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Lendas
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Sala de Jantar Privativa.
A conversa fluía animada enquanto tios e tias saboreavam vinho e aperitivos ao redor da mesa elegantemente decorada.
De repente, o som leve de patas no chão atraiu todos os olhares. Sneg entrou na sala, suas asas de espuma de Pégaso balançando a cada passo animado, enquanto a cauda se movia num ritmo constante, como um metrônomo feliz.
O rosto de Pepper se iluminou. — Ah, eles chegaram!
Como sempre, o cão foi direto até ela, encostando-se em sua mão com evidente satisfação enquanto recebia carinho na densa pelagem branca.
— Oi, Sneg. Nossa, você tá perfeito.
— Caramba, ele tá enorme — Tony comentou.
— Ele ainda cresce mais? — Bruce perguntou, intrigado.
— Acho que agora parou — Pepper ponderou, ajustando as asas da fantasia. — JARVIS?
— Sneg tem 2 anos e 1 mês, Senhora Stark — respondeu a IA, com sua voz suave e precisa. — Ele atingiu seu peso adulto de 80 quilos aos 20 meses e se mantém estável desde então. Sua altura no ombro é de 86 centímetros. Sua pelagem densa lhe dá uma aparência mais macia, mas, graças ao seu regime diário de exercícios, ele já desenvolveu uma musculatura bem definida. Sua saúde é excelente, com níveis de atividade típicos para sua raça e idade, mas ele pode ganhar um pouco mais de massa conforme amadurece.
— Ele é o cachorro do Capitão, né? — Bruce riu, enquanto o cão cheirava sua mão.
— Obviamente — respondeu Tony, com um sorriso irônico, enquanto fazia carinho na cabeça massiva do cão.
— Como você pode ser tão adorável? — Betty perguntou, coçando atrás das orelhas de Sneg, que apoiou seu amplo queixo no colo dela. — Um gigante gentil.
Então, seu faro aguçado captou um cheiro familiar, e ele seguiu em direção ao buffet com a naturalidade de quem já conhecia o caminho. Empurrando cadeiras de madeira maciça como se não pesassem nada, o cão parou ao lado de Anna e sentou-se com uma calma surpreendente. A chef há muito lhe ensinara a não tocá-la sem permissão, regra que ele obedecia com paciência, mantendo a cabeça perto da borda da mesa, os olhos escuros fixos nela.
A baixinha sorriu, já sabendo o que ele queria, e puxou um pequeno saco de petiscos do bolso do avental. — Ah, já vi você, seu grande conquistador — falou, pegando um pratinho. — Biscoitos fresquinhos de Dia das Bruxas só pra você. Abóbora e pasta de amendoim, seus favoritos.
Sneg sentou-se obedientemente, suas asas tremulando levemente enquanto a cauda batia ritmicamente no piso de madeira. Assim que ela colocou o prato no chão e deu o comando, ele devorou tudo com evidente satisfação.
— Esse mini urso-polar te tem na palma da pata — brincou Tony, recostado na cadeira, com um sorriso de lado.
— Tem mesmo, e ele sabe disso. — respondeu Anna, distribuindo pacotes de lenços sanitizantes pela mesa, o sorriso ainda nos lábios. — Aqui estão — acrescentou, garantindo que todos pudessem se limpar depois de acariciar o cachorro e antes de pegar os bebês.
Momentos depois, os pais apareceram, cada um segurando seu filho nos braços, atraindo instantaneamente todos os olhares. A sala explodiu em um coro de "aww".
Aconchegado com segurança nos braços de Steve, James piscava sonolento, seus olhinhos cansados tremulando, como se tentassem decidir se ainda valia a pena ficar acordado. Enquanto isso, Francis segurava firme uma das flechas de espuma com ponta em forma de coração de Clint, seus olhos azuis bem abertos, cheios de curiosidade, enquanto observava o mundo no conforto dos braços do pai.
Logo atrás deles, Natasha e Bobbi empurravam os carrinhos de bebê em perfeita sincronia, suas expressões serenas refletindo o mesmo orgulho.
As tias corujas se levantaram imediatamente, os rostos iluminados ao verem os bebês, que capturavam toda a atenção delas, fazendo o resto do mundo desaparecer em segundo plano.
Ao se aproximar dos Bartons, Betty estendeu um Pégaso de pelúcia, que balançava levemente em sua mão.
— Oi, pequeno Cupido! Olha o que eu tenho pra você — disse com doçura, observando Francis fixar o olhar no brinquedo, completamente fascinado. O menino soltou a flecha e esticou os bracinhos, seu objetivo ficou claro.
— Ei, sem subornar meu filho! — brincou Clint, passando o bebê para os braços dela.
— Oi, Frankie! Você tá simplesmente adorável! — derreteu-se Pepper, inclinando-se para deixar um beijo suave na bochecha rechonchuda do menino.
Então, seu sorriso se abriu ainda mais ao se virar para seu afilhado. — E você, meu pequeno Hércules? Quer vir para a mamãe Hera? — brincou, balançando também um brinquedo de Pégaso de forma animada.
Mas foi em vão. O bebê ruivinho piscou mais uma vez, seus longos cílios roçando as bochechas, os dedinhos se curvando instintivamente. Um suspiro suave escapou dele e seu corpinho se entregou ao cansaço.
Ajustando o filho nos braços, Steve sorriu com carinho. — Ele tava bem acordado no corredor, mas agora tá lutando contra o sono. Daqui a pouco desperta de novo.
Segurando Francis no colo, Betty falou suavemente com James, passando os dedos pelo pezinho dele. — Oi, Jamie.
Mas o pequeno Hércules nem se mexeu, já dormindo pacificamente encostado no peito largo do pai.
Enquanto o grupo seguia para a mesa, Tony cruzou os braços, assumindo uma expressão teatral.
— Olhem só quem finalmente decidiu nos honrar com sua presença. Não resistiram à tentação da divindade, né?
Steve riu baixo, sua voz calma e descontraída.
— Alguém me disse que um pouco de diversão não faz mal.
— Não tá tão ruim assim, né? — acrescentou Clint, posicionando-se entre Steve, que segurava James, e Betty, com Francis, como se estivesse apresentando os trajes combinando de pais e filhos.
Tony abriu um sorriso, os olhos brilhando.
— Uau. Um Cupido saído direto de um comercial do Dia dos Namorados. Falei que essa era sua verdadeira vocação. Agora é só esperar o próximo 12 de Junho.
— Ah! Então era isso? — O Arqueiro riu, lembrando-se do dia em que atirou um elástico na bunda de Stark depois de ser chamado de Cupido. — Tá querendo se vingar, é?
— Vingança é um prato que se serve frio — retrucou Tony, antes de voltar sua atenção para o Soldado. — E o Hércules! Deixa eu adivinhar… A Disney já ligou? Se patrulhar o mundo não der certo, sempre pode voltar a dançar no palco. Falando sério, vocês dois nasceram pra esses papéis.
Clint bufou, mal se preocupando em esconder sua indiferença. Já Steve apenas sacudiu a cabeça, um sorriso discreto surgindo em seus lábios.
Então, dando um passo à frente, Tony parou diante das duas mães e se curvou com uma reverência exagerada.
— Mas essas duas deusas? Saídas diretamente da mitologia.
— Você também não tá mal, Papai Noel — provocou Natasha, arqueando uma sobrancelha enquanto observava os cabelos e a barba brancos, além do peitoral musculoso do traje acolchoado que a túnica de um ombro só de Zeus deixava à mostra.
— Acho que é verão no Polo Norte, né? — Bobbi entrou na brincadeira, sorrindo.
— Ah, tá, tá — Tony revirou os olhos, acariciando a barba branca de Zeus. — Culpem o estilista da minha mulher por fazer fantasias tão realistas.
— Se é pra interpretar deuses, que seja direito — disse Pepper tranquilamente, girando levemente para fazer seu vestido rosa esvoaçar com elegância.
— Você está deslumbrante como sempre, Pepper — disse Steve com sinceridade. — E você também, Betty.
— Deusas, com certeza — concordou Clint com um sorriso largo.
Enquanto os cumprimentos e elogios fluíam, as mulheres se reuniram, admirando suas roupas e acessórios, cada uma se divertindo com suas fantasias.
Incorporando o deus do submundo, Bruce inclinou-se na direção dos pais, pronto para provocar.
— Então, quem cedeu primeiro? Ou vão admitir de uma vez que não tinham escolha a não ser obedecer as patroas?
Natasha sorriu devagar, um brilho perigoso nos olhos.
— Cuidado, Hades. Provoque demais e pode acabar liberando algo que nem o outro cara vai conseguir controlar.
De fato, Gavião Arqueiro já tinha ouvido o suficiente.
Antes que Bruce pudesse perguntar o que exatamente ela queria dizer, Clint deu um passo à frente, pronto para assumir o centro do palco.
— Contemplem! O deus do amor e do desejo está entre vocês! — declarou, em tom teatral.
Apoiando uma perna tonificada numa cadeira próxima, ele pegou seu arco roxo e uma das flechas com ponta de espuma em forma de coração. Com um sorriso travesso, flexionou os braços, deixando os músculos bem definidos à mostra, e fingiu lançar a flecha no ar.
No mesmo instante, JARVIS projetou uma cascata de corações vermelhos nas paredes, acompanhada por placas piscando "Aplausos" e o som de uma multidão aplaudindo. O volume foi mantido moderado, por consideração aos bebês. Ainda assim, Steve instintivamente puxou o adormecido James mais para perto, cobrindo delicadamente o ouvido do filho enquanto todos riam. O bebê estremeceu um pouco, mas continuou dormindo tranquilamente, embalado pelo ritmo constante das batidas do coração do pai.
— Obrigado, obrigado! Eu sei que vocês me amam… Eu sei que vocês me desejam — provocou Clint, sua voz transbordando charme exagerado enquanto absorvia a atenção.
Então, com uma mudança repentina no tom, ele se virou para a esposa e ajoelhou-se com reverência dramática. Segurou a mão dela e ergueu os olhos, uma expressão de paixão genuína.
— Mas o coração deste Eros há muito foi conquistado pela deusa da minha alma. Meu único e verdadeiro amor… minha esposa, Psique.
Bobbi, que inicialmente se divertia com as brincadeiras dele, parou ao ouvir suas palavras. Ela suspirou, sentindo o calor se espalhar pelo rosto.
— Clint… — murmurou, a voz trêmula.
Sem perder o ritmo, ele a puxou para seus braços e a inclinou num movimento elegante, selando o momento com um beijo apaixonado. Se ainda restava alguma dúvida sobre o amor dele – o que não havia – ela desapareceu por completo.
A sala irrompeu em assobios e aplausos enquanto ele se deleitava com seu triunfo. James resmungou baixinho, mas logo se acalmou com o carinho do pai.
Uma coisa era certa: Gavião Arqueiro nunca errava o alvo. Apesar da hesitação inicial em vestir a fantasia infantil – quase ridícula – de Cupido, ao assumir o papel por completo, ele garantiu que os holofotes estivessem sobre ele nos seus próprios termos, eliminando qualquer chance de os amigos o ridicularizarem.
Entre Barton e Stark, era difícil dizer quem era o mais convencido.
— Esse cara tá se divertindo demais — Tony murmurou, revirando os olhos.
— O plano saiu pela culatra, amigo — Bruce comentou, dando de ombros enquanto a capa cinza ondulava suavemente com o movimento.
Atrás dele, sua esposa segurava Francis, sorrindo divertida. Com um puxão triunfante, o bebê loiro arrancou a peruca azul vibrante de Hades e balbuciou orgulhoso, agitando-a no ar.
— Ma-ma-ma! — sua vozinha sobressaiu ao burburinho.
— Opa! — Betty riu e se apressou em devolvê-lo à mãe.
Bobbi pegou o filho nos braços com uma risada suave.
— Vem, meu amor. Vamos devolver o cabelo do tio Bruce.
Pensando rápido, Clint acenou com os bonecos de pelúcia Agonia e Pânico.
— Ei, campeão, olha só os caras do Hades!
Distraído instantaneamente, Francis largou a peruca em favor de seu novo prêmio
Então, ele envolveu a esposa e o filho em um abraço caloroso. Com as bochechas ainda levemente coradas, Bobbi segurou o bebê deles com carinho, sentindo-se amada ao ser abraçada pelos seus dois meninos.
Sempre impecável, Natasha passou graciosamente pelo Tony e deu um tapinha nas costas dele.
— Pais, um. Tios, zero — provocou, jogando o rabo de cavalo da peruca com um floreio exagerado. Sua interpretação de Mégara estava perfeita, e sua habilidade de manter os meninos na linha? Lendária.
Risos ecoaram pela sala enquanto ela estacionava habilmente o carrinho perto da mesa.
— Ei, quem tá contando? — Bruce protestou, enquanto Betty ajustava a peruca dele.
Stark ergueu as mãos em rendição teatral.
— Quem disse que isso era uma competição?
Calmamente ao lado da esposa, que organizava espaço para o bebê no carrinho, Steve respondeu — Não se preocupe. Não é.
Sua intenção nobre, porém, foi imediatamente distorcida por Pepper, que não perdeu a chance de alfinetar os tios intrometidos – especialmente o marido.
— Claro que não, Steve. Quem seria mais perfeito para encarnar o poderoso deus da força e dos heróis? Nenhuma competição, com certeza — acrescentou, abanando a mão com um sorriso cheio de malícia, enquanto piscava para Natasha.
— Vocês realmente não pensaram direito, né, gênios? — Os lábios da Espiã se curvaram em um sorriso astuto enquanto ela abria as mãos, como se estivesse apresentando a postura impecável do marido. — Hércules.
O vinho relaxou a habitual timidez de Betty que citou uma das musas gregas do filme — Querida, você quis dizer Mus-cules.
Todas as mulheres explodiram em risadas, até Anna, normalmente mais reservada.
Bobbi arfou, surpresa. — Isso é… do filme?
— Essa é a puuura verdade — cantou Betty, sua voz se misturando às gargalhadas ao redor.
Enquanto as mulheres continuavam rindo, os homens reviraram os olhos – exceto Steve, que escondia um sorriso tímido ao embalar James nos braços. Ele já dominava a arte de ficar em silêncio para não ser arrastado para brincadeiras que nunca entendia direito. Ainda assim, também havia aprendido que Natasha e as outras apenas se divertiam – às custas deles.
O som das risadas fez Pepper se lembrar dos velhos tempos, quando a Torre tinha apenas duas mulheres – e elas costumavam se unir para bagunçar a cabeça dos rapazes. O ego de Tony sempre o tornava um alvo fácil e ela adorava especialmente deixá-lo com ciúmes – uma forma justa de retribuir os doze anos em que fora a assistente sobrecarregada do playboy mulherengo. Sua estratégia mais segura sempre foi elogiar o Capitão, cuja completa falta de vaidade e reações educadamente confusas garantiam que não houvesse drama.
Sua cúmplice de travessuras, a Espiã, nunca hesitava em entrar na provocação sempre que surgia uma oportunidade de cutucar o egocêntrico bilionário. Na época, já namorava seu Soldado e queria ver como ele reagiria ao ser o centro das atenções femininas – especialmente de uma mulher de verdade, inteligente e atraente como Pepper, e não apenas das fãs fanáticas. Fiel ao seu estilo, ele sempre se comportou como um verdadeiro cavalheiro.
Hoje em dia, a chegada dos bebês havia reduzido essas brincadeiras, mas momentos como esse mostravam que Natasha não havia perdido o jeito, mesmo enquanto se dedicava à maternidade.
Tony fez uma careta, mas sabia que não valia a pena revidar.
— Sim, sim. — resmungou, acenando para elas enquanto se sentava.
Bruce permaneceu incrivelmente quieto, silenciosamente torcendo para que a confiança crescente de sua esposa não a fizesse entrar na brincadeira permanentemente.
Pepper e Natasha trocaram um olhar cúmplice, saboreando o momento. Provocar Tony com um Steve "inocente" nunca perdia a graça.
Não havia como negar o efeito que o Capitão América original tinha sobre as pessoas. Com 1,88m de altura, um corpo esculpido em forma de V, feições bem definidas e um ar de masculinidade natural, ele não precisava vestir-se como um deus olímpico para encarnar o homem ideal. Mas agora, com seu pequeno bebê aninhado com segurança em seus braços fortes, ele redefiniu o significado de encantador. No entanto, não era apenas sua aparência impecável que chamava a atenção. Era a humildade silenciosa em cada gesto, jamais afetado pela fama ou adulação, e o foco inabalável em sua família. A graça com que abraçava o papel de pai dedicado o tornava verdadeiramente magnético.
Com cuidado, Steve deitou o filho adormecido sobre as almofadas macias, suas grandes mãos gentis, mas precisas. A cena delicada arrancou um suspiro coletivo da sala, embora o próprio pai mal tivesse notado.
Natasha não conseguia tirar os olhos do seu marido enquanto ele se sentava ao seu lado. Inclinando-se, ela depositou um beijo suave em seus lábios, seus olhares se encontrando com uma intensidade que dizia mais do que mil palavras.
Assim que James foi acomodado com os fones de ouvido Stark, feitos para proteger bebês de ruídos, Sneg se aproximou com passos firmes e decididos. O enorme cão sentou-se ao lado do carrinho, olhos vigilantes fixos no bebê adormecido.
— Olha só o Sneg — Betty sussurrou, a voz cheia de admiração. — Que fofo.
Sempre cauteloso, Bruce inclinou a cabeça. — Será que é seguro ele estar tão perto?
Natasha sorriu de leve.
— Ele sempre faz isso. Sempre que o James tira uma soneca, o Sneg fica de guarda. É como se ele achasse que é seu trabalho protegê-lo. Desde o primeiro dia, ele se aproximou do James com o maior cuidado. Não poderíamos ter pedido um cão melhor.
— Com o Francis também — Bobbi acrescentou, enquanto acomodava o filho na cadeirinha acolchoada. — Mesmo quando ele agarra o pelo com força, Sneg simplesmente espera, paciente como um santo, até ele soltar. Um verdadeiro doce de cachorro.
Pepper se derreteu ao ver a cena. — Ele é um protetor.
A chef se aproximou com uma bandeja de bebidas, oferecendo opções não alcoólicas para as mães que ainda amamentavam e vinho para os pais. Ela sorriu ao observar o Sneg.
— Sim, ele é realmente um amor.
— Ele te incomodou muito, Anna? — Steve perguntou, um pouco envergonhado. — Desculpa não ter dado atenção antes, mas ele ficou grudadinho em você.
Clint sorriu, levantando seu copo de vinho.
— A paternidade faz isso com você.
Mas a jovem balançou a cabeça rapidamente.
— De jeito nenhum, Capitão. Quem vê até pensa que ele ia fazer bagunça perto da comida, ainda mais com o tamanho dele, mas vocês o ensinaram direitinho.
— Bom saber disso — o Soldado exalou, aliviado. — Tivemos bastante ajuda e treinamento com o criador.
— Valeu a pena. Ele é incrivelmente bem-comportado. Acho que é por isso que eu adoro tanto ele.
Natasha sorriu, orgulhosa.
— Isso é recíproco, Anna. Só de ouvir seu nome, ele já fica todo animado.
A sala se encheu de risos calorosos enquanto o grupo brindava e compartilhava histórias, o aroma delicioso do banquete grego se misturando ao reconfortante cheiro do vinho, envolvendo todos em uma atmosfera de satisfação. O sorriso tímido de Anna crescia a cada elogio recebido. Quando finalmente chegou sua merecida pausa, ela se acomodou no chão para brincar com Sneg, que abanava o rabo feliz ao seu lado.
Francis explorava seu prato de petiscos apropriados para bebês, mas, assim que James acordou para mamar, o pequeno Cupido imediatamente estendeu os braços pedindo pela mamãe também. Após cuidarem dos bebês no banheiro especialmente adaptado, com área para troca de fraldas e cadeiras de amamentação, as mães retornaram ao grupo e se acomodaram nos sofás do outro lado da sala. Com o caçula agora desperto o suficiente, chegou, enfim, o momento mais aguardado da festa: o tão esperado ensaio fotográfico.
Logo, começaram a encenar cenas divertidas do filme que passava sem parar numa tela ao lado. Zeus e Hera sorriram com orgulho, o bebê Hércules aninhado em seus braços, enquanto Pégaso posava obedientemente ao lado deles. A ousadia de Clint mais cedo parecia ter influenciado Steve, que surpreendeu Natasha ao adotar posturas românticas. Mamãe Psique embalava o pequeno Eros, completo com minúsculas flechas para 'atingir' Mégara, que era cortejada com galanteria por Hércules. Os bebês balbuciavam e riam, seus sons inocentes se misturando harmoniosamente às gargalhadas daqueles que há muito tempo já eram uma família.
Agora desperto e cheio de energia, James agitava dois bichinhos de pelúcia representando os vilões – uma Hidra feroz e um centauro Nessus carrancudo – como se os estivesse derrotando com sua determinação de bebê. Enquanto isso, Francis abraçava um boneco fofo do Phil, o sátiro treinador, suas mãozinhas pequenas agarradas na barba desgrenhada. A brincadeira animada arrancou mais risadas e incentivos dos adultos, que não resistiram a entrar na diversão.
O grupo inteiro se reuniu para posar, tirando inúmeras fotos com os bebês até que os pequenos ficassem cansados. Quando Francis e James finalmente adormeceram, cada um com seu fone de ouvido, os pais aproveitaram a rara oportunidade de relaxar e se entregar a momentos de descontração. Foi então que a verdadeira festa começou.
A criatividade floresceu enquanto Hades, dramaticamente 'atingido' por uma flecha de Cupido, desabava aos pés de sua Perséfone, antes de Zeus desafiar seu irmão para uma luta de boxe simulada. Hera empunhava o raio do marido e ele se defendia com o escudo de Hércules. Vestida de Deméter, deusa da colheita e da agricultura, Anna posava, garantindo que as taças de todos estivessem sempre cheias. As meninas se juntaram para cantar as músicas do filme como verdadeiras musas, enquanto os rapazes assumiram poses heroicas.
Inspiradas pela cena icônica em que Hércules carregou Mégara nos braços, as esposas insistiram em recriar o momento, entre risadas contagiantes. Os quarentões – Bruce, Tony e Clint – logo ficaram competitivos. Apesar dos esforços dos gênios, foi o atlético Arqueiro quem saiu vitorioso, erguendo Bobbi mais alto e com mais firmeza do que os outros conseguiram com suas parceiras.
— Pais, dois. Tios, zero! — declarou Cupido, triunfante, arrancando vaias brincalhonas e aplausos ao mesmo tempo.
Então, todos os olhares se voltaram para o Super-Soldado.
— Vai lá, filho — desafiou Zeus, com um sorriso travesso. — Mostra o que você tem.
Steve abriu a boca para recusar, mas parou ao ver Natasha dar um passo à frente, os olhos brilhando com um ar de travessura. Seu sorriso desafiador o encorajava a entrar na brincadeira. Com um sorriso tímido, ele cedeu e a ergueu sem esforço acima da cabeça usando apenas uma mão. Sempre graciosa, ela se esticou em uma pose de balé impecável, os dedos dos pés apontados elegantemente, enquanto aplausos e assobios enchiam a sala. Com delicadeza, ele a baixou até o chão, arrancando ainda mais aplausos.
— Sua vez, Anna! — chamou a Espiã, com uma piscadela incentivadora.
A chef parou, claramente hesitante.
— Eu posso mesmo? — perguntou timidamente, embora seus olhos brilhassem de empolgação.
— Claro. Só se você quiser. — assegurou o Soldado, estendendo a mão firme.
— Ela é mestre em ioga — garantiu Natasha com confiança.
Com o incentivo, a jovem deu um passo à frente, afastando o nervosismo. Steve também a ergueu com facilidade, e ela, instintivamente, assumiu uma elegante pose de ioga. Aproveitando a oportunidade, Natasha agarrou a mão livre do marido e impulsionou-se ao lado de Anna, equilibrando-se com maestria.
Por um instante, o tempo pareceu parar — o grande Hércules sustentando duas figuras graciosas no alto, emoldurado pela paisagem grega idílica projetada nas paredes. Então, a sala irrompeu em aplausos e risadas, enquanto as duas mulheres saltavam com leveza para o chão, sua alegria se misturando à animação ao redor.
Ofegante e emocionada, a chef abraçou Natasha com força antes de se virar para Steve, os olhos brilhando.
— Isso foi incrível, Capitão! Obrigada de verdade! — exclamou, radiante. — Melhor dia da minha vida!
Os lábios do Soldado se curvaram em um sorriso suave.
— Você se saiu muito bem — elogiou, ignorando qualquer crédito para si mesmo.
Momentos como aquele lembravam aos heróis o quanto essas pequenas alegrias significavam para pessoas comuns, ajudando a conectá-los à sua humanidade e reacendendo seu senso de propósito. Ele olhou para sua esposa, a gratidão brilhando nitidamente em sua expressão.
Quebrando o momento reflexivo com um grito triunfante, Clint ergueu a mão no ar, mexendo os dedos animadamente.
— Três… não, espera… quatro a zero!
Bruce balançou a cabeça, rindo, enquanto Tony jogou as mãos para cima em uma rendição dramática.
— Isso não é justo! Ele pode carregar todos nós de uma vez!
— Pode? — Bobbi perguntou, a curiosidade cintilando nos olhos.
— Nem pensar — Steve respondeu prontamente, balançando a cabeça com firmeza e indo direto para o sofá antes que alguém sugerisse mais demonstrações de força. Quando Natasha se aconchegou ao lado dele, ele passou um braço por seus ombros – embora estivesse claro que era ele quem buscava refúgio.
Os outros seguiram o exemplo, ainda rindo enquanto a energia descontraída pairava no ar como um velho amigo que se recusa a ir embora.
Sempre cientista, Betty se inclinou para frente, a curiosidade brilhando em seus olhos. Tendo contribuído para a criação do soro de Bruce e, mais tarde, participado da equipe responsável por descongelar o Capitão América, ela era uma das poucas especialistas vivas com um raro conhecimento sobre a criação do lendário Super-Soldado. Embora ainda estivesse longe de compreender todos os seus mistérios — a replicação com sucesso permanecia inalcançável mesmo após décadas — sua experiência a diferenciava.
— Bom, enquanto estudava seu soro, Cap, me deparei com algumas coisas interessantes nos arquivos do Smithsonian.
A Espiã, que passara anos analisando arquivos confidenciais da SHIELD sobre seu agora marido, inclinou a cabeça, intrigada.
— Que tipo de coisas?
— Contos de guerra — seu Soldado murmurou, sua voz baixa, claramente desejando mudar de assunto.
— Isso parece promissor — Bruce comentou, inclinando-se para frente com interesse.
Animada com a atenção, Betty continuou — É verdade que uma vez você segurou um pinheiro de quase 5 toneladas para salvar um grupo de soldados?
— Também li isso — acrescentou Natasha, e se virou para olhar para o marido.
— Eles não tinham como saber o peso exato — desconversou Steve, sem jeito.
— Disseram que o jipe foi esmagado — Betty explicou, arqueando uma sobrancelha.
— JARVIS? — chamou Tony, ainda incrédulo.
A IA respondeu com naturalidade — Com base nos danos ao veículo, a árvore provavelmente pesava entre 4,7 e 5 toneladas.
Bruce soltou um assobio baixo.
— Impressionante.
— O jipe só ficou amassado — retrucou o Soldado.
Cruzando os braços, Tony bufou, exagerando na dramatização.
— Sabe, Cap, nos conhecemos há anos e ainda não faço ideia do que é real e do que é exagero. Me sinto enganado.
O tom provocativo na voz dele era inconfundível, mas havia sinceridade suficiente para fazer Steve hesitar por um instante. Ele revirou os olhos, um sorriso tímido surgindo em seus lábios.
Percebendo a deixa, Bobbi abriu um sorriso brincalhão.
— Ouvi dizer que o Fury comentou uma vez que você já fez supino com um Toyota.
— Esse boato ainda circula — Clint confirmou com um aceno, claramente entretido.
— O Coulson disse a mesma coisa — Natasha disse, com um tom intrigado. — Você fez?
— Não. — Steve esclareceu. — Carros não são feitos para isso. Explica pra eles, JARVIS.
— Levantar um carro, como um Toyota, no supino seria desafiador devido à distribuição irregular do peso — a IA afirmou com naturalidade. — É completamente diferente de erguer uma barra de peso balanceada.
O Soldado mostrou a palma da mão e deu de ombros sem entusiasmo. — Não sou o Hulk.
Interessado, Bruce estreitou os olhos.
— Então… quanto você realmente aguenta?
Steve piscou, pego de surpresa
— Eu... eu não sei. — E, sinceramente, torcia para nunca precisar descobrir.
Tony se adiantou rapidamente.
— Bom, eu sei. Construí aquele assistente robótico pra você porque você faz supino com 1.000 quilos e levanta 360 acima da cabeça.
Algumas cabeças se viraram, surpresas.
— Também faz rosca com 230 quilos — Clint acrescentou, prestativo.
O olhar de Natasha brilhou com um orgulho discreto.
— Mas isso é só o aquecimento, né?
O treinamento nunca foi sobre testar limites — apenas manter o preparo físico. Sob os olhares atentos do grupo, seu marido se remexeu, desconfortável.
— É… pra manter a forma — admitiu relutante.
Steve não mentia. Mas, às vezes, poderia omitir a verdade. Só nunca para ela.
Tony bufou. — Se isso é só pra manter a forma, como é que você faz pra se exibir?
— E o pior é que ele nunca se exibe — Clint comentou, balançando a cabeça.
A Espiã arqueou a sobrancelha, sorrindo de canto.
— Diferente de vocês dois, né?
Seu olhar alternou entre Barton e Stark. Os dois estreitaram os olhos, fingindo-se ofendidos, enquanto suas esposas riam baixinho.
Voltando ao assunto, Bobbi perguntou — JARVIS, quanto pesa um Toyota?
— Dependendo do modelo, varia entre 1.300 e 1.700 quilos, Senhora Barton.
— Mais leve que aquele pinheiro — Betty destacou com um sorriso.
— Exato. Só adicionar 150 kg de cada lado da barra, e pronto, peso de um Toyota — Tony concluiu com um sorriso satisfeito.
Bruce assentiu pensativamente. — Talvez seja isso que Fury quis dizer.
— Então, no fim das contas, Steve pode mesmo levantar um carro? — Pepper perguntou, genuinamente surpresa.
Antes que o Soldado pudesse responder, Clint se adiantou.
— Ah, claro. Ele sempre tira os carros do caminho durante as missões.
— Esquece a transportadora, querida. Só chamar o Steve — Tony zombou, saboreando o momento.
Betty sorriu. — E uma moto com três dançarinas em cima, JARVIS?
— Uma motocicleta cruiser média pesa entre 270 e 360 quilos, Senhora Banner. Assumindo que cada dançarina pesasse aproximadamente 68 quilos, o total ficaria entre 474 e 564 quilos.
Pepper repreendeu de brincadeira.
— JARVIS! Nunca se fala o peso de uma mulher.
Uma onda de risadas se seguiu, amplificada apenas quando a IA respondeu em seu tom calmo de sempre.
— Minhas desculpas, Senhora Stark.
O que fez o grupo rir ainda mais.
Ouvindo atentamente cada palavra, Anna não conseguiu se conter.
— Isso não é do filme do Capitão América? Os shows? Então… aconteceu mesmo?
Steve coçou a nuca.
— Sim. Pra vender bônus de guerra.
— Com cabos de segurança? — Natasha perguntou, inclinando-se com curiosidade genuína.
—Não. Os cabos teriam ficado visíveis pro público — ele explicou, meio sem jeito. — Mas a moto tinha suportes reforçados pra equilibrar melhor o peso, sabe? Pra reduzir o risco delas caírem.
— Então era ainda mais pesada? — Clint arqueou a sobrancelha.
— Bom, é… só pra dar mais estabilidade no show.
— Sabe de uma coisa? Parece que foi divertido — Pepper murmurou, achando graça na ideia.
— Talvez a gente possa tentar isso depois — Betty sugeriu com um brilho travesso nos olhos.
Steve ergueu a mão de imediato. — De jeito nenhum.
O riso explodiu mais uma vez, preenchendo o ambiente com aquele caos leve e familiar.
— O que mais? — A Espiã perguntou, o tom leve.
Seu marido lhe lançou um olhar que dizia claramente: Não os incentive.
Mas os olhos de Betty brilharam instantaneamente.
— Ah. Que você correu uma distância de 1,6 quilômetros em pouco mais de um minuto.
Steve vacilou, prendendo a respiração por um instante. As memórias vieram à tona — carregando um Bucky ferido, correndo contra o tempo, forçando seu corpo além de qualquer limite imaginável. O peso daquele dia apertou seu peito. Ele engoliu em seco, forçando tudo para o fundo da mente.
A testa de Natasha franziu levemente, uma preocupação silenciosa passando por seu olhar. Com um aperto suave em sua mão, ela o trouxe de volta ao presente.
Ele soltou o ar devagar. — Quase dois. — disse baixinho. Quase não foi o suficiente.
Sem perceber seu conflito interno sob sua postura tranquila, os amigos continuaram a conversa.
— Ainda assim, impressionante — Bruce comentou, refletindo a admiração geral pelo Capitão.
Tony se animou. — JARVIS, qual é o recorde?
— O recorde mundial da milha, aproximadamente 1,609 km, é de 3 minutos e 43,13 segundos, estabelecido em 1999 pelo corredor marroquino Hicham El Guerrouj.
Clint sorriu, visivelmente se divertindo.
— Então Steve é mais rápido que o Bolt?
— Percorrendo a mesma distância em 2 minutos, a velocidade média do Senhor Rogers seria de aproximadamente 48,28 km/h, superando o recorde de velocidade de 44,72 km/h do jamaicano Usain Bolt em 2009 nos 100 metros rasos — a IA confirmou.
No entanto, essa não era uma corrida que o Soldado queria lembrar. Ele respirou devagar, afastando as lembranças antigas. Mas algo continuava inquietando seu pensamento.
— Chega de falar de mim, JARVIS — redirecionou firmemente, o tom controlado.
Bucky estava trabalhando naquele dia — Steve sabia disso. Mas alguém mais estava ausente.
— Sabe quem é realmente rápido? O Sam. — Seu olhar se aguçou. — Onde ele está, afinal?
A atmosfera animada perdeu o brilho quando o grupo trocou olhares incertos.
— O Senhor Wilson está no térreo, no shopping dos Vingadores — informou a IA.
— Ele disse que ia esperar o mágico lá embaixo — acrescentou Pepper, a dúvida transparecendo em sua voz. — Ia organizar o show pros bebês.
— Mas isso já faz umas duas horas — murmurou Tony, a suspeita evidente em seu tom. — JARVIS, liga pro Sam.
— Imediatamente, senhor.
Enquanto aguardavam, um silêncio se instalou entre eles, e a leveza de instantes atrás deu lugar a uma curiosidade silenciosa.
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Nota da autora: Muito obrigada por ler! Escrever é um trabalho solitário, um verdadeiro ato de amor. Só podemos crescer e encontrar motivação com feedback dos leitores. Suas opiniões são sempre muito importantes para mim. Por favor, deixe um comentário!
REFERÊNCIAS:
QUADRINHOS MARVEL:
Avengers: Roll Call Vol 1 (2012) #1 — Steve levanta 363 kg (800 lbs).
Avengers Vol 1 (1978) #170 — [Hank McCoy] — Rosca direta com 226 kg (500 lbs) na barra?
Captain America Vol 1 (1992) #402 — Steve faz supino com um total de 1.000 kg (2.200 lbs) como aquecimento.
Captain America: 65th Anniversary Special Vol 1 (2006) #1 — [Steve] Consigo correr 1,6 km (uma milha) em pouco mais de um minuto.
Ultimates Vol 1 (2004) #13 — [Fury] O homem que pode fazer supino com um Toyota…
Ultimates 2 Vol 1 (2005) #5 — Steve impediu que um pinheiro de 5 toneladas curtas (aproximadamente 4,5 toneladas métricas) caísse sobre um grupo de soldados.
FILME:
Hércules (1997) — [Musa] Querida, você quer dizer "Mus-cules". (…) Essa é a pura verdade.
