É, esta segunda parte ficou bem grande, mas era preciso para colocar o ponto de vista de Sirius de como ele encontrou a Hermione.
A música de hoje é um clássico nacional dos Titãs, na voz de Nando Reis.
Boa leitura!
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Capítulo 6 - Um fugitivo chamado Sirius Black (parte 2)
Eu não quero mais dormir
De olhos abertos, me esquenta o Sol
Eu não espero que um revólver venha explodir
Na minha testa se anunciou
A pé, a fé devagar
Foge o destino do azar
Que restou
E se você puder me olhar
Se você quiser me achar
E se você trouxer o seu lar
Eu vou cuidar, eu cuidarei dele
Eu vou cuidar do seu jardim
Eu vou cuidar, eu cuidarei muito bem dele
Eu vou cuidar
Eu cuidarei do seu jantar
Do céu e do mar
E de você e de mim
(Os cegos do castelo, Titãs)
Quando Sirius Black fugiu de Azkaban, esperava encontrar de tudo no seu caminho: de aurores preparados para a fuga de algum prisioneiro – mesmo sendo considerado impossível – até dementadores espalhados além da prisão (mesmo que o lugar de concentração deles fosse na fortaleza). Imaginou todos os cenários possíveis, menos encontrar uma jovem e bela bruxa desmaiada na praia deserta e escura dos arredores. E agora diante desse quadro inesperado, não sabia o que fazer.
Dane-se! Isso não é problema meu! Não fui eu que a derrubei!
Ele recuou alguns passos e deu as costas para a mulher desacordada. Harry precisava dele e Pedro ia levar seu merecido. Sirius precisava de todas as suas forças para se recompor e cumprir esses objetivos e não ia gastá-las com uma estranha. Porém, algo dentro dele emergiu.
A imagem de Lily. Sua melhor amiga. Sua irmã de coração.
Merda!
Com um rugido, ele se voltou de novo para a bruxa caída, aproximou-se e abaixou-se para verificar seus sinais vitais: o peito que subia e descia indicava a respiração normal; o pulso que tocava também parecia regular. Observou as feições da bruxa: jovem… e bonita. Muito bonita. O perfume dela mesclado com o cheiro natural de sua pele invadiu mais uma vez suas narinas e estimularam seu olfato. Ele sentiu um estremecimento no corpo, mas o ignorou e fechou os olhos para se concentrar.
Tinha que pensar rápido no que faria! Deixá-la ali e fingir que não a viu? De novo, considerou a possibilidade, mas o rosto de Lílian voltou a lhe assombrar, embora a mulher desacordada não fosse parecida no físico com sua amiga. Não, não poderia deixá-la ali. Além do risco de ela adoecer debaixo daquela tempestade, aurores poderiam encontrá-la e prendê-la se acreditassem que era uma espécie de cúmplice dele. Afinal, seria muita coincidência uma mulher sozinha aparecer num lugar como aquele logo no dia da fuga de Sirius Black. Também havia possibilidade das pessoas que a atacaram acharem-na ali.
Por outro lado, se a ajudasse aquilo atrapalharia os planos dele, pois teria que trazê-la consigo. E para onde a levaria? Para Hogwarts que não! E nem podia carregá-la, ele mal estava se sustentando, pois estava exausto! A menos que…
Sirius tinha uma cabana isolada numa floresta a poucos quilômetros de Londres, onde costumava ficar com Tiago, Lílian, Remo... e Pedro. Ele havia comprado o local pouco depois de herdar o dinheiro que seu tio materno Alfardo Black lhe deixou ao falecer. Adquiriu o local por sugestão de Lílian que dizia ter vontade de possuir uma cabana numa floresta para passar uns dias e Sirius resolveu agradar sua amiga, além de ter um espaço onde pudesse estar apenas com os Marotos.
Apesar de alguns encantamentos para esconder o local dos trouxas, a cabana não era protegida pelo Feitiço Fidelius, portanto, podia ser localizada por qualquer bruxo. Porém, os únicos que sabiam da existência do local eram seus amigos e os únicos vivos para contar eram Pedro e Remo. Com o primeiro, não tinha que se preocupar, pois além de saber agora sua localização, o pilantra com certeza não pretendia se revelar para o mundo; quanto ao segundo, era outra história. Black não podia afirmar se tão logo sua fuga fosse descoberta e anunciada para o mundo bruxo, Lupin continuaria guardando seus segredos. Um deles era a existência daquela cabana e, o outro, o fato de Sirius ser um animago não-registrado.
Suspirou. Teria que se arriscar, era o lugar mais adequado para levar a bruxa, esconder-se e decidir o que fazer em seguida. Certo, o problema do lugar estava decidido; agora teria que ver se ela tinha um varinha para aparatarem.
Procurou nos bolsos das vestes dela até encontrar o artefato com os dedos. Teria que ver se o objeto funcionasse para ele o mínimo que fosse para tal feitiço, mas ao apanhá-lo e estendê-lo para cima, a ponta soltou faíscas como se o houvesse reconhecido. Sirius estranhou; aquilo era impossível; por mais que não fosse um entendido em varinhas como um Olivaras da vida, ele conhecia bem a sua, mesmo depois de anos: o cabo era feito de carvalho escuro com a ponta quadrada e com entalhes peculiares em seu formato, além de, obviamente, ser do comprimento de seu antebraço; e a que ele segurava, era de uma madeira bem clara (talvez videira) e arredondada por completo e bem mais curta. Era verdade que ambas possuíam o mesmo tipo de núcleo, fibra de coração de dragão, mas isso não significava nada; vários outros bruxos possuíam esse mesmo tipo. Contudo, aquela parecia como se encaixasse para ele, mesmo que não tivesse o comprimento de seu antebraço.
Não tinha tempo de conjeturar o motivo. Abaixou-se e pegou na mão dela; concentrou-se na imagem de sua cabana e sentiu a magia de ser transportado, porém, uma barreira o bloqueou. Maldição! Não podia aparatar, não ainda naqueles limites.
Contudo, ainda poderia usar o objeto para algum feitiço que os tirasse dali. Olhou para uma pedra grande na areia e transfigurou-a numa moto com reboque acoplado de lado e rodas que pudesse deslizar pela areia molhada. Foi melhor do que o esperado! Aquele modelo era praticamente igual à sua antiga motocicleta; a única diferença é que não podia voar.
Com todo cuidado possível, por estar exausto e fraco, ele levantou a bruxa e colocou-a devagar no reboque, procurando acomodá-la o máximo possível, embora ela ficasse com o corpo encolhido. Em seguida, deu partida na motocicleta e saiu dali. Ele soltou um grito extasiado! Não havia esquecido como conduzir o transporte mesmo depois de anos! E deu várias gargalhadas como há muito não o fazia. Torcia para que aquela pedra transfigurada durasse tempo suficiente para sair dos limites da praia que impediam uma desaparatação; ainda bem que o local não restringia outros feitiços. De vez em quando, dava uma olhada em sua passageira, tomando cuidado para não acelerar demais e provocar solavancos que a atingissem.
Não fazia a menor ideia de onde estava indo, mas seguiu uma linha reta no meio daquelas dunas. Finalmente, quando a tempestade não mais os atingia e viu surgir o Sol, teve certeza de que haviam saído dos limites do alcance dos arredores de Azkaban. Deu uma parada, colocou um pé na areia e olhou para trás. Sim, para quem tentasse entrar, veria apenas uma praia deserta e ensolarada e seria repelido por mágica se tentasse atravessar os limites. Ele mesmo o seria se tivesse a ideia louca de querer voltar para trás.
Olhou para os lados para ver se não tinha nenhum trouxa; apeou a moto no cavalete central, tirou a jovem mulher do reboque e colocou-a no chão. Foi bem a tempo, a moto voltou a se tornar uma pedra grande.
Black entrelaçou a mão com a da bruxa e tornou a fixar a mente na cabana da sua juventude. Por fim, seu corpo se projetou numa espiral, ao mesmo tempo que sentia o toque com a jovem. Quase caiu ao pousar em terra firme, mas se firmou e evitou que o mesmo se sucedesse com a moça que segurava; apenas pousou de leve o corpo dela. Vendo-a segura, ele se ajoelhou e ofegou por um longo tempo pelo esforço e energia comunais que desprendeu até ali.
Por Merlin, precisava comer alguma coisa e beber água ou não teria mais forças para continuar!
Com mais um pouco de esforço, pegou a varinha e conjurou um feitiço que ocultasse o corpo da bruxa de algum animal. Então com o pouco de força que lhe restava, transformou-se no cão e saiu em disparada para o pequeno lago que havia por ali. Mesmo na forma do animal estava cambaleante, mas prosseguia até que vislumbrou as águas cristalinas. Quando esticou a língua e ingeriu o primeiro gole, foi como se alguém insuflasse um sopro de vida nele. Bebeu o maior volume que conseguiu ingerir em toda sua vida. Precisava comer também, mas os olhos se fecharam de imediato, tão logo saciou a sede.
Ao despertar, estava escuro e a lua já estava no céu. Assustou-se! Por quanto tempo havia dormido? Lembrou-se da bruxa. Será que ela estava bem? Precisava voltar e verificar seu estado, mas quando seu estômago doeu, notou que precisava primeiro cuidar daquela necessidade, antes de querer cuidar de outra pessoa. Retomou sua forma humana, pegou a varinha e mentalizou: "Accio peixes." De imediato, um bom cardume voou para o gramado. Ele queria devorá-los ali mesmo, ainda que estivessem crus; então o fez em sua forma animal.
Por fim, ele voltou aonde estava a mulher e, ao assumir sua forma humana, desencantou-a; viu que ela tremia. Por Merlin! Não devia tê-la deixado ali com as vestes molhadas e ao relento! Ele se maldisse e tomou-a nos braços.
A porta da cabana estava trancada, mas ele não teve dificuldade em abri-la com um feitiço. Usou o Lumos para iluminar o interior e o caminho que conduzia a um dos três quartos, o maior, onde Tiago e Lílian ficavam. Deitou a jovem na cama de casal e lançou um pequeno jato de fogo num velho lampião em cima da cômoda. O recinto estava todo empoeirado e com teias de aranha nos cantos da parede como o resto da cabana. Também pudera! Fazia mais de doze anos que não pisava ali. A última vez foi pouco depois de Lílian engravidar de Harry. Tiago achou melhor suspender as idas e vindas para aquele lugar até que a esposa desse a luz; por outra parte, Dumbledore recomendou que evitassem de saírem sem necessidade, pois estava cada vez mais perigoso com os ataques de Voldemort e de seus comensais da morte a alguns membros da Ordem da Fênix.
Black teria que dar uma boa espanada no local, mas não era a hora para tal. O corpo da jovem estava trêmulo pela túnica ainda molhada. Infelizmente, Sirius não conhecia nenhum feitiço de secagem que, normalmente, era usado em tarefas domésticas; como ele não era adepto de serviços de casa, nunca viu necessidade de aprender. Teria que despir a moça e sentia-se desconfortável em fazê-lo.
Sirius foi um verdadeiro Don Juan em sua juventude, amante de belas moças sexo sem compromisso; mas era também um cavalheiro e, por mais que desprezasse boa parte da educação que teve, o ensinamento de sempre respeitar as mulheres foi um que levou muito a sério. Suspirou. Certo, tiraria a roupa de uma moça desacordada, porém, da forma mais respeitosa possível.
Procurou tolhas nas gavetas da cômoda e encontrou três; afastou-se da bruxa, deu várias batidas nas peças para tirar o pó e sacudiu-as; tossiu com a quantidade acumulada de poeira, mas continuou até retirar o excesso. Em seguida, voltou-se para a jovem e usando a varinha, fez com que sua túnica, roupa íntima e sapatos sumissem e reaparecessem no sofá diante da cama. Engoliu em seco ao ter um rápido vislumbre de sua nudez, mas focou seus olhos no rosto dela, enquanto colocava as toalhas sobre seu corpo ainda úmido. Deslizou-as sobre a pele dela, mas sem pressionar as mãos e enxugou também seus cabelos; tocou na testa dela e sentiu a quentura. Por Merlin, estava ardendo!
Buscou cobertores no guarda-roupa e cobriu-a depois de retirar as tolhas; correu para a cozinha e procurou por uma bacia que encheu de água com o feitiço Aguamenti. Estava cansado e, o que mais queria era dormir, mas não conseguiria enquanto não deixasse a mulher fora de perigo. Ainda bem que, pelo menos, pôde tirar um cochilo no lago, caso contrário, teria desabado ali mesmo.
Depois de apanhar um pano, voltou ao quarto, sentou-se se na cadeira, embebeu-o na bacia e colocou-o na testa da bruxa; fez isso várias vezes até ela parar de tremer e aquietar-se; ainda estava quente, mas Sirius considerou que estava fora de perigo. Por Merlin, assim ele esperava, porque não era nenhum curandeiro!
A bruxa estava coberta até os ombros; seu pescoço ainda estava exposto; ele foi ajeitá-la, mas reparou na corrente que trazia. Virou-a e olhou para o que carregava; parecia um medalhão, mas muito estranho, pois trazia três ampulhetas seguidas, cada uma maior do que a anterior. Tirou o objeto do pescoço dela por um fecho e examinou-o. Curioso, tentou girar as ampulhetas, mas não se mexeram um centímetro. Seria mágico? Para verificar, ele usou a varinha que detectou rastros de magia. Bem, seja o que fosse, somente sua hóspede poderia saber como utilizar e dizer o que era, assim que acordasse.
Black suspirou e deixou o objeto em cima da cômoda. E o que faria quando ela acordasse? Será que a moça saberia quem ele era e o reconheceria? Não podia dizer sua idade, mas calculava que tinha entre dezenove ou vinte e um anos. Devia ter entre nove ou onze anos quando ele foi preso e comentou-se sobre sua prisão. Oh, ele sabia o quanto foi noticiado os crimes bárbaros "que cometeu".
Não teve um julgamento depois que foi pego. Simplesmente, consideraram-no culpado por o encontrarem na cena do crime. Condenaram-no à prisão perpétua sem chance para ser levado a um tribunal; nem ele, nem outros criminosos que eram os verdadeiros lacaios de Voldemort que foram presos. Porém, ele não teve tempo de criar expectativas de que seria julgado, pois um dia após sua prisão, o auror responsável por levar comida a Azkaban – o mesmo de todos seus anos na prisão – entrou em sua cela e atirou-lhe no rosto um exemplar do Profeta Diário.
- Toma, miserável! – disse-lhe - É o seu fim! E será a última coisa da qual você tomará conhecimento na vida!
O auror lhe cuspiu no rosto e saiu. Sirius não reagiu tanto por seu estado de choque com tudo o que havia acontecido, quanto pela influência dos dementadores. Esperou que o homem saísse e pegou o jornal. A primeira página mostrava uma foto sua ao ser levado para a prisão com a manchete "Traidor, Comensal da morte e genocida é preso." E logo abaixo um subtítulo "Sirius Black, o servo mais fiel de Você-Sabe-Quem, apanhado e mandado direto de Azkaban. A justiça foi feita". E abaixo a notícia da descrição dos seus supostos crimes e os eventos ocorridos. O que lhe chamou a atenção foi uma foto menor de Bartolomeu Crouch Sênior, Chefe do Departamento da Execução das Leis da Magia na época, que deveria julgá-lo. Havia uma declaração em que ele dizia "Sirius Black foi pego em flagrante na cena do crime. Foi um ato de extrema crueldade e loucura o que ele fez com aqueles trouxas. Não haverá julgamento para ele. Um bruxo declarado partidário de Você-Sabe-Quem não merece o mesmo tratamento que um criminoso comum"
Sirius levou alguns segundos para absorver o impacto daquelas palavras. Ele não teria um julgamento, não teria como se defender. Então soltou uma gargalhada, como aquelas após Peter se explodir matando os trouxas. Ótimo! Sua vida estava definitivamente acabada! Aquela foi a cereja do bolo!
A recordação desse momento causou várias fisgadas no estômago de Sirius, mas foi uma amostra do quanto foram divulgados "seus crimes" e sua prisão; então bruxos da época devem ter acompanhado mais notícias e, era provável que contaram sobre ele para seus filhos ou até mostraram os jornais da época. Talvez sua "paciente" tenha sido uma dessas crianças.
Bem, mas ele estava irreconhecível e era pouco provável que a moça se lembraria dele; de qualquer jeito; a notícia de sua fuga ainda não devia ter sido noticiada. Com certeza o seria no dia seguinte, mas mesmo que o fosse, estavam num lugar isolado onde ela não teria informações sobre ele ser um fugitivo; no máximo, acreditaria que era algum mendigo. Ele riu; devia parecer mesmo um. Ainda assim, não havia uma resposta para sua própria pergunta: o que faria quando ela acordasse?
Não poderia mantê-la lá para sempre e ele nem tinha como o fazê-lo mesmo que quisesse, já que pretendia ir para Hogwarts. O mais indicado seria levá-la até uma estrada a dois quilômetros dali, onde ela poderia desaparatar e ir para sua família e amigos. Claro, teria que obliviar sua mente antes, para que não conseguisse dizer quem a havia socorrido. O problema era que ele não estava muito seguro desse feitiço, embora já o houvesse realizado durante suas missões da Ordem da Fênix. Porém, foram apenas duas vezes e, mesmo assim, ele não se importou de quais memórias teve que apagar junto com a lembrança de ter sido visto, porque em ambos os casos foram Comensais da Morte; já aquela bruxa era uma pessoa inocente, ou assim parecia.
Também considerou levá-la ao Hospital St Mungus, caso houvesse uma recaída. Claro que não entraria no local; deixaria ela nas proximidades, na calçada onde ficava a vitrine com o manequim, para que fosse encontrada e atendida. Somente o faria em último caso, porque não podia se arriscar a ser pego.
Depois de tais ruminações, era hora de dormir. Saiu do cômodo, levou as vestes da moça para secarem na varanda e colocou sobre uma das vigas do alpendre. Tirou do bolso da própria roupa o jornal com a notícia da viagem dos Weasley e despiu-se para pendurar suas peças. Tiritou de frio ao ficar nu, ainda que estivessem em pleno verão. Então foi para o quarto que costumava dormir, retirou o excesso de pó dos lençóis e colcha e caiu exausto na cama, cobrindo-se o mais que pôde.
Assustou-se ao ver que já era dia ao abrir os olhos e perceber a luz do sol junto com o canto dos passarinhos. Quanto tempo havia dormido? E que horas seriam?
Não lembrava de ter dormido tanto assim e tão bem; devia ser o cansaço pelas ações do dia anterior. Era impossível ter um sono tranquilo na prisão com aquelas criaturas e, quando o conseguia, tinha pesadelos. Espreguiçou-se e quase ficou tentado de ficar mais na cama. Porém, lembrou-se de que não podia mais perder tempo: tinha a missão de destruir Rabicho. Além disso, havia a moça no quarto ao lado que precisava de seus cuidados. Pulou da cama e esfregou os olhos. Tomou um susto ao se ver diante do espelho de corpo inteiro que ficava de frente para sua cama. Fazia doze anos que não contemplava a própria imagem, e o que via lhe chocou: um homem magro, decadente, esquelético, barbudo, pálido, a expressão caída e sombria e os olhos cheios de amargura. Onde estava o rapaz jovem, belo, vigoroso, alegre e de olhar seguro e confiante? Havia morrido em Azkaban e agora era apenas um fantasma.
Com raiva, Sirius lançou um feitiço que quebrou o espelho; juntou os pedaços em um canto do quarto e saiu. Antes de verificar o estado da bruxa, teria que cuidar de si primeiro.
Embora não planejasse tomar banho no seu plano inicial de ir a Hogwarts (pois não haveria lugar para isso), já que estava ali, talvez fosse uma boa ideia. Foi ao banheiro e observou como o lodo se acumulou em algumas paredes, aquelas feitas de azulejo; suspirou, era outra coisa que teria que dar um jeito, por causa de sua hóspede. Havia no cômodo uma banheira pequena, uma pia, um vaso sanitário e um chuveiro elétrico; porém, duvidava que a ducha funcionasse, já que o gerador no subsolo com certeza devia ter se estragado por falta de uso.
Decidiu que se banharia com água fria mesmo, afinal, estavam ainda no verão. Usou o Aguamenti mais uma vez para conjurar água na banheira e entrou. Gemeu por inúmeras sensações que percorreram seu corpo; nunca pensou algum dia que teria tanto prazer e satisfação num simples banho. Havia transfigurado uma pedra em sabonete para tirar toda aquela sujeira de anos acumulada em seu corpo; esfregou e viu cascões de pó se misturando na água até deixá-la tão escura que não tinha mais condições de permanecer nela. Apenas seu cabelo e barba que ainda estavam sujos, mas ele cuidaria deles mais tarde.
Vestiu-se com as mesmas roupas agora secas e saiu para apanhar mais peixes, frutas e o que quer que servisse de alimento. Quando voltou, dessa vez, resolveu esquentá-los para comer em sua forma humana. Não era um exímio cozinheiro, mas dava para o gasto; era uma das poucas tarefas domésticas sem magia que conseguia realizar e apenas porque sua amiga Lílian o obrigou a aprender junto com Tiago e… o mísero Pettigrew; Remo não precisava, pois já sabia.
Depois de saciado, finalmente, foi verificar a bruxa; ela se remexia agitada na cama. Merlin, será que havia piorado? De imediato, ele foi até a bacia e encheu-a de mais água. Ao se abaixar, escutou os murmúrios da jovem:
- Essa não é a verdadeira… É só uma cópia… uma cópia…
Fitou-a intrigado. Do que estava falando? Será que era sobre o medalhão? Seja o que fosse, ela se contorcia. Black não podia perder mais tempo, mergulhou o pano e colocou-o na testa da bruxa. Ela tremeu mais vez e, por fim, abriu os olhos devagar; Sirius prendeu a respiração. A expressão da moça foi de susto e ela recuou um pouco para o lado oposto da cama. Não podia culpá-la; ele era um estranho e sua aparência não era das melhores.
- Calma... – tratou de imprimir o tom mais brando que conseguiu – Está tudo bem...
A jovem tentou fixar os olhos nele, talvez para analisá-lo, mas eles pareciam querer se fechar de cansaço.
- Durma. – tornou Sirius – Não vou te fazer nenhum mal.
Felizmente, ela lhe obedeceu e mergulhou no sono outra vez. Seu braço esquerdo saiu da cama, dado o movimento que havia feito. Sirius o agarrou para colocá-lo de volta, mas se deteve ao ver a palavra "sangue-ruim" escrita na pele da moça. Ele se tensionou! Como alguém pôde fazer isso? Será que quem a atacou foi um Comensal da Morte? Ou um mero supremacista fanático? Porém, ao analisar a marca, notou que não parecia recente. Mesmo assim, aquilo o intrigou, somando a mais uma das coisas misteriosas sobre a bruxa.
A jovem mencionou sobre algo ser uma cópia. Devia se referir mesmo ao tal medalhão. Mas ela falava com tanta angústia… Será que o havia roubado e, era por isso, que a haviam atacado? Mas ela não parecia alguém que necessitasse disso. Sua túnica não era uma vestimenta ordinária e o perfume que ela usava não era uma essência barata.
Suspirou. Não adiantava conjeturar, teria que esperar ela despertar para obter suas respostas. Tratou apenas de apanhar o medalhão e guardá-lo no bolso da calça; se fosse algo valioso a ponto de fazer alguém machucar uma jovem mulher, não deveria ficar desprotegido assim. Voltou a colocar o pano mais vezes na testa dela até que a sentiu de novo se acalmar.
Pelo resto daquele dia, Sirius distraiu sua mente colocando o máximo de limpeza naquela cabana. Mesmo que fosse ficar por poucos dias ali até sua hóspede melhorar, não podiam aspirar o pó do local. Não era um expert em feitiços de limpeza, mas, pelo menos, aprendeu da "maneira trouxa" o suficiente como limpar um ambiente, graças mais uma vez a Lílian que obrigava aos Marotos a realizarem tarefas naquele local nas poucas vezes que foram para lá. Bom, ele também teve que aprender quando saiu da casa dos Potter ao atingir a maioridade e ter seu próprio apartamento que dividiu junto com Remo. E o lobisomem não deixava seu amigo escapulir de suas obrigações.
Pegou o material de limpeza que ficava nos fundos e começou a espanar o pó, esfregar e lavar o chão, o teto e as paredes da sala e a tirar as teias de aranha; depois, passou para o próprio quarto e os demais cômodos; por último, deixou o quarto da bruxa; levitou-a com cuidado da cama até o sofá da sala, sem lhe retirar os cobertores que tapavam sua nudez e, depois que limpou o recinto, tornou a movê-la de volta pra o leito. Verificou antes sua temperatura e ficou aliviado de ter abaixado, embora ela permanecesse inconsciente.
Sirius ficou exausto pela limpeza, mas satisfeito; ainda bem que aquele local não era muito grande. Não podia fazer nada sobre as rachaduras de alguns cantos e, quanto à mobília, boa parte estava gasta, embora se pudesse ainda utilizar. Já com respeito aos eletrodomésticos, o fogão dava para ser utilizado para esquentar a comida, mas a geladeira estava estragada; mesmo assim, ele sabia pelo menos um feitiço para conservar alimentos e utilizou o espaço do freezer para deixar os peixes e as caças que havia pegado. Constatou que o gerador também havia se deteriorado, então sem energia elétrica; ainda bem que havia adquirido lampiões. Infelizmente, fora as proteções que tornava a cabana invisível para os trouxas, não havia mais nada mágico no local. E foi por insistência de Lílian que achava que eles deveriam experimentar um pouco do estilo de vida sem magia. Suspirou. Por que deu ouvidos à sua amiga? Porque ela era assustadora e Tiago sempre o convencia a fazer o que sua amada desejava e, como Black detestava contrariar os dois, acabava cedendo.
Sirius tomou outro banho e, dessa vez, além da pedra que transformou outra vez em um sabonete, transfigurou um pouco de água em xampu para esfregar a sujeira do seu cabelo e barba. Claro que nenhuma das transfigurações conservavam as mesmas propriedades e cheiro quanto os produtos verdadeiros, mas dava para o gasto. Já a escovação dispensava qualquer produto, pois era preciso apenas um feitiço. Ele ficou satisfeito em limpar seus dentes e melhorar seu hálito, ainda que seus dentes ficassem amarelos. Seriam necessárias várias escovações até se tornarem brancos novamente; já era um milagre nenhum deles ter caído.
Quando se recolheu para dormir, sentia-se mais renovado; olhou os cacos do espelho quebrado com um suspiro e usou um Reparo para torná-lo ao que era antes. Sua imagem ainda não lhe agradava, mas pelo menos, reconhecia que estava um pouco melhor, embora ainda o espantasse a palidez, a extrema magreza e o envelhecimento de sua aparência.
Sirius experimentou tristeza, pesar, culpe e raiva logo na primeira hora da manhã seguinte: era dia 31 de julho de 1993. Harry estaria cumprindo treze anos de idade e, mais uma vez, ele não poderia estar com o garoto e, muito menos, presenteá-lo. Maldito Rabicho! Seria mais outra coisa pelo qual lhe pagaria.
Essa segunda noite não foi tão boa quanto a anterior; havia sonhado que ainda estava em Azkaban rodeado pelos dementadores. Despertou apavorado e não mais consegui dormir, porém, ficou na cama sem ânimo de sair até os primeiros raios de sol. Então se levantou, fez sua higiene matinal e acomodou-se por um bom tempo na sala. Observou a varinha da bruxa; era um mistério o fato do objeto obedecer a seu comando tão bem quanto a que teve. Era de conhecimento geral no mundo da magia de que para cada bruxo existia apenas uma varinha que lhe servia como uma luva; poder-se-ia até utilizar uma varinha de outro, mas os feitiços não sairiam tão bem, a não ser que o detentor fosse alguém muito poderoso e hábil; mesmo assim, nunca seria o mesmo. Sirius havia lido um pouco a respeito e sabia que só havia duas exceções para que uma varinha pertencente a um bruxo mudasse sua lealdade: a primeira era se num duelo, o portador da varinha fosse desarmado; aí poderia acontecer do artefato servir ao atacante, embora, às vezes, poderia não acontecer. Não era o caso ali; ele não havia lutado com a bruxa. Já a segunda possibilidade… Ele gargalhou. Nem conjeturaria tal absurdo. Devia ter outra explicação.
Cessou as risadas quando escutou o arquejo da moça no quarto e uma tosse. Ficou parado e apurou os ouvidos para ver se não havia escutado demais. Quando percebeu movimentos no cômodo, aguardou. Decidiu que não se mexeria ou diria nada, nem mesmo quando ela saiu do local, caminhou pelo corredor que se ligava na sala e perguntou:
- Olá! Tem alguém aqui?
Ele ficou quieto. Não resistiu ao seu lado Maroto de pregar uma peça; recolheu os braços e as pernas esparramadas e prendeu a respiração, sentiu-a atrás da sua poltrona. Quando a bruxa lhe deu as costas e aproximou-se da janela, envolta nos cobertores, mas com a parte de trás quase exposta, ele se arrependeu de sua brincadeira. Havia se esquecido de pegar as roupas dela no alpendre e agora estava nua debaixo daquelas cobertas. Foi difícil conter mais ainda o ar e acabou aspirando o cheiro delicioso dela que eriçou sua pele. Porém, era tarde demais, devia se apresentar. E foi o que fez.
Sirius precisou de todo seu autocontrole para não permitir que um princípio de ereção se acentuasse sobre suas calças quando ela se virou assustada e deixou as cobertas caírem, revelando a beleza de seu corpo. E, mesmo depois que a vestiu com um feitiço, foi difícil manter a imagem de sua nudez afastada da mente enquanto conversavam. Porém, conseguiu se dominar, ainda mais por se espantar com a amnésia dela.
Na hora de fazer o primeiro almoço deles juntos na cozinha, teve que usar a água fria da pia no pescoço para baixar a temperatura do seu corpo. Por Merlin! Desde Azkaban, não se sentia excitado e logo agora nessas condições, experimentava tal sensação? Ele havia conseguido afastar o breve vislumbre do corpo dela enquanto desacordada naqueles dois dias, bem como as sensações ao sentir o corpo macio ao carregá-la nos braços, mas depois daquela visão na sala, seria um tremendo esforço! Por que ela tinha que deixar as malditas cobertas caírem?
E por que você, engraçadinho, inventou de ficar quieto e lhe dar um susto? Ainda mais com o estado dela?
A voz interna lhe acusou. Sim, era culpa dele no fim das contas. Por mais uma de suas travessuras. Bem feito! Mesmo depois de doze anos preso, não havia aprendido a lição das consequências de sua impulsividade. Pois bem! Que aguentasse aquela provação por mais dois dias, que esperava ela se recuperar por completo.
Só que… não.
A bruxa lhe propôs ir com ele para onde fosse. Ela temia que estivesse sendo perseguida e não tinha certeza de quem poderia confiar sem sua memória. Sirius não lhe tirava a razão; também chegou ao mesmo raciocínio tanto pela marca do braço dela, quanto pelo estranho medalhão. Mas levá-la? Pelo amor de Merlin, ele tinha planos! E incluir outra pessoa na execução nunca esteve presente. Mesmo assim, a fisionomia dela quase de súplica para que não a abandonasse… Maldito fosse seu fraco por mulheres, ainda mais jovens e belas! Se fosse um homem, não teria escrúpulos em se negar. Mesmo assim, não quis dar o braço a torcer e pediu um tempo para pensar.
O pior foi o choque entre eles: um simples contato quando ela cambaleou ao se levantar da mesa. Se já estava difícil lidar com a excitação pela lembrança de seu corpo, agora tinha mais aquele desafio para lhe testar: uma atração com um simples toque. Era tudo o que não precisava.
Desde que foi preso, não teve sequer uma ereção por causa dos dementadores que sugavam até sua libido e boas memórias de suas inúmeras transas. E agora voltava justo em uma época em que não tinha nenhuma condição de pensar em mulheres. Não podia se dar ao luxo, não quando a vida de seu afilhado estava em jogo! E em acabar de vez com o miserável que destruiu sua vida! E mesmo que pudessem se dar uma folga, era o último homem na face da terra que uma bruxa ou mesmo uma trouxa pensaria em se envolver.
A excitação que conseguiu tanto dominar veio em doses fortes e ele teve que satisfazê-la tanto na hora do banho, quanto ao se deitar. Por um lado, foi bom descarregar toda aquela libido, sentir que ainda era um homem inteiro ao experimentar o prazer de se tocar e gozar ao evocar a imagem da nudez da bruxa e imaginar-se como seria estar com ela. Por outro, sentia-se meio culpado por nutrir tais pensamentos com uma mulher sem memória, assustada e desamparada; e estar na presença dela era difícil para controlar a reação do seu corpo.
O que o ajudava nessas horas era se lembrar de seu propósito várias vezes, do maldito Rabicho e de seu afilhado e repetir o mantra: "O maldito está em Hogwarts! Tenho que pegá-lo! Tenho que pegá-lo! Harry! Harry!" Por duas vezes, notou a moça por perto vê-lo pronunciar tais palavras e caminhar de um lado para o outro, mas fingiu que não a percebeu. Talvez ele o achasse louco, mas que importava? Quem sabe ela mudasse de ideia em partir com ele.
Por outro lado, Sirius refletia sobre a vantagem de ter uma espécie de aliada. Ela poderia tirar uma parte de sua fortuna no Banco de Gringotes, com uma ordem de entrega para Harry Potter. Os duendes não a questionariam, desde que estivesse tudo nos conformes. Como diria Lílian, eles eram como a Suíça; não se metiam nos problemas dos bruxos e não negavam ouro, a única coisa que não admitiam era o roubo; fora isso, fariam seu serviço. Claro que haveriam aurores no banco, mas não acreditava que fossem questionar cada bruxo que fizesse uma retirada. Com a quantia desejada, ele poderia alugar um chalé ou quartos numa hospedaria na Vila de Hogsmead. Ele ainda tinha intenção de ficar nos terrenos de Hogwarts a maior parte do tempo, porém, seria mais produtivo para ele ter um local para repousar pelo menos por dois dias e ainda se reabastecer de comida, em vez de se arriscar em tentar roubá-la do castelo. Além disso, a moça estaria segura se estivesse mesmo em perigo. Claro que ele teria que assumir sua forma animaga durante todo o tempo em que esgueirasse do local que se hospedasse para a Escola. E para isso, teria que se revelar para ela.
Bem, com um juramento, era seguro fazê-lo e contar com sua ajuda. Havia se decidido, ele a levaria, mas em seus termos. Se ela aceitasse bem, se não... Apesar do desafio de estar perto dela e ter que voltar a confiar em alguém, torcia para que ela aceitasse sua proposta. Mais do queria admitir.
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– Meu nome é Sirius Black. – o bruxo assumiu uma expressão séria – Fugitivo de Azkaban, uma prisão daquela fortaleza que você viu antes de desmaiar... na praia em que te encontrei. – a moça assentiu – Sou um tipo criminoso... como você mesma adivinhou.
- Então eu estava perto de uma prisão – estava surpresa era pela revelação sobre a fortaleza. – Por que fui parar naquele lugar com tantos para fugir... de alguém?
- Oh, baby, se você não se lembra, não espere que eu te responda – ele não pôde conter um sorriso – E então... continua disposta a ir comigo mesmo sabendo quem eu sou?
- Eu já estava disposta antes mesmo de você me confirmar. Mas... posso fazer uma pergunta?
- Qual? – Sirius ficou tenso, pois já imaginava
- Que crime você cometeu?
- Nenhum que eu queira compartilhar com você – cortou. Ele podia simplesmente dizer que era inocente, mas não estava disposto a contar a estória de sua vida para essa estranha – Não quero ser grosso, baby, mas tem certas coisas que desejo guardar só para mim. Mas se está preocupada se vou te matar ou te ferir, eu...
- Não, sei que não me fará mal. Isso está claro para mim. Só que... – ela mordeu a boca
- O quê? – ele suspirou tanto de enfado pela mania de ela questionar quanto pelo gesto com os lábios que lhe arrepiaram – Diga.
- Você pretende machucar pessoas inocentes?
- Não, ninguém inocente sairá ferido.
O olhar de Sirius era firme. A bruxa entendeu o recado: ninguém inocente sairia ferido, mas alguém que ele considerasse culpado, sim
- Mais alguma pergunta? – tornou Black. A mulher negou com a cabeça – Ótimo, então chega de conversa. Já perdemos muito tempo... e temos muito o que fazer. – a jovem não lhe questionou, mas sua fisionomia transparecia uma curiosidade viva. Ele sorriu, ela era tão fácil de ler. A moça arqueou uma sobrancelha – Vamos praticar um pouco nossas habilidades mágicas por mais dois dias nesta cabana antes de partir. Eu vou te treinar.
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Bom, não julguem a Hermione louca por querer ir com um cara que praticamente não negou ser um criminoso. Ela está seguindo a intuição dele, pois no fundo da mente ela reconhece Sirius, embora não se lembre dele. Por outro lado, ela vai ter sua própria conclusão que abordarei no próximo capítulo.
Por falar no capítulo que vem, será o último deles aí na cabana. Embora no decorrer da trama, eles ainda vão voltar aí e ter um "momentão". Rsrsrs...
Não deixem de comentar. Até a próxima!
