Para o grande alívio (ou não) do Trio finalmente o dia do jogo chegara. A chuva e as tempestades castigavam os terrenos da escola. Anne, Diana e Draco praticamente engoliram o café da manhã e, antes de saírem do castelo, a morena chamou os outros dois no canto da escadaria e apontou a varinha para as vestes deles de Quadribol murmurando um rápido feitiço que aparentemente não fizera nada, arrancando olhares curiosos da ruiva e do loiro.

- Achei esse feitiço em um livro que li na semana passada. Vai fazer com que fiquemos secos durante a partida. Melhor que congelarmos, não acham? - Black indagou com um sorriso satisfeito e guardou a varinha novamente dentro da camiseta. O trio se preparou para sair dali, porém Ann parou e olhou para trás, sorrindo quando viu Harry atravessar a porta que levava ao Salão Principal. Ela se apressou para ir na direção dele e o puxou para o canto também, utilizando o mesmo feitiço nas vestes dele e se apressou em explicar o efeito. O grifinório sorriu agradecido e desejou sorte a ela, ao que ela respondeu brincando que esperava que nenhum balaço o perseguisse dessa vez. Ambos riram e os sonserinos saíram dali rapidamente em direção ao campo de Quadribol.

Quando chegaram ao vestiário, o restante do time já se encontrava lá. Nenhum dos outros prestou muita atenção aos três, que já estavam mais do que habituados a esse tipo de tratamento. Os três sabiam que Flint apenas não os expulsara porque não queria se indispor com o diretor de Slytherin, mas não importava; o Trio sabia que eram muito bons jogadores e não deixavam que esse tipo de picuinha os incomodasse. Diana e Draco colocaram os "óculos de chuva", porém Anne não, dizendo que só a atrapalharia. Di deu um tapa no braço da garota e disse que ela era um tanto teimosa demais para sua sanidade, arrancando uma risada dos outros dois. Foi nesse clima mais tranquilo que eles adentraram o campo com dificuldade por conta do vento que soprava furioso. O apito de Madame Hooch, com o som magicamente aumentado, logo denotou o início da partida.

Nenhum dos três sabia se era mais difícil enxergar a goles, os balaços, o pomo ou as balizas, tamanha era a tempestade. Ann não estava se importando muito em manter as bolas violentas longe de sua irmã de coração; o vento fazia esse trabalho por ela. A única tarefa em que se concentrava era a de se manter sobre a vassoura, pois a queda não seria nada bonita. A ruiva estava tendo sérios problemas por conta dos óculos que estavam embaçados e molhados ao extremo, então enxergar o pomo de ouro era uma tarefa extremamente impossível.

As garotas perderam a completa noção do tempo e manter-se na vassoura estava parecendo a missão mais complicada que receberam em suas vidas. O céu escurecia; parecia que a noite havia tomado o lugar do dia com facilidade. Algumas vezes as duas quase colidiram entre si e também com outros jogadores. A chuva havia engrossado mais, ao ponto de não conseguirem identificar qualquer coisa que estivesse a mais de 10cm de seus narizes.

Com o primeiro relâmpago ouviu-se o apito de Madame Hooch. Com muita dificuldade todos haviam alcançado o chão; coincidentemente o Trio pousou próximo de Harry. Ali descobriram que Gryffindor estava 50 pontos na frente e Potter, Malfoy e a jovem Snape reclamaram que não conseguiam enxergar com aqueles óculos de chuva que mais atrapalhavam do que ajudavam (Anne tinha um sorriso largo no rosto e dizia "eu avisei"). De repente, sabe-se lá de onde, Hermione apareceu atrás do pequeno grupo sorrindo animada apesar das vestes completamente encharcadas.

- Tenho uma ideia! Me dêem seus óculos aqui.

Os três entregaram e, sob olhares curiosos, a Grifinória deu uma pancadinha neles com a varinha e disse:

- Impervius!

Ela devolveu a cada um seus respectivos pares de óculos e Black notou que ela tremia, provavelmente por conta do frio. A morena aproximou-se, tirando a varinha de dentro das vestes completamente secas e apontou para a amiga.

- Ventus. - com esse encantamento a roupa de Mione estavam secas e, sem demorar, a sonserina utilizou do mesmo feitiço que usara em si mesma e nos amigos para que as roupas dela se mantivessem secas. A grifinória sorriu surpresa e agradeceu, fazendo com que as bochechas de Anne esquentassem um pouco. Não demorou para que todos estivessem novamente no ar, a determinação renovada.

Os dois apanhadores tentavam cobrir toda a extensão do campo à procura do pomo. Ambos evitavam os outros jogadores, evitavam balaços, e evitavam pensar na tempestade. Ouviu-se novamente um trovão que veio acompanhado de um raio bifurcado. A partida ficava mais perigosa a cada minuto, Diana precisava capturar o pomo. Naquele momento ela estava próximo das balizas da casa de Slytherin, os olhos espertos para qualquer lampejo do pomo…

O viu no centro do campo e subindo. Ela impeliu o corpo para frente e para cima, direcionando sua vassoura. Não demorou para que ela e Harry estivessem muito próximos, os dois com o mesmo objetivo: capturar a bolinha dourada antes que sumisse de vista novamente.

- Harry! Diana! Atrás de vocês! - A jovem sonserina escutou sua irmã falar mas não ousou olhar para trás, já sabia o que estava acontecendo, sabia pelo frio que sentia, o silêncio ensurdecedor. Dementadores.

Ela e Potter estavam lado a lado, indo em direção ao pomo que subia cada vez mais, mas a garota estava com dificuldades de enxergar o que acontecia à sua frente; imagens confusas apareciam na frente de seus olhos.

"Não o Harry não! Por favor, o Harry não" gritava uma mulher ruiva familiar.

Di sacudiu a cabeça, voltando a ver o pomo à sua frente, estava a alguns metros apenas, mas ela tinha dificuldade de manter os olhos no mesmo. Então, do nada, sentiu que Harry saíra de seu lado, não tinha ideia do que ele estava fazendo pois a visão havia voltado.

"Por favor, não! Deixe meus filhos! Me mate no lugar dele! O Harry não!" Gritava a mulher desesperada.

Diana estava confusa, o que estava acontecendo? Por que estava voando? Ela tinha que ajudar a ruiva! E então na borda da sua consciência sentiu a mão direita se fechar ao redor de algo redondo, mas a imagem continuou fixa à frente de seus olhos.

"O Harry não. Por favor tenha piedade… tenha piedade…" a mulher falava na frente de um berço tentando protegê-lo e ao mesmo tempo parecia estar tentando alcançá-la, pois sua mão estava na direção da jovem Snape.

Di percebeu uma voz ao fundo que gargalhava, a mulher começou a gritar e finalmente a garota perdeu a consciência.

Mais tarde Harry e Diana acordaram na ala hospitalar, completamente confusos com o que havia acontecido. A ruiva olhou ao redor e viu Anne ao seu lado com a expressão muito preocupada no rosto, ainda com as vestes do jogo. Draco estava próximo de sua irmã de coração com o semblante tão preocupado quanto a garota e nos mesmos trajes. Do outro lado do leito estavam Ron e Hermione virados tanto para a ruiva quanto para moreno. Aos pés da cama dos dois se encontrava todo o restante do time de Gryffindor, o que deixou a jovem com uma sensação um tanto claustrofóbica.

- Di! - Black exclamou aliviada, o corpo relaxando um pouco - Como você se sente?

- Ugh… Estou bem… eu acho… - disse a menina passando a mão pela cabeça, um tanto confusa.

- O que aconteceu? - perguntou Harry da cama ao lado, o que fez a ruiva olhar para ele, percebendo nesse momento que ele provavelmente também tinha desmaiado.

- Bom… Vocês dois caíram das vassouras. - Ron respondeu com cautela, um tanto irrequieto.

- Jura? - questionou Harry, parecendo levemente sarcástico, ao mesmo tempo que Snape falou.

- Ah, sério?! - ela exclamou com muito sarcasmo e então terminou falando pelo moreno também. - A gente nem notou isso.

- Eu estava perguntando do jogo. Quem ganhou? - indagou Potter, revirando os olhos.

O silêncio que imperou ali foi grande, até que o capitão do Time de Gryffindor, Oliver Wood, se aproximou com o semblante triste, como se alguém tivesse acabado de morrer.

- Ninguém o culpa, Harry. A garota Snape foi muito impressionante na captura do pomo. - ele disse com a voz muito depressiva, porém foi sincero. Ele encarou a sonserina e balançou a cabeça em cumprimento.

- Eu… eu peguei o Pomo!? - a ruiva quase gritou de tão chocada que ficou. Ela tentou se recordar de como fez a captura, mas a única coisa que lembrava era daquela cena macabra. A jovem Snape franziu a testa, não entendeu o que aconteceu consigo.

- Foi espetacular, Di. Você o capturou poucos segundos antes de cair. - respondeu Draco - Dumbledore salvou vocês dois antes que batessem no chão.

A sonserina não disse nada, apenas deu um pequeno sorriso envergonhado, pois sua mente não estava presente no jogo, só naquela cena que se repetia na sua mente e na pergunta que ela começara a se fazer: por que ela havia visto a mãe de Harry Potter antes de desmaiar? Além desse questionamento, outro apareceu: a voz que ela ouvira gargalhando era a de Voldemort? (Ela o chamava assim em sua mente e certamente também o chamaria em voz alta, afinal temer um nome era algo extremamente estúpido.) Acima dessas duas perguntas que fizera a si mesma, outra surgira: ela tinha acabado de ouvir a morte de Lily Potter?

Anne notou o silêncio que não era natural à irmã de coração e dessa forma percebeu que havia algo de bastante errado com a ruiva. A morena imaginou que isso se devia à quantidade de gente reunida na ala hospitalar, então começou a espantar os presentes ali, restando apenas os integrantes do sexteto ali. Esperaria para questionar Di quando estivesse sozinha com ela. Não demorou para que Harry franzisse a testa.

- Alguém se lembrou de pegar minha vassoura? - questionou ele. O silêncio que se seguiu a pergunta do grifinório fez Di sair dos seus pensamentos e perceber que algo muito errado tinha acontecido com a vassoura do grifinório, o que a fez lembrar-se de sua própria.

- E a minha…? - ela perguntou já sentindo um frio desconfortável na barriga.

Ann mordeu o lábio inferior antes de se abaixar e pegar um embrulho, assim como Ron. Ela entregou a Di e ele fez o mesmo com Harry, ambos em silêncio.

- A tempestade levou as duas vassouras diretamente ao Salgueiro Lutador. - Hermione disse, aparentando sentir-se mal pelos dois amigos.

A garota olhou sua vassoura despedaçada e sentiu o coração se quebrar nos mesmos mil pedacinhos. Havia sido um presente de seu pai e era como se fosse um amuleto da sorte em seus jogos. Seus olhos marejaram quando tocou no embrulho, afinal de contas sua grande parceira fora enfim derrotada. Ela então abriu o pano a qual a sua companheira de partida estava enrolada, tinha que ver o estrago com seus próprios olhos. Logo que enxergou a vassoura tão quebrada, tão destruída, foi demais. Era tudo em grande intensidade, muita confusão, muita dor, muitos pedaços… muito quebrada. Quebrada… Assim ela se sentia: quebrada. Uma lágrima escorreu por seu rosto e logo veio outra e mais outra. Quando percebeu estava chorando compulsivamente.

Não demorou para que a Diana fosse envolta em um abraço bastante apertado. A ruiva conhecia muito bem o abraço de sua irmã para saber que não era ela, então deu uma pequena atenção, notando que era Draco. A jovem tomou fôlego e as lágrimas não desistiam; caíam como cascata. Assim que ela abraçou o garoto, as portas da enfermaria se abriram com um estrondo e o loiro se afastou instantaneamente como se tivesse levado um choque. Passos rápidos levaram o recém-chegado até o leito de Di: era seu pai com uma expressão de preocupação no rosto. Ele respirou fundo como se estivesse pensando no que falar, porém pareceu desistir e tomou a filha nos braços; as palavras naquele momento não eram necessárias para os dois.

Anne franziu a testa quando a irmã de coração começou a chorar daquela forma, mas acabou não fazendo nada quando seu primo a abraçou, fazendo muito menos quando Severus entrou na ala hospitalar. Fez sim uma nota mental de questioná-la em outro momento, quando estivessem fora dali. Sabendo que era errado ficar observando o que se passava entre pai e filha, a morena puxou Draco até o leito de Harry e ali ficaram em um silêncio um tanto desconfortável, afinal seria constrangedor interrompê-los.

Snape afagava as costas da filha com carinho e delicadeza, murmurando que compraria uma vassoura nova para ela logo. A garota abraçava o pai apertado, dizendo algo que o homem não entendeu. O mesmo apertou-a mais contra si de maneira protetora e encarou Potter.

- Como está, Potter? - o tom de Snape era sério, porém não havia resquício algum da crueldade e frieza da semana que se passara. O quinteto se virou lentamente, todos surpresos com a pergunta do homem. Ann então cutucou Harry para que o mesmo saísse de seu estupor.

- Estou bem, senhor… - ele respondeu parecendo um pouco tocado pela preocupação de Snape.

O homem assentiu e voltou sua atenção à filha, deixando os outros alunos um tanto quanto confusos, porém nenhum deles teve capacidade de comentar o que quer que fosse, uma vez que Madame Pomfrey apareceu e praticamente os expulsou dali, dizendo que Potter e a jovem Snape precisavam descansar. O quarteto de amigos saiu da ala hospitalar com a promessa de que voltariam no dia seguinte.

Assim que eles saíram logo seu pai também o fez e a ruiva suspirou cansada. O grifinório olhou para ela interrogativamente, mas a garota apenas negou com a cabeça dizendo que não era nada. Se Harry havia acreditado ou não, a jovem Snape não sabia dizer e no momento não se importava. A única coisa que ela queria fazer era dormir para parar de pensar e esquecer o tinha acontecido. Se aconchegando na cama e, apesar de achar o contrário, dormiu rapidamente.

No dia seguinte, conforme haviam prometido, Anne, Draco, Hermione e Ron apareceram na enfermaria logo depois do café da manhã. Black entregou um muffin de chocolate para Di, junto de uma barra que haviam comprado na Dedosdemel, e Hermione deu a Harry uma tortinha de abóbora, pedindo desculpas por não ter trazido mais, pois precisava continuar as pesquisas sobre os julgamentos de ataques de hipogrifos anteriores e não conseguiria carregar os livros se estivesse carregando mais comida. As garotas disseram que os doces eram para alegrar o domingo dos dois. Diana deu um pequeno sorriso sincero, agradecida por sua irmã ter lembrado dela lhe trazido chocolate, que ela amava. Malfoy se aproximou dela também, questionando se estava melhor, perguntando de brincadeira se estava pronta para outro jogo. Ela franziu a testa, e respondeu que primeiro precisaria de uma vassoura nova.

Anne balançou a cabeça negativamente e, sem delicadeza alguma, empurrou o loiro na direção dos garotos, os quais tinham entrado em um leve debate sobre quadribol. Hermione estava sentada em um outro leito, folheando o livro que trouxera. A sonserina encarou a irmã de coração e puxou uma cadeira para sentar-se ao seu lado.

- Então, sis, vai me contar o que realmente aconteceu? - ela questionou em voz baixa para que ninguém mais escutasse. A menina a olhou surpresa por um leve momento e então rapidamente voltou à expressão normal.

- Nada sis. Só… Foi horrível ter caído daquela altura… - disse a ruiva, não estava afim de tentar explicar o que vira, provavelmente havia sido apenas um pesadelo causado pelos dementadores. Nada demais, ela superaria como qualquer outro pesadelo que já havia tido.

Black ergueu ambas as sobrancelhas, uma vez que conhecia Di muito bem. Tinha certeza de que havia algo que a irmã não estava lhe contando, porém preferiu não pressionar, sabia que quando estivesse pronta, a jovem Snape se abriria com ela, então apenas assentiu, entretanto seu olhar demonstrava que não acreditou nem por um segundo no que a outra dissera.

- Sis do céu… Você deveria ter visto a fúria do diretor! Agora eu entendo porque tem gente que tem medo dele. - Anne falou, mudando o assunto para não cair na besteira de insistir na conversa anterior. Era melhor manter um "terreno neutro".

- É mesmo? - questionou Diana interessada. - Estranho… Ele parece ser daquele tipos de avô super querido que não se irrita com nada.

Anne assentiu com veemência.

- Mesmo. Ele espantou todos os dementadores de lá! Sozinho! - exclamou ela - Foi muito interessante, mas assustador na mesma medida.

- Nossa. - exclamou a ruiva espantada, mas ao mesmo tempo fazia sentido, e comentou. - Bom, não é para menos que Dumbledore é o maior bruxo do mundo, né?

Anne assentiu, e assim começaram a conversar sobre outras coisas, tudo menos sobre quadribol, vassouras e dementadores pois a morena desconfiou que era algo relacionado às criaturas que estava deixando sua irmã daquele jeito.

Um pouco antes do almoço Diana se lembrou de algo muito importante: Black, o cachorro. Não sabendo quanto tempo Madame Pomfrey iria mantê-la na Ala Hospitalar, pediu para sua irmã de coração ir dar uma olhada nele, ao que a morena concordou rapidamente com um grande sorriso, falando que surrupiaria algumas comidas gostosas do Salão e levaria para ele. Di sorriu e agradeceu à garota.

Alguns minutos mais tarde o quarteto decidiu por deixar os amigos descansarem mais um pouco, prometendo que mais tarde voltariam e recebendo olhares reprovadores de Madame Pomfrey, que não parecia muito contente de saber que o grupo retornaria. A mulher murmurou algo como "precisam de descanso" antes que saíssem dali.

Foi só Anne sair que a ruiva se lembrou de tudo que a incomodava e fez uma careta depreciativa. Ela foi retirada de seus pensamentos quando Harry a chamou. Di olhou para ele curiosa e o mesmo perguntou se estava bem, ela comprimiu os lábios, os mesmos formando uma linha única (uma expressão muito próxima à que seu pai fazia) e respondeu um tanto rispidamente que sim, que estava tudo bem. O garoto, já acostumado a ver aquela expressão do professor de poções, nem sequer estremeceu e falou que era óbvio que a menina estava incomodada com o que os dementadores faziam com ela. Novamente Potter não se importou com a expressão de Diana, que parecia atirar adagas pelo olhar, e seguiu falando que eles também o afetavam, que também não queria escutar a morte dos pais mais uma vez. A sonserina parou com o pensamento de assassinar Potter e realmente começou a prestar atenção no que ele falava. O jovem, então, comentou que Lupin havia espantado o dementador no Expresso de Hogwarts e que provavelmente ele poderia ensiná-los a magia que repelisse aquelas criaturas tão repugnantes. Diana então, após uma leve consideração concordou com a ideia dele. Assim que saíssem da enfermaria, os dois falariam com o professor de Defesa Contra a Arte das Trevas.

Enquanto essa conversa acontecia, Anne já havia pego o que julgava ser comida suficiente para Black e se encaminhava com tranquilidade para a orla da Floresta Proibida onde o cão ficava. O tempo tinha mudado completamente e aquele era um belo domingo de sol. A sonserina chacoalhou a cabeça, pensando que o clima conseguia ser mais imprevisível que qualquer predição de futuro que pudesse ser feita. Quando passou pela cabana de Hagrid o viu sentado no degrau enquanto acariciava Canino e acenou para ele, recebendo um sorriso e um cumprimento em resposta. Não demorou para que chegasse ao seu objetivo: viu o pelo negro do animal misturado à grama; ele dormia tranquilamente com a cabeça sobre as patas. A garota o chamou antes de colocar o prato que trouxera próximo a ele. A jovem Slytherin havia pego tudo o que podia: suculentas coxas de frango, alguns pedaços generosos de bolo de carne, algumas colheres de vegetais cozidos (afinal era bastante importante manter uma dieta balanceada) e vários pedaços de batata assada. Latindo feliz, o cachorro abanou o rabo quando cheirou a comida, antes de olhar de maneira interrogativa para a morena.

- Diana não pôde vir, Black. - Anne começou a falar enquanto trocava a água de seu pote - Ela caiu da vassoura no jogo de Quadribol de ontem, acredita? Não teve nenhum arranhão graças a Dumbledore que impediu ela e Harry de quebrarem os ossos. - ela estava de costas para o cão, então não notou que ele realmente prestava atenção no que falava - Você acredita na falta de sorte que eles tiveram? As duas vassouras voaram diretamente para o Salgueiro Lutador e se despedaçaram completamente. - nesse momento Ann escutou um ganido baixo vindo de Black e logo se virou para ver se o mesmo tinha se machucado com um dos ossos, porém a única coisa que notara foi o olhar triste que ele lançava - Tenho certeza de que Tio Sev irá comprar uma nova para ela - talvez tenha sido a imaginação fértil da sonserina, mas ela jurava que o cão tinha acabado de bufar à menção de Severus Snape. Com certeza ela estava imaginando coisas. Anne riu baixo de sua idiotice, mas logo franziu a testa, afinal não tinha ideia de como Harry conseguiria uma vassoura nova, então seguiu falando com o amigo de quatro patas - Acho que Harry não tem ninguém que possa dar a ele uma vassoura nova. O coitado mora com trouxas, sabe, Black? O pior tipo de trouxas, assim como meu tio. Os tios dele não suportam magia, acham que é uma abominação e Ted pensa a mesma coisa sobre mim, embora eu não entenda o porquê. Tia Drômeda é uma pessoa maravilhosa, não entendo como ela consegue aturar ele. - ela se lamentou amargamente e só então percebeu que estava falando sem parar e notou que Black tinha as duas orelhas erguidas - Desculpa, Black. Você deve pensar que sou louca, e saiba que você está certo. Tenho uma basilisco como amiga, o nome dela é Fofinha. - e riu novamente, sendo observada pelo cão.

Anne passou mais alguns minutos na companhia dele, certificando-se de que estava tudo certo para que pudesse voltar ao castelo. Satisfeita, ela se despediu dele e se apressou, afinal tinha mais uma visita a fazer antes de retornar à enfermaria: Fofinha na Câmara Secreta. A morena passou em torno de meia hora conversando com seu bichinho e contou tudo o que tinha acontecido na semana, inclusive sobre o jogo de quadribol e a queda dos dois amigos. O basilisco fez o som mais próximo que conseguiu de uma risada quando ouviu que Harry havia caído, afinal não era nem um pouco fã do garoto, uma vez que ele a havia cegado no ano anterior e questionou se já podia comê-lo, ao que Ann respondeu que não, que ele era amigo. Bufando, a cobra gigante falou que se Anne mudasse de ideia, que a avisasse, e também que desejava melhoras à amiga de sua "mestra", afinal a jovem Black já havia contado tudo sobre seus amigos na última visita que fizera. A garota ainda lembrou a amiga que a mesma precisava se desculpar com Diana e com a Mione por tê-las petrificado no ano anterior e Fofinha concordou, mas lembrou-a de que era controlada pelo antigo mestre. Anne sorriu e a abraçou, dizendo que não a culpava pelo que havia acontecido. A sonserina não se importava nem um pouco com a pele úmida e gelada da cobra, era um sentimento até reconfortante.

Após despedir-se da amiga, Ann praticamente correu para a Ala Hospitalar, onde o restante dos amigos já se encontrava; faltava apenas ela.

- Desculpem o atraso, fui visitar uma amiga. - ela se dirigiu a Di, que tinha uma das sobrancelhas erguidas em interrogação - Fofinha te deseja melhoras! - o sorriso no rosto de Black estava brilhante de felicidade e obviamente ela escondeu que Fofinha queria Harry para o jantar. Di forçou um sorriso e não falou nada, afinal não queria magoar sua irmãzinha. Apenas assentiu como se agradecesse as melhoras da cobra gigante.

Boa parte da tarde se passou de maneira tranquila, com bastante brincadeiras e risadas, para o completo desgosto de Madame Pomfrey. A mesma apareceu em determinado momento e praticamente os expulsou - novamente - dali, agora mandando os dois pacientes junto dos amigos, dizendo que já estavam bem e que não aguentava mais barulho ali.

Os seis não perderam tempo e saíram correndo para fora do castelo, pegando o restinho do sol sentados à beira do lago. Black apareceu por ali, que fez a felicidade de Diana, que o abraçou assim que o viu. O cão lambeu seu rosto carinhosamente, demonstrando que também estava muito feliz em vê-la. Aquele fim de tarde foi o mais normal que tinha sido em um bom tempo: apenas um grupo de jovens se divertindo com um cachorro de estimação.

A semana logo trouxe a rotina original de volta à escola, com aulas e bastante dever de casa como todos estavam habituados. O sexteto havia chego à porta da sala de DCAT e Ron pediu que alguém olhasse para dentro com o intuito de ver quem daria aula naquele dia, dizendo também que se fosse Snape ele daria um jeito de fugir. Diana revirou os olhos e espiou, notando que era Lupin quem estava ali, então os seis entraram e tomaram seus lugares de costume. As reclamações por conta do dever de casa (que nenhum deles, incluindo Hermione, se lembrara de fazer) vinham da sala inteira e o professor os acalmou, dizendo que não precisariam fazer, afinal estavam no meio dos estudos sobre Hinkypunks e foi exatamente sobre isso a aula. Como sempre, foi bastante interessante e todos aparentavam ter entendido o que fora proposto.

Após a aula altamente produtiva, que havia deixado os alunos com gosto de quero mais e com várias exclamações de surpresa, o sinal tocou e todos começaram a arrumar seus materiais e a sair da sala. Apenas Diana e Harry ficaram para trás, já tinham conversado com seus amigos e avisado que iriam falar com o professor Lupin quando terminasse a aula. O homem, ao notar a presença do grifinório e da sonserina, encarou-os com um sorriso sereno e o olhar gentil.

- Como vão os melhores apanhadores da atualidade? - questionou em tom brando - Gostaram da aula?

- Muito, professor. - respondeu a jovem no mesmo momento em que o moreno concordava com a cabeça. Ela e Harry se entreolharam e a menina continuou - Mas... na verdade queríamos pedir uma ajuda para o senhor…

Lupin ergueu uma das sobrancelhas enquanto cobria a jaula na qual se encontrava o hinkypunk.

- No que posso ajudá-los? - ele indagou, colocando as mãos nos bolsos.

- Queremos que nos ensine a nos defender dos dementadores... - disse o grifinório.

- Eles... Eles nos afetam muito mais que ao outros, professor... - disse Snape seguindo de onde o moreno havia parado. A garota encarou Lupin com uma expressão triste e perdida.

Logo a voz de Harry foi ouvida novamente, um tanto hesitante e entristecida:

- Quando eles se aproximam... Eu escuto Voldemort assassinando minha mãe.

O estômago de Diana embrulhou ao lembrar-se do que ouvira no dia do jogo e ela precisou se segurar para não vomitar ali mesmo. O professor certamente notou a palidez em seu rosto, uma vez que tocou seu ombro e o de Potter com gentileza.

- Há um tipo de magia que posso ensinar a vocês... - Lupin falou, pensativo - Caso os dementadores apareçam nos próximos jogos, vocês serão capazes de mantê-los longe o suficiente, mas receio que terão que esperar até o próximo trimestre. Tenho muito o que fazer antes das férias. - ele suspirou - Escolhi uma hora bastante ruim para adoecer. - finalizou Lupin em um tom levemente amargo.

Os dois amigos então agradeceram ao professor, concordando esperar uma hora mais apropriada para o mesmo, e saíram para se encontrar com o restante do grupo, que estava aguardando logo ao lado de fora da sala. Hermione se apressou em questionar se haviam conseguido, ao que Harry respondeu que sim, que depois do Natal iniciariam. Anne franziu a testa, externando uma dúvida que pairava em seus pensamentos desde que a irmã de coração contara sobre a decisão que tivera com o grifinório de conversar sobre Lupin: por que não haviam pedido a ajuda do professor Snape?

A menina desviou o olhar, ela até tinha pensado nisso, mas sabia que seu pai iria fazer perguntas e tentar entender o porquê de ela estar sendo afetada. Como não queria responder perguntas de ninguém, acabou concordando com a opção de Harry de falar com o professor Lupin. Percebendo que Diana ficou quieta, Harry respondeu que ele não tinha afinidade com o professor de poções. Notando que Di não queria falar sobre o assunto, Black não insistiu na pergunta, apenas aceitou a resposta do garoto e, com um sorriso, enganchou o braço ao da ruiva com o intuito de seguirem para a próxima aula do dia.

Os dias passaram sem eventos muito gritantes e tão tranquilos quanto poderiam ser em Hogwarts. Nott pareceu ter tomado para si a responsabilidade de importunar o Trio de Prata em qualquer oportunidade - quando não estava fazendo o mesmo com o Trio de Ouro , uma vez que havia sido tirado da posição de apanhador do time devido à grande habilidade de Diana; o garoto havia assumido a posição de segundo batedor e não ficou nada feliz com aquilo. O sexteto fazia o seu melhor para ignorar, então tudo corria tão bem quanto poderia.

O mês chuvoso de outubro deu lugar a um novembro de tempo limpo e temperaturas caindo para a grande alegria de Anne, que adorava a chegada do inverno. Ela, Di e Draco ansiavam pela partida de quadribol que se daria no final do mês contra Hufflepuff e a ruiva se lamentava por precisar treinar com alguma vassoura da escola, uma vez que ainda não tinha uma nova.

A ruiva tinha olhado junto de Harry o livro Qual Vassoura? que o capitão do time Gryffindor havia emprestado para o garoto. Ela havia se apaixonado pela Thunderbolt VII, mas o dinheiro que tinha guardado da sua mesada não chegava nem perto do valor da vassoura. Diana havia comentado sobre as vassouras com seus amigos, Rony e Harry preferiam a Firebolt. Draco ficou em dúvida dizendo que ambas eram boas e eram concorrentes, ambas iriam ser usadas na Copa de Quadribol. Anne concordou com Di que a Thunderbolt VII tinha um design mais aerodinâmico. Mas no fim todos concordaram que as duas vassouras estavam fora de questão. Di acabou por escolher a versão mais nova da Nimbus, e Harry parecia inclinado na mesma opção.

Por conta da quantidade de deveres que os professores insistiam em passar a jovem Snape acabou por esquecer de fazer o pedido da vassoura, assim como Potter, afinal de nada adiantaria terem ótimas vassouras e não poderem usá-las por estarem falhando com as obrigações da escola.

Quando faltavam exatamente 13 dias para o jogo entre Slytherin e Hufflepuff, após uma incrivelmente exaustiva aula dupla de Poções, o sexteto se preparava para sair da sala quando o professor Snape pediu que a filha aguardasse pois o mesmo precisava conversar com ela. Os seus amigos se despediram dizendo que a esperariam no pátio pois o final da tarde estava lindo. Ela concordou e voltou para seu pai que esperava na porta do escritório dele.

O homem aparentava tranquilidade quando questionou a jovem se ela havia escolhido uma vassoura nova já, ao que a garota respondeu que sim, porém ainda não tivera tempo de comprar. O homem assentiu e virou de costas para ela, mexendo em um baú que ficava próximo de sua mesa. Quando se voltou à filha, segurava nas mãos um embrulho negro no formato de uma vassoura e o entregou a ela com um sorriso. A ruiva ficou em choque, pegou o embrulho com a máxima delicadeza, e se sentou no chão mesmo para desembrulhá-lo.

Quando o pacote se abriu, a garota soltou um grito e começou a pular alucinadamente, exclamando vários "obrigadas" e por fim abraçou seu pai. O homem riu e retribuiu o abraço, dizendo que ficara em dúvida de qual modelo comprar, mas que acabou optando pela Thunderbolt, uma vez que aparentava ter um balanceamento melhor e esteticamente para ele parecia combinar mais com ela. O cabo de madeira clara era fino na medida certa com o modelo gravado em letras prateadas na ponta, as cerdas de tom um pouco mais claro impecavelmente alinhadas. Era um modelo bastante leve.

Diana então falou que de todas que ela tinha visto era essa pela qual tinha se apaixonado, seu pai havia acertado em cheio.

A garota embrulhou a vassoura novamente e saiu do escritório do pai correndo para se encontrar com seus amigos.

Ao chegar no pátio, meio sem fôlego, viu os cinco com o Black.

- Gente! Gente! Vocês tem que ver isso! - ela gritou animada.