Capítulo 1: A Segunda Chance
Harry Potter estava em um vazio absoluto. A escuridão ao seu redor parecia infinita, sem nenhum ponto de referência, como se o tempo tivesse deixado de existir. Não havia som, nem luz, apenas um espaço imenso e vazio. Ele sabia que sua missão estava completa, que Voldemort havia sido derrotado, mas as cicatrizes da guerra estavam profundas demais. Cada rosto de amigo perdido, cada batalha travada, cada lágrima derramada... Tudo isso pesava sobre ele, e agora, após ter vencido o maior dos inimigos, ele se via sozinho. O que mais restava, afinal? Ele sentia que seu papel no mundo havia acabado, que o herói que um dia fora não tinha mais lugar no novo mundo que se erguia das cinzas.
E então, no silêncio absoluto, uma presença se fez sentir. Não era uma presença de alívio ou esperança, mas uma presença pesada, inevitável, como se tudo ao seu redor estivesse sendo observado por algo além da compreensão humana. A Morte apareceu diante dele, sua figura esquelética envolta em um manto negro que parecia engolir a própria escuridão.
"Harry Potter", sua voz era profunda e reverberante, carregada de uma sabedoria antiga, como se ressoasse no próprio espaço vazio. "Você derrotou a escuridão, mas com isso, quantas luzes você apagou? As vidas que se perderam, as escolhas que você fez… O que você conquistou, além da perda? A vitória tem seu preço, mas e agora? O que mais você pode fazer?"
Harry, atônito, olhou para a figura que se erguia diante dele. Ele tinha tantas perguntas, mas a única coisa que sentia era um cansaço profundo. Ele não sabia mais qual seria o próximo passo, o que ele deveria fazer. Sentia que a guerra o havia consumido por inteiro.
"Você quer que eu viva tudo novamente?", perguntou Harry, sua voz carregada de dúvida. "Eu não sou mais aquele garoto. Eu não sou mais um herói. Eu… Eu perdi muito para poder voltar. Não tenho mais forças."
A Morte observou-o com seus olhos vazios, como se o estivesse analisando em sua totalidade. "Você sempre foi mais do que um herói, Harry. Você foi moldado pelas escolhas que fez, mas talvez agora tenha a chance de refazer algumas delas. O passado está diante de você, e você tem o poder de alterá-lo. Volte. Refazendo seu caminho, você poderá corrigir erros, evitar tragédias e dar aos que você ama uma chance que nunca tiveram."
Harry sentiu uma onda de emoções conflitantes dentro de si. Ele queria acreditar nela. Ele queria ter a chance de corrigir os erros, de salvar aqueles que não pôde salvar. Mas o que ele sabia sobre o futuro? Como ele poderia mudar algo tão imenso sem causar mais danos?
Antes que ele pudesse responder, a Morte estendeu sua mão, e, de repente, o vazio ao redor de Harry desapareceu. Ele sentiu o chão sob seus pés, o ar ao seu redor, uma sensação de familiaridade que o atordoou. Quando ele abriu os olhos, viu-se de volta à sua infância, deitado em sua cama na casa dos Potter. Ele tinha cinco anos novamente, mas suas memórias estavam intactas. Ele sabia exatamente onde estava e, mais importante ainda, sabia o que precisava fazer.
Ele olhou ao redor e percebeu que estava na casa dos seus pais, Lily e James. Eles estavam vivos. Eles estavam ali, como se nunca tivessem partido. O impacto dessa visão o abalou profundamente. O medo, a dor, a saudade, tudo isso voltou de uma vez só. Ele se levantou da cama rapidamente, sentindo a familiaridade do ambiente, mas também a estranheza de estar vivendo uma segunda chance que ninguém mais teria. E, no entanto, ele sabia o que precisaria fazer.
"Harry, você está bem?", a voz suave de sua mãe, Lily, fez com que ele virasse rapidamente. Ela estava ali, sorrindo para ele com a mesma expressão carinhosa de sempre. Ele se congelou por um momento, as palavras presas na garganta. Sua mãe, a mulher que ele nunca imaginou ver novamente, estava ali, viva, à sua frente. Ele não sabia como reagir.
"Sim, mãe, estou bem", respondeu Harry, tentando soar o mais natural possível, mas a profundidade de sua voz, mais madura do que deveria ser para uma criança de cinco anos, chamou a atenção de Lily. Ela olhou para ele, seus olhos cheios de carinho, mas também um pouco confusa. Algo parecia diferente, mas ela não sabia o que era.
"Você parece… diferente, Harry", ela comentou suavemente, tocando sua testa para verificar se ele estava com febre. "Você está calmo demais, para uma criança dessa idade."
Harry sorriu, tentando disfarçar o turbilhão de emoções que passava dentro de si. "Eu só estava pensando um pouco mais hoje, nada demais."
Lily, embora ainda desconfiada, não insistiu. Ela sorriu e lhe deu um beijo na testa. "Bem, se está tudo bem, então venha para o café. Mark está esperando."
Mark. Harry se virou para olhar seu irmão gêmeo, Mark, que estava pulando pela porta do quarto, cheio de energia. Mark tinha a mesma aparência que ele, com os cabelos negros e os olhos verdes, mas, ao contrário de Harry, ele estava radiante de felicidade, como se o mundo fosse um lugar perfeitamente normal.
"Harry, acorda! O café da manhã vai esfriar!", gritou Mark, pulando em sua cama com um sorriso travesso no rosto.
Harry observou o irmão com uma mistura de emoções. Mark era tão diferente dele em alguns aspectos. Ele era livre, sem a carga de um futuro sombrio, sem o peso de saber o que estava por vir. Harry sabia que sua missão agora envolvia proteger todos à sua volta, mas como ele faria isso sem que Mark soubesse? Como ele lidaria com o irmão, com a responsabilidade de mudar tudo sem que ninguém percebesse?
Quando desceram para o café, Harry não pôde deixar de observar sua família com um novo olhar. Lily, James, Mark, Rose e Julie… estavam todos ali. Eles estavam vivos, e ele faria o que fosse necessário para garantir que permanecessem assim. Ele ainda não sabia exatamente como faria isso, mas uma coisa estava clara: ele precisava ser cuidadoso, precisava guiar suas escolhas e ações para não deixar o destino se repetir.
Ao longo do dia, Harry observava tudo ao seu redor com olhos diferentes. Ele já sabia o que aconteceria no futuro, ele sabia o que estava por vir, mas ele também sabia que qualquer erro, qualquer desvio pequeno, poderia causar consequências imensas. Ele precisava estar atento a cada detalhe, cada movimento, cada palavra. Ele precisava proteger sua família, evitar os erros que ele cometeu no passado, e para isso, precisaria ser mais do que um simples garoto de cinco anos. Ele precisaria ser um líder, alguém com a sabedoria e a visão de um homem mais velho, alguém que poderia mudar o curso da história.
Durante a tarde, enquanto brincava com seus irmãos no jardim, uma pequena ocorrência fez com que Harry saltasse para a frente, pronto para agir. Rose, tentando fazer uma magia simples, acabou perdendo o controle da varinha. Um feitiço de levitação se transformou em uma explosão de luz, e Harry, com rapidez, conjurou um feitiço de contenção, fazendo com que a magia se dissipasse sem causar danos.
"Uau, Harry! Como você fez isso?", perguntou Mark, com os olhos arregalados.
"Eu… não sei", disse Harry, tentando manter a calma. "Às vezes a magia sai assim, de forma inesperada."
Mas dentro de si, Harry sabia que não podia mais ser apenas uma criança. Ele precisava ser mais do que isso. Ele precisava aprender a usar seus conhecimentos, suas habilidades, para guiar e proteger aqueles que amava, sem que eles soubessem do que estava por vir. Ele precisava evitar que os erros do passado se repetissem.
À medida que o dia passava, Harry refletia sobre o peso de sua responsabilidade. Ele sabia que estava ali por uma razão maior, que sua jornada não era apenas sobre salvar sua família, mas sobre salvar o futuro de todos. Ele não tinha certeza de como faria isso ainda, mas sabia que, com o tempo, as peças se encaixariam.
Ele estava de volta, e agora, tinha uma segunda chance. Ele faria tudo o que fosse necessário para corrigir os erros do passado e, com isso, criar um futuro diferente para todos.
