CAPÍTULO 74
Nathan retornou à cabana o mais rápido que pôde, o coração martelando em seu peito enquanto ele se aproximava do que restava do lugar. Bill, Robert e Cody estavam lá, trabalhando incansavelmente para apagar o fogo e buscar pistas do que havia acontecido.
Bill, com sua habilidade investigativa afiada, vasculhava os arredores da cabana em busca de qualquer indício. Robert, atento aos detalhes, encontrou as marcas deixadas pelos pés de Alien e do pequeno Jack, especialmente depois de Cody descobrir a pulseira de Alien. Agora, era Bill quem seguia as pegadas, determinado a desvendar o mistério.
Entretanto, após alguns trechos, as pegadas misteriosamente desapareceram, deixando Nathan intrigado. Ele percebeu que Alien havia apagado as marcas, utilizando ramos para cobri-las.
Uma sensação de admiração e orgulho inundou o peito de Nathan ao reconhecer a astúcia de sua filha. Ele recordou de tê-la ensinado aquele truque, e agora via sua filha aplicando-o de maneira tão eficaz. Mesmo em meio à aflição, um sorriso se formou em seus lábios diante do pensamento do quão inteligente e resiliente sua filha era.
Ao longe, Robert avistou uma única pegada, o que indicava que Alien estava carregando seu irmão. Bill ponderou sobre a situação, sugerindo que ela estivesse carregando o irmão nos braços. Tanto ele quanto Nathan ficaram perplexos ao contemplar como Alien conseguiu percorrer toda aquela distância, considerando o ritmo das pegadas e o espaçamento entre elas. Era evidente que ela estava correndo desde o momento em que saíram da cabana, sem interrupções.
O tamanho entre os passos denotava que Alien não havia diminuído seu ritmo, apesar do peso adicional nos braços. Era desconcertante para Nathan imaginar a angústia e o medo que sua filha devia estar sentindo para correr incansavelmente com seu irmão no colo. Essa constatação trouxe uma mistura de admiração e preocupação, pois era um reflexo do quão determinada e corajosa sua filha era, mesmo diante das circunstâncias mais difíceis.
A noite se aproximava implacavelmente, mas eles não tinham a intenção de parar. Era uma corrida contra o tempo, uma busca desesperada para encontrar Alien e seu irmão perdido.
Enquanto isso, mais cedo naquele mesmo dia, uma cena surpreendente se desenrolava em um lugar próximo. Alien sabia que a fome poderia enfraquecê-los, então decidiu agir. Com seu irmão adormecido, ela se aventurou até o lago próximo. Com um galho de amora afiado como uma lança improvisada, ela mergulhou na água escura em busca de alimento. Após várias tentativas, conseguiu capturar um peixe de tamanho considerável. Além disso, colheu amoras e improvisou um recipiente com uma grande folha para armazenar água do lago. Com habilidade e determinação, ela limpou o peixe, usando suas unhas e o galho afiado para remover as escamas e as vísceras, antes de transportar tudo de volta para o local onde estavam escondidos há algum tempo.
A caverna escondida atrás da cachoeira oferecia um refúgio seguro. Alien navegou pela lagoa, caminhando em parte e nadando com água até o pescoço em outras partes, até alcançar a entrada da caverna. Esse processo desafiador foi repetido três vezes, cada vez mais determinada a garantir o sustento para ela e seu irmão. Na última viagem, ela trouxe gravetos secos enrolados em sua jaqueta, equilibrando-os cuidadosamente sobre a cabeça enquanto atravessava as águas. Seu esforço e habilidade para garantir a segurança e o conforto de seu irmão eram um testemunho de sua resiliência e amor inabalável.
O ambiente ao redor estava mergulhado na penumbra da noite, apenas interrompido pelo suave ronco tranquilo do pequeno Jack, que finalmente encontrara um repouso merecido após uma noite cheia de agitação e uma fuga extenuante. Alien observava seu irmão dormir, sentindo uma mistura de alívio e preocupação. Sabia que ele estava exausto e faminto, e as poucas amoras que tinham encontrado seriam insuficientes para satisfazer suas barrigas vazias após tantas horas sem comida.
Decidida a fazer algo a respeito, Alien pegou os gravetos que havia reunido e começou a esfregá-los vigorosamente um contra o outro. Com determinação e paciência, ela persistiu até que uma pequena fumaça começasse a se erguer, sinalizando o início de algo especial. O pequeno Jack, despertado pela atividade, observava com fascinação, emitindo risadas e aplausos quando a fumaça se intensificava. Para Alien, o sorriso do irmão era como um raio de esperança, incentivando-a a redobrar seus esforços na tentativa de criar algo extraordinário.
E então, contra todas as probabilidades...
O fogo nasceu...
Uma pequena fogueira iluminou a escuridão, proporcionando calor e uma fonte de energia renovada para os dois irmãos. Alien espetou um galho com um peixe na ponta sobre o fogo crepitante, preparando uma refeição modesta, porém reconfortante. O olhar admirado de Jack, enquanto ele observava sua irmã era comovente; para ele, Alien era uma verdadeira heroína, capaz de realizar feitos mágicos.
O peixe, embora simples, foi saboreado com gratidão. Apesar da falta de tempero, Alien conseguiu realçar o sabor adicionando algumas amoras à carne, proporcionando um toque de doçura bem-vinda. Após a refeição, Alien assegurou que Jack bebesse bastante água, lembrando-se das lições de ciência sobre a importância da hidratação, especialmente para uma criança que sua mãe ensinou na escola.
Com a noite envolvendo-os em seu manto escuro, Alien alimentou a pequena fogueira com mais gravetos, oferecendo calor e proteção contra o frio da noite. Abraçados pela calidez do fogo, os irmãos se aconchegaram, e Alien, após cobrir Jack com sua jaqueta, adormeceu ao som da crepitação das chamas, sentindo-se grata pela segurança momentânea que tinham encontrado juntos.
