Bom, espero que gostem! Algumas explicações nas notas finais.
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Capítulo 2 - O espanto de Umbridge
A confusão nunca para
Confusão que não acaba
Fechando paredes e relógios correndo
Paredes fechadas e tic-tac de relógios
Vou voltar e te levar para casa
Vou voltar e te levar para casa
Eu não pude impedir que você saiba agora
Eu não poderia parar agora que você sabe
Saia para os meus mares
Apareça sobre minhas éguas
Malditas oportunidades perdidas
Malditas oportunidades perdidas
Eu faço parte da cura?
Sou uma parte da cura?
Ou eu sou parte da doença?
Ou sou parte da doença?
( Relógios , "Relógio", Coldplay )
Ao deixar seus colegas de trabalho, Hermione não fez nenhum comentário a respeito da breve conversa que teve e tampouco Harry e Neville fizeram perguntas, pois sabiam que ela não poderia revelar nada sobre o Departamento de Mistérios. Contudo, ela ficou intrigada por ter recebido um Vira-Tempo fora do seu horário de expediente e setor. Não era por ter que fazer hora extra (ao contrário, ela nem se importaria), apenas nunca havia sido informado antes.
O grau de sigilo que se mantinha nas tarefas do Departamento era tão grande, que nem mesmo era permitido que nenhum funcionário concluísse qualquer serviço, fora dos limites do local. Bom, pelo menos não que Hermione saiba; talvez fosse permitido apenas ao nível mais alto, porém, não era seu caso. E por que agora foi pedido a ela?
Talvez pelo mesmo motivo informado por Quim Shacklebolt: pelas habilidades e capacidade que o setor julgava que ela possuía, motivo pelo qual Charlie Clock exigiu sua contratação. Quem sabe achasse que ela tinha como realizar algum feitiço mais complexo em relação àquele Vira-Tempo singular? Devia ser tão sigiloso que não podia fazer nenhum trabalho próprio e nem às vistas de seus colegas. Mas o que ele descobriu que ela conseguiria? Era tão grande assim o crédito que dava às suas habilidades por conta de ter ajudado Harry na sua empreitada contra Voldemort? E por causa disso, será que queria que ela fizesse algum tipo de magia das trevas para esse intento? Esperava que não.
A mandachuva do Departamento era uma incógnita não somente para o Ministério, mas para a própria repartição. Nenhum dos colegas de Hermione tinha visto o homem em pessoa, nem mesmo sua chefe, a Sra. Davies. Qualquer assunto de ordem superior foi tratado diretamente com Donna Taylor, assistente de Clock, com quem Hermione foi entrevistada antes de sua admissão no lugar. Porém, Granger nunca teve oportunidade de ver ou falar com o bruxo que fez questão de sua presença no quadro de funcionários.
O mais curioso – e Hermione descobriu ao pesquisar a respeito sobre a História do Ministério – era que todo líder do Departamento de Mistérios recebia o nome de Charlie Clock, que poderia servir tanto para homem como para mulher * . O fato do Primeiro Ministro e de Donna Taylor se referiram ao atual como "ele" não pretendia que seria um homem; poderia ser uma mulher e eles apenas disfarçassem o pedido do "mesmo"
Hermione abandonou suas ruminações quando chegou numa das últimas portas do corredor: a sala das chaves de portal. Ela já tinha visto o local antes quando Harry e Rony lhe ofereceram o Quartel pouco depois de se formarem como aurores. Além dos vários cubículos, o departamento possuía salas de treinamento – uma constante na vida deles, quando não saíam em missões.
A sala estava repleta de pequenas colunas e, em cada uma, havia uma placa com o nome do local ao qual determinada chave de portal era designada; mudou todos os dias do objeto. Num canto, estava uma pilastra com uma jarra de ferro direcionada à Prisão de Azkaban; os três bruxos se aproximaram do utensílio e estenderam seus dedos sem encostar.
- Não três, certo? - disse Harry olhando para seus acompanhantes – Um… dois… TRÊS!
Encostaram ao mesmo tempo no objeto e tudo começou a rodar para Hermione até seus pés tocarem uma superfície arenosa. Sentiu um leve prazer, pois não estava acostumada a viajar para outros lugares daquela forma.
- Tudo bem aí, Hermione? - Neville a segurou no braço, ele foi mais refeito do que ela
A bruxa assentiu e prolonga o tronco. Aparatar para Azkaban teria sido o ideal, mas como uma medida de segurança, a aparatação era anulada por um feitiço, até mesmo para as próprias auroras; somente se poderia viajar para a área da prisão através de chaves de portal; nem mesmo por qualquer transporte se pudesse chegar ali, já que uma magia ocultava o lugar.
A bruxa vislumbrou a praia em que estavam e, um mar revolto, com as águas bem agitadas e violentas; adiante, a uma pequena distância, numa pequena ilha, erguia-se a fortaleza grandiosa e milenar, que quase parecia cortar o céu. Mesmo de longe, Hermione sentiu uma apreensão, apesar do dia claro e úmido.
-Então ali é Azkaban? - Disse para disfarçar sua angústia dos seus amigos
- Intimidadora, não? – um homem de cabelo mesclado com fios loiros e brancos se mudou dos três – Espere para ver por dentro – ele estendeu a mão para Hermione e abriu um largo sorriso – Sou Alan Berrycloth, responsável pela escala diurna dos vigias da costa.
- Prazer. Sou...
- Hermione Granger, a heroína do Trio de Ouro que ajudou Harry Potter em sua missão para derrotar Você-Sabe-Quem.
- É o que dizem – ficou sem graça
- É que o próprio Potter diz. Ele não cansa de falar que aprendeu muitos feitiços e azarações com você.
- É mesmo, Harry? - deu para o amigo que acenou com a cabeça
- Não deveria duvidar do quanto seu amigo lhe considera, senhorita Granger – ele se fez a Harry – O Ministro avisou que talvez viessem. – o homem tinha uma expressão intrigada, por ser quase incomum alguém fazer visitas à prisão, mas não ousou fazer qualquer pergunta. Talvez por Hermione trabalhe no Ministério e, justamente, seja uma heroína de guerra – Venham comigo.
Acompanharam o sujeito até um certo trecho da praia diante de um morro onde havia mais três auroras que cumpriram os recém-chegados com meros acenos. Alan se mudou do que parecia uma pequena lata de sardinha
- Então… bom passeio – falou com sarcasmo
Os jovens se abaixaram e, mais uma vez, foram transportados ao tocarem fora da chave do portal; estavam diante de um portão de ferro que era a entrada da prisão. Depois de se recuperar, Granger examina a fortaleza: era mais grandiosa e intimidadora de perto, embora com certeza, devia ser muito mais aterrorizante, na época dos dementadores. Foram recebidos por duas auroras: um deles ficou ali com os três enquanto o outro foi chamado o encarregado da escala diurna dos vigias de dentro da prisão. O homem chegou pouco depois; Havia sido ele quem havia recebido a carta de Umbridge e enviada para o Ministério
- Prazer em conhecê-la, Senhorita Granger, sou Edgar Wilson – um homem de cabelos castanhos e olhos pequenos e azuis chegou pouco depois com o auror e abriu a mão da bruxa – Sou o encarregado de plantão deste lugar. Imagino que tenha vindo falar com Umbridge.
- Fiquei intrigada com a mensagem. - admitiu Hermione – Quero saber o que ela tem pra me dizer
- Pra ser sincero, senhorita, eu acho que perdeu tempo… e falei isso para o Ministro. Nesses três anos que a sapa velha está engarrafada, ela nem moveu a língua para falar com qualquer um de nós… - Harry e Neville reprimiram os lábios para não rir do comentário do bruxo – Tudo o que sei e que escutei dos colegas que a trouxeram para cá é que ela coaxou muito dizendo que não pertencia a esse lugar, que estava sendo injustiçada e que todos iam pagar. Mas depois dos primeiros dias, ela nunca mais disse uma palavra. Comigo pelo menos não… até hoje mais cedo.
- Como ela estava quando você pediu para escrever? - Indagou Harry
- Com uma cara bem mais agradável do que já vi. Até achei estranho, mas fiz o que me pediu e trouxe papel e pena, porque não se deve negar nada para qualquer preso daqui, por pior que seja. Claro, desde que seja algum pedido razoável... Atendi a Umbridge e gostaria de observar. Não que ela tivesse condições de fazer alguma magia em Azkaban, mas... nunca se deve baixar a guarda. Como diria o saudoso Alastor Moody: "Vigilância Constante!"
- O Ministro disse que você fez tomar Veritaserum. - tornou-se Hermione
- Seria o mais lógico a fazer para que a Senhorita não perdesse seu tempo vindo aqui. - o bruxo deu de ombros – Além do que faz parte do protocolo de segurança evitar a comunicação dos presos com pessoas de fora o máximo que se puder. Harry e Neville conhecem o procedimento. Bem… depois de ter recebido a carta, ofereci um copo de refresco, mas a sapa deve ter desconfiado de que eu colocaria o Veritaserum… porque para resistir aos efeitos você tem que estar preparado. Umbridge bebeu e não disse uma palavra a não ser "meus lábios só vão se abrir para a Senhorita Granger."
- Então é melhor eu falar com ela de uma vez e acabar com isso – tornou-se Hermione – Não acho que Umbridge me faria vir aqui à toa. Ela não é do tipo que dá ponto sem nó.
- Como desejar. Mas primeiro teremos que ficar com sua varinha e te funcionar, senhorita Granger. Sinto muito, mas…
- Sim, é o procedimento. Harry e Neville me explicaram. Não tem problema algum.
Edgar pegou uma varinha de Hermione e tirou a dele do bolso; passou por toda a superfície do corpo da bruxa, tomando cuidado para não lhe causar desconforto. Em seguida, proferiu vários encantamentos que deveriam servir para revelar qualquer feitiço oculto de disfarce.
- Muito bem. Está perfeitamente em ordem. Queiram me acompanhar.
Seguiram-no pela prisão. O local era maior do que parecia do lado de fora: corredores altos e de janelas compridas; chão ladeado por pedras antigas como de Hogwarts; e, mesmo iluminado por tochas em várias partes, o lugar era sombrio; embora, não passessem pelos corredores das celas, dava-se para ouvir murmúrios de vozes na prisão: queixas, protestos, xingamentos, choros e blasfêmias dos prisioneiros. O pensamento de Hermione evocou a imagem de Sirius Black. Como ele pode aguentar tanta dor, sofrimento e solidão naquele lugar de forma tão injusta, sabendo que era inocente? Olhou para Harry de soslaio e notou sua tensão. Lembrou-se de ele ter admitido que se sentiu mal na primeira vez que pisou ali para fazer sua patrulha, pois se lembrou do padrinho. "Não consigo nem imaginar o quanto ele aconteceu lá, Hermione", foi seu comentário. De novo, ela sentiu um aperto forte no coração. Foi a segunda vez que pensei no Maroto de forma tão intensa naquele dia.
- Nossa, aqui é... bem aterrorizante – não conseguiu evitar sua impressão.
- Você deveria ter visto na época anterior de Shacklebolt… com tempestades o tempo todo. E aqueles dementadores! Aí sim… poderia dizer aterrorizante – declarou Edgar – Fui um dos que o Ministro encarregou de expulsar aquelas coisas daqui. E ele fugiu das tempestades constantes da ilha, fez uma limpeza nas instalações da prisão, alargar as celas dos prisioneiros, reformar o que estava em ruínas... Acredite, estava bem pior!
Hermione acenou com a cabeça e seguiram o resto do trajeto em silêncio. Alguns corredores foram percorridos até atravessarem um pequeno portão; Chegaram num espaço de três cômodos (antigas celas), onde ficaram o refeitório dos aurores, uma sala de interrogatório e uma sala de visitas pouco usada. Granger foi conduzido para a última: não havia muita coisa no local, apenas uma mesa quadrada de madeira com quatro cadeiras. Permaneceu no local junto com Neville enquanto Edgar procurava Dolores; Potter foi oferecido para eles juntos.
- Com que frequência você tem que vir aqui? - disse Granger a Neville após ficarem sozinhos
- Uma terça a cada quinze dias. – disse ele – Se eu pudesse não viria, mas faz parte das minhas funções – soltou um suspiro – É um local bem deprimente.
- Dá pra perceber à distância. Mesmo sem os dementadores, ainda é uma prisão.
- É verdade que o Ministro além das melhorias o lugar, também deu mais qualidade de vida para os prisioneiros, uma alimentação com mais opções e camas confortáveis. Mas o lugar ainda é muito pesado, sabe? Parece que ainda restava algo do que os dementadores emanavam. E ainda ter que ouvir as imprecações dos presos… é triste. Sei que todos que estão aqui merecem pelo que fizeram. Mas... ainda assim… às vezes me dá até vontade de chorar – olhou para fora como se temesse que algum dos aurores passou por ali e os escutasse – Eu me lembro que Belatrix Lestrange esteve aqui – pressionou a mandíbula – E por mais que eu gosto de pensar que o que ela sofreu neste lugar é pouco pelo que fez a meus pais e a mim, às vezes quase consigo sentir pena dela – abaixou a cabeça e coçou-a – Por Merlin, isso é muito estranho! Patético até.
- Não, significa que você tem um coração de ouro e continua sendo uma das pessoas mais gentis que conheceu
- Obrigado, Hermione – ele enviou, mas logo este se desfez – Mas acho que não quero mais fazer isso – fitou a parede perdida em reflexões – Não falo apenas sobre ter que vir para Azkaban, mas de ser auror
-Entendo. Você não se compromete com a função.
- Não combina comigo. Sei que as pessoas me veem como um dos heróis de Hogwarts... só que não me considero assim – deu de ombros – Não é que desprezo o que faço ao caçar bruxos das trevas ou criaturas perigosas, mas é que... sempre consegui que dava para uma carreira mais… sossegada.
- Como um professor de Herbologia, por exemplo? - Hermione lhe deu, pois sabia o quanto ele gostava dos conceitos da área e viviam conversando a respeito
- É… é o que eu gostaria. Mas…
- Mas…?
- Não tem vaga para mim como professor na escola. E menos de Herbologia. A Professora Sprout já está ocupada.
- Ora, Neville, é só você atuar como assistente. Assim que você aprender como ensinar a observar e se, um dia, ela se aposentar, você pode assumir uma vaga.
- Não sei, Hermione... - hesitou, mas um sorriso tímido estava presente em seus lábios
- Mande uma carta de perguntas se ela quer um assistente e que você estaria disposto. Se ela responder que sim, você envia outra mensagem para a Diretora Mcgonagall solicitando a carga.
- Harry e Ron vão ficar desapontados comigo se eu deixar de ser colegas deles. Eles vivem dizendo que somos o "Trio Imbatível" dos aurores.
- Neville, tenho certeza de que como seus amigos, eles vão ficar mais do que felizes se você estiver na carreira que realmente deseja – ignorou a pontada ao ouvir a menção do nome do Weasley
- É, acho que sim. Mas… tem a minha avó. Ela também vai ficar decepcionada. Ela acha que eu desviei o legado dos meus pais ao seguir a mesma carreira deles.
- Sei que respeita sua avó, Neville, mas você é bem grandinho para precisar da aprovação dela
- É... sei que sou. Mas veja minha avó…
- Neville, se você imaginou o próprio Voldemort, você vai temer sua avó? Por favor! Onde está sua coragem de Grifinório? – Hermione cruzou os braços, ele acabou rindo. – Vamos lá! Escreva as cartas para a Professora Sprout e para a diretora. E se eles te aprovarem, você se entende com sua avó… e com Harry e Ron.
- Hum...- o bruxo mordeu os lábios com expressão pensativa – Certo… er… vou ver isso
– Você não tem nada a perder consultando, Neville. O que vai acontecer é máximo de recusa em seu pedido. Mas pense nisso com carinho.
Longbottom concordou. Eles conversaram sobre outro assunto, mas logo foram interrompidos com a chegada de Edgar e Harry. Atrás deles, estava Dolores Umbridge.
Hermione teve um choque ao ver uma bruxa. Embora parecesse bem alimentada, ainda assim, a mulher havia perdido um pouco do seu peso e apresentava uma expressão um tanto cansada e desprovida do sorriso de escarnio que costumava emular. Além disso, usava a roupa da prisão em total desalinho e os cabelos estavam desgrenhados – algo que nem quando enfrentou a oposição de alunos e professores durante seu cargo de Alta Inquisidora de Hogwarts, ela teria deixado de lado. A única coisa que ainda ostentava de sua personalidade era um ar altivo e uma expressão de superioridade, como se todos ali estivessem abaixo dela.
- Hem, hem – tossiu Umbridge com desprezo.
Ah, sim, e tosse forçada. Hermione não poderia esquecer.
- Sente-se, Sra. Umbridge – tentou Edgar, mas a bruxa apareceu como estava. – Está bem, fique de pé, mas não espere que a senhorita Granger se levante para ficar na sua altura.
- Sr. Wilson, nunca esperei mesmo que a Senhorita Granger fique à minha altura . – por fim, o sorrisinho apareceu
A sapa coaxou as últimas palavras bem enfatizadas para atestar sua opinião de superioridade. Harry e Neville contraíram os rostos, porém, Hermione sequer se incomodou; ao contrário, mal reprimiu um riso e balançou a cabeça. Dolores pareceu murchar o dela, talvez por perceber que não havia atingido a bruxa mais jovem.
- Mrs. . Mas se a chamou aqui para desrespeitá-la...
- Perdão? – Umbridge encarou Edgar com expressão confusa – Como assim eu mandei chamar essa... jovenzinha?
- A senhora está zombando da minha cara? – ele começou a se impacientar. Hermione trocou olhares com Harry e Neville – É claro que mandou chamar a Senhorita Granger! E até sugeriu que ela viesse com aurores na sua carta!
- Que carta? Não sei de carta nenhuma.
- A carta que a senhora escreveu na minha frente! – esbravejou o homem – Com o papel e a pena que me pediu!
- Não lhe pedi nada, Sr. Wilson! Não me lembro nem de ter dirigido a palavra em todo o tempo em que estive aqui! E não grite comigo!
O homem parecia que iria seguir na mulher, porém, Hermione interveio:
- Sr. Wilson, aqui – retirou do bolso a carta escrita escrita por Dolores e estendeu-a ao auror – Mostre a ela
Edgar assumiu o papel e desdobrou-o diante do rosto de Umbridge, quase como se quisesse esfregá-lo.
- Aqui sua maldita carta! Você vai negar que escreveu? A letra não é sua?
- Sim, essa é a minha letra! – a expressão da bruxa foi de surpresa para horror – Mas como...? – congelou e, de repente, virou a cabeça na direção de Hermione com o ódio estampado no rosto – Você! – apontou o dedo para Granger que recuou – Foi você que fez isso?
- Eu não...
- Você sim, seu sangue ruim! E junto com esse mestiço maldito! – olhei também para Harry com o mesmo sentimento. O bruxo não se moveu, embora transparecesse no rosto o mesmo por ela – Vocês estão tramando de novo contra mim! Como naquele dia em Hogwarts... naquela floresta... com aquelas bestas imundas! – ela estremeceu como se invadida pela lembrança do ataque dos centauros – O que vocês querem? – começou a salivar, alternando o olhar entre os dois – Já não basta eu ter parado nesse lugar horrível? Vieram para tripudiar de mim? É isso? Eram vocês que deveriam estar aqui! – conversamos com todas as forças – Vocês, sangue-ruim, mestiço e você! – não poupou nem Longbottom ao fitá-lo – Não passa de um traidor de sangue por andar com eles! O lugar de vocês é aqui!
Nessa altura, Edgar foi até a porta chamar dois outros aurores enquanto Umbridge brindava os três jovens bruxos dos piores nomes, especialmente Harry e Hermione. Dois assuntos grandalhões apareceram e cada qual pegou Dolores de um lado.
- Tirem suas mãos imundas de mim! – ela tentou se desvencilhar dos braços que a seguravam, mas sem a menor chance – São esses fedelhos nojentos que vocês têm que levar!
- Levem essa louca de volta para a cela – disse Edgar com voz cansada
- Não! Me soltem! Me soltem!
E foi gritando a plenos pulmões, xingando e maldizendo tudo e todos até que sua voz sumisse aos poucos como um eco. Os quatro bruxos que ficaram na sala adequadamente calados por alguns segundos como se tentassem entender o que havia acabado de passar ali.
- O que foi isso? – Harry Corte o silêncio. A pergunta não foi dirigida a ninguém em particular, já que ele fitava apenas a parede – Não entendi.
- E eu muito menos – respondeu Edgar – Não faço a menor ideia do motivo de ela negar que me chamou pra escrever essa maldita carta – amassou o papel entre as mãos – Foi só para dar esse espetáculo? Ou é algum tipo de ideia perversa dela pra me desmoralizar e me fazer perder o emprego? – olhou para os três – Ela deve saber que sou um bruxo nascido trouxa.
- Não, Sr. Wilson, não acredito que seja por nenhum desses motivos – retrucou Hermione.
- Vai ver é o que o Ministro disse. Ela deve estar gagá – sugeriu Neville – Só pode.
- Também não acho que seja isso
- Nem eu – tornou-se Harry – Tem algo estranho aqui, mas é melhor deixarmos pra falar disso depois – ele se voltou para a amiga – Vamos te que levar de volta, Hermione. Estou com uma sensação ruim.
- Sim, vamos – Hermione oculares
Ela se pediu e mudou-se de Harry; estava com o mesmo tipo de pressentimento como o dele. O bruxo colocou o braço em torno de seu ombro, como se quisesse proteger-la de alguma possível ameaça; Neville se postou ao lado deles e Edgar os acompanhou até os limites do portão de saída.
- Vocês têm que acreditar em mim – retomou Wilson enquanto caminhavam – Essa mulher estava perfeitamente bem quando me pediu para escrever. E usei o Veritaserum... e ela foi categórica em dizer que só queria falar com a Senhorita Granger.
- Nós acreditamos, Wilson – declarou Harry – Mas que é esquisito é.
- Ela não comentou ou achou estranho quando vocês foram buscá-la e disseram que eu estava aqui pra falar com ela? – indagou Hermione
- Ela fez uma cara esquisita, sim... como se não fosse a ideia do que a gente estava falando. Mas não disse nada... e nos acompanhou.
- Ou deve ter esquecido que pediu pra te chamar, Hermione – insistiu Neville – Harry, não tem outra explicação.
Porém, nem Granger e nem Potter concluíram que a atitude de Umbridge fosse esquecimento ou uma tentativa gratuita de insultar Hermione; Eles a conheciam o suficiente para saberem que ela jamais desperdiçaria uma oportunidade de atenuar a própria situação, porém, não comentaram nada. Por fim, chegou no portão, onde Wilson devolveu a varinha para a bruxa e tirou do bolso um pedaço de corda; coloque-o no chão.
- Só um momento – fez um gesto com mão antes dos jovens bruxos se abaixarem e tocarem a chave de portal. Ele tirou por baixo das vestes um onióculos e posicionou-nos nos olhos na direção da praia. Depois guardou o objeto e olhou para os três – Está tudo OK. Berrycloth e seus homens ainda estão lá. Podem ir... e me desculpem mais uma vez por esse transtorno que foi uma total perda de tempo.
- Sem problema, Wilson – disse Harry
- Bom que eu conheci Azkaban – Hermione deu para animá-lo
- É, aqui não é exatamente o melhor ponto turístico da Inglaterra para bruxos, mas se quiser olhar por esse lado... – deu de ombros – Bom retorno.
Os três agradeceram e encostaram na corda. De imediato, voltei para a praia e Hermione declarou a cabeça assim que o enjoo passou; Harry já havia recolhido a chave, olhou para o alto e franziu o cenho.
- Cadê os guardas? – disse – Berrycloth! Baga! – ninguém respondeu. Ele trocou olhares com Hermione e Neville enquanto os três quase, ao mesmo tempo, tiravam suas varinhas dos bolsos – Berrycloth! Baga!
-Harry! – Neville já havia se distanciado para ver um lado do morro e apontava para um sopé – Um deles está caído aqui!
- Neville, se afaste...!
Porém, Longbottom foi atingido pelas costas por um feitiço que vinha da direção do mar; caiu de frente para a areia.
- Neville! – Harry e Hermione gritaram seu nome
- Atrás de mim, Hermione! – o auror se postou de imediato na frente da amiga e apontou a varinha na direção de onde saiu o feitiço que atingiu Neville, mas não havia ninguém lá. Hermione por reflexo se virou e junta as costas com as do bruxo; à frente dela se estende apenas a vastidão da praia e o mar agitado. -Homenum Revélio! –conforme o bruxo
Ambos sentiram uma presença acima deles, no alto do morro. Hermione estava planejando lançar um "Estupefaça" no bruxo antes mesmo de se virar, porém, tanto sua varinha quanto a de Harry foram jogadas longas; o oponente era rápido em feitiços não-verbais. Eles voltaram totalmente para o terror; Harry um pouco à frente. A figura estava toda envolta por uma túnica vermelha, cujo capaz encobria seu rosto; dava apenas para notar que era um homem alto.
- Quem é você? –conteúdo Potter – E o que quer?
- Falar com ela – o homem designado para Hermione. Por fim, alçou o rosto, mas estava encoberto por uma máscara. Não era a típica de um Comensal da Morte, mas um tanto incomum: dourada e com um formato de cabeça de touro, deixando antever apenas a boca, o queixo e os olhos por dois buracos. – A sós.
- Sem chance.
Mal terminou de proferir a sentença, Harry foi atordoado pelo bruxo.
- Não peça sua opinião.
-Harry! – Hermione está abaixo para verificar o amigo. Ele estava apenas desacordado – Por que fez isso?
- Relaxe. – a voz do bruxo era meio rouca e baixa – Como eu disse, queria apenas falar com você.
- Sobre o quê? – extrapolação-se sem se deixar intimidar, apesar de estar sem a varinha
- Você vai precisar disso.
Atraiu a varinha de Hermione e jogou-a para ela que apanhou. Porém, de novo seu objeto foi lançado muito tempo quando atacou o homem.
– Nem tente – tornou-se ele – Sou mais rápido do que você imagina. – ele tornou a enviar os artefatos mágicos para a bruxa – Guarde no bolso. Agora.
Hermione o obedeceu, após uma breve hesitação. Só não entendi por que estava o mago evoluindo sua varinha.
- O que você deseja... de mim? - perguntei
-Seu Vira-Tempo. Mostre pra mim.
- Não sei do que está falando.
- Por favor, sem joguinhos. Se você fizer o que eu mandar, tudo isso acabará logo.
Hermione hesitou. Como aquele homem pôde ter descoberto sobre o dispositivo, ela não fez a menor ideia, mas, com certeza, a intenção dele não desviou ser nada bom.
- Se você preferir, agora posso cuidar do seu amiguinho... – indicado a varinha na direção de Harry.
- Não, espere! – a bruxa removeu a corrente debaixo da vestimenta e mostrou o dispositivo na altura do peito – Aqui! Pode ficar com isso se quiser, mas...
- Fique com ele... assim. Nessa posição.
Hermione o fitou sem entender, porém, antes que atinasse para as intenções do bruxo, recebeu dois feitiços, um na cabeça e outro no Vira-Tempo.
De repente, toda a paisagem à sua volta deslizou por seus olhos como em um redemoinho de imagens que mudavam: viu a si mesma com Harry e Neville passando por ali; depois várias pessoas; tudo se tornou um borrão até que parou. Contudo, o cenário não era o mesmo: o céu claro e profundo e a temperatura amena tinham mudado; uma escuridão tempestade encobria o horizonte com uma furiosa e ventanias cortantes.
Mas... a mente da bruxa estava confusa. Onde estava mesmo? À frente, bem no centro do mar, havia uma ilha com uma fortaleza toda coberta por uma névoa negra; teve até a impressão de ver coisas flutuantes ali. O que era aquilo?
Não teve tempo de pensar, pois sua cabeça rodou. A última coisa que vi antes de perder os sentidos foi um imenso cão preto e molhado de olhos claros que vinha em passos lentos em sua direção.
O cachorro parou a pouca distância dela e contorceu o corpo até se transformar em um homem que ficou a observar a bruxa caída.
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*O nome Charlie tanto serve para homem como para mulher nos países de língua inglesa
E aí? O que acharam desse mistério? Será que a Umbridge realmente não fazia ideia do que estava acontecendo?
Como eu disse, o enredo obedece ao cânon até o sétimo livro, com exceção da cena final do epílogo. Levarei em consideração apenas o que estiver nos livros, com exceção da obra " A criança amaldiçoada", que apenas considerarei um aspecto ou outro.
Também ignorarei os filmes, embora algumas informações complementares que não contradigam os livros, eu possa acrescentar (como as tatuagens do Sirius). Considerarei também alguns aspectos das informações adicionais da saga no site oficial Wizarding World.
Enfim, espero que tenham gostado. E mandem seus reviews!
