Uma Nova Aurora Para Lupin
Capítulo 6: A Amizade É uma Espécie de Amor
O final do verão aproximava-se rapidamente, e com ele, o novo ano letivo em Hogwarts. As árvores começaram a mudar de cor, as folhas douradas a dançar ao vento, como se se preparassem para uma nova estação. Remus sentia uma mistura de ansiedade e expetativa. As aulas de Defesa Contra a Magia Negra estavam prestes a começar, e, embora estivesse animado para ensinar, a sua mente estava cheia de pensamentos sobre Mary.
Nos últimos dias, ele e Mary passaram bastante tempo juntos na Toca, onde o pequeno Teddy sempre estava por perto. A amizade entre eles florescera de maneira incrível, mas Remus não conseguia afastar a ideia de que se estava a apaixonar por Mary, algo que o aterrorizava. Frequentemente dava por si a observá-la enquanto conversava com Teddy, reparando em como ela o tratava com respeito e carinho, sem nunca o subestimar. Era como se Mary fosse uma ponte entre o seu passado e um futuro que ele não ousava imaginar.
Naquele dia, enquanto Remus organizava os seus materiais para o novo ano letivo, sentiu a presença familiar de Mary atrás dele. Virou-se e viu que ela estava ali, com um grande sorriso e um livro em mãos.
- Olá, Remus! O que estás a fazer? – perguntou ela, inclinando-se para ver a mesa coberta de pergaminhos e livros.
- Só a organizar umas coisas. O novo ano letivo está quase a começar, e gosto de me preparar com antecedência. – Respondeu ele, com a voz calma, tentando esconder o nervosismo que sentia.
- És sempre tão organizadinho, tão certinho! – Brincou Mary, fazendo um gesto exagerado. – Pergunto-me se vais ensinar os teus alunos a serem tão dedicados como tu!
- Talvez. - Remus sorriu. - Mas eles têm de ter um pouco mais de diversão, senão acabam por perder a vontade de aprender.
- Concordo plenamente! E tenho certeza de que vais fazer um excelente trabalho este ano, como sempre. As tuas aulas sempre foram muito populares. - Elogiou Mary, com um brilho nos olhos.
Enquanto falava, Remus percebeu que o olhar dela se perdia em algum lugar distante, como se uma lembrança ou um pensamento passa-se pela sua mente. Era um daqueles momentos que a tornavam ainda mais fascinante, mas também um lembrete do poder que ela tinha e não conseguia controlar. Ele sabia que ela era capaz de ler pensamentos, mas nunca quando realmente queria, e isso deixava-a confusa e insegura em muitas situações.
- E tu, como te estás a preparar para o novo ano? Os teus alunos estão animados com as Artes Divinatórias? – Perguntou Remus, mudando de assunto para evitar que ela mergulhasse em pensamentos que não queria partilhar.
- Ah, sim! Eles estão sempre curiosos, e eu adoro. - Respondeu Mary, com a sua paixão por dar aulas evidente na voz. - Mas, às vezes, sinto que não sou boa o suficiente. E se eu não conseguir atender às expetativas deles?
- Deixa-te disso, Mary. És mais do que boa o suficiente. – Afirmou Remus afirmou, com firmeza. – Tens em uma habilidade única com crianças e adolescentes, e a capacidade de ver o que os outros precisam, mesmo quando não pedem. Isso é raro, e os teus alunos têm sorte de ter-te como professora.
Ela olhou-o, com a hesitação ainda visível nos seu olhar, mas havia algo mais: uma centelha de esperança. Remus sentiu o coração aquecer. Queria que ela acreditasse em si mesma, assim como ele começava a acreditar que podia abrir o coração novamente.
Nesse momento, o riso de Teddy ecoou pela Toca, quebrando a tensão. Remus e Mary viraram-se para ver o pequeno a correr em direção a eles, com o cabelo azul a brilhar sob a luz do sol que entrava pela janela.
- Olá, pai! Mary! Olhem! Eu consegui fazer a poção que me ensinaste! - gritou Teddy, agitando um pequeno frasco com um líquido brilhante dentro.
- Isso é incrível, Teddy! - Elogiou Mary, com os olhos a iluminar-se com alegria. - Vais ter de me mostrar como fez!"
Enquanto Mary e Teddy discutiam os pormenores da poção, Remus ficou a observá-los, sentindo um misto de felicidade e apreensão. Estava tão envolvido na felicidade deles que se esqueceu dos seus próprios medos por um momento. Mas depressa a realidade voltou a assombrá-lo.
Os desafios de ser um lobisomem e de querer estar com alguém como Mary, que já enfrentava tanto, ainda pesavam sobre os seus ombros. Não queria que ela fosse alvo de olhares de desprezo, ou que um dia se arrependesse de se ter aproximado dele.
Nos dias que se seguiram, a amizade de Remus e Mary continuou a fortalecer-se, mas ele sentia que a sua luta interna estava a tornar-se mais intensa. As conversas que tinham tornaram-se mais profundas, e cada gargalhada partilhada fazia o seu coração acelerar. Remus admirava-a tanto pela sua força quanto pela sua vulnerabilidade. E ela, por sua vez, parecia ter cada vez mais noção dos verdadeiros sentimentos dele.
Embora Mary houvesse prometido não falar sobre os seus sentimentos, Remus sabia que ela lutava contra a ideia de que eles poderiam ser algo mais do que amigos. Era uma dança delicada, e ambos estavam determinados a manter a amizade intacta, mesmo que os seus corações quisessem gritar.
Um dia, enquanto estavam juntos na Toca, Teddy brincava ao fundo, e Remus sentiu o impulso de abrir o coração para Mary. No entanto, a lembrança da sua conversa anterior fê-lo hesitar.
- És mesmo uma amiga incrível, Mary. - ele disse, tentando ser sincero sem revelar demasiado. - Não sei o que faria sem ti.
Mary sorriu, um sorriso que era ao mesmo tempo triste e esperançoso.
- Eu também me sinto assim, Remus. A amizade que temos é especial. E prometo fazer de tudo para não a estragar.
Aquelas palavras ecoaram na mente de Remus. Não podia permitir que os seus sentimentos fossem mais do que amizade. E, por mais que desejasse um futuro com ela, a sombra do seu passado era uma presença constante.
- É isso que importa. - Remus respondeu, tentando manter a voz firme. – A nossa amizade é o mais importante.
- Sem dúvida. - Mary concordou, embora a sua expressão deixasse claro que havia algo mais que não tinha dito. Remus desejou poder confortá-la, mas o medo do que poderia acontecer impediu-o de ir além.
Enquanto Teddy continuava a brincar, os dois trocaram olhares, num entendimento silencioso passando entre eles. Eram amigos, muito amigos, e isso era tudo o que podiam ser, pelo menos por enquanto
