Bom, tensão neste capítulo! E no final, ressurge um personagem lá dos dois primeiros capítulos

Leiam as notas finais também, pois são importantes

E boa leitura!

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Capítulo 11 - Um nome para a bruxa

Well, I've got something to say

Bem, eu tenho uma coisa a dizer

Don't try to run, I can keep up with you

Não tente correr, eu consigo te acompanhar

Nothing can stop me from trying, you've got to

Nada pode me impedir de tentar, você precisa

Open your heart to me, baby

Abrir o seu coração pra mim, querido

I hold the lock and you hold the key

Eu seguro a fechadura e você segura a chave

Open your heart to me, darling

Abra o seu coração pra mim, querido

I'll give you love if you, you turn the key

Eu te darei amor se você, você virar a chave

(Open your heart, "Abra seu coração", Madonna)

Houve outro silêncio entre Sirius e a bruxa.

- Meu nome é Jean. - ela repetiu, quase como se tentasse convencer a si mesma

- Jean? - Black arqueou a sobrancelha – Você se lembrou de quem é?

- Não, foi só isso – piscou confusa e abaixou a varinha – Foi parte de uma recordação… com minha mãe – engoliu em seco. A fisionomia de Black se suavizou e ele deu dois passos em direção a ela, porém, a bruxa ergueu de novo o artefato e colocou-se em posição de defesa – Fique aí mesmo! E não tente mudar de assunto!

- Certo… Jean – os olhos dele se tornaram frios de novo – Então… você descobriu sobre os crimes de que me acusam. - abriu um sorriso cruel que fez a moça estremecer – E o que você pretende fazer a respeito? Me entregar para a justiça?

- Sei que não posso. Fiz um juramento.

- Oh, mas você pode gritar, sabe? Pode pedir por socorro. - deu mais um passo – Nada a impede.

- Fique aí! Ou te enfeitiço!

Porém, antes que ela murmurasse qualquer palavra, a varinha foi tirada de suas mãos bem aos pés de Sirius que a apanhou. O sorriso dele se acentuou com um toque de arrogância. Jean abriu a boca.

- Como… como você…?

- Fiz isso? Digamos que é um nível mais elevado para um bruxo. Feitiços não-verbais sem varinha. - antes que Jean tivesse chance de reagir, Sirius se aproximou repentinamente e prensou-a na parede. Ela ficou tão chocada que seu grito ficou preso na garganta enquanto Black segurava seus braços. - Quer aprender isso também… Sereia?

- Me… me solta!

- Ou o quê? - ele aproximou a boca perto do seu pescoço. O cheiro dela era incrível. Por Merlin, estava tão zangado! Ao mesmo tempo, estava tão excitado. Ela estremeceu, mas ele não se afastou – Você vai gritar? Pois grite.

A bruxa abriu a boca, mas não conseguiu. Por Merlin, o que estava acontecendo com ela e com seu corpo? Deveria sentir nojo desse homem por seus crimes, medo de que a assassinasse e por imprensá-la daquela forma, mas estava tremendo… de excitação. Como era possível? Os olhos de Sirius a fitavam com desejo mesclados a uma fúria silenciosa. As orbes cinzas se direcionaram a seus lábios. Ela arfou. Não, não podia permitir. Porém… queria. Sim, ela queria. As respirações de ambos ficaram mais altas e ofegantes. Sirius aproximou mais o rosto entreabrindo os lábios. A mulher pensou em desviar o dela, deveria fazê-lo. Mas fechou os olhos e esperou. Segundos se passaram. O cheiro do bruxo, sua respiração, e seu hálito estavam bem próximos aos seus lábios, quase encostados com os dela.

- É melhor você ir embora… Sereia – soltou os braços dela e afastou-se tão repentino como havia se aproximado. Abriu os olhos confusa e viu um olhar de satisfação mesclado com arrogância, raiva… e algo mais. Dor? Não tinha certeza. - Ou não respondo por mim.

Jean permaneceu calada e sentiu o rosto esquentar tanto por vergonha quanto por raiva. Claramente ele quis jogar e testar sua influência sobre ela e as reações de seu corpo; ao ver que ele lhe atraía havia conseguido seu objetivo. Era uma tola por ter se submetido!

- Já disse que me chamo… Jean – protestou, mas num sussurro tão inaudível que duvidou se ele escutou.

- Como quiser… Jean – ele sussurrou em um tom irônico. Estendeu a varinha – Tome.

- Você… está me devolvendo? - alternou o olhar entre o objeto e o Maroto

- Parece não? Pegue logo.

Ela o fez com cautela, mas ainda o fitava em dúvida

- E você… vai me deixar sair assim?

- Tem razão, não vou. - ela engoliu em seco – Sou eu que devo partir. - ele lhe deu as costas – Você pode ficar com todas essas coisas… - abriu os braços para os lados – ... inclusive com meus galeões… e com o chalé também. Vai precisar mais do que eu.

Sirius não olhou para trás; talvez fosse melhor se ir. Quase havia perdido o controle ao imprensá-la na parede. Por mais que houvesse constatado que a bruxa o queria – sentiu o cheiro da excitação dela e sua respiração ofegar por sua aproximação – não conseguiu ir adiante. A moça estava vulnerável, confusa e não se aproveitaria dela, ainda mais em uma situação de raiva. Porém, não sabia por quanto tempo aguentaria estar junto dela e não se render aos seus desejos. Num ponto foi bom a Sereia – ou Jean – ter descoberto as acusações sobre ele e pensar que era mesmo o autor daqueles crimes, embora o machucasse que ela fosse como os outros ao julgá-lo. Mais do que queria admitir.

Estava prestes a alcançar a maçaneta quando Jean gritou:

- Espere!

O bruxo se deteve, mas não se virou.

- Eu… Só me diga se é verdade o que estão falando sobre você.

- Pra quê? Você já chegou às suas próprias conclusões.

- Mas não quero acreditar – admitiu ela – Não sei no que acreditar. Estou confusa. Me esclareça… por favor.

- Está bem – soltou um suspiro. Devia ir embora naquele momento, mas a vulnerabilidade dela fê-lo fraquejar. Black se virou para Jean – O que quer saber?

- Você matou todas aquelas pessoas?

- Não – disse firme, mas com ar cansado

- Você foi matar Harry Potter?

- Não! - tentou conter a irritação, mas a pergunta o enfureceu – Ele é meu afilhado! Daria minha vida por ele, assim como teria feito pelo pai dele. Tiago Potter foi meu melhor amigo, um irmão praticamente. - ambos ficaram sem palavras – Mais alguma acusação?

- Não. Eu acredito em você.

Sirius tentou esconder a surpresa no rosto, mas não conseguiu.

- Olhando pra você… sinto que está me dizendo a verdade – tornou ela e corou com o olhar inquiridor do bruxo – É… eu acho que é uma intuição. Mas me deixei levar pelos comentários das pessoas e pelo que li nos jornais. Só que não tinha o direito de te acusar assim…

- Tudo bem. Não posso te culpar – o rosto dele suavizou – E por que você me esperou? Podia ter ido embora. Foi bem arriscado da sua parte.

- Precisava saber se Harry Potter estava bem. Fiquei com medo de você ter ido mesmo atrás dele… pra se vingar. - desviou o rosto – Eu… precisava conferir. Não queria ter um peso na consciência de ter colaborado com a morte de um inocente.

- Sei – Black tornou a endurecer as afeições.

- E acho que no fundo também estava zangada por saber por outros do que você era acusado – tornou a fitá-lo – Queria que você tivesse confiado em mim e me falado.

- Confiar é um processo que leva tempo, baby.

- Eu sei. E você não sabe quase nada a meu respeito. Mesmo assim, quero que confie em mim. Preciso que me conte sobre o que te aconteceu e porque todos acham que você é culpado. - mordeu os lábios. Ele fez força para não avançar nela se focando em suas palavras – Me fale sobre essa pessoa de que você quer se vingar. Se não é Harry Potter, quem é? - Jean aguardou, mas Black permaneceu calado – Por favor, Sirius, confie em mim.

- OK - ele revirou os olhos – Você venceu. Mas a estória é longa.

Jean assentiu e sentou-se na beira da cama enquanto Sirius se acomodava na cadeira de frente para ela.

Ele contou tudo: como conheceu Tiago, Remus e Pedro; a fama dos quatro como "Os Marotos" por causa de suas brincadeiras em Hogwarts; a descoberta de que Lupin era um lobisomem e esse ser o verdadeiro motivo de Sirius ter se tornado um animago, junto com Pettigrew e Potter.

Sirius ficou tão imerso nessas memórias que, por vários momentos, esqueceu-se da bruxa e deixou que algumas emoções se mostrassem. Jean não o interrompeu em nenhum segundo, mas percebeu o quanto ele sentia a falta dessa fase de sua vida. E que toda vez que ele mencionava o nome de Pedro, o rosto se contraía e certa raiva se evidenciava.

Quando ele passou a falar sobre Voldemort, o que representava, a Primeira Guerra Bruxa e a formação da Ordem da Fênix, a bruxa estremeceu. Alguma coisa dentro dela se mexeu como se houvesse escutado aquela informação alguma vez ou até vivenciado algo parecido.

- Você está bem? - perguntou Sirius

- Sim, estou

- Quer que eu pare? Talvez eu esteja te assustando.

- Não, por favor, continue.

O bruxo assentiu. Seu rosto ficou sombrio quando falou sobre uma profecia que ameaçava a vida do afilhado e sobre um traidor na Ordem. Por fim, ao falar sobre terem que esconder os Potters, o Feitiço do Fiel do Segredo, de ele ter sugerido Pedro como o escolhido, levantou-se de supetão e caminhou feroz para um lado:

- Aquele maldito rato! Ele era o traidor! Ele vendeu os próprios amigos! Ele os entregou a Voldemort! E Voldemort os achou e os matou!

- Então é dele que você se quer vingar? - Jean se refez do susto de Black ter se levantado de uma vez e quase derrubado a cadeira. O homem assentiu – Foi ele quem te incriminou?

- Sim.

- Como?

Sirius contou sobre a perseguição a Rabicho assim que se deu conta de que ele havia traído os Potter, de o maldito tê-lo acusado diante de um monte de trouxas, a explosão que fez para matá-los e fingir a própria morte, além de culpar Black.

- Me acharam lá com aquele monte de corpos – tornou a se sentar com o semblante abatido – Nem questionaram minha culpa. Se bem que… reagi de um jeito que os fez acreditar que eu era um louco genocida.

- Como você reagiu?

- Dei gargalhadas – Jean fez uma expressão de assombro. Black emulou um sorriso amargo – Pois é. Mas não estava rindo porque pirei. Sei lá… eu…

- Você estava em choque – concluiu a bruxa – Por tudo que aconteceu. E mais pela morte dos Potters.

- É – admitiu Black entre aliviado e um pouco incomodado pela bruxa ter lhe compreendido tão bem – Foi algo assim.

- Mas por que Harry sobreviveu? Se esse tal Voldemort era tão poderoso?

- Ninguém sabe – deu de ombros – Só sei que Harry foi considerado um herói e um bruxo mais poderoso do que ele. Enquanto buscava por Pedro, vi pessoas festejando nas ruas pela derrota de Voldemort e proclamando Harry como salvador. E nessas saídas minhas pelo Beco Diagonal, escutei que continuam achando o mesmo dele depois de anos. Dizem até que houve alguns eventos recentes em Hogwarts que atestam isso – esboçou um sorriso – Não sei se é verdade ou se estão exagerando – deu de ombros - Não mencionaram detalhes. Mas acredito que Harry deve ter feito algo para impressionar tanto.

- E quanto a Pedro? Como você descobriu que ele está vivo?

- Com essa notícia – tirou do bolso da calça o jornal que Fudge havia lhe entregue. Sempre levava o periódico consigo, não importava se mudasse de roupa. Mostrou o destaque sobre a viagem dos Weasley e apontou na foto a figura de Rabicho – O rato que esse menino segura é Pedro. E antes que você me pergunte, sim, tenho certeza. Eu o vi se transformar muitas vezes e tem até um dedo faltando. Pedro perdeu um dedo ao explodir os trouxas. Não é coincidência.

Jean pegou o recorte e analisou a foto. Porém, não foi o animago que lhe chamou a atenção, mas o garoto que o levava. Ele abria um sorriso aberto e espontâneo. Algo no peito dela se contorceu.

Mãos percorriam seu corpo nu enquanto sentia a língua dele explorando sua boca. Em seguida, os lábios dele foram para seu queixo e desceram para seu pescoço.

- Eu te amo – ele sussurrou

- Eu também te amo, Ron – ela gemeu

A bruxa deu uma leve tontura e fechou os olhos.

- Ei, o que foi? - a voz de Sirius lhe trouxe de volta

- Nada, eu… eu só… só tive uma impressão. - ela suspirou e abriu os olhos enquanto os dele a fitavam inquiridores – Me veio agora ao ver essa foto

- Você conhece essas pessoas?

- Não. Quer dizer… acho que não. Talvez… foi só uma associação – abaixou o rosto e fingiu que analisava a foto. Seu corpo esquentou com o tipo de recordação que teve. Não a compartilharia com Sirius, até porque era estranho se lembrar de uma relação sexual ao vislumbrar o rosto de um adolescente. O que o bruxo pensaria dela? Concentrou-se no título da notícia – Eles estavam no Egito.

- Devem ter voltado. E esse garoto estuda em Hogwarts e em breve estará lá

- Assim como Harry - Black assentiu. Jean lhe devolveu o recorte. – Será que eles são colegas?

- É provável. Sei que por tradição todos os Weasley são selecionados para Grifinória – Jean acenou. Por ter lido sobre a escola, sabia da divisão das casas – E os Potters também. Se Harry e o menino Weasley seguiram a tradição dos pais, eles devem estar juntos. E Pedro pode atacar a qualquer momento meu afilhado. Se não o fez até agora, é porque não tem nada a ganhar já que Voldemort foi dado como morto e seus Comensais estão espalhados por aí – ele riu – Ele deve estar se cagando de medo de ser morto por algum deles porque todos acham que preparou uma armadilha para Voldemort ao entregar Tiago e Lílian. Sei disso porque escutei vários comensais praguejando contra ele em Azkaban e duvidam que tenha mesmo morrido. – o sorriso desapareceu dando lugar a uma expressão feroz – Só que quem vai chegar nele sou eu. Não vou correr o risco e permitir que ele fique perto de Harry mais nenhum dia. Vou ter minha vingança!

- Sirius, talvez você devesse falar com eles! Com o Ministério! - o homem bufou. Ela ignorou o gesto – Conte a verdade sobre vocês. Sobre Peter ser um animago. Eles vão investigar. E você vai ser declarado inocente!

- Sereia, me desculpe, mas inocente é você. - abriu um sorriso amargo – Não me deram nem o direito de um julgamento na época, você acha que agora vão me dar alguma chance de me explicar? Assim que me virem vão me jogar direto de volta para Azkaban – o rosto dele ficou sombrio – Se eu tiver essa sorte.

- O que você quer dizer?

- Esquece. Mas não vão me escutar. Tenho certeza.

- Você não tem alguém que possa interceder por você. Seu outro amigo? O Remo? Ele…

- Não vou me arriscar. Prefiro fazer do meu jeito.

- E do seu jeito você quer dizer… assassinar? E depois passar o resto da vida como um fugitivo?

- Se preciso for, sim. Não tenho ilusões de que possa ser diferente – deu de ombros. Em seguida, fitou-a – Se preferir pular fora agora com tudo que sabe, vou entender, eu…

- Não concordo com o jeito como você quer fazer as coisas – ela o cortou - Mas se é o que deseja, eu vou te apoiar no que precisar

- Você tem certeza? - o rosto dele se iluminou

- Tenho.

- Então você acredita em mim?

– Acredito sim. Mesmo antes sem saber do que te acusavam, eu sentia que você era inocente. Ou que, pelo menos, não tinha feito nada tão grave… pensei no máximo que você fosse um… um ladrão.

Com essa, Sirius soltou uma gargalhada.

- Então foi por isso que você me perguntou se eu pretendia assaltar um banco quando eu disse que ia sacar dinheiro? - Jean assentiu um pouco envergonhada. Black riu mais ainda – Sereia, você é surpreendente

- Não pode me culpar. Você não compartilhava muito, mas agora entendo o motivo – engoliu em seco e enxugou o resto da umidade dos olhos pelas lágrimas que derramou– E peço desculpas por ter te julgado mal, por ter me deixado levar pelo que escutei e li.

- Ei! – ele ergueu seu rosto tocando levemente seu queixo. Ela estremeceu – Está tudo bem. Eu também te entendo.

Estava reconfortado por ter falado sobre aqueles segredos e compartilhar aquelas dores que lhe iam na alma. Não era nem metade do que ele sentia, mas já era suficiente para tirar um peso de seus ombros. E era um alívio ter alguém que acreditava nele, ainda mais a bruxa que havia se tornado tão próxima em tão pouco tempo. Seu coração deu um solavanco ao lhe mirar os olhos e ao se dar a conta de uma verdade. Não, não podia ser, porém, mesmo que fosse, não estava pronto para admitir. Afastou os dedos do rosto dela e foi quem, dessa vez, desviou os olhos, ainda que por um instante.

- Então… continuamos parceiros? - tornou a fitá-la

- Amigos – mirou-o de frente – Não quero só um parceiro de negócios, mas um amigo. Quer dizer… se estiver bem pra você.

- Faz tempo que não sei o que é amizade… – ele sentiu um nó na garganta. - OK, Sereia. - estendeu a mão – Amigos.

Jean apertou-a. É claro que sabiam que o que havia entre eles não era um sentimento de pura amizade, mas pareciam de acordo em direcionar a atração mútua para esse lado. Soltou a mão dele, cedo demais para o gosto do Maroto.

- Então pra começar… - ela suspirou enquanto a fisionomia se fechava – Quer fazer a gentileza de parar de me chamar de Sereia? Sou Jean.

- Não posso prometer porque já me acostumei, mas vou tentar... Jean – ele abriu um largo sorriso, mas depois o fechou – Então... seu nome é realmente Jean?

- Er... acho que na verdade é um segundo nome.

Contou sobre a lembrança de sua mãe com detalhes, comentando seu espanto diante da queda da bandeja sem ter tocado no objeto.

- Você deve ter feito magia acidental. – explicou o bruxo – É assim que uma criança bruxa desperta seus poderes. Talvez essa recordação fosse até da primeira vez que sua magia se manifestou.

Jean concluiu o relato com sua mãe lhe chamando pelo que lhe parecia seu nome completo, como uma forma de mostrar que a filha havia feito algo errado.

- Mas só vinham as iniciais. – disse ela – Tentei forçar a mente, mas veio apenas o segundo nome.

- Então seu primeiro nome começa com H? E o último com G? – ela assentiu. Sirius coçou o queixo – Eh... talvez o primeiro nome seja Helen. Que tal Helen?

- Hum... não. - ela franziu a testa – Não, acho que não

- Hilary? Halley?

Ele tentou vários nomes ingleses que se lembrava com a letra, mas nenhum soou familiar para a bruxa.

- Er... desisto. – bufou ele – Não me vem mais nenhum à cabeça. Nem vou tentar seu sobrenome. – ele deu de ombros – Pelo menos sabemos o segundo. - a bruxa assentiu – Mudando um pouco de assunto… e sobre o chalé? Conseguiu acertar o aluguel?

- Sim, podemos nos mudar quando quisermos.

- Vamos pra lá amanhã mesmo. Aqui não vai ser mais seguro. Encontrei o Remo na porta da Floreios e Borrões.

- Por Merlin! E ele te viu? Te reconheceu?

- Por sorte não. E nem me sentiu, mas eu sim, a uma boa distância. Como não estamos na fase da lua cheia, os sentidos dele não ficam tão apurados. Mas não quero me arriscar a topar com ele de novo. - suspirou – Não sei se ele me delataria na hora se me visse.

- Você não acha que devia…?

- Já disse que não vou me arriscar – cortou-a antes que terminasse a sugestão – E depois não quero complicar mais a vida do Remo.

- Tudo bem, não se fala mais nisso – ela revirou os olhos, mas logo, em seguida, seu rosto se animou – Ah, me conta uma coisa!

- O quê? – fitou-a com cautela

- Como você consegue fazer magia não-verbal? E sem varinha?

- Ah, você está falando do feitiço que fiz pra te tirar a varinha? - ela assentiu. Ele sorriu – Bom, Ser… Jean... feitiços não-verbais são um nível mais alto, mas são moleza de aprender. Eu ia te ensinar depois que saíssemos daqui – coçou o queixo – Já magia sem varinha é outra coisa. Os únicos bruxos que conseguem são lá da África, eles aprendem em uma escola chamada Uagadou.

-Ah, sim, mencionam essa escola em Hogwarts: Uma História. Uau! Eles podem mesmo?

- Podem, mas é algo extremamente complicado. Na maioria dos outros lugares como aqui se usa a varinha. É mais fácil pra canalizar a magia. O único bruxo da Grã-Bretanha que sei que consegue é Alvo Dumbledore, mas não todos os feitiços. Dizem que Voldemort conseguia também.

- Você não…?

- Que nada! Só sei esse truque porque o próprio Dumbledore me ensinou... e nem consigo fazer muito rápido. Não daria muito certo em um duelo. Só se a pessoa ficasse parada diante de mim sem saber o que fazer.

- Como foi meu caso – ela corou

- É. - fitou-a com um ar sério – Não pode vacilar nem por um segundo, Jean. Se eu fosse mesmo um assassino você já era.

- Em minha defesa, não sabia se devia te acertar ou não. Se eu estivesse segura, teria te derrubado com certeza.

- Ah, é? - ele arqueou a sobrancelha – É isso que vamos ver, Sereia – dessa vez, usou o apelido para provocá-la. - Quando estivermos no chalé, vamos voltar com nossas sessões de treino.

- Mal posso esperar – confessou com um leve sorriso e, em seguida, mordeu a boca. Sirius fechou os olhos para se controlar – Você teve sorte lá com o Harry? Er... se não quiser me falar...

- Foi surpreendente – Sirius abriu um sorriso – Não pude chegar perto e falar com ele, óbvio, mas eu o vi. Ele é... o retrato vivo do Tiago

Contou tudo o que havia visto, dando risadas sobre a mulher que voou feito um balão; Jean se riu com ele, apesar de fazer uma expressão de assombro e de reprovação; comoveu-se pela forma carinhosa como ele falava do afilhado, mesmo sem ter podido acompanhar seu crescimento. Sirius também relatou vários episódios dos primeiros meses de vida de Harry; por exemplo, de como ajudou Tiago a trocar a primeira fralda no filho. Riram-se juntos várias vezes.

Teriam conversado mais, porém, Sirius foi se banhar enquanto Jean pedia o jantar para eles no quarto, uma sopa leve, já que era tarde da noite. Mesmo àquela hora, ficava um bruxo na recepção da hospedaria para atender as solicitações dos clientes.

Estou fodido, pensou o Maroto dentro da banheira.

Sirius Black se deu conta de que estava se apaixonando pela jovem bruxa.

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O bruxo fitava Hogsmeade do alto de uma colina, onde era possível se ter uma visão panorâmica do Vilarejo enquanto os primeiros raios anunciavam o nascimento do sol. Usava uma túnica vermelha com um capuz e uma máscara de touro, a mesma indumentária com que enviou Hermione Granger para aquela época. Assim que o fez, de imediato, ele foi para aquele ponto.

Enquanto para a bruxa havia se passado mais de quinze dias, para ele, havia sido questão de segundos.

O Tempo era um deus complicado e misterioso.

John Chronos sabia disso melhor do que ninguém, porque era filho do Tempo. Era seu pai e sua mãe simultaneamente.

Ele ficaria ali em Hogsmeade a partir daquele mesmo dia em que Sirius Black e Hermione Granger se mudariam para o local. Sabia o momento em que deveria enviar a bruxa de volta para sua época real e havia certas providências que precisava organizar. Tais arranjos ele poderia estabelecer em questões de segundos, não havia uma necessidade real de permanecer ali. Porém, ele queria, mesmo que não mudasse em nada sua presença durante aqueles meses.

John retirou a máscara e transfigurou a túnica vermelha em uma de cor preta sem o capuz. Passou as mãos pelos curtos cabelos pretos com cachos nas pontas e desceu a colina.

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Bom, algumas observações:
1) A partir deste capítulo, vou chamar a Hermione adulta que está com Sirius de Jean para diferenciar da Hermione adolescente, que vai aparecer em outros capítulos (no próximo, por exemplo)

2) Sobre John Chronos, não vou falar muito sobre ele. Basta dizer que é uma figura que tem muita relevância para a história do mundo bruxo (pelo menos aqui na minha fanfic). Não direi se ele é vilão ou herói (tirem suas próprias conclusões). Mas no próximo capítulo trarei informações pontuais sobre esse bruxo. Ele não irá aparecer em todos os capítulos, mas em vários

3) O Tempo será uma espécie de deus aqui, embora não haverá uma personificação dele. John agirá em nome dele. Em Harry Potter, o mundo bruxo possui cinco tipos de magia que interferem no funcionamento dos feitiços: tempo, espaço, amor, pensamento e morte. Elas também serão consideradas como deuses também aqui (bem no final da história, isso será melhor explicado). Uma cosmologia que quero inventar para minha fic

Enfim, espero que tenham gostado.