Chegou a hora, pessoal! O novo capítulo está no ar! Esse foi um daqueles que escrevi imersa na atmosfera certa, então se sentirem algo um pouco tenso ou carregado de um certo veneno... é de propósito. Enquanto escrevia, me inspirei ouvindo Me And The Devil de Soap&Skin e Erva Venenosa de Rita Lee, então imaginem essas músicas de fundo enquanto leem. Elas combinam bem com o clima da história.

Espero que gostem da continuação! Como sempre, estou curiosa para saber o que acharam - comentários, teorias, surpresas ou até surtos são bem-vindos. Boa leitura e aproveitem!


Em uma casa simples e de dois andares, especificamente, no quarto cheio de brinquedos e roupas jogadas por todo lugar, um menino por volta dos sete anos de idade, aproveitava seu maravilhoso domingo sem aula, lendo seus mangas favoritos. Tentando esquecer sua semana desastrosa.

Era um dia normal e perfeito para Tsuna, tirando a dor dos machucados que Hibari-san o apresentou em seu último encontro com ele. O porquê dele ter sido disciplinado, Hibari-san explicou que havia atrasado por muito tempo.

O tempo foi apenas um dia!

Entretanto, Tsuna não queria pensar em coisas ruins em seu único dia livre da escola e de qualquer valentão. Se depender dele, ficaria nessa cama maravilhosa pelo resto de sua vida, lendo seus mangás e em paz.

Apesar disso, um som vindo de sua barriga parecia não concordar com seus pensamentos. Ah, sua barriga vazia está começando a mandar Tsuna descer para pegar comida na cozinha. Se der sorte, o pequeno Sawada poderia até encontrar bolo de chocolate que sua mãe tinha aqui que iria fazer hoje, do sabor que ele mais gosta no mundo! Tsuna já estava até imaginando a felicidade que iria sentir quando vislumbrava seu belo bolo de chocolate com calda por cima e alguns morangos que sua mãe adorava colocar para complementar.

Sem paciência, ele cuidou de sair do seu quarto e descer a escada com cuidado para não tropeçar. Hoje, por incrível que pareça, Tsuna não tropeçou em nada ou quase foi morto acidentalmente. Sua mãe até ficou contente!

Um milagre em meio a tanta miséria.

Isso só poderia significar que o resto do seu dia seria perfeito.

Sim! Isso mesmo!

O sorriso enorme no rosto do mais jovem Sawada poderia ser visto à distância.

Quando finalmente ele chegou no final da escada sem nenhum arranhão causado por uma queda rotineira, um sorriso de felicidade nascido em seu rosto. Tsuna seguiu o corredor em direção a cozinha onde, possivelmente, sua mãe estava.

Quando Tsuna chegou à porta da sala de jantar que estava conectada com a cozinha, seus passos pararam abruptamente.

Sua falha e seu coração pulsam uma batida de forma errada.

Não, não pode ser possível…

A imagem que Tsuna tinha criado para o seu dia perfeito emitiu um som semelhante a um vidro quebrado de forma grosseira no chão.

Seu dia perfeito foi destruído pela simples imagem da nova presença sentado na mesa de jantar, mais precisamente, na ponta da mesa como se fosse a dona, comendo um grande pedaço do seu bolo de chocolate com calda e morangos.

Tsuna nunca mais vai sentir felicidade quando come um bolo de chocolate na vida outra vez.

Esse dia estava sendo perfeito demais para continuar sem acontecer nada para trazê-lo de volta para sua vida infernal e cheia de destruição! Porque, sentado na cadeira como se fosse uma tirana, estava o demônio a qual ele teve a burrice de fazer um pacto a dois dias.

Tsuna abriu as portas para os satanás entrarem em sua casa!

- Se ficar parado como uma estátua, vai impedir que as pessoas passem por essa porta, Pequeno Coelho - Sakura declarou com uma colher na boca, apreciando o bolo celestial que estava comendo.

Tsuna só conseguiu ficar calado, ele ficou paralisado por ter Sasagawa em sua casa. Ele não a encontrou! Mas, justamente, Tsuna nunca a convidaria para sua casa ou sua vida!

Ela era um demônio disfarçado de ser humano!

- Como você entrou? - Tsuna conseguiu perguntar ainda parado na porta, caso precisesse fugir.

- Eu não invadi sua casa, sua mãe me deixou entrar - Sakura declarou descaradamente para o garoto aterrorizado por sua presença - Afinal, somos amigos, certo?

Muitos pensamentos ruínas surgiram na pequena mente de Tsuna quando ouvi o resto da frase dita por Sasagawa. Para a sorte do resto de sua sanidade e inocência, esses mesmos pensamentos foram interrompidos pela chegada de sua mãe.

- Ara! Tsu-kun! Eu já iria subir para te chamar - Sawada Nana anunciou com um grande sorriso no rosto ao entrar na sala de jantar - Você deveria ter me dito que chamou uma amiga para brincar hoje, Tsu-kun!

Tsuna olhou com confusão para sua mãe e depois olhou com ressentimento para o infortúnio em pessoa na sala. Ele estava prestes a dizer a sua mãe, pura e inocente, que não tinha amigos e Sasagawa era uma intrusa. Que eles deveriam chamar a polícia ou um exorcista, este último parecia mais garantido para resolver o assunto.

Contudo, o demônio dos cabelos rosados e olhos esmeraldas foi mais rápido.

- Tsuna deve ter esquecido que agora que somos amigos, vamos nos encontrar para sempre. Afinal, amigos brincam todos os dias - Sakura saiu da cadeira com roupas elegantes, sendo admirada pela anfitriã da casa, ela já tinha acabado de comer seu bolo de chocolate. Estava uma delícia, essa mulher tinha mãos de fada! - Se for um incomodo, posso ir embora e marcar para outro dia, Sawada-san.

- Oh! Claro que não, querida! Você é a primeira amiga que Tsu-kun convida para nossa casa. Você pode vim sempre que desejar! Assim como também me chamar de Mama! - Nana falou muito feliz. Seu lindo filho amizade fez com uma garotinha tão bonita e educada - Vão brincar lá em cima, logo eu chamo para comer uns biscoitos.

Sawada Tsunayoshi só pode olhar para sua mãe com a boca aberta e com um único pensamento na cabeça.

Ó satanás seduziu sua doce mãe!

Para evitar que a alma de sua amada mãe fosse comida ou entregue para os satanás, Tsuna se apressou em apontar para onde ficou seu quarto. As duas crianças obedeceram à mulher mais velha, para o ânimo de uma e a desgraça da outra. Não demorou para que duas se encontrassem no quarto de Tsuna.

Era simples, as paredes eram de um azul claro como o céu, uma cama de solteiro e todo bagunçado com brinquedos e roupas pelo chão.

- Parece um chiqueiro esse lugar.

- Não fale assim do quarto das pessoas, Sasagawa! - Tsuna bastante envergonhado.

Sakura não deu o mínimo para o garoto envergonhado, ela caminhou até uma cadeira de uma escrivaninha e mandou tranquilamente. Tsuna se apressou para arrumar seu quarto ou diminuir a bagunça. Quando ele conseguiu fazer o quarto mais apresentável para a convidada indesejada, Tsuna a olhou e seus olhos se arregalaram com o que Sasagawa tinha nas mãos.

- E-Esse é meu… diário! - Tsuna correu para arrancar seu precioso diário das mãos maliciosas de Sasagawa.

Sakura viu que Tsuna estava correndo em sua direção e fugiu dele. Os dois correram pelo quarto por dez minutos, bagunçando tudo outra vez. O jogo de pega-pega acabou rapidamente depois que Tsuna não aguentou mais mexer suas pernas, ficando estirado no chão como um morto vivo, suando e arfando, tentando recuperar o oxigênio que perdeu nessa perseguição.

O pequeno Sawada olhou em direção a garota em seu quarto. Sasagawa estava sentado em sua cama outra vez, com as pernas cruzadas e olhando como se fosse um inseto insignificante abaixo dela. O pior de tudo isso, era que não tinha uma gota de suor ou um fio de cabelo fora do lugar.

Tsuna esqueceu que demônios não são humanos.

Seus lamentos internos foram deixados de lado ao ouvir seu diário sendo lido em voz alta.

- A primeira vez que a vi, Pensei que fosse um anjo que caiu do céu. Ela era tão linda e fofa, sempre gentil. Estou apaixonado por Sasagawa Kyoko e vou m-

- Não leia isso em voz alta!

- Por que não? Estou curioso para ver o final - Sakura comentou divertida.

Tsuna ficou mais envergonhado e estava quase chorando, não bastava ter valentões na escola, tinha que ter na sua casa também?!

Sakura iria brincar mais com o pobre garoto, mas a cara de choro dele desfez seus doces planos. Ela suspirou entediada e inspirada com mais cuidado, Tsuna era apenas uma criança intimidada por toda a escola e encontrou em sua irmã, a figura que ele queria ser, uma criança inteligente e amada por todos. Não era o amor que Tsuna sentia por Kyoko, era o desejo de inconsciente ter o que ela tem, amigos e carinho das pessoas à sua volta.

- Por que você gosta da Kyoko, Tsuna? - Sakura disse, para começar a fazer dúvidas nascerem na cabeça dele.

Tsuna olhou espantado para a pergunta feita a ele. Por que ele gostou de Sasagawa Kyoko? Era…porque Kyoko era a garota mais bonita da escola, inteligente, dócil e todo mundo gostava dela e queria ser seu amigo. Tsuna estava pronta para dizer tudo isso a garota de cabelos rosados à sua frente, mas algo naqueles olhos esmeraldas o fez ficar paralisado. Sasagawa o examinou para todo o seu ser, não tinha julgamento ou qualquer outra coisa dentro deles, isso o fazia sentir que alguém, realmente, se importava com o que ele pensava.

Tsuna não conseguiu responder em voz alta à pergunta de Sasagawa. Ele sentiu que essa não seria a resposta que ela acreditaria ou que ele mesmo sentiu que era isso mesmo. Por que ele gostou de Sasagawa Kyoko? Tsuna não teve tempo de pensar muito nisso, seu diário foi jogado em seu rosto com brutalidade!

- Pense melhor e quando realmente achar a resposta, você me diz - Sakura falou com um sorriso simples no rosto.

Tsuna só pode sentir. Ele iria procurar uma resposta. Ele sentiu que sabia, mas tinha medo de descobrir. O quarto foi necessário por um silêncio opressor, nenhuma das crianças iniciava qualquer conversa. Apesar disso, o mesmo foi quebrado pelo som da voz de Sakura.

- Vista uma roupa mais decente, Tsuna. Nós dois vamos ficar fora por um tempo - Sakura declarou, já invadindo o guarda-roupa do moreno e procurando um conjunto mais prático e escuro - Você não tem roupas escuras?

- Minha mãe gosta de comprar roupas coloridas - Tsuna respondeu sem entender, logo uma camisa azul escura e um short preto foi jogada em sua direção - Para onde nós vamos, Sasagawa?

- Para começarmos de uma forma melhor, a partir de hoje, você vai me chamar de Sakura. Segundo, meu pequeno jogo com Kyoya está, atualmente, com o bastardo na frente - Sakura respondeu enquanto se virava para o moreno vestir a roupa - O que nós vamos fazer, é pegar meu segundo peão-... cof… cof… quero dizer , meu segundo amigo, para começar o plano de contra ataque.

Tsuna só pode encarar uma garota de cabelos rosados com um rosto vazio, pois tinha certeza de que Sakura disse "peão" antes de mudar a palavra para "amigo". Apesar desse tamanho, Tsuna sentiu que para Sakura, qualquer um vai ser visto como uma peça de xadrez.

Tsuna também não mencionou que jogo de competição distorcida ela está jogando com Hibari-san.


As duas crianças caminharam pela vizinhança da família de Tsuna, elas ainda estavam perto da casa do moreno. Tsuna não entendeu direito o que estava acontecendo, mas sua mente não estava mais nebulosa ou bagunçada. Ele não tropeçou nenhuma vez desde que Sakura continuou ao seu lado. Tsuna também não sentiu mais aquele frio que parecia engoli-lo inteiro.

Desde a última vez que ele viu seu pai e aquele homem velho que o acompanhava, Tsuna tem sua mente lenta, nebulosa e com um zumbido constante. Seu corpo não parecia seguir seus comandos e Tsuna tropeçava até no próprio ar! Ele sempre estava com frio, nem quando se enchia de cobertores ou coberturas ou casacos, dava qualquer calor.

Tsuna só sente frio, assim como desapego ao seu próprio corpo.

Mas, tudo isso muda quando ele está perto de Sakura, sua mente clareia e seu corpo segue seu comando, não existe tanto frio como antes. Por causa disso, Tsuna não se importa com o que Sakura planeja, um pouco, ele só não quer voltar a sentir que algo foi roubado e quebrado dentro dele outra vez. Seus pensamentos deram uma pausa, quando a garota à sua frente parou diante de uma porta da casa que ficava próxima à sua rua.

- Chegamos.

Tsuna iria perguntar onde eles tinham chegado, mas sua fala foi interrompida, assim como seus olhos se arregalaram de surpresa e horror.

- Por que está arrombando a porta dessa casa?!

- Não estou arrombando, Tsuna. Não seja dramático. Só estou entrando de uma forma que não vai precisar que o inquilino venha aqui para abrir a porta pessoalmente - Sakura respondeu levemente enquanto guardava o clipe de cabelo que havia, abrindo a porta logo em seguida sem fazer som.

- Isso se chama de arrombar e entre sem permissão! - Tsuna exclamou exasperado, mas baixando o volume de sua voz, não queria ser pego nessa invasão.

Sua mãe não é a criada para invadir casas e ser uma criminosa! Ele ainda era muito jovem para ir para a cadeia!

- Entendo…

- Sério? - Tsuna ficou surpreso por a garota de cabelos rosados entender que estava fazendo algo de errado, o deixando aliviado e respirando com mais calma diante dessa situação inusitada - Então vamos embora an-

- Não se preocupe, Tsuna. Vou te ensinar depois como abrir qualquer porta! Então, não vai precisar se preocupar com detalhes tão pequenos quando for mais velho - Sakura prometeu com olhos certos para o garoto, o puxando para dentro da casa e se divertindo com o estado de espírito da criança.

Tsuna não podia acreditar. Ele não queria aprender a invadir casas! Só queria ir para casa e não ser preso por algo que nunca teve intenção de participar.

Ele não era um criminoso!

Contudo, a garota de cabelos rosados, pegou sua mão e a orientação em direção ao andar de cima. Pelo que eu poderia perceber, não tinha ninguém em casa, isso causava certo rompimento em sua alma.

Ela estava tentando roubar?!

A porta a qual os dois pararam, tinha uma cor branca. Era possível ouvir o som de música baixa, sem bater ou pedir licença, Sakura abriu a porta e arrastou o moreno aterrorizado com ela, que queria gritar dizendo que eles seriam pegos facilmente dessa maneira!

O quarto era arrumado, tinha uma estante de livros e jogos de videogame em um canto, algumas peças do que pareciam ferramentas e fios jogados no chão, mas não foi isso que chamou a atenção dos dois, mas sim, o pequeno garoto ruivo de óculos quadrados, que olhou para eles com medo, segurando seu estômago com força.

- Como você está, Irie-kun? Bem melhor? Excelente! - Sakura não esperou a resposta do garoto que parecia que iria desmaiar com sua presença, seu corpo para a única cadeira do lugar e sentou-se confortavelmente como se fosse a dona do local - Que falta de educação minha! Esse aqui é Sawada Tsunayoshi, um querido amigo meu! Tenho certeza de que vocês dois vão se dar muito bem.

Os dois garotos pobres só podiam olhar para a alegria na voz da garota, contudo, seus olhos esmeraldas os fitavam como uma lâmina que iria cortá-los se não seguissem suas instruções.

Eles engoliram em seco e acenaram um para o outro.

Irie não entendeu como acabou nessa situação, só sabia que tudo isso começou ontem, com a presença de Sasagawa Sakura em sua vida. Aconteceu quando alguns de seus namorados estavam dando uma surra nele e iriam quebrar seu novo computador, tudo ocorria em um beco escuro que ficava no caminho de sua casa.

Algo de rotina.

Só piorou quando eles puxaram uma pequena faca e apontaram para Irie, pelos olhos venenosos e cheios de crueldade infantil, eles a usaram.

Porém, antes de qualquer um de seus valetões poder dar um passo, uma garota de cabelos rosados surgiu do nada no beco. Eu não consegui lembrar com exatidão de detalhes sobre o que aconteceu naquele momento, mas a imagem de uma faca ensanguentada, choros, gritos e olhos esmeraldas o olhar com uma frieza assustadora, deram pesadelos Irei a noite toda.

Ele ainda gravou as últimas palavras que Sasagawa Sakura tinha dito quando o acompanhava até sua casa, o sorriso presente nos lábios e olhos de cor esmeralda predatórios o mirando com intensidade.

- Vou te apresentar meu primeiro peão em breve, não se preocupe com aqueles garotos, vou resolver a situação definitivamente, Irie Shoichi.

Estava claro que havia uma ameaça naquela frase.

Agora, aqui estava Sasagawa Sakura com outro garoto de cabelo castanho, o primeiro peão, ele presumi. Irie não é burro, sabe que o garoto deve estar na mesma situação que ele.

Os dois foram azarados.

- Aqui está a papelada que precisa preencher e esse é seu novo uniforme - Sakura entregou alguns papéis e uma bolsa com roupas.

- O que?

Irei olhou sem entender para os papéis e as roupas. Não estava entendendo o que Sasagawa-san estava dizendo ou querendo. Ela queria que eu entrasse em alguma gangue de rua?

Ele não queria virar um delinquente!

- Esses papéis são relacionados com a sua transferência de escola, você vai estudar na mesma escola que eu e Tsuna. Esse é o seu novo uniforme - Sakura explicou enquanto olhava suas unhas, ela precisa cuidar melhor delas, tinham um pouco de sangue dos garotos que bateu hoje mais cedo.

- Mas, eu não posso m-mudar de escola, Sasagawa-san - Irei olhou horrorizado para os papéis e para o uniforme.

- Claro que pode. Ah! - Sakura bateu as mãos ao entender o porquê do olhar horrorizado do garoto - Entendo o porquê da hesitação, mas eu já resolvi a parte da assinatura de seus pais, você só precisa assinar seu nome. Coisas burocráticas, não precisa ficar preocupado.

Sasagawa falsificou a assinatura de dois adultos? Esse foi o pensamento que surgiu na mente de Tsuna e Irei.

- Tsuna, pegue a caneta e entregue à Irei para ele assinar - Sakura comandou.

O pobre garoto de cabelos castanhos olhou com pena para a outra criança. Parecia que o ruivo não sabia o que estava acontecendo com sua vida.

Tsuna queria aconselhar que o garoto ruivo apenas seguir o que Sasagawa manda. Porque como todos os valentões, uma hora ficam entediados e deixam você em paz.

É um pensamento que Tsuna está repetindo em sua mente desde o momento que encontrou Sasagawa em sua casa hoje, mesmo que sua intuição não mostra piedade em dizer que ele era um tolo que gostava de viver em uma ilusão e que Sasagawa entediada era mais perigosa ainda.

- D-Desculpe - Tsuna pediu desculpas, ele se sentia culpado mesmo não sendo o vilão da situação.

Irei encarou em contemplação o menino de cabelos castanhos que o olhou com pena, parecia que os dois seriam grandes amigos no futuro.

Mesmo assim, Irei hesitou em assinar o papel, mas um olhar para aquelas esmeraldas brilhantes e sorriso mais frio do que gelo, fez qualquer hesitação sumir da vista.

Por um momento fugaz, Irei Shoichi sentiu que acabara de assinar o papel que venderia sua alma para o diabo.

- Pronto! Com isso concluído, vamos para o restante de nossa discussão - Sakura comemorou, ignorando as duas crianças miseráveis à sua frente - Vejam bem, precisamos encontrar uma maneira de ganhar poder na escola e eu encontrei a solução perfeita! Mas, para isso, preciso de alguns membros, que são vocês dois.

As outras duas crianças ficaram em silêncio até Irei comentar o que ele achou ser uma dúvida muito grande.

- Por que precisamos ganhar poder na escola?

Tsuna o olhou com mais pena ainda.

Irei não sabia o que estava fazendo para o garoto de cabelos castanhos continuar a ter tanta pena de sua pessoa.

- Ah, essa é uma boa pergunta! - Sakura o parabenizou e encarou o garoto ruivo com um sorriso gentil nos lábios.

Irei se mexeu em desconforto pela atenção. Ele ainda não tinha uma resposta para sua pergunta até que Sasagawa riu um pouco de sua cara e o olhou com carinho.

- É porque eu quero.

Uma resposta muito simples. Entretanto, antes dele fazer uma pergunta mas elaborada, Irei olhou de relance para Sawada.

Ele não sabia como, mas entendeu completamente o que Sawada estava falando para ele com os olhos em pânico e um rosto sofrido.

Ela é um demônio, não tente entender e jogue junto.

Seguindo esse conselho, Irei decidiu ficar calado e acenar em concordância.

- Que bom que todos entenderam - O sorriso predatório e frio nos lábios de Sasagawa disse que ela sabia muito bem o que os dois estavam pensando - Então, nós vamos nos candidatar ao conselho estudantil da escola!

Um silêncio percorreu o quarto.

Vendo que nenhum deles iria falar, Sakura continuou.

- Porém, infelizmente, temos algumas concorrentes - Ela falou com desdém - Mas, vamos resolver isso da maneira que deixar nossa vitória garantida no final!

- Como seria isso? Vamos fazer campanhas? Ou apresentar propostas melhores? Pesquisar sobre os outros candidatos? - Eu não estava gostando, mas não descobri que poderia escapar, então coloquei sua mente para funcionar.

Tsuna o encarou com certa quantidade de pena para o coitado de Irie Shoichi. O menino de cabelos castanhos poderia ser ingênuo, idiota e ser conhecido como "Dama" por toda a cidade, mas até Tsuna sabia que Sakura não seguiria o caminho correto.

Demônios não jogam justo.

- Essas alternativas são muito boas, Irie-kun! Mas, o que vamos fazer é muito óbvio… - Sakura encarou seus peões com esmeraldas divertidas e escuras - Vamos sabotar todos os outros candidatos.