3 Meses Sem Memoria
Cena estendida de "A Máscara do Mal" por Franquin.
Ok, Spirou estava cansado, a última coisa em que se lembrava era de estar correndo atrás daquela mascara inflável de Fantasio para provar a inocência de seu melhor amigo perante a justiça. Foi necessário escalar um penhasco pedregoso para chegar até o objeto e aquela bendita mala ancorada nele.
E então "puf!" Tudo escuro.
Não, na verdade ele não se lembrava de nada. Toda aquela acrobacia nos rochedos lhe rendeu algo que nenhuma outra aventura havia lhe rendido. É claro que o ruivo já havia desmaiado antes, sido amarrado, nocauteado, mas nunca, nenhuma aventura lhe havia rendido um apagão tão severo. Nunca uma aventura havia lhe rendido uma perda de memória.
A Clínica do Doutor Prudente era uma pequena, porém competente clinica afastada da cidade, consultas segundas, quartas e quintas das 14h ás 17h. O lugar não tinha capacidade para um grande número de enfermos, mas alguns de seus pacientes eram dois enfermos mentais, uma garotinha tratando a perda dos movimentos, uma senhora melhorando da dor nas costas, um casal vítima de um acidente de carro e agora um repórter ruivo sem muitas informações. Quando acordou, o rapaz sofria de uma terrível dor de cabeça apesar dos remédios e muitas fitas envolvendo seus ferimentos.
Ao lado da cama, seu uniforme vermelho todo destruído e a mala que tanto procurava, quando a enfermeira foi finalmente guardar seus pertences, viu o menino acordar, porém sem reação, sem fala. O repórter tinha adquirido uma condição vegetativa, um olhar perdido e o silencio era seu novo companheiro.
Durante todo aquele tempo que ali permaneceu, o rapaz parecia estar com a mente em outro mundo, nunca foi capaz de dizer uma palavra, todos adquiriram o habito de lhe chamar simplesmente de "garoto ruivo" ou "garoto camareiro", devido ao seu uniforme de hotel que não tinha crachá e nem monograma.
Sua enfermeira tentava se comunicar sempre que lhe levava os remédios, trocava suas fitas ou lhe dava banho. Ela era uma gentil senhorita de cabelos escuros, que ainda não havia perdido o gosto pelo seu trabalho tão humanitário. Spip, que ninguém poderia adivinhar o nome, nunca o abandonou, o animal era como um cão fiel.
"Como você está hoje? Quem vai tomar um gostoso suco de limão gelado, hein?" disse a enfermeira em uma tarde na varanda. Durante 3 meses sua voz nunca deixou de ser doce para aquele que não parecia escutar, ele permanecia indiferente e mudo. "Olhe, lá no céu! Não é lindo!?"
Spirou moveu a cabeça para olhar onde a moça indicava e "puf"!
Era um balão de ar quente. E como uma epifania, as suas memorias voltaram! Spip se alegrou! E quem não se alegraria!? Spirou apenas precisava saber o que havia se passado nesse tempo. Um bondoso homem o encontrou e o levou a clínica, onde trataram dele, mas isso durou 3 meses e algo mais que urgente precisava ser resolvido, aquilo que tinha feito sua mente voltar ao corpo: Fantasio!
