Capítulo 6: A Mentoria de Dorea Black

A biblioteca ancestral dos Black era um lugar imenso e silencioso, repleto de livros encadernados em couro e manuscritos que remontavam a séculos de história bruxa. O ar estava impregnado com o cheiro de pergaminho envelhecido e magia antiga. As estantes, altas e imponentes, guardavam volumes que contavam histórias das linhagens mais antigas do mundo bruxo. Cada livro ali parecia carregar o peso de uma era, e cada página virada, o peso do conhecimento ancestral.

Harry sentia-se como um estudante ávido em um campo de ouro, absorvendo tudo o que podia sobre a história das famílias bruxas. Mas o verdadeiro mentor que ele encontrou nesse ambiente místico era Dorea Potter, née Black, a avó materna de Harry, que o havia adotado como herdeiro da família Potter. Dorea era uma mulher de imensa sabedoria, com um olhar penetrante e uma postura digna, mas sempre com um sorriso acolhedor. Apesar de sua idade, ela exalava uma energia vital, e parecia ser uma das poucas figuras em sua vida capaz de equilibrar a ternura com uma autoridade inabalável.

Dorea havia feito uma escolha muito clara: Harry seria o herdeiro principal da linhagem Potter, e, como tal, deveria entender as complexidades das famílias bruxas de sua herança, especialmente as linhagens de Peverell, Potter, Black e Slytherin, que estavam entrelaçadas de maneiras misteriosas. Ela o levou sob sua proteção, fazendo-o estudar com afinco as antigas tradições e responsabilidades que viriam com sua posição.

"Harry, querido", Dorea sempre começava suas lições com uma leveza nas palavras, sua voz suave mas imponente. "A história das famílias bruxas não é apenas sobre magia. Ela é sobre poder, sobre como as linhagens se entrelaçam e formam alianças, sobre os direitos que cada um carrega nas veias. Você é mais do que apenas um herdeiro da família Potter. Você é um dos Peverell, um dos Black e, talvez mais importante de tudo, um dos Slytherin. Suas raízes são profundas, e você precisa aprender a honrá-las."

Harry ouvia com atenção, absorvendo o conhecimento de Dorea com uma reverência silenciosa. Ele sabia que, sob sua orientação, ele não apenas aprenderia magia avançada, mas também as complexidades das alianças e dinâmicas familiares que moldavam o mundo bruxo. O estudo era intenso, com Dorea o guiando por velhos livros de genealogia, apontando detalhes que Harry jamais imaginara. Ele aprendeu sobre a linhagem dos Peverell, sobre a posse das Relíquias da Morte, e como o fato de ser um descendente direto dessa linha carregava um peso significativo. Ele também mergulhou na história dos Black, entendendo o papel crucial que essa família desempenhava nas sombras do poder.

Além disso, Harry começou a perceber as conexões que seus parentes tinham com o legado de Slytherin. Descobriu que, de fato, ele não era apenas um bruxo talentoso, mas alguém cujas habilidades mágicas estavam profundamente ligadas à magia das antigas linhagens, ligadas à ambição e ao poder.

Dorea, com sua experiência, também o ajudou a entender como essas linhagens estavam conectadas a questões mais práticas, como as alianças políticas e a influência dentro da sociedade mágica. Ela falava de maneira direta, sem esconder os aspectos mais sombrios da política bruxa.

"Você deve se lembrar, Harry", ela disse certa vez, seus olhos brilhando com a intensidade de quem conhecia o peso de suas palavras, "que o poder não é dado; ele é tomado. Para realmente controlar o que você tem direito, deve aprender a usá-lo de forma estratégica."

Mas a relação entre Harry e Dorea não era apenas de ensino formal. Ela o tratava com carinho e afeto, sempre o cumprimentando com um beijo suave na boca e um "Querido, você está indo muito bem", como se estivesse sempre cuidando dele não só como um aprendiz, mas também como um neto. Esse gesto, de certo modo, era único, um reflexo de uma conexão profunda, de uma avó que se importava profundamente com o bem-estar de seu neto, tanto emocional quanto intelectualmente.

Ao longo do tempo, Dorea também começou a incentivá-lo a se conectar mais com outras figuras femininas importantes em sua vida, especialmente com Narcisa, Amelia e outras bruxas que demonstravam interesse por ele. Ela o ensinava a arte da política social, alertando-o sobre as alianças que ele poderia formar e como essas mulheres poderiam desempenhar um papel importante em seu futuro, seja como aliadas ou como parceiras estratégicas.

"Harry, querido", ela dizia com um tom enigmático, "o mundo bruxo é complexo. As alianças mais poderosas nem sempre são aquelas que esperamos. Você precisa aprender a olhar para as mulheres ao seu redor não apenas como figuras afetivas, mas também como fontes de poder. Narcisa, por exemplo, não é só a sua prometida; ela é uma mente estratégica e uma fonte de apoio que pode se tornar fundamental em tempos difíceis. E não se esqueça de Amelia, ela tem mais do que a aparência de uma dama gentil; ela é muito mais forte do que você imagina."

Harry entendia as palavras de Dorea e começava a ver suas conexões com as mulheres ao seu redor sob uma nova luz. Ele já sentia uma admiração por Narcisa, que havia se tornado uma mentora rigorosa e ao mesmo tempo cuidadosa, mas agora ele começava a perceber a profundidade de sua relação com ela e as complexas dinâmicas de poder que se formavam.

Certa tarde, enquanto explorava a biblioteca com Dorea, Harry encontrou algo que o deixou fascinado: um artefato mágico antigo, que parecia emanar uma energia peculiar. O artefato estava guardado em uma caixa de vidro, uma peça única que jamais havia sido tocada por outras mãos. Ele estava coberto por runas e símbolos que Harry rapidamente reconheceu como pertencentes às antigas linhagens dos Peverell e dos Black.

"Esse artefato, Harry", explicou Dorea, ao ver o interesse de seu neto, "é um relicário mágico, um artefato de grande poder. Ele contém fragmentos de magia antiga, uma forma de feitiçaria que você ainda não compreende totalmente. Mas você vai aprender. O que você sente agora, essa conexão com o artefato, é um reflexo da sua linhagem."

Harry tocou o relicário com cuidado, sentindo uma onda de poder se espalhar por seu corpo. Ele sentiu como se as correntes de sua magia fluíssem mais livremente, como se ele tivesse acesso a um novo nível de poder. "Eu posso aprender a usar isso, vovó?", perguntou, seus olhos brilhando com curiosidade.

"Sim, querido", disse Dorea com um sorriso. "Mas como todo poder, ele vem com responsabilidades. Você deve aprender a usá-lo com sabedoria."

Harry, com a orientação de Dorea, passou os dias seguintes estudando o relicário e experimentando seus efeitos. Em um momento decisivo, ele conseguiu manipular o artefato de maneira impressionante, fazendo com que ele emitisse uma luz radiante, projetando uma aura de proteção ao seu redor. Dorea assistiu com aprovação, sabendo que Harry estava começando a dominar um dos artefatos mais antigos de sua linhagem.

"Você tem o dom da linhagem Black, Peverell e Potter em você, Harry", disse Dorea, um brilho de orgulho em seus olhos. "Agora, use esse poder sabiamente."