnel ainda continuava adiante.

"Belo chute," Kyouko comentou, não muito surpresa pela outra garota mágica anunciar seus ataques como uma certa loira.

"Ah, esse foi bem fraco," Kaoru disse com orgulho, "eu estava tentando evitar machucar alguém que podia estar atrás da porta."

"Certo." A ruiva examinou a perna que a outra garota usou para o chute. Ela agora era feita de uma espécie de metal preto e tinha adquirido a forma de uma perna de animal com casco. "Isso é uma perna de cavalo?"

"É de touro. É assim por causa da minha bruxa." Kaoru fez sua perna voltar ao normal antes de se virar para Kyouko. Sorridente, ela levantou franja, mostrando a testa. "Eu consigo fazer que chifres cresçam também! Quer ver?"

"Não, obrigada..." Franzindo as sobrancelhas, Kyouko fez um novo comentário, "você trata da sua bruxa como algo positivo."

Kaoru pôs as mãos atrás da cabeça, alongando o corpo. "Se eu achar que minha nova condição é ruim, muda alguma coisa?"

"É, não," Kyouko concluiu prontamente, com um pouco de arrependimento do que disse.

Apesar de que Kaoru não demonstrava estar ofendida. "Além disso, minha forma de bruxa nem é assustadora. É só um touro demasiadamente crescido."

"Touros podem ser bem assustadores," Umika se intrometeu na conversa.

"É um animal! É só não mexer com eles." Kaoru deu de ombros. "Se querem conhecer uma bruxa assustadora, a da Kazumi-chan é bem esfomeada."

"Ah! Você não precisava mencionar isso!" Kazumi protestou, fazendo um beiço.

Kaoru foi até a sua amiga e cutucou a bochecha estufada dela. "Foi só uma piadinha boba, pra aliviar a tensão. Sua bruxa não me assusta nem um pouquinho, mas que a comida na geladeira anda sumindo misteriosamente você tem que admitir, né?"

"É?" Kazumi desviou o olhar. "E-Eu só tô sabendo agora..."

Ouvindo as duas, Umika suspirou.

"Oh não!"

Mas logo todas prestaram a atenção na Sayaka.

A garota de cabelos azuis curtos disse, "Agora que me toquei. Se a gente encontrar alguém, como vamos nos comunicar sem a Oriko-san?"

Umika respondeu, "Eu sei inglês."

Seguido pela reação de surpresa de Kaoru e Kazumi, "Você sabe?!"

"Por que essa questão?" Umika ajeitou os óculos, mostrando um sorrisinho orgulhoso. "Esqueceram de que eu traduzo meus próprios livros?"

"Eeehhh..." Kaoru ergueu uma sobrancelha. "Mas o seu editor não vive pedindo pra você fazer correções quanto a isso?"

"É o trabalho dele," Umika respondeu, "ele vai achar erro até onde não tem. Nada demais."

Kazumi comentou, em tom baixo, "Mas um dia desses você disse que iriar quebrar o pescoço dele..."

Umika franziu cenho. "I-Isso foi uma figura de linguagem! Não é nada demais, ok?"

"Garotas!"

O grupo voltou a prestar a atenção na Sayaka.

"Desculpe, mas... Uma garota mágica morreu na nossa frente faz pouco tempo e eu não quero que isso se repita. Nós precisamos nos manter focadas."

As bruxas plêiades assentiram.

Kyouko também, já olhando para o túnel por onde elas teriam que continuar indo. "Se ela sabe algum inglês, é melhor que nada. Vamos lá."

Elas seguiram o túnel até chegar em uma sala larga e vazia.

Enquanto o grupo caminhava com cautela para o centro da sala, Kaoru fez um comentário, "Que bom que não encontramos nenhuma armadilha, né?"

Umika disse, "É melhor não falar sobre isso para não trazer azar."

"O que será que havia aqui?" Kazumi olhou envolta. "Eles devem ter levado quando fugiram."

Umika balançou a cabeça. "Não, está limpo demais. Este espaço não estava sendo utilizado." Ela abaixou o olhar, ponderando, "Essa base é tão grande, e imaginar que a Irmandade deve ter outros lugares assim pelo mundo..."

Sayaka constatou que havia duas entradas para outros túneis. "Nós não vamos nos dividir. Nós teremos que fazer uma escolha."

"Isso não será difícil." Umika apontou para uma das entradas. "Na parede dessa entrada está escrito 'Estoque', enquanto na outra entrada não há nada escrito. Oriko-san relatou que há uma central de dados, o caminho para lá deve ser pelo túnel que não tem nada escrito."

"Ela também mencionou a sala de estoque," Kaoru disse, "você não acha que a garota mágica que devemos encontrar poderia estar lá?"

"Pois é," Kazumi concordou, "há um deserto lá fora. Se eu quisesse fugir, eu iria pegar alguma comida antes."

"Nem toda a sala de estoque é para comida, Kazumi-chan." Umika suspirou. "Ademais, uma central de dados parece ser um lugar mais relevante para procurar."

Kaoru argumentou, "Mas se o túnel que leva para o estoque tá aqui, ele deve tá perto. Não custa nada dar uma olhada."

Sayaka assentiu, concluindo, "Nós vamos ter que decidir..." Ela olhou para a ruiva. "O que você acha, Kyouko?"

Kyouko estava quieta, olhando para o túnel que levava para sala de estoque.

Sayaka sentiu uma certa tensão em sua companheira. "Kyouko?"

A garota mágica vermelha tinha uma boa razão para ignorar o chamado.

A misteriosa mulher de cabelos brancos. Ela estava na entrada, observando o grupo!

Kyouko tinha certeza que não havia ninguém ali quando elas entraram na sala. Ela só pôde concluir que a mulher havia surgido de repente, da mesma forma que havia desaparecido na outra vez.

A mulher tinha uma postura despreocupada, mesmo quando seus olhos rosas se encontravam com os vermelhos da Kyouko. Na verdade, nem dava para dizer que era uma troca de olhares.

Kyouko sabia o porquê. Umika estava certa, a mulher não estava ciente de que estava sendo vista.

"O que foi?" Sayaka perguntou, "você viu alguma coisa?"

Porém isso estava prestes a mudar.

Ouvindo a questão, a mulher olhou para ruiva.

Kyouko não esboçou nenhuma reação.

Mesmo assim, a mulher tinha um semblante intrigado. Ela se virou, vendo se havia algo atrás dela, antes de voltar a olhar para Kyouko.

Sayaka e as outras garotas ficaram em silêncio, nem faziam um movimento sequer, sentindo a tensão crescer.

A mulher franziu o cenho, e sorriu, antes de sair correndo para dentro do túnel.

"Tch!" Sem hesitar, Kyouko se apressou em segui-la, conjurando uma lança em mãos.

"Kyouko?! Espera!" Sayaka exclamou.

Enquanto a mulher desaparecia na curva do túnel, Kyouko estava confiante de que podia alcançá-la, pois estava correndo mais rápido. No entanto, ao passar pela mesma curva, ela não encontrou mais a mulher. "Hã?!" Ela parou.

"O que tá acontecendo? Kyouko!"

Era a voz da Sayaka, as outras garotas estavam vindo. Nesse momento, motivada por intuição e impulso, Kyouko decidiu que iria até o fim. Ela pôs mágica em suas pernas para correr mais rápido.

O sorriso daquela mulher, o fato dela não ter desaparecido de imediato e entrado naquele túnel. Ela não estava fugindo, ela estava convidando.

O túnel agora era uma longa curva, parecia que iria fazer um círculo. Contudo, Kyouko insistiu, com a sua arma pronta.

A curva terminou, assim como o túnel. Kyouko parou e se viu em uma sala com muitas caixas.

No meio da sala estava a mulher alta, de costas, mostrando o quão comprido e liso era os seus cabelos brancos, cobrindo até a bunda. Ela estava parada, sem fazer barulho algum.

"Ei!" Kyouko segurou mais firme o bastão de sua lança. Qual era o plano agora? Aquela mulher tinha uma aura exótica e perigosa, como um animal de cores berrantes, alertando de seu veneno mortal.

"Kyouko-san," a mulher chamada Estér finalmente falou, "dentre todas vocês, você era o que eu menos esperava ter surpresas."

"Te conheço?" Com os olhos arregalados, Kyouko nem se deu conta que a mulher estava falando em um japonês perfeito.

"Você nunca me viu." Estér se virou, fazendo seu cabelo esvoaçar, e com uma certa curiosidade estampada em sua face. "Como isso é possível agora? Será que você liberou um poder latente em face dos últimos acontecimentos? Ou você estava evitando usá-lo antes..." Ela por fim sorriu. "Seja o que for, eu senti agora que você era merecedora em ouvir a minha voz antes do fim."

"Eu não sei de que fim tu tá falando, mas se você vai bancar a arrogante, eu tenho uma resposta pa-" Kyouko parou de falar, pois ela tinha a intenção de direcionar a ponta de sua lança para aquela mulher, mas não conseguiu, parecia que a sua arma estava presa em algo. Ela olhou para a ponta de sua arma e viu que não havia nada ali para impedir o movimento, mas ela se deu conta que seu braço também estava sendo segurado por uma força, e então seu corpo todo! Seus olhos ainda podiam mover e olhou de volta para mulher. Kyouko tomou um susto, já que só havia passado um instante, mas a mulher estava a um passo de distância.

"Arrogante?" Estér pegou a gema vermelha ovalada do peito da garota mágica vermelha. "Você não tem idéia o quanto estou sendo humilde."

Kyouko não conseguia mover a língua e mandíbula, e seus lábios apenas estremeciam. Seus olhos eram incapazes de piscar.

Estér levou a gema vermelha até a sua gema corrompida em sua tiara, ao ponto de tocar as duas pedras. Contudo, não houve reação alguma. Depois, ela examinou a gema em sua mão, acariciando com os dedos. "Que bela réplica..."

Kyouko não conseguia expressar sua frustração. Era para haver correntes vindo das paredes para prender aquela mulher, lanças brotando do chão para empalá-la, mas nada acontecia. O que estava acontecendo? Onde estava a magia?

Com todo o cuidado, Estér pôs a gema vermelha de volta ao seu local de origem e, lentamente, levantou a sua mão, até poder acariciar a bochecha da ruiva.

"Gnnmf!?" Emitindo o som que podia com a sua boca calada, Kyouko estremeceu.

"Ah, Kyouko-san..." Estér alisou o braço rígido da garota. "Eu me lembro das noites em quartos de hotéis. Você fingindo se distrair com comida e contando sementes, mas sempre com aquele olhar de errante, ansiando por um lugar para chamar de lar."

Kyouko saciou seu impulso de descobrir a verdade, e se arrependeu. Ela era parte de um milagre, a Lei dos Ciclos. Ela tinha armas, magia, podia se transformar em um monstro assustador! No entanto, naquela situação, ela não era mais do que uma adolescente vulnerável, diante de um predador que conhecia sua intimidade.

Estér apertou os seios da ruiva.

"Gnn...!" O único protesto foi um leve arregalar de olhos.

"Em outras épocas, eu adotaria você," Estér foi baixando o tom de voz, "eu salvaria você e você teria tamanha fé em mim. Você daria tudo por mim." Ela desviou o olhar, murmurando, "você daria a sua alma para mim."

Com o terror crescente, Kyouko quase havia esquecido. Sayaka e as outras garotas estavam vindo! Ela ainda podia fazer algo. Ela precisava avisá-las de-

"É tarde demais para avisá-las," Estér afirmou.

Kyouko teria ficado boquiaberta se pudesse.

"Por que a surpresa? Eu sou velha o bastante para saber ler." Estér fez um gesto circular com o dedo.

Kyouko começou a se mover, mas não por vontade própria. Uma força externa estava empurrando o seu corpo, as solas de seus calçados arrastavam no piso enquanto ela se virava lentamente.

Então ela viu.

Sayaka, Kazumi, Kaoru, Umika... Elas estavam ali, também paralisadas, apenas movendo seus olhares espantados. Nenhuma palavra foi trocada, nem em pensamentos. A telepatia também não estava funcionando.

Ainda girando, voltando para a mulher, os olhos de Kyouko lacrimejaram. Ela havia tomado uma decisão estúpida, tão estúpida.

"Shhh... Shhh..." Com o dedo, Estér coletou uma lágrima da garota e empurrou o mesmo para entre os lábios da ruiva.

Kyouko sentiu o toque salgado misturando com a sua saliva.

Estér removeu o dedo e o chupou, depois ela estalou a língua, como se estivesse analisando o sabor. Ela ergueu as sobrancelhas. "Que situação que você me colocou. O que farei com vocês?"

Kyouko lutou com todas as forças contra o que a estava segurando. Se esse era o fim que aquela mulher havia mencionado, era assim que iria confrontá-lo.

Os olhos rosas de Estér brilharam e ela de repente olhou para um ponto vazio.

Essas não foram a únicas coisas que Kyouko havia notado. O semblante daquela mulher, antes sendo de alguém que estava no total controle da situação, agora era de consternação.

Quando os olhos pararam de brilhar, Estér proferiu, "Homura-chan..."

Ouvindo aquilo, Kyouko ficou tão surpresa que até esqueceu de continuar lutando.

Rugas de raiva se formaram na face da mulher de cabelos brancos. "Aquele homem petulante. Mesmo ele não sabendo de nada, é sempre ele que está mais próximo de arruinar os meus planos. Como ele consegue fazer isso?" Ela então olha para Kyouko.

A garota mágica vermelha conseguiu engolir seco. O medo cedeu algum espaço para a curiosidade. Quem era aquela pessoa?

"Bem, Leona pode cuidar de vocês." Estér apontou a palma aberta de sua mão para o grupo.

"Gnn? Hffmmp?" Kyouko se esforçou, dessa vez para fazer uma pergunta.

E Estér falou, "Abjuração."

"Kyouko!"

A ruiva teve um susto e olhou para Sayaka.

Sua amiga estava bem irritada. "Por que você tá olhando pra aquele túnel como se tivesse em um transe?"

Kyouko voltou a olhar para a entrada do túnel, que levaria para a 'sala de estoque' segundo Umika. Não havia nada ali.

Foi Umika que então fez uma pergunta, em tom muito sério, "Você viu alguma coisa?"

Impulsionado por uma urgência, Kyouko abriu a boca para falar, mas sua resposta ficou presa na língua. Havia apenas o vazio. "Eu... acho que ouvi algo. Eu não sei..."

Umika suspirou.

Sayaka ficou preocupada, se lembrando da morte sangrenta de Madre. A mulher parecia ser religiosa, assim como Kyouko, por mais que sua amiga não quisesse admitir. Você ainda guarda essas mágoas, huh?

"Ei! Ei!" Kazumi quebrou o clima, chamando a atenção. "Que tal a gente fazer pedra, papel e tesoura para decidir por qual túnel iremos ir?"

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O dormitório já estava irreconhecível, com marcas de batalha por todo lado. Na verdade, 'batalha' não era o termo mais apropriado.

Oriko correu para escapar de uma salva de azagaias. As armas fincaram no piso, levantando poeira e pedaços de concreto.

"IIIAAAHHH!" Rodopiando outra azagaia em suas mãos, Revenante pousou no caminho da loira, desferindo um golpe.

Oriko deu um passo lateral a tempo, mas o flash metálico verde conseguiu fazer um corte em seu vestido. Era mais um de muitos, seu uniforme estava parcialmente destruído. Sua pele sangrava também, mas eram cortes superficiais.

Revenante parou e ficou observando a sua adversária recuar.

Oriko tinha um semblante impassível, mas sua respiração estava tensa.

A mulher negra relaxou a sua postura. "Você não pode ficar desviando pra sempre."

Oriko continuou recuando, abrindo uma boa distância, até que sua mão resvalou no metal frio de uma das azagaias fincadas no chão.

"Você ainda deve ter muitos ataques pra usar contra mim." Revenante abriu os braços. "Vamos, bruxa, tente o seu ataque mais poderoso e me mate de uma vez. É a única chance que você tem de vencer."

"Eu não quero matar você," Oriko disse.

Mais ríspida, Revenante deu sua réplica, "Se você tem tanta consideração por mim, então faça-me o favor e morra! Nós faremos bom uso da sua semente da aflição."

"Eu acho que tenho uma idéia melhor," Oriko estendeu o seu braço e orbes começaram a aparecer em pleno ar.

Revenante franziu a testa. "Você sabe que essas suas bolas de gude não vão mais funcionar contra mim."

"Oh, você está enganada." Oriko manteve o seu braço estendido.

A quantidade de orbes se multiplicou rapidamente, formando uma alta e sólida parede entre as duas.

"Você acha que isso pode me deter?" Revenante renovou a firmeza em que segurava a sua azagaia.

Não houve resposta, apenas silêncio vinha do outro lado da parede.

Foi então que a mulher negra se deu conta que também não podia ver o que estava no outro lado. "Ah, então é isso. Eu tenho que admitir que você foi criativa, mas isso não muda nada!" Ela avançou contra a parede de esferas.

As esferas estilhaçaram ao mero contato com a garota mágica, não conseguindo barrar nem um pouco o movimento dela. Era como se a parede simplesmente não existisse. No entanto, Revenante parou ao chegar no outro lado, estupefata.

Oriko não havia deixado a sua posição, mas agora ao seu lado havia uma esfera flutuante com uma azagaia empalada nele. Eles eram agora como uma única arma, com a ponta afiada apontada para a mulher negra. "Seu primeiro erro foi me fornecer bastante munição."

Revenante rangeu os dentes.

Oriko expressou satisfação com a reação de sua adversária. "E seu terceiro erro foi não ter dado a devida consideração quando eu te disse 'Seu primeiro erro'." Com o polegar, ela apontou para baixo.

Não houve mais tempo, nem mesmo um momento.

Como uma espada de Dâmocles, havia outra esfera com uma azagaia fincada, flutuando justamente acima de Revenante. Obedecendo ao gesto de Oriko, a esfera mergulhou.

Em uma fração de segundo, a azagaia perfurou o crânio da mulher negra e atravessou o seu corpo, com a ponta ensanguentada saindo pela virilha e fincando no piso. O golpe foi tão violento, que os globos oculares de Revenante foram empurrados para fora de seus respectivos orifícios e uma torrente de sangue escapou de suas narinas, boca e ouvidos. Seu corpo ficou flácido e arma que empunhava caiu.

Tudo conforme Oriko havia previsto. Vitoriosa, ela se aproximou. "Aliás, o seu segundo erro foi ter prestado a atenção em mim."

Não houve resposta, é claro. O corpo de Revenante descia pela azagaia, deixando um rastro de massa cerebral presa nas ranhuras da arma. Uma grande poça se sangue se formava sob ela.

Sem pestanejar, Oriko escrutinizou aquela cena macabra procurando por algo.

No agora ensanguentado colar de ossos que a mulher usava, havia uma peça cilíndrica que não era na verdade feita do mesmo material que o resto. Era um cristal que emitia um leve brilho branco, mas não havendo uma mancha escura sequer.

Oriko sorriu. "Que bom que você é uma veterana durona. Você está ciente de que não está morta." Ela partiu, deixando a sua adversária empalada por sua própria arma. "Pois bem, eu vou chamar as suas amigas para elas te ajudarem. Elas irão confiar em mim quando verem que nem cheguei a tocar na sua gema da alma."

No dormitório, só havia um túnel além daquele que ela veio. Oriko se aproximou dele com certa cautela, com seu foco já mudando para o novo desafio. Uma chance de paz dependeria de que os futuros membros da Irmandade que ela fosse encontrar não fossem tão teimosos quanto a sua última oponente.

Eu preciso encontrar as palavras certas, a abordagem certa.

Oriko fez uso de sua magia para forçar uma visão do futuro. Foi então que ela parou de andar, pois o futuro era imediato e vindo de trás! Ela se jogou no chão e viu e ouviu a parede na frente dela, próxima do túnel, estourar. Mesmo com a poeira, era possível ver que havia sido uma azagaia.

Ainda no chão, a loira se virou para confirmar a sua frustração.

Revenante estava de pé, banhada em seu próprio sangue, mas plenamente saudável.

Oriko se levantou rapidamente, ao mesmo tempo que comandava a esfera com azagaia que ela ainda tinha à disposição.

A esfera voou, atacando Revenante. A azagaia presa na esfera atingiu em cheio a testa de seu alvo, mas apenas fazendo a arma se dobrar e quebrar como se fosse uma fina vareta de madeira. Enquanto isso, sem pressa, Revenante alongou seu pescoço e flexionou os músculos hipertrofiados de seu corpo.

Oriko suspirou e murmurou para si, "Realmente um incômodo..."

Sem raiva dessa vez, sem alegria, apenas o dever e a esperança. Com a vida de muitas garotas mágicas em seus ombros, crianças, como ela já foi um dia, Revenante conjurou uma azagaia e se preparou para a continuação do combate. "E a montanha não se moveu."


Próximo capítulo: Hecatombe