JAMES SIRIUS POTTER

Electra fez uma varredura extensa não só pela casa, mas também pelo terreno, alegando que gostaria de ter acesso à floresta mágica pura e simplesmente porque ali provavelmente haveriam ingredientes necessários para o preparo de poções - fossem venenos, antídotos ou poções curativas.

- Venenos? - eu questionei, quando ela se deu por satisfeita, depois de ver ambos os bisavós amarrados junto de mais cinco comensais da morte, incluindo Mulciber e MacNair.

- Sim. - ela olhou para mim, depois que os nossos irmãos sumiram com eles no ar, acompanhados por Evan. - Vamos conjurar o Fidelius primeiro. Discutiremos venenos mais tarde.

- O que deu em você para se tornar tão sanguinária? - eu não aguentei a pergunta. Electra contraiu o corpo como se eu a tivesse estapeado. Eu me arrependi de causar essa reação, mas ainda queria uma resposta. - Electra. Maldições Imperdoáveis, quase assassinato de Rosier, está falando em venenos. Pelo amor de deus. - eu segurei o rosto dela com as minhas mãos, desesperado. - O que aconteceu?

- Vamos garantir a segurança da casa. Por favor. - ela abaixou as minhas mãos. Os dedos dela estavam gelados e trêmulos e os olhos cinzas sem qualquer resquício da fúria que eu havia visto há menos de uma hora.

- Quando a casa estiver segura e nós estivermos sozinhos, irá me explicar? - eu passei a mão pelo rosto, cansado. Ela acenou que sim. - Tudo bem. Vou conjurar e você será a Fiel do Segredo.

- Certo. - ela olhou em volta. - Depois vamos conjurar uns feitiços de proteção. Para garantir.

- Iremos. - eu ignorei a dor nos músculos e ergui a varinha, me preparando mentalmente para o feitiço exaustivo e complexo.

Aquilo seria difícil.


Electra mandou um recado via patrono que a Mansão estava segura no quesito Feitiço Fidelius e feitiços de proteção e que ela e eu iríamos vasculhar mais um pouco a casa. Ela revirou a cozinha cheia de comida, depois de lamentar o elfo doméstico morto - eu o enterrei com magia antes que ela entrasse em crise e fugisse do assunto que mais me preocupava: ela.

- Não está envenenado. Essa é a comida para eles. - eu sentei em uma cadeira de madeira, dura, na cozinha, onde certamente os Nott não faziam suas refeições.

Electra me imitou, depois de pegar uma garrafa de whisky de fogo de uma marca cara, e sentou de frente comigo, enchendo dois copos enquanto eu dividia o pão e a carne entre nós dois.

- Então. - eu olhei a garota. Els empurrou um copo na minha direção e, em seguida, virou o próprio copo de uma só vez.

- Então. - ela piscou com força, a voz rouca pelo álcool. - Eu sei que não deveria. Nem achei que fosse ser capaz de conjurar. Eu só… Eu estava tão brava, tão… - Electra pousou a mão sobre o peito. - Eu sei o que você viveu. Eu senti tudo.

- As maldições? - eu encarei a garota, sentindo meu estômago afundar. Electra acenou que sim:

- Parecia que facas estavam sendo enfiadas no meu corpo e torcidas. Elas começavam por aqui - ela apontou a runa que eu tinha desenhado sobre o coração dela. - e depois irradiavam para o restante do meu corpo. Vivi toda e cada uma das coisas que você viveu e depois eu cheguei aqui e vi… - Electra sacudiu a cabeça. - Você, minha irmã, Aric e Remus. Minha família estava ferida e nem podia se defender e eu senti tanta raiva. Tanta, tanta raiva. - Els fechou os olhos. - Eu só queria que eles pagassem por tudo o que fizeram a vocês.

- Eu entendo. - eu girei a bebida no copo e voltei a olhar a Black na minha frente, que agora encarava a mesa de madeira, parecendo incapaz de me encarar. - E… Você acha que o seu Avada funcionaria? Se tivesse acertado?

- Papai me disse, uma vez, que maldições desse tipo só funcionam quando temos vontade e poder o suficiente para que funcionem. Que eu até poderia tentar conjurar um Avada com quinze anos, mas a chance de sucesso era pequena por falta de treinamento e porque eu não queria machucar ninguém de fato. - ela ponderou. - Mas eu queria machucá-lo. Eu o queria morto por tudo o que fez. Então, talvez sim.

Eu tomei um gole da bebida, respirando fundo:

- Só me prometa que vai evitar esse tipo de coisa no futuro, Els. - eu pedi e ela acenou que sim. - E sobre essa runa…

- Nós somos mais sensíveis ao outro do que o normal porque você é Legilimente. Eu tenho minhas proteções, mas eu nunca as levantei contra você. - Electra disse, rapidamente. - Eu só diminuí a influência disso e, bom, eu sabia o que estava acontecendo, mas não senti e nem vivi mais.

- Bom. - eu virei o restante da bebida que tinha no meu copo, enquanto Electra brincava com o pedaço de pão. - E aquela coisa sobre venenos?

- Temos apenas dois dentes de basilisco agora. - ela encolheu os ombros. - É bom ter um plano B e esse lugar é cheio de possibilidades de magia negra o suficiente para destruir uma Horcrux. - ela explicou.

- Só temos mais duas Horcruxes para destruir. - eu lembrei.

- Sim. Mas gosto de ter um plano B. Você sabe que o medalhão será um pesadelo. - ela disse, pacientemente. - Apenas Regulus e um de nós poderá ir. Então, é melhor ter um plano B porque a chance de tudo dar errado é maior.

- Apenas Regulus e mais uma pessoa podem ir à ilha. Não significa que só irão duas pessoas. - eu encarei a garota, que encolheu os ombros:

- Só pontuei. - Electra suspirou. - Algo mais?

- Você realmente sentiu as maldições? O afogamento? - eu questionei. Els acenou que sim, o rosto inexpressivo. - Acha que é seguro mantermos essa runa?

A runa no meu peito se encheu de ansiedade e agonia.

- Está terminando comigo? - a voz dela soou trêmula.

- Não! Santo Deus, não. - eu arregalei os olhos, agora o meu coração saltando do peito. - Eu só estou preocupado que esta runa possa nos trazer problemas em próximas missões ou outras situações.

- Eu bloqueei parte da influência dela com Oclumência. - ela repetiu. - Isso minimizou tudo. Eu sei o que você sente, mas não na mesma intensidade que antes.

O que significava que o que eu tinha sentido com aquela runa tinha sido minimizado comparado com o que ela tinha sentido quando eu cogitei a retirada da runa.

- Então mantemos a runa. Assim eu saberei sobre você e você sobre mim. - eu me levantei com certa dificuldade, incapaz de segurar o grunhido de dor ao mancar até ela, do outro lado da mesa. Els deixou que eu sentasse à esquerda dela, mas manteve as mãos ocupadas despedaçando o pão, cheia de ansiedade. - Eu não vou deixar você.

- Por que teve dúvida da runa?

- Porque, nesse dia e meio, o meu maior medo era que você sentisse algo. Eu não me importava se morresse, desde que você não sentisse as torturas. - eu puxei Electra para perto e ela suspirou, deixando que eu beijasse a bochecha dela. - Só isso. E isso pode acontecer de novo, então…

- Não vai acontecer de novo. Cometemos um erro e não iremos repeti-lo. - Electra me interrompeu. Eu beijei a cabeça dela:

- Tudo bem. Não vai acontecer de novo. - eu cedi, mesmo sabendo que provavelmente não era a verdade. - Nós devemos um favor a Aric. Ele se dispôs a ficar ao lado de Voldemort se isso significasse que nós três fôssemos libertados. Ele iria se sacrificar por nós.

Electra ficou em silêncio, respirando lentamente, assimilando a informação.

- A mãe dele foi morta na nossa frente, nas primeiras horas em que estivemos aqui. - eu continuei e Els se encolheu. - Precisamos encontrá-la e dar um enterro digno a ela. Por Aric.

- Por Aric. - Electra olhou para mim e me imitou quando eu fiquei de pé. - Você deveria ir para casa. Posso levar você e eu volto com Evan para procurar por ela.

- Não. Eu faço isso. Eu devo minha vida a ele. - eu insisti e saí na frente. - Já que estamos aqui e vamos procurar por ela, vamos dar uma checada na Mansão. Talvez tenha algo interessante escondido por aqui.

Electra concordou, com um murmúrio, e me acompanhou na busca pelo corpo.

ELECTRA ADHARA BLACK

Não foi nada fácil procurar pelo corpo da mãe de Aric. Menos fácil ainda foi lidar com as minhas emoções para fazer o que precisava ser feito: dar um enterro digno à Sra. Nott.

O corpo dela estava enterrado sob uma árvore, a única coisa que nos dava alguma pista sobre a identidade dela eram as roupas, já que o rosto estava machucado - James as reconheceu imediatamente. O corpo da mulher estava intacto, graças ao frio, então enterrá-la foi mais fácil do que eu tinha antecipado.

Ainda assim, nada me preparou para o mausoléu no terreno.

- E eu achando que os Black eram sombrios. - eu murmurei sob a respiração. James me olhou de canto de olho e eu apenas encolhi os ombros, enquanto levitava o corpo da mulher para a cova que ele tinha cavado com magia. - Nós temos um mausoléu, mas é em um cemitério, não na nossa casa de campo.

- Certo. Porque um mausoléu é super comum e nem um pouco macabro. - James respondeu, colocando a terra sobre o corpo dela com um aceno de varinha. - Algo mais?

- Vamos ver a Mansão de forma mais completa depois. Tenho certeza de que existem feitiços que precisam de sangue Nott para abrir e eu, infelizmente, não tenho ascendência próxima o suficiente. - eu suspirei. - Vamos para casa.

James entrelaçou os dedos nos meus e me levou para fora do mausoléu, selando a construção de pedra escura com um aceno de varinha antes de irmos até a floresta para aparatarmos para casa.


Evan, Sirius e Alyssa nos esperavam pacientemente, na sala de estar da mansão. Os três ergueram as sobrancelhas quando eu entrei na casa, com James apoiando o braço sobre os meus ombros.

Ele tinha tolerado muita dor e fraqueza e a aparatação o desestabilizou o suficiente para fazer meus alarmes soarem.

Eu devia ter insistido para que ele viesse para casa.

- Conte a eles. - James olhou para mim, quando Caradoc desceu a escadaria a passos largos e passou um braço em torno do tronco dele e colocou o braço de James sobre os próprios ombros. - Eu estou bem. Ela me mandou vir embora e eu não quis.

Caradoc me encarou e eu encolhi os ombros:

- Nós tínhamos coisas a discutir.

- Coisas? - Dearborn ergueu as sobrancelhas escuras e espessas.

- Coisas. - eu repeti. - Mas eu devia ter insistido mais.

- Eu estou bem. - James pareceu impaciente. - Só preciso dormir um pouco e estarei em ótimas condições para continuar nossas missões.

- Você vai subir e ser diagnosticado por Fabian. Então nós pensaremos em próximas missões. - Caradoc ajudou James a mancar até o pé da escada. - Depois você pode visitar seu marido. No momento ele é um paciente rebelde.

- Vejo você mais tarde. - eu olhei James, que suspirou e lançou um olhar mal-humorado para Caradoc:

- Eu vou dormir no meu quarto. E se você pensar em me impedir de ficar perto dela agora, vai entender porque nós somos um casal. - ele alertou. Dearborn revirou os olhos, sem responder, e levou James escada acima.

- Eu não sabia que você era casada. - Alyssa sorriu para mim, os olhos azuis claros cheios de curiosidade.

- Perante a Magia Ancestral, sim, mas não na lei. Pelo menos, - eu me sentei de frente com os três, na poltrona fofa, ignorando as pegadas enlameadas que deixei pelo piso claro. - é o que Evan me disse.

- Electra e James desenharam a runa um no outro. - Evan olhou para a namorada.

- A Runa? - ela arregalou os olhos e ele acenou que sim. - É um compromisso maior do que os papéis assinados. Suas almas estão entrelaçadas. - Alyssa disse, séria.

- Nossas almas estavam entrelaçadas muito antes disso. - eu suspirei. - E, pelo o que eu tinha encontrado até então, era uma runa de ancoragem. Eu não sabia, mas não é como se fizesse diferença. Ele é James e eu sou Electra. - eu repeti a explicação que dera a eles quando James e eu começamos a namorar. - É tão fácil e natural quanto respirar.

- Como respirar. - ela sorriu para mim. - É uma forma muito bonita de explicar o que vocês têm.

- É a verdade. Sempre foi assim e sempre será assim. - eu encolhi os ombros. - Então, o que precisamos discutir? Vocês não estariam todos aqui se não fossem me encurralar, James junto ou não.

- Alyssa foi informada sobre sua ascendência. - Evan olhou para mim e depois para a namorada, que corava. - Ela sabe sobre nosso casamento e sobre sua mãe. E, claro, sobre ela e o filho de Sirius e o consequente nascimento de vocês três.

- Ah. Pelo menos isso já foi esclarecido. - eu me recostei na cadeira. - O que mais?

- Como vocês vão voltar para casa? - Alyssa perguntou, curiosa. Eu sorri:

- A Runa de Ancoragem era para isso. Eu precisava acessar Magia Ancestral porque estou no processo de criação de uma nova Runa que precisa de Magia Ancestral para ser ativada da forma que precisa, senão será apenas um punhado de rabiscos. - eu expliquei. - James foi minha âncora.

- Magia Ancestral é proibida. - ela abaixou a voz, olhando em volta, ansiosa.

- Muitas coisas são proibidas, mas são necessárias. Eu preciso ir para casa, então eu precisava da Magia Ancestral. - eu expliquei. - Algo mais?

- Vai explicar o uso de Maldições Imperdoáveis? - Evan me encarou. Sirius permaneceu quieto, ainda me avaliando como se eu fosse uma oponente e não a neta dele.

Eu respirei fundo:

- Eu já expliquei a James.

- Ele não me deve explicações, você sim. - Evan rebateu. Sirius fez uma careta e Alyssa olhou de Evan para mim, franzindo o nariz.

- Eu não devo explicações a ninguém além de James. - eu fiquei de pé, impaciente. - Mas se quer saber, então vamos lá. Eu senti cada uma das torturas que ele viveu. Eu vi minha irmã e meus amigos torturados. Eu estava furiosa e não estava sendo racional e eu sinto muito que eu tenha tentado matar seu pai, mas se pensa que eu irei dizer que sinto muito que eu o joguei pela janela, então passou meses convivendo comigo sem me conhecer de fato.

- Eu vi que você viveu todas as torturas dele. - Evan também ficou de pé. - Mas você me deve explicações sim. Eu sou seu avô, a única pessoa além de Sirius a quem você dá ouvidos de fato. Usar magia desse tipo corrompe a alma, Electra. E eu não quero sua alma corrompida.

- Eu não tive sucesso na minha tentativa. - eu rebati. - E não vejo você com esse papo para cima do Alvo.

- Alvo é um Potter, portanto responsabilidade deles e não minha. Você é minha responsabilidade, Electra, e eu estive do outro lado por tempo suficiente para saber os riscos que você correu! - ele jogou os braços para cima, exasperado. Alyssa ficou de pé:

- Ev, querido. Sente-se.

- Aly…

- Sente-se. - ela repetiu e Evan obedeceu, ignorando o olhar chocado de Sirius. - Electra, por favor, sente-se também.

Eu trinquei os dentes e obedeci, encarando a bruxa tão parecida com a minha mãe que fazia meu coração doer.

- Erros foram cometidos durante o resgate que vocês realizaram e eu sei que essas maldições são um assunto delicado para você, Ev. - ela encarou meu avô, séria. - Mas ela também agiu de forma emocional. A família dela estava em risco e ela não pensou, só agiu.

- É um risco…

- É um risco alto, mas você teria feito a mesma coisa.

- Eu não…

- E se fosse eu, no lugar deles? Julgaria Electra, ainda assim? - Alyssa olhou Evan, que piscou. - Porque se eu entendi a situação entre ela e o garoto Potter, então estamos vivendo a mesma coisa. Ele é o Evan dela e ela é Alyssa dele. - ela manteve os olhos sobre ele e Sirius ergueu as sobrancelhas, ainda quieto.

- Entendo. - Evan parecia estar engolindo um ovo de avestruz, dada a voz engasgada.

- Então espero que esse assunto não seja retomado. Ela fez o que precisava ser feito. O que você teria feito. Não seja cruel com a menina. - Alyssa encerrou o assunto e olhou para mim. - Não se preocupe. Está tudo claro agora. Você não fez nada de errado. Sirius, por que não a leva para a enfermaria? Ela deve querer ver a irmã.

Sim, por favor.

Eu precisava ver Anabelle.

E Aric e Remus.

- Claro, Alyssa. - Sirius ficou de pé e me esperou no pé da escada. - Vamos, Els.

- Eu nunca vi alguém comandar ele daquele jeito. - eu comentei, quando estávamos longe o suficiente do casal. Sirius abriu um meio-sorriso:

- Ah, é bom. Muito bom. Ele é um pé no saco.

Eu não segurei uma risadinha e segui meu avô até a enfermaria.


- Está dizendo que Evan tentou dar lição de moral para você e acabou levando um esporro da namorada? - Aric parecia encantado, apesar de estar sendo ainda curado por Fabian dos cortes nas costas. O pai dele havia jogado uma poção que atrasava a cicatrização e o Prewett tinha passado um bom tempo tirando a coisa dos ferimentos dele antes de começar o processo de cura.

Remus tinha sido o primeiro a ser cuidado e dormia a sono solto em uma das macas, flanqueado por Pontas, Lily e agora Sirius. Pontas tinha os olhos inchados de chorar, mas mantinha guarda sobre o melhor amigo como se esperasse um ataque a qualquer segundo.

- Sim, é exatamente isso que estou dizendo. - eu respondi, sentada na maca de James, ao lado dele e de frente com o garoto. Minha irmã estava na maca vizinha à de James:

- Eu não entendo. Você não fez nada de errado. - ela defendeu. James suspirou, passando o braço em torno da minha cintura:

- Algumas situações pedem medidas extremas, Anabelle, mas seria melhor se a gente não fosse ao nível deles. - ele disse, suavemente. Ele tinha recebido uma poção para os espasmos musculares e a dor, mas, fora isso, estava fora de perigo.

Ele era o que estava em melhor forma dos três, exceto por Anabelle - ela estava sendo mantida ali pura e simplesmente porque Alvo e Cygnus exigiram dois dias de vigilância sobre ela.

Fabian não teve paciência de argumentar e aceitou o pedido, voltando a focar nos cuidados de Aric.

- Se ele vai brigar com você porque você mirou errado uma Maldição da Morte, então ele deveria vir brigar comigo que castrei MacNair e arranquei o olho de Mulciber. - Anabelle ignorou James veementemente, ainda me encarando.

Eu pisquei:

- Foi você? - eu perguntei, a minha voz um pouco mais aguda que o habitual.

- Você vai descobrir que Al e Cyg são menos sanguinários que a sua irmã, amor. - James murmurou à minha direita.

- Quem mais seria? Eles foram direto para Remus e James, julgando que eles ofereciam mais risco entre nós quatro. - Anabelle soou um tanto ofendida. - Eu concordo, em partes, mas eu poderia ter fugido se quisesse!

- E por que não fugiu? - Aric olhou a garota, agora sério.

- Eu não deixaria vocês para trás. - ela respondeu. - E aí eu tirei o olho de um e castrei o outro. me viram como ameaça e eu fui amarrada.

- Você castrou MacNair e arrancou o olho de Mulciber? - Alvo pareceu encantado. Cyg revirou os olhos, fazendo uma careta de nojo. - Eu poderia casar com você agora.

- Não, não poderia. - eu, Cyg e Sirius cortamos o garoto, enquanto Anabelle ria.

- Por favor, diga que eles gritaram de dor. - Alvo olhou minha irmã, os olhos cheios de esperança.

- Eles gritaram e teve muito sangue. - Bells respondeu, com doçura. Alvo sorriu beijando a bochecha da minha irmã:

- Muito bem, meu amor. - ele elogiou. - Na próxima, mate-os.

- Alvo. - Lily alertou. - Sem Maldições Imperdoáveis.

- Ela encontra outra forma. - Alvo pareceu despreocupado. - Então. O que acharam naquela mansão assombrada?

Nós realmente iríamos falar de qualquer coisa que não fosse Fleamont e Euphemia.

- Foi uma olhada bem básica. - eu suspirei, brincando com o cobertor sobre as pernas de James. - Encontramos o elfo.

- Meu pai o matou na tentativa de me fazer falar. Ele só não contava que eu odiava o elfo por ajudar meu pai a me punir. Ele achava que era mais degradante ainda ser punido por um elfo doméstico. - a voz de Aric não tinha emoção alguma.

- Nós o enterramos onde vimos estar o restante dos elfos da sua família. - James disse, olhando Aric, que pareceu despreocupado.

- Algo mais? - Aric perguntou, quando o silêncio ficou longo demais.

- Nós… Encontramos sua mãe. - eu respondi, hesitante. Aric me encarou, surpreso, e depois voltou a encarar os cobertores. - Ela estava sob uma árvore em uma cova rasa. James e eu a colocamos para descansar no Mausoléu da sua família.

- Obrigado. - a voz dele soou embargada, mas ele não ergueu os olhos do cobertor.

- Eu sinto muito, Aric. - eu disse, com sinceridade. - Fizemos o que podíamos. Mas eu sinto muito que não pudemos fazer mais.

- Haverá mais um funeral em breve. - Aric disse, a voz rouca. - Podemos honrá-la, se Potter permitir.

- Claro que iremos honrá-la. - Pontas encarou Aric como se ele tivesse duas cabeças. - Ela morreu protegendo vocês. Meus pais morreram nos protegendo. O corpo da sua mãe já descansa no mausoléu da sua família, mas os meus pais ainda estão sendo preparados para isso. Iremos fazer uma cerimônia para eles e para sua mãe.

- Quando será? - Cygnus perguntou, a voz séria demais.

- O mais rápido possível. Caradoc e Gideon saíram para fazer os arranjos. - Lily respondeu. - Queremos que descansem e, depois, voltaremos à guerra. Já perdemos gente demais.

Pontas acenou com a cabeça e voltou a olhar o chão, girando a varinha entre os dedos. Sirius apertou o ombro do melhor amigo e olhou para Remus, do outro lado. A pele dele estava vermelha, como se tivesse sido escaldada, e cheia de bolhas.

- Nós o tiramos a tempo. - Sirius comentou.

- Se não seria mais uma morte para a nossa conta. - Pontas trincou os dentes. - Seria quatro, ao invés de três. E teríamos que contar aos pais dele.

Eu massageei o peito, angustiada:

- Não iremos contar a eles sobre o sequestro?

- Bem, se contarmos eles virão aqui. Todos eles. - Pontas me encarou, sério. - E isso trará mais risco do que já estamos vivendo. Eu sugiro esperarmos ele acordar para decidir o que quer. Por mim, quando ele estivesse estável o suficiente, mandaríamos ele ficar com a família enquanto se recupera. Eles claramente odeiam Remus. Lily poderia ir junto, para ajudar na recuperação…

- Eu não vou sair daqui. - a Evans foi firme. - Aonde você for, eu irei, até o fim. E Remus não irá se esconder. Mais do que nunca, agora ele vai tomar mais parte ativa na guerra. Ele estava bradando sobre Anabelle o tempo todo em que esteve consciente.

- Foi covarde da parte de meu pai. - Aric encarou Lily. - Mas Alvo já o fez pagar. Nunca vi uma Cruciatus tão potente na primeira vez.

- Eu sou muito bom até nas primeiras vezes. - Alvo soou convencido. Eu não segurei uma risada e James engasgou do meu lado. Cygnus olhou o amigo, semicerrando os olhos. - Eu sou um bruxo talentoso!

- E ele se afunda cada vez mais. - James comentou, rindo baixinho.

- Ele vive? Nott, eu digo. - eu olhei Aric, tirando a atenção do meu irmão de Alvo. Cygnus não desviou o olhar do Potter, que fingia não ver o melhor amigo, mas eu via ele se mover quase mecanicamente, como se só agora notasse as diversas conotações do que tinha acabado de dizer.

- Infelizmente sim. Mas está sendo mantido sedado. Cyg disse que explicou como uma Cruciatus mal mirada. - Aric suspirou. - Espero que ele tenha complicações.

- Ou eu posso entrar em St. Mungus e… - eu comecei e Sirius bufou:

- Por que você tem essa mania de invadir os lugares?! - ele pareceu exasperado. - Primeiro a Câmara Secreta, depois Grimmauld Place e aí a Mansão Nott. Qual é o próximo, a Mansão Lestrange?

- Se a Taça estiver lá, sim. - eu respondi, com simplicidade, e voltei a olhar Aric. - Eu posso entrar lá. Se ele morrer, ninguém vai estranhar porque ele está grave. É só me dar permissão, Aric.

- Por mais que eu goste da ideia, se alguém for matar meu pai, será eu. - Aric sorriu para mim, com carinho. - Mas obrigado por oferecer ajuda.

- Sempre que precisar. - eu respondi e James beijou o meu ombro, com carinho:

- Você é terrível. - ele murmurou. - E Rosier e Yaxley?

- Ambos gravemente feridos, em estado pior que Nott. - Fabian falou pela primeira vez desde que eu havia entrado. - A queda foi feia. Eles estavam inconscientes e foram incapazes de tentar amortecer o impacto.

- Uma pena. - eu disse, seca, arrancando uma risadinha de James.

- O que ela está dizendo que você está achando tanta graça? - Aric encarou James.

- Nada. Só é divertido ver Electra ameaçar meio mundo.

- Até agora você estava chateado pelo uso de maldições imperdoáveis. - eu lembrei, olhando o garoto. James suspirou:

- Tive tempo o suficiente para pensar a respeito e concluí que faria o mesmo, se não fizesse pior. Então. - ele deu mais um beijinho no meu ombro, mantendo os olhos presos aos meus. - Está tudo bem.

- Olá. - Evan entrou na enfermaria, seguido por Alyssa. Ela acenou para todos os outros, com timidez, mas sorriu quando viu James e eu e se aproximou da maca dele, ignorando Evan que checava Remus.

- Está mais calma? - ela olhou para mim, preocupada. Eu acenei que sim:

- Bem mais. Alvo aqui tirou a atenção de mim. - eu sorri para o meu cunhado, que revirou os olhos:

- Sempre uma honra. - ele tirou um chapéu imaginário, arrancando uma risadinha divertida de Alyssa.

Então era assim que ele tinha encantado a minha irmã.

- Foi você quem conjurou a outra Maldição Imperdoável? - Alyssa olhou para Al, com os olhos cheios de curiosidade e ele assentiu:

- Foi. Eu nem pensei. - ele suspirou. - Mas Els não fez nada demais. Eu concordo com a abordagem dela.

- É claro que concorda, é tão vingativo quanto. - Evan respondeu, agora se inclinando na direção de Aric, para ver os ferimentos nas costas dele. Eu mostrei a língua para Evan, arrancando uma risada divertida de Alyssa:

- Já discutimos isso. Você teria feito o mesmo.

- E pare de choramingar. A menina está sem a família dela aqui, sem os pais, pessoas decentes que nós criamos! Você está sendo duro demais com Electra. - Alyssa defendeu e eu olhei para ela, maravilhada.

Finalmente uma aliada.

- E ela é casada. Se alguém aqui merece explicações, é o marido dela e olhe lá. - Alyssa continuou e olhou James. - Que, pelo visto, está mais do que confortável com ela sendo um pouco violenta.

- Bem confortável. - James concordou.

- Nós não somos casados casados. Só estamos amarrados por magia. - eu lembrei.

- O que pode ser facilmente resolvido. - Evan veio até Anabelle. - Como está se sentindo?

- Bem. Esses dois são malucos. - ela apontou o irmão gêmeo e o namorado. - Podia muito bem ir dormir no meu quarto como James vai fazer, mas não. - Bells fez bico e Evan sorriu torto:

- Sua irmã tentou obrigá-lo a ficar aqui?

- Eu sei melhor do que tentar obrigar James a fazer alguma coisa. - eu respondi, voltando a olhar para Aric, que agora fazia caretas de dor. - Se ele não quiser ficar aqui, não ficará. Ele vai ficar comigo, no meu quarto.

- Achei que não eram casados casados. - ele me imitou.

- Ele esteve dormindo no meu quarto desde que eu acordei do ritual e você não reclamou nenhuma vez. Agora só está querendo mostrar serviço porque minha avó está aqui. - eu rebati, seca, arrancando uma risada fraca de Sirius e Pontas.

- E como eu disse a Caradoc, se tentar me deixar longe dela depois de tudo isso, vai entender o porquê de sermos um casal. - James disse, suavemente. Evan suspirou e Alyssa se meteu:

- E não é como se eu fosse ficar em outro quarto que não seja o seu. Deixe os dois. - ela lembrou e pousou a mão sobre o joelho de Bells. - É melhor que fique aqui por pelo menos uma noite. Cruciatus em sequência podem causar espasmos musculares extremos e muito dolorosos. Aqui você terá mais cuidado e atenção.

- Duas noites. - Cygnus olhou nossa avó, que sorriu:

- Duas noites. - ela concordou. - Agora, você. - Alyssa marchou até Aric e deu um beliscão no braço dele, que gritou um palavrão. - Você, seu maluco! Como pôde invadir a Mansão?! Seu pai sabia que você viria!

- Eu não estava sozinho.

- Não, não estava, mas ele deixou um feitiço específico que alertaria se o sangue dele entrasse no terreno! - Alyssa jogou os braços para cima e Aric fez careta. - Você deveria esperar isso dele.

- Não achei que ele fosse inteligente o suficiente para isso. - Aric retorquiu, fazendo Evan suspirar e apertar a ponte do nariz.

- Ele não é, mas meu pai é. - ela colocou as mãos nos quadris. - Tive tanto medo por você e por eles. - Alyssa suspirou. - Você é meu melhor amigo, minha família. Não seja burro assim novamente.

- Não se preocupe. Electra fez toda uma segurança em torno da mansão. - Aric apontou para mim e Alyssa me encarou.

- James conjurou o Fidelius. Sou a Fiel do Segredo. - eu encolhi os ombros. - Estará segura deles. Podemos ir para lá depois, procurar por documentos e livros.

- Ele tem uma seção bem completa de magia negra. - Aric disse, sorrindo para mim e fez careta logo em seguida, quando Fabian acenou com a varinha. - Você vai se divertir.

- Ah, sim. Vou. - eu acenei com a cabeça. - Mas não se preocupe, Alyssa. - eu voltei a olhar minha avó. - Eu quero destruir Voldemort, não me juntar a ele. Garanto.

- Bom. - ela suspirou e olhou para Remus, estremecendo em seguida. - Eu podia ouvir os gritos dele quando vocês o limpavam. - Alyssa olhou para James. - Eu sinto muito. Aquilo foi ideia de Greyback, mas foi papai quem preparou. Ele é muito bom em Poções.

- Há algum antídoto? - Lily perguntou, atrás dela. Alyssa se virou para a ruiva, sacudindo a cabeça:

- Não que eu saiba. Teremos que neutralizar o acônito. O que eu sei é que essa é a única coisa potencialmente fatal. O restante só atrasa a cura. - ela explicou. - Posso cuidar dele, se não se importarem. O Sr. Prewett está bem atarefado com os demais.

- Se quiser. - Sirius apontou para o lobisomem ainda adormecido. - Alvo, e aquela poção?

- Quase pronta. Ele terá que começar a tomá-la na próxima semana. - Al respondeu. - Estou pensando em trazer parte do laboratório aqui para baixo…

- Por que? - Anabelle encarou o namorado, que sacudiu os ombros:

- É onde você está.

- E não é como se Cygnus fosse me deixar sair. - ela replicou. - Vá para o laboratório, meu irmão vai fazer massagem nos meus pés.

- Como é? - Cygnus olhou a nossa irmã caçula, que o encarou de volta:

- Estou tendo espasmos.

Eu virei o rosto, incapaz de segurar o sorriso. Anabelle nunca exigia cuidados. No máximo fazia uma careta e aceitava o que fosse dado, mas os olhos dela passaram de Cyg para Pontas, de uma forma que deixou bem clara a intenção da garota.

- Eu disse que ela era terrível. - James murmurou, rindo baixinho, assistindo nossos irmãos discutirem em uma clara tentativa de distrair Pontas da perda dos pais.


James fez questão de andar sem nenhum tipo de auxílio até o meu quarto. Ele deixou que eu tomasse um banho primeiro, depois do longo dia que tínhamos vivido: Remus acordou lá pela hora do almoço, urrando de dor. Tanta dor que precisou ser sedado.

Aquilo tinha feito Pontas, já fragilizado, cair no choro. Ele e Sirius foram retirados por Evan e Regulus, enquanto Alyssa, Lily e Fabian socorriam o Lupin.

Então, eu tomei um banho quente, mas rápido, e me enfiei embaixo das cobertas, enquanto James se arrastava até o banheiro, fazendo as mais diversas caretas.

- Não tranque a porta. Talvez a gente precise te socorrer e eu não quero estilhaços de madeira enfiados no peito do meu namorado. - eu alertei. James parou na porta, olhando para mim:

- A gente quem?

- Os meninos.

- De forma alguma que meu irmão vai me ver pelado. - James retorquiu e eu revirei os olhos:

- Eu muito menos. Ou quer que eu chame meus avós?

- Melhor o Alvo. - James resmungou, batendo a porta atrás de si, impaciente.


- O banho foi um sucesso. - James pendurou a toalha na cadeira da minha escrivaninha. Ele sacudiu os cabelos molhados na minha direção, rindo quando eu o xinguei. - Sem precisar chamar ninguém. Porque eu não estou moribundo.

- Você não faz cara de dor nem depois de cair jogando quadribol. - eu rebati, seca, enquanto James andava com dificuldade, como se os músculos estivessem todos enrijecidos, até a cama.

- Porque essas quedas são facilmente resolvidas. A Cruciatus, não. - ele sentou do lado dele da cama, mais próximo a porta. Não havia nada que eu dissesse que o fizesse mudar de ideia. Ele ficaria perto da porta e ponto. - Não precisava ameaçar chamar o Alvo se eu caísse no banheiro. Seria humilhante.

- Seria. Mas antes ele do que Cygnus. - eu ponderei. - Eu preferiria uma das meninas, se fosse eu.

- O banheiro tem box. Era só você sentar do lado de fora, se algum desastre acontecesse, me jogar a toalha, e resolvido. Não precisava chamar mais ninguém. - James reclamou. Eu ergui as sobrancelhas:

- E ficar ali enquanto você toma banho? - eu revirei os olhos.

- Qual o problema? - ele se arrastou para debaixo das cobertas. - Era só um banho e você não ia entrar debaixo do chuveiro comigo.

Eu corei, sacudindo a cabeça.

- Mas, como você disse, o banho foi um sucesso e você não precisou ser socorrido. - eu respondi, ajeitando meus travesseiros. - Tomou a poção de dormir?

- Não vou tomar poção nenhuma. - James afofou o travesseiro e deitou de lado, olhando para mim. - Quero acordar bem amanhã.

- Você não vai acordar bem se passar a noite dormindo mal.

- Não vou tomar poção para dormir. - James repetiu. - Como foi o tempo em que estivemos fora?

- Péssimo. - eu admiti, me virando para ele. - Ninguém conseguia descansar, ninguém sabia exatamente aonde vocês estavam, não sabíamos por que lugar iniciarmos a busca. Você apagou bem seu traço depois de esconder a Horcrux. Nós apagamos o resto.

- Merlin, eu nem lembrei disso. - ele passou a mão pelo rosto.

- Por que não me contou que Aric tinha contado da mãe dele?

- Porque você iria sair sozinha para nos encontrar. - ele respondeu, suavemente. - E eu prometi segredo.

- Claro que prometeu. - eu suspirei. - Precisamos nos organizar, James. Pontas e Sirius estão fora de jogo por um tempo, Lily está desesperada e Remus sem condições de se defender. Não sei o nível de treinamento de Alyssa, mas algo me diz que ela vai se recusar a se esconder. Então, agora somos nós. Caradoc e os Prewett são os mais experientes, mas parte dos nossos planos dependia de Fleamont. Como vamos descobrir a poção da caverna sem ele? E se precisarmos de algum antídoto específico? E se precisarmos de ajuda? Ele tinha contatos, James, contatos que nós não temos.

- Mas talvez Caradoc tenha.

- Caradoc não é Dumbledore e muito menos Fleamont. - eu lembrei e James fez careta. - Ele é excelente, sim, um duelista sem igual, mas no fundo precisávamos dos favores que as pessoas deviam a Fleamont e Euphemia, do conhecimento deles com magia avançada, com poções avançadas, e agora nós os perdemos.

- Isso sem contar o dano emocional. - James ajustou o cobertor sobre os meus ombros. - Coisa que eu não vi você comentar desde o surto depois que Voldemort fugiu.

- Eu empurrei isso lá para baixo e irei lidar com essas emoções quando tiver tempo. Remus tem um sério risco de infecção, assim como Aric. Anabelle está restrita por causa dos dois sonserinos. Al está trabalhando nas poções, os outros estão lamentando Euphemia e Fleamont. Nós dois não podemos.

- Caradoc pode tomar a dianteira.

- Caradoc não sabe tudo o que sabemos. - eu lembrei. - Não sobre as Horcruxes, não sobre os riscos, não sobre todo o resto. Ele é inteligente e uma pessoa incrível, mas não é Fleamont ou Euphemia.

- E o que faremos, então?

- Vamos continuar a pesquisar sobre o paradeiro de Voldemort no exílio e também sobre a poção da caverna. Runas. - eu suspirei. - Aproveite e procure sobre maldições e Inferi. Vamos começar a planejar os próximos passos.

- Inferi só morrem sob fogo. - James foi categórico.

- Duvido que um Lacarnum inflamare resolva nosso problema, mas se quiser testar, fique a vontade. - eu rebati e James suspirou:

- Vou pesquisar sobre os Inferi. - James cedeu. - Maldições Imperdoáveis, Horcruxes, Necromancia… Ele realmente não poupou nada.

- Eu fico imaginando quantas pessoas ele matou para colocar naquela caverna. - eu ponderei e bocejei em seguida. - Esse é um problema para amanhã. Vamos dormir.

James me puxou para perto, me aninhando perto dele, e apagou as luzes com um aceno de varinha.

Eu não demorei para cair no sono.

JAMES SIRIUS POTTER

A manhã começou com Alvo entrando no quarto de forma tempestuosa. Electra deu um gritinho, assustada, se arrastando para perto de mim, enquanto eu apontava a varinha para a porta.

- Porra, Alvo! - eu xinguei. - Eu quase te azarei.

- Desculpas, embora implícitas, aceitas. - ele parou nos pés da cama, encarando Electra. - Vim notificar você que, a partir de hoje, Anabelle irá dormir no meu quarto. Comigo.

- O que? - Electra soou surpresa.

- Ela teve muitos pesadelos durante a noite, recheado de gritos, e eu não vou perdê-la de vista novamente. Não vim pedir permissão, sua irmã é maior de idade. - Alvo foi enfático. - Só estou comunicando.

- Tudo bem. - Els soou confusa. - Não precisava, mas tudo bem.

- Não? - Al ergueu as sobrancelhas.

- Eu não comuniquei ninguém que o seu irmão ia ficar aqui. - ela sacudiu os ombros. - Mas obrigada por me contar. Vai ser mais fácil lidar com Cyg se eu souber o motivo de tanto mal-humor.

- Ele também já foi notificado. - Alvo colocou as mãos nos bolsos. - Essa camiseta não é grande demais para ser sua? - ele tombou a cabeça.

Electra visivelmente usava uma camiseta de treino da grifinória muito maior do que ela usaria em um treino de fato.

- Não é relevante.

- É relevante quando o meu irmão, o dono desta camiseta, está seminu. - Alvo abriu um sorriso radiante.

- Dê o fora ou irei colocar James para fora deste quarto e Anabelle passará a dormir comigo ao invés de com você. - Electra cortou, seca. Alvo fez uma mesura debochada:

- Sim, milady.

Ele saiu antes que Electra o azarasse, o que me rendeu um olhar mal-humorado:

- Seu irmão é bem engraçadinho.

- É assim que ele ganhou a sua irmã. - eu retruquei, rindo quando ela se jogou na cama, os cabelos cacheados tomando conta do travesseiro:

- É exaustivo. Parece que quando começamos a namorar, seu irmão se tornou dez vezes mais impertinente. Eu achava que era impossível, mas aparentemente não é.

- Alvo sempre se supera. - eu alonguei os braços e estalei o pescoço. - Vou tomar um banho. Deixo a porta aberta, como pediu.

- Eu não pedi porta aberta, pedi porta destrancada. - ela corrigiu, indignada.

- Dá na mesma. - eu peguei a toalha e me enfiei no banheiro, ignorando os protestos da garota.


Pontas estava na sala de estar, e resolvia os detalhes do funeral com Caradoc e Lily, que segurava a mão dele. Uma xícara de chá estava intocada na frente dele, assim como um pratinho cheio de torradas.

Quem estava cozinhando?

Electra foi para a cozinha, onde a mesa enorme de madeira estava recheada de torradas, três tipos de chá, café, algum tipo de pão doce que eu não reconheci e dois bolos confeitados.

- Que porra é essa? - Electra parou no meio do caminho. - Assaltamos uma confeitaria e ninguém me contou?

- Estou responsável pela alimentação de todo mundo até que a gente se organize direito. - Evan saiu da frente do fogão e derrubou um punhado de bacons em um prato.

- Você cozinha? - eu perguntei, incrédulo. Evan me olhou:

- Eu morei sozinho por um tempo. Sei me manter vivo.

- Se manter vivo é uma coisa, fazer um café da manhã deste tamanho é outra completamente diferente. - eu respondi, mas enchi meu prato de bacons e torrada, assim como peguei uma quantidade preocupante de café.

- Isso não explica os bolos confeitados. - Electra ainda estava de pé, encarando o avô.

- Eu faço confeitaria quando estou estressado. - Evan voltou para o fogão, mas não rápido o suficiente para que eu não visse as bochechas coradas.

Electra olhou para mim, ainda chocada, mas tomou um lugar à mesa.

Confeitaria.

Evan Rosier gostava de confeitaria.

E cozinhava sob estresse.

Eu realmente não conhecia o homem.

- Eu é que não vou reclamar. - Els sacudiu os ombros e praticamente voou para cima da mesa.


O funeral foi marcado para o dia seguinte. Pontas, ainda inconsolável e extremamente silencioso, sentou com Aric para discutir os detalhes do funeral a ser feito para os pais dele e a mãe de Aric.

Os dois falavam baixo, com as cabeças juntas, discutindo todo e cada detalhe possível que Aric pudesse querer adicionar à cerimônia. Anabelle estava perfeitamente bem, apesar das olheiras arroxeadas sob os olhos. Ela tinha conversado com a irmã sobre os sonhos, o que tinha deixado Els inquieta, mas estava bem tranquila quanto ao restante.

Remus, por outro lado, estava acordado.

Acordado e sendo amparado por Fabian e Lily, que limpavam os ferimentos e passavam a loção preparada por Lily com o antídoto para o acônito. Ele fazia caretas e, vez ou outra, reclamava de dor, mas tinha recusado qualquer poção que pudesse deixá-lo sonolento.

- Já dormi muito, - ele disse, firme. - e tenho coisas para terminar. Se puderem me trazer a minha pesquisa, será ótimo. Vou ficar enfiado nessa cama por um tempo.

- Descanse primeiro. - Lily olhou o amigo, séria. - Agora não é hora disso e todos estamos dando uma pausa depois de tudo o que aconteceu.

- Quando… Quando será o funeral? - Remus perguntou, olhando a amiga, a testa vincada e os olhos cheios de preocupação.

- Amanhã. - ela cedeu a informação. - Caradoc irá fazer a cerimônia e nós vamos todos lá para baixo. Sirius e Regulus vão ajudar você a descer.

- Obrigado. - Remus murmurou. - Talvez eu aceite a poção para dormir à noite. - ele olhou para Lily, suspirando. - Eu aguento a dor, mas dormir não vai rolar.

- Tudo bem. Depois do jantar daremos a poção para analgesia. - Fabian disse, depois de terminar de passar parte da loção nas costas do homem.

- E você, está bem? - Remus olhou para mim e eu suspirei, sacudindo os ombros:

- Meu corpo dói um pouco, mas nada que eu não consiga manejar. - eu cedi a informação. - Só vim aqui porque Electra me arrastou para ser reavaliado.

- Tudo certo. Sua vez. - Fabian apontou para mim e veio na minha direção, puxando o biombo para me esconder dos outros. - Vamos examinar você e, se tudo estiver bem, eu te libero para retornar a atividades menos extenuantes e daqui uma semana pode voltar ao seu normal.

- Uma semana?! - eu reclamei.

- Cinco dias. - Fabian negociou. - É o melhor que vai conseguir.

- Certo. - eu resmunguei e Fabian começou a me examinar.


Alyssa nos encontrou assim que eu fui liberado da enfermaria, dizendo que Sirius, Evan, Regulus, Gideon e Caradoc queriam falar com Els e eu.

Ótimo.

Mais uma reunião.

- Bom dia. - eu puxei uma cadeira para Electra sentar e me sentei ao lado dela. Evan empurrou uma xícara de chá para a neta e para mim e nós dois aceitamos prontamente. - O que há?

- Enquanto Pontas e Aric discutem os funerais e os outros se recuperam, nós precisamos focar na guerra. - Gideon disse, sério. - Queremos saber tudo o que sabem. Sabemos parcialmente sobre as Horcruxes, mas queremos todos os detalhes.

- Achei que essa seria nossa tarefa, cedida por Dumbledore. - Electra lembrou e o Prewett sacudiu a cabeça:

- Dumbledore está morto. Precisamos destruir a fonte de todo o problema e precisamos fazer isso juntos. O restante da Ordem está trabalhando contra os comensais diretamente, mas nós estamos indo atrás do líder deles. - Gideon foi firme. - Evan nos disse que faltam duas: a Taça de Hufflepuff e o Medalhão de Slytherin.

- Sim. - eu concordei. - Não sabemos onde está a Taça. Mas o medalhão está em um lago infestado de Inferi.

- Nós podemos ir atrás desse medalhão. Temos mais treinamento para esse tipo de coisa. - Caradoc propôs, mas Electra sacudiu a cabeça:

- Não. Essa é minha. - ela foi firme e eu abri a boca para discutir, mas ela ergueu a mão, me silenciando. - Dentre nós, eu sou a única com Magia Ancestral. Em um ambiente desses, serei útil.

- Ela tem um ponto. - Gideon cedeu, olhando Caradoc. - Então deixe que um de nós vá com você até a ilha onde o medalhão está.

- É aí que está o problema. - eu suspirei. - O barco só permite um bruxo maior de idade.

- Então eu vou. - Regulus se ofereceu. - Não pode ir sozinha e a magia não permite que mais de um adulto vá. Eu irei com você.

Nós nos entreolhamos e Els passou a mão pelo rosto:

- Escute, você foi quem encontrou essa Horcrux originalmente. - ela cedeu a informação. - Você levou Monstro e bebeu a Poção.

- Mas você disse que conheceu Monstro. - Sirius disse, sério.

- E não conheci Regulus. - Electra encarou o avô, que engoliu em seco. - Então, podemos inferir alguns detalhes a partir disso.

- Eu morri na caverna. - Regulus encarou a sobrinha-neta, sério. Els acenou que sim:

- Deve ter se tornado parte do exército dele de Inferi. - ela não amenizou a frase. - Não sabemos, nunca o enterraram. Você simplesmente desapareceu, como muita gente. Só soubemos porque… Bem, porque você pegou a Horcrux e a deixou com Monstro e a cópia que você deixou na caverna tinha as iniciais R.A.B. Regulus Arcturus Black. Você o traiu no último momento e estava planejando destruí-lo, mas não contava com os efeitos da poção e ordenou Monstro a ir embora e não contar a ninguém e destruir o medalhão.

- Bem, pelo menos morri fazendo o certo. - Regulus ergueu o queixo.

- Sim. E é por isso que não quero que você vá a caverna comigo. - Electra frisou. - Vou arranjar uma forma de desfazer esse feitiço que ele colocou no barco. Ou enganá-lo.

- Não sei se é possível. - eu olhei Els, séria. - E seja mais gentil, por favor.

- Eu não vim até a década de 70, fui torturada e perseguida, só para ver minha família morrer de novo. - ela me encarou, os olhos cinzas quase tão tempestuosos quanto no dia em que me resgatou. - Se eu precisar ser dura, serei dura.

- Podemos levar Monstro. - Sirius sugeriu, fazendo com que todos o olhassem.

- Ele é muito fiel à sua mãe. De forma alguma irei levá-lo. - Electra sacudiu a cabeça. - E foi ele quem causou a sua morte. Então, não. Não quero Monstro.

- E o que vai fazer, se não quer levar nem Monstro e nem eu? - Regulus jogou os braços para cima.

- Ainda não pensei, mas vou pensar. - Electra cruzou os braços. - Estamos pensando nessa parte, mas sequer sabemos a exata localização da caverna. Vamos resolver isso primeiro e depois resolveremos a parte dos Inferi e da poção.

- Eu vou. - Regulus se rebelou.

- Reggie…

- Eu estou cansado de ficar preso aqui! - Regulus ficou de pé, andando em torno da mesa, exasperado. - Perdemos Euphemia, Fleamont e a Sra. Nott! Quase perdemos Remus! Eu não vou ficar para trás. E se me proibir de ir, irei sozinho. E, certamente, me juntarei ao exército de Inferi dele novamente. Então, ou me deixa ir com você, ou irei por conta própria. Sua escolha.

- Regulus, escute… - Caradoc começou, mas o Black mais jovem ergueu a mão, silenciando o homem:

- Eu não sou uma criança. E, caso tenham se esquecido, esta também é minha família. E eu lutarei. Então, comece a pesquisar onde diabos é essa caverna e eu vou com você. Somos uma boa dupla, somos inteligentes. - Regulus olhou Electra. - Vamos sair vivos.

Ela abaixou a cabeça, suspirando:

- E qual de nós beberá a poção, Regulus? Porque teremos que escolher. Um de nós irá obrigar o outro a beber a poção. - ela disse, a voz cansada. - E já vi o suficiente de tortura por um tempo.

- Até lá teremos um antídoto. Confio na habilidade de Lily. - Regulus voltou a se sentar e olhou a sobrinha-neta. - Não me impeça de ajudar. Já perdemos gente demais e eu não fugi de casa para ficar trancafiado em outra casa.

- Então, vá. - Electra cedeu, depois de uns segundos. Sirius a encarou, abrindo a boca para discutir, mas Regulus assentiu:

- Que bom que estamos na mesma página agora. - ele se recostou na cadeira. - E a Taça?

- Acho que está no local no qual se exilou. Remus chegou aos Balcãs, mas ainda não tem certeza de qual país em específico. - eu suspirei. - Ele está trabalhando nisso.

- E se não estiver lá? - Caradoc questionou e Els suspirou:

- Então teremos que achar outra forma de descobrir. Sei que a antiga dona era Hepzibah Smith. - ela cedeu. - E que foi morta por Voldemort via veneno há quase duas décadas.

- Ótimo. - Evan bufou, azedo, mas Alyssa nos encarou, séria:

- E se localizarmos algum parente?

- Ela não tinha nenhum parente conhecido. - eu sacudi a cabeça. - Só uma elfo, Hokey, que provavelmente está morta. Remus sabe disso, mas chegamos a conclusão que Voldemort jamais teria contado à uma elfo-doméstica onde colocou o porcaria da Taça.

- Me explique essa história direito. - Gideon se inclinou na nossa direção.

Eu suspirei e expliquei sobre a visita de Voldemort a Hepzibah, assim como o subsequente roubo da Taça, envenenamento da bruxa e aprisionamento injusto de Hokey em uma casa e como Dumbledore havia a procurado e conseguido a lembrança que nos daria informações sobre a Taça.

- E por que nós não sabíamos disso? - Sirius nos encarou, sério.

- Remus sabia. - eu franzi a testa.

- Mas esses detalhes mudam algumas coisas, sabe. - Sirius bufou. - Queremos saber, James, para podermos ter dimensão do que procurar. Se encontrarmos notícias sobre Hepzibah, talvez a gente tenha uma ideia do período em que ele fez a Horcrux e isso vai nos ajudar a decidir qual país visitar atrás da Taça.

- Erro de principiante. - Evan nos encarou, sério. Eu não consegui impedir o calor nas bochechas. - Agora, por favor, façam o favor de nos contar tudo o que sabem. Porque nesse ritmo, Euphemia e Fleamont não serão os únicos a serem mortos.

Eu olhei Electra, que acenou para que eu falasse e voltou a ficar absorta nos próprios pensamentos.

Eu comecei a explicar cada detalhe que sabia e me lembrava.