Esclarecimento: Só reiterando que esta história não me pertence, ela é uma adaptação do livro de mesmo nome, de Lynne Graham, que foi publicado na série de romances "Paixão", da editora Harlequin Books.


Capítulo 4

- Onde você estava ? - Akemi perguntou, indignada, assim que viu Hinata entrar no apartamento.

- Você ainda estava dormindo quando eu me levantei. Eu precisava comprar algumas coisas e aproveitei para dar um passeio pelas redondezas.

- Um passeio ? - repetiu Akemi - Deverá estar a caminho da Rússia esta tarde, e tudo o que pode pensar em fazer é dar uma volta pelas redondezas ?

Hinata comprimiu os lábios.

- Que mal há nisso ? Não sei por quanto tempo ficarei fora, e pensei em aproveitar um pouco mais do lugar. Sentirei saudades daqui.

- Mamãe esteve aqui na hora do almoço. Ela adivinhou como conseguimos o dinheiro.

- Como ela poderia adivinhar ? - Hinata duvidou.

- Bem... ela não sabe nada sobre o contrato de casamento. E, mesmo sendo eu quem deu o dinheiro para o advogado, ela está convencida de que foi você quem conseguiu o dinheiro através de Naruto.

- Oh, Deus ! E como farei para explicar isso a ela ?

- Não precisa se desesperar ! Eu disse a ela que, como Naruto é um homem rico e está prestes a se tornar membro da família, decidiu lhe presentear com um montante em dinheiro para que você fizesse o que quisesse. Por isso, não precisa se preocupar em dizer nada. Eu salvei a situação outra vez.

- Não, Akemi. Quem salvou a situação fui eu - Hinata contradisse, furiosa - Você assinou o contrato em meu nome e sem a minha permissão, e agora sou eu que terei que me casar com Naruto !

- Nossa ! E que grande sacrifício ! - Akemi escarneceu - Ter que se casar com um homem extremamente bonito, rico e generoso. Basta olhar os presentes que ele vive lhe mandando, sem contar as flores. Qualquer um seria perdoado por forçá-la a se casar com ele !

Hinata evitou discutir e se retirou para o quarto sem dizer uma palavra. Era doloroso demais saber que a irmã dava mais importância ao dinheiro do que ao amor por Konohamaru ou mesmo pelo bebê.

Nos últimos cinco dias, Naruto mandara entregar flores todas as manhãs junto com alguns inesperados presentes, como um conjunto de malas de couro para a viagem e um relógio de ouro para combinar com o anel de noivado que provocara em Akemi tamanho ciúme que ela quase esbofeteara Konohamaru quando ele exibiu a aliança que havia comprado para a cerimônia de casamento.

Também ligara para Hinata em cada uma daquelas noites apenas para conversar amenidades. Que se encontrava em Nova York para concluir algum negócio ou simplesmente falar sobre algumas conquistas do seu time preferido de futebol. Algumas vezes, ele se arriscava a fazer alguma pergunta pessoal e, de certa maneira, embaraçosa. Como a de com quantos homens ela se envolvera amorosamente. E, para puni-lo pela curiosidade, ela lhe respondera com casualidade:

- Um ou dois. E quanto a você ? Já se apaixonou ?

- Nunca cheguei nem perto de um sentimento desses - ele lhe respondera.

- Então, como aconteceu de se casar pela primeira vez ?

- Ela era a mulher mais bonita que eu já havia visto - "Pena que tão superficial", Hinata teve vontade de dizer, mas preferiu ficar calada.

Aqueles telefonemas não acrescentaram muito em relação ao fato de Hinata descobrir mais sobre o homem com quem iria se casar. Naruto ainda lhe parecia um enigma a ser decifrado e ela ficava mais preocupada a cada minuto que se passava.


Naquela mesma tarde, Hinata se despediu da mãe e da irmã e seguiu sozinha para o aeroporto. Sozinha no modo de dizer, porque, desde que se comprometera com Naruto, ele insistira na escolta de dois seguranças, que sempre estavam por perto e alertas para qualquer eventualidade.

Durante a viagem até o aeroporto, o celular de Hinata tocou e ela ficou espantada ao atender e ouvir a voz de seu pai:

- Sua mãe me contou que você viajaria hoje para a Rússia. Estou no aeroporto e preciso falar com você antes que embarque.

- Está me aguardando no aeroporto ?

- Sim - Hiashi Hyuuga confirmou - Estou na lanchonete que fica logo depois do balcão de checagem e poderíamos tomar um café juntos. Quero apenas ver você.

Após completar as formalidades burocráticas para a viagem, Hinata dirigiu-se à lanchonete para encontrar-se com o pai. Assim que Hiashi a viu entrar, ergueu-se da mesa que ocupava e seguiu apressado ao encontro da filha. Porém, antes que ele se aproximasse dela, os seguranças o impediram.

- Está tudo bem. Podem deixar, eu o conheço - ela avisou aos homens e os dispensou com um aceno de mão.

Ele observou as feições severas no rosto dela e apoiou as mãos na cintura delgada da filha como se estivesse com receio de que ela decidisse ir embora de repente. Hiashi Hyuuga era um bonito homem de cabelos longos e negros, que não aparentava a sua verdadeira idade.

- Obrigado por vir. Eu sabia que você não seria tão inflexível quanto sua irmã.

- Isso não quer dizer que eu não o condene pelo que fez. Mas ainda assim continua sendo o meu pai.

- Nem posso acreditar que faz tanto tempo que não nos vemos.

Hinata não conseguiu impedir que os olhos se marejassem de lágrimas.

- Foi você quem nos abandonou...

- Eu abandonei sua mãe, e não as minhas filhas - Hiashi se defendeu e, puxando-a para perto dele, afagou-lhe os cabelos. As lágrimas agora rolavam pelas faces de Hinata - Eu não posso perder vocês. A separação tem sido muito difícil para mim também.

Ele caminhou com ela até a mesa que ocupava antes e pediu dois cafés para o garçom. Hinata se sentia como se estivesse traindo a mãe. A dor que o pai causara para a família ainda estava muito recente para ser esquecida. Ele segurou as mãos dela entre as dele e murmurou:

- Se isso a fizer se sentir melhor, quero que saiba que meu caso com Marin está a ponto de acabar.

Ela suspirou e conseguiu conter as lágrimas. Contudo, a confissão do pai não significava um conforto. Será que todo aquele sofrimento teria sido causado por nada ?

- Sinto muito, mas tenho apenas mais alguns minutos - ela avisou.

- Então, aproveite para me contar como aconteceu o fato de você se apaixonar por um bilionário. Se acontecesse com sua irmã, eu não estaria tão surpreso.

Hinata ficou aliviada pela mudança do assunto.

- Akemi está muito bem com Konohamaru. Ele é uma excelente pessoa e a adora.

- Espero que ele consiga dominar o temperamento aventureiro de Akemi. Eu não consigo imaginá-la como uma dona de casa e mãe.

Antes que Hinata conseguisse censurar as próprias palavras, despejou:

- Nós éramos uma família feliz até que nos abandonasse.

Ao perceber a sombra da culpa enevoar os olhos do pai, ela começou a chorar novamente. Hinata nunca imaginara que a separação dos pais a atingisse daquela maneira, já que se tratava de uma mulher adulta. Enxugando os olhos com as palmas das mãos, ela tentava recompor-se quando percebeu o clarão de flashes provindos das câmeras de dois fotógrafos que estavam próximos. Ficou tão contrariada que se ergueu de repente:

- Eu preciso ir.

O pai também se levantou e, depositando um beijo carinhoso no topo da cabeça de Hinata, se despediu com um pedido de desculpas:

- Sinto muito pelo que aconteceu. Às vezes, a gente não dá valor para o que tem até saber que o perdeu.


A primeira experiência de Hinata em uma viagem num jato particular acalmou-lhe a emoção do encontro com o pai. A atenção da tripulação a fazia sentir-se confortável e mais tranqüila. Ela assistiu a um filme e folheou algumas revistas antes de saborear uma apetitosa refeição, seguida de uma caixa de chocolates belgas. Naruto ligou para ela durante o vôo.

- Obrigada pelos chocolates - murmurou ela - , embora eu devesse protestar em vez de agradecer. Já comi quase a metade deles !

- Eu não a avisei que a quero mais gorda para o Natal ? - ele gracejou.

- Não estou brincando, Naruto. Em se tratando de chocolates, você está sendo mais cruel do que gentil comigo.

- É bom saber que tenho esse poder - ele afirmou, zombeteiro - Infelizmente não nos veremos antes da cerimônia, eu tenho uma reunião importante para presidir nesta tarde.

Ela ficou desapontada. Mas por que isso a importava tanto ? Será que precisaria lembrar-se o tempo todo de que apenas estava representando o papel de esposa de Naruto Uzumaki ? Por que não conseguia parar de pensar nele ? Afinal, não era nenhuma adolescente, e sim uma mulher adulta cumprindo sua parte em um acordo de negócios.

Quase ao anoitecer, o jato pousou no Aeroporto Internacional de Pulkovo, em São Petersburgo. Estava muito mais frio do que em Londres. A limusine parecia flutuar vagarosamente pelas ruas da cidade. Hinata nunca vira tantos prédios antigos e fabulosos, que se seguiam um após o outro. Por isso, não ficou surpresa quando o veículo estacionou em frente a um edifício de estilo clássico e o motorista a informou que haviam chegado à residência de Naruto Uzumaki.

O apartamento dele era finamente decorado com mobílias elegantes e tradicionais. O piso em madeira polida. Muito diferente do estilo moderno da cobertura que Naruto mantinha em Londres, porém, não menos acolhedor. Hinata foi recebida por duas jovens serviçais que se encarregaram de desfazer a bagagem e oferecer-lhe toda a ajuda de que precisasse.

Hinata recusou o oferecimento de um lanche e, gentilmente, dispensou as moças depois que elas terminaram de arrumar as roupas e acessórios nos devidos lugares. O dia tinha sido cansativo e ela precisava de privacidade para tomar um banho e relaxar.

No instante em que terminava de secar o corpo após a ducha rápida e colocava um roupão branco que havia sido deixado à disposição dela, ouviu batidas insistentes na porta do quarto.

- Quem é ? - ela gritou, desconfiada.

- Naruto. Preciso falar com você.

Ela ficou surpresa por ele estar ali naquele horário e apressou-se em abrir a porta.

- O que aconteceu ? - ela perguntou, espantada com as feições contrariadas que ele exibia.

- Você é quem deve me contar o que aconteceu - Naruto esbravejou e entrou no aposento com passos largos e pesados.

Ela notou que ele estava magnífico num temo cinza e camisa branca, mas com o rosto bonito transfigurado pela ira no momento em que espalhou sobre a cama algumas fotos com gestos agressivos.

- Como explica isso ?

Hinata aproximou-se da cama e observou as fotografias. Tratava-se das fotos tiradas no aeroporto, do encontro com o pai dela.

- O que existe para explicar ? - ela perguntou com indiferença. Naruto quase teve um ataque de fúria.

- Como não existe nada para explicar ? - ele berrou.

- Não ouse gritar comigo dessa maneira ! - ela devolveu indignada.

- Isso é tudo o que tem para me dizer ? - Hinata deu de ombros.

- Você entra gritando como um louco, e o que quer que eu diga ?

- Ver você de mãos dadas com outro homem e chorando no ombro dele, gritar era o mínimo que poderia esperar de mim ! - ele exclamou furioso e começou a contornar a cama para aproximar-se dela.

Hinata se assustou e apanhou o vaso de cristal posto na mesinha mais próxima.

- Se você der mais um passo, eu atiro isso em sua cabeça ! - ele uniu as mãos em expressão de puro espanto.

- Está louca ? Eu jamais agrediria uma mulher ! - e, valendo-se de um movimento rápido, ele apanhou o vaso da mão dela e o recolocou sobre a mesinha onde estava antes - Está mesmo assustada, não é ? Quem é o homem da foto ?

- Meu pai - ela revelou em tom baixo de voz.

- Pensa que sou um estúpido ? Aquele homem é só um pouco mais velho do que eu !

- Estou certa de que meu pai ficaria orgulhoso em ouvir sua opinião. Por que não se certifica dos fatos antes de acusar as pessoas ?

- Eu não tenho o hábito de acusar as pessoas sem antes ter certeza - e realmente aquela era a maneira com a qual Naruto costumava agir. Só não conseguia explicar a si mesmo por que se precipitara tanto e agira sem pensar ao ver Hinata nos braços de um estranho - Mas, se aquele homem é realmente o seu pai, por que você estava chorando ?

- Eu não o via há muito tempo e fiquei emocionada. Só não entendo a razão de você ter ficado tão furioso se nem ao menos sou sua namorada.

- Mas amanhã será minha esposa. E, queira ou não, suas atitudes atingem a minha imagem.

Hinata raciocinou por um instante e terminou por lhe dar razão.

- Está bem. Eu errei por não ter-lhe dado uma resposta imediata. Mas meu pai é meu pai e eu não podia acreditar que alguém pudesse pensar que fôssemos amantes. E, desde que aconteceu o divórcio, eu tenho sofrido muito - confessou com a voz embargada.

- Você é uma mulher adulta, Hinata. Precisa entender que a decisão de seus pais é um problema deles.

- Acontece que nossa família costumava ser tão unida e... - ela não conseguiu terminar a frase por conta das lágrimas que começaram a jorrar.


Naruto a observou com assombro. Hinata parecia tão emotiva e aquilo contradizia o perfil psicológico apresentado pelo advogado encarregado da seleção das candidatas. Constrangido e emocionado ao mesmo tempo, Naruto subitamente a ergueu nos braços.

- O que está fazendo ? - ela gritou com surpresa enquanto enlaçava o pescoço másculo para conseguir se equilibrar.

- Acho que é chamado de apoio psicológico. Não tenho certeza. Não é algo que costumo fazer - ele confidenciou e depois se sentou na beirada da cama, mantendo-a aninhada em seu colo.

- Minha mãe está tão infeliz... - ela se lamuriou, enquanto secava os olhos com as palmas das mãos.

- Algum dia ela conhecerá alguém e tornará a ser feliz novamente - ele tentou animá-la e, ao mesmo tempo, inclinou a cabeça e roçou o nariz na curvatura delicada do pescoço feminino. O suave perfume do sabonete o inebriava e, baixando o olhar para as lapelas do roupão que estavam mais frouxas e permitiam uma visão maior dos seios fartos e exuberantes, podia garantir que seu apetite sexual por ela poderia ser multiplicado por, no mínimo, dez vezes.

- Não é assim tão simples. Mamãe me confessou que ainda ama o meu pai.

- Às vezes nós é que complicamos a vida - Naruto respondeu de maneira sucinta e passou a roçar com os lábios a pele sedosa do pescoço delicado - Você é tão doce, milaya moya.

Hinata sentiu o corpo todo estremecer com as palavras gentis e as carícias que ele lhe proporcionava. Sabia que era o momento de impor limites, antes que fosse tarde demais. Contudo, o despertar dos sentidos provocava um estado que chegava a ocasionar dor nos centros sensitivos femininos e acelerava o ritmo cardíaco de maneira impressionante.

Ele tomou-lhe os lábios num beijo ardente e erótico. Em seguida, introduziu uma das mãos na abertura de seu roupão, capturou um dos mamilos rijos e começou a provocá-lo com movimentos circulares traçados com o polegar. Ela gemeu de satisfação.

O toque do celular naquele exato momento proporcionou a interrupção que Hinata precisava para se recompor. Ela o afastou com as palmas das mãos contra o peito masculino e, em seguida, ajeitou as golas do roupão. Depois, abandonou o colo dele e se colocou de pé ao lado da cama.

Naruto atendeu a ligação e, quando terminou a conversa que manteve em seu próprio idioma, Hinata aproveitou para perguntar:

- O que aconteceu com a reunião que você me disse que precisava presidir hoje ?

- O editor de um tablóide londrino me mandou aquelas fotos, obviamente na esperança de que eu fosse dar o casamento por encerrado e fornecer uma matéria em primeira mão para o jornal. E, por causa disso, eu cancelei a reunião.

Houve um silêncio, durante o qual ambos se entreolharam compartilhando um desejo mútuo e silencioso de prosseguir o que estavam fazendo antes do telefonema. Contudo, Naruto não era homem de forçar qualquer tipo de situação. Por isso, preferiu perguntar:

- Você prefere que eu saia ?

Ela o estudou por um momento. Não era realmente o que queria, mas sim o que deveria fazer.

- Sim. Por favor.

Naruto ergueu o queixo feminino com dois dedos da mão direita e assegurou:

- A partir de amanhã você será minha vinte e quatro horas por dia, milaya moya. Mal posso esperar por isso.

E, sem mais nada dizer, ele saiu do quarto.


P. S.: Nos vemos no Capítulo 5.