Lysa VI

Menos de três semanas depois de ter enviado a carta bajuladora para minha irmã, encontrei-me segurando sua resposta. Não fiquei surpresa, mas ao ler suas palavras, algo apertou meu peito. Talvez fosse pela ironia do destino ou pela sensação de que, mesmo com o tempo e as mudanças, as dinâmicas entre nós ainda se mantinham as mesmas.

Catelyn, sempre tão correta, enviou uma carta extensa, de quatro páginas, repleta de perdão, promessas de compreensão e carinho. "A boa Catelyn", pensei com um toque de cinismo. Ela sempre foi o orgulho de nosso pai, a beleza da família, a maior e mais sublime das irmãs. Como eu a odiava em minha vida anterior! Sempre a vi como um obstáculo, uma sombra impossível de evitar. Mas agora, neste novo tempo, tudo parecia tão trivial, tão fácil de manipular com algumas palavras melosas.

Eu sorri maliciosamente enquanto passava os olhos pela carta. Catelyn, com sua eterna bondade, caiu como uma criança nas minhas palavras suaves e manipuladoras. Ah, como era simples agora! Eu já sabia exatamente como Catelyn reagiria e o que precisaria dizer para dobrá-la, para fazer com que acreditasse que a verdadeira mudança estava em meu coração. Aquela carta, com suas promessas de harmonia e irmandade, parecia uma brincadeira para mim, um jogo psicológico que eu dominava com maestria. Catelyn acreditaria em cada palavra, e isso seria de grande utilidade nos anos que viriam.

Mas o que eu não esperava era que, no dia seguinte, uma nova carta chegasse para mim. Era uma carta do Vale, vinda dos Paps, mais precisamente de Lady Alysanne Elesham, a sobrinha do meu marido, como eu costumava chamá-la, uma mulher seca e amargurada, a esposa do sempre insuportável Lorde Elesham.

Li as poucas linhas da carta, minha expressão se tornando cada vez mais irritada à medida que relia o conteúdo. Depois de uma terceira leitura, não consegui mais segurar minha frustração. Aquela exigência de Alysanne, como se fosse uma ordem dada a minha posição como esposa de Lorde Arryn, para que o Guardião do Leste reconsiderasse a decisão e encontrasse um novo noivo para Lady Anna, a sobrinha de Alysanne, parecia um insulto. Bufei de raiva. Achava que os Elesham, uma família que parecia tolerante e leais, aceitariam a decisão real, especialmente porque o próprio rei havia aprovado a união. Mas parecia que Lady Elesham, com seu sangue Arryn e sua conexão com a velha linhagem, achava-se acima de tudo, achava-se intocável. Dá pra acreditar, parecia que a casca murcha de Lady Elesham se achava muito especial, só por causa do sangue Arryn e da conexão com a família. Quase não consigo acreditar em tamanha audácia.

Senti uma necessidade avassaladora de queimar aquela carta, de fazer com que aquela arrogante mulher percebesse quem estava realmente no controle. Mas logo me controlei. "Talvez o Bode Velho seja a pessoa certa para lidar com isso", pensei. Eu sabia como ele reagiria, a ira que se acenderia dentro dele ao ver a desobediência clara de sua sobrinha. Sua reação seria previsível, mas, para mim, ainda assim seria prazerosa. O orgulho dele o forçaria a ditar uma carta mais firme e menos generosa para os Elesham, e Lysa mal podia esperar pelas reações que viriam.

Eu poderia, é claro, escrever uma resposta cortante, mas preferi deixar que meu marido lidasse com a situação, mais pelo prazer de vê-lo se enfurecer do que por necessidade real. O orgulho do velho Arryn faria com que ele escrevesse uma carta dura e impessoal, obrigando os Elesham a recuar, e isso me divertia. Eu estava quase ansiosa pelas reações que isso causaria. Meu marido, com sua falsa generosidade e respeito pela família, logo se veria forçado a agir de maneira mais autoritária, e eu adorava essa perspectiva.

Em meio a esse turbilhão de pensamentos, lembrei-me da carta que recebi dias atrás de minha amiga mais íntima, uma amiga engenhosa e astuta, que sabia muito bem como satisfazer meus desejos. A carta trazia apenas algumas palavras e um horário, mas o significado era claro. A promessa de prazer estava à porta, e eu sabia que aquela promessa seria cumprida.

E em março de 287 d.C.A., depois da Conquista de Aegon, minha decisão estava tomada. Eu queria mais um filho. Fiz as contas e seria apertado, mas acho que conseguiria encaixar mais uma gravidez antes de uma das previstas naquela fanfic. Não era uma decisão impulsiva, mas sim uma escolha planejada e calculada. Minha vida, como esposa de um Lorde e mãe de várias filhas, parecia bem definida, mas no fundo eu sabia que minha posição ainda estava instável pela falta de um herdeiro homem. Por esse motivo, eu resolvi tentar mais uma vez ter um filho com a força e os genes da família Arryn, através do nosso "fiel" Harry.

O dia estava calmo, quase perfeito, e os sons suaves da natureza fora de minha janela me lembravam que ainda estamos naquele longo verão, que só terá fim com a chegada do período da primeira temporada no "cannon" de Jogo dos Tronos. As árvores estavam a florescer e a brisa leve trazia consigo o frescor dessa estação. Mas eu não estava preocupada com o que acontecia lá fora, estava absorta em algo bem mais profundo.

Fazia algum tempo que eu sentia a pressão crescente sobre meus ombros, sobre o meu lugar como esposa de Jon Arryn. Eu sabia o que ele esperava de mim, sabia que minha principal missão era dar-lhe filhos, herdeiros legítimos para nossa casa. E ainda me faltava o tal filho homem.

A cada encontro, meu corpo começava a se encher de uma necessidade, uma necessidade que Jon não podia suprir. Quando me deitava com Harry, não era apenas para sentir prazer. Eu estava determinada a conceber. Ele era a chave para o que eu mais queria, e a cada encontro, a cada toque, meu corpo me dizia que o momento estava mais próximo. O desejo de ser mãe e de ter um herdeiro — mas não de Jon, não dele, que falhava em me dar aquilo que eu necessitava.

No final do mês de março, após várias noites de paixão sem compromissos, fiquei grávida. Eu soube imediatamente. Ou tão imediatamente quanto biologicamente possível em uma sociedade medieval. A sensação de saber que uma nova vida crescia dentro de mim trouxe uma alegria silenciada. Essa criança seria mais uma esperança para continuar a linhagem com os genes dos Arryn, e com um pouco se sorte eu não deixaria essa chance passar.

Oh deuses, eu os peço que me permita dar um filho homem com os genes dos Arryn para ser o herdeiro de Jon, eu podia sentir a pressão de meus próprios pensamentos crescendo com a chegada do bebê. Meu ventre já estava visivelmente arredondado, minhas pequenas filhas se maravilhavam em tocar na minha barriga, viviam me dizendo que queriam tocar no irmãozinho. Será que elas estão pressentindo algo?

Nove meses se passaram rapidamente, e no início de dezembro de 287, eu dei à luz a Elbert Arryn, meu filho. Ele nasceu saudável, com os cabelos ruivos, mas em um tom mais claro, como se o vermelho de meus cabelos tivessem sido diluídos pelo loiro dos Arryn, vai saber, quem entende de genética aqui em Westeros? Já os olhos intensamente azuis, os olhos que carregavam o nome da nossa casa Arryn. Era uma criança linda, perfeita, e eu sabia que ele seria uma adição bem-vinda à nossa família.

Naquele dia, o quarto estava silencioso. Apenas o som de minha respiração preenchia o ar enquanto eu esperava, e claro, os movimentos das parteiras se movendo como abelhas operárias ao meu redor. Estava só, sem meu marido, como sempre ficava nesses momentos. Jon estava longe, tratando de outros assuntos de Estado. Ele nunca sabia, nunca perguntava. Era o jeito que as coisas deveriam ser.

E então, finalmente, o momento chegou.

A dor começou lentamente, mas logo se intensificou, e eu me vi na luta para trazer uma nova vida ao mundo. Estava só, mas ao mesmo tempo, sentia a presença de algo maior em mim. Algo que eu não podia controlar, aquele extinto de mãe que já não me era estranho nessa altura de minha vida. E, depois de longos momentos de dor, o choro do meu filho preencheu a sala. Elbert Arryn nasceu naquele dia gelado de dezembro.

Eu o segurei nos meus braços, aquele pequeno ser frágil e vulnerável, e senti uma alegria imensa, quase inexplicável, crescendo dentro de mim. Ele estava ali, pequeno e perfeito, e ninguém sabia a verdade sobre sua origem. Mas ele era meu, totalmente meu.

Quando o bebê nasceu, as dificuldades do dia a dia se tornaram mais intensas, eu tinha mais um recém-nascido para cuidar afinal, mas também mais gratificantes. A maternidade nunca foi fácil, mas eu sabia que estava fazendo o que era necessário para garantir o futuro da minha família e da minha casa. A cada dia, cuidava de Elbert com carinho e atenção, alimentando-o, ninando-o até que ele adormecesse nos meus braços, sem esquecer de minhas filhas claro. Durante o dia, eu dedicava tempo às minhas filhas, mas sempre voltava a ele, sempre procurando por mais momentos para compartilhar com ele.

A cada dia que passava mais eu me aproximava da realização dos meus objetivos. As minhas filhas estavam crescendo saudáveis, fortes e com o orgulho do nome Arryn. O futuro da minha casa estava garantido, e eu sabia que tinha feito o necessário para vê-la prosperar. Elbert, com sua inocência e beleza, representava tudo o que eu havia lutado para criar.

Elbert Arryn. O nome que eu dei a meu filho foi mais uma forma que encontrei de tornar doce os dias de Jon, ao colocar o nome de seu antigo herdeiro e sobrinho em nosso filho já o tornei predisposto a amá-lo e tratá-lo como filho e herdeiro.

O tempo foi passando, cada dia com Elbert foi como uma bênção silenciosa que também me tirou uma carga, os rumores, de que eu só podia dar à luz a meninas e não meninos. Simplesmente acho que esses nobres não têm nada pra fazer, por isso vivem inventando coisas. Todos os meus filhos preciosidades em minha vida, eu os amo profundamente

Vê-los crescer a cada dia, observar seus olhos se abrindo para o mundo, suas pequenas mãos tocando o ar como se quisesse explorar tudo ao seu redor. Quando eles sorriem para mim, eu esqueço de tudo.

Eu os mantenho sempre próximo de mim, meus filhos. Ninguém jamais perceberia que os frutos de minhas escolhas secretas estavam ali, crescendo, e que eles seriam os herdeiros legítimos da Casa Arryn. Eu os amo mais do que qualquer outra coisa. E esse amor é razão o suficiente para valer a pena todas as dificuldades.

Ai ai, quão feliz já sou, e ainda tenho vários passos a seguir para chegar ao fim do meu plano. O dia provável da concepção de meu próximo filho daquela fanfic que li em minha primeira vida já está quase chegando, devo mandar para Chitaya logo um bilhete para que ela arranje os pretendentes.

Fortaleza Vermelha, Torre da Mão, 128º(maio) dia do Ano 288 d.C.A.

C.*
amiga, você poderia procurar pra mim um homem talentoso e viril, quero dar uma variada se é que você me entende

L.*

É claro que eu sabia com quem deveria ter meus próximos encontros clandestinos para alcançar a Graça de ter os filhos que aquela Lysa da fanfic teve, mas não posso dizer isso para Chitaya, já basta eu ter escolhido daquela vez o Adam. Para evitar futuros problemas vou fazer com que essa próxima escolha pareça orgânica. Mas em realidade já sei quem escolherei como pai de meus futuros filhos, aquele pobre cavaleiro.

No falado dia e horário que Chitaya agendou, ela me ajudou a me disfarçar como de costume e me levou ao saguão para que escolhesse entre os candidatos que estavam lá. Eles pensavam que se tratava de uma atração especial do bordel em que um dos clientes seria contemplado por uma prostituta de Lis a ser seu parceiro por determinado período de tempo sem ter que pagar, desde que seguissem as regras que ela ditasse.

Nesse ponto ela foi me apresentando um a um e quando ela falou no nome que eu esperava, não pensei duas vezes e o levei para meus aposentos reservados no bordel. Expliquei para ele as regras e usufruí de seu pilar por toda aquela noite, marcando o dia do próximo encontro. Infelizmente ele me disse que sairia á trabalho, mas que estaria de volta em uma semana. Se não fosse por causa de meus queridos bebês prometidos eu teria cortado ele na hora, alas eu não tinha escolha.

A semana passou rápido, e mal podia esperar para ver o jovem Justin Massey novamente. Ele ainda não era cavaleiro, mas estava bem próximo disso. Eu o observava com um olhar de aprovação. Ele era certamente bonito, pensou Lysa consigo mesma, ele poderia ser alguns anos mais novo do que ela preferiria, mas tinha um corpo forte e bem proporcional para um jovem de apenas dezesseis anos. Seus cabelos loiros e espessos caíam de maneira desordenada sobre a testa, e seus olhos azuis brilhavam com uma intensidade que me fascinava. Ele era educado, alto e lustroso, mais importante ainda, era um homem cheio de desejo e energia pura e interminável luxúria.

Mas eu sabia que o que mais me atraía nele não era apenas sua aparência juvenil ou seu corpo escultural. Eu sabia o que ele fazia quando não estava comigo. Justin estava a serviço do rei, escudeiro de Robert Baratheon, e sabia muito bem onde encontrar prazer nos bordéis de Porto Real. O rei, com seus próprios desejos carnais, era uma inspiração para muitos jovens, e eu sabia que Justin, apesar de sua juventude, já havia se tornado um especialista nos jogos da carne. E isso, para mim, era um bom presságio. Eu tenha certeza de que aquele jovem sorridente já quebrara corações por onde passava, mas enfim isso não é da minha conta. Ele é só um meio para um fim afinal, não que isso me impeça de aproveitar a situação, mas sou é fã do lema pega e não se apega.

Quando finalmente nos encontramos, eu estava deslumbrante, nua sob as luzes vermelhas que iluminavam meu quarto. A única coisa que cobria meu corpo era o xale de algodão vermelho, com bordados finos, que pendia provocativamente entre minhas coxas. Justin estava deitado de costas, as mãos amarradas à cama, e eu sabia que ele estava ansioso, esperando por mais. Ele queria me ver inteira, desejava poder me tocar livremente, mas ele também sabia das regras do jogo que eu havia proposto. Ele estava ali para ser meu brinquedo, para desfrutar da noite sem reservas.

Os cabelos prateados da peruca estavam soltos, fluindo livremente sobre meus ombros e caindo suavemente pelas minhas costas suadas. Eu arrastei algumas mechas até o rosto de Justin, sentindo o calor de nossos corpos misturar-se.

Algumas mechas estavam penduradas à frente, escondendo meu rosto, sombreando meus olhos, que eu mantinha bem fechados. Eu estava sendo cuidadosa com a espada ansiosa dele, deixando-a em paz até agora. Deitado de costas significava diversão para ele, significava Poder para mim, significava que eu estava levando meu tempo com ele, significava horas com o foco em mim, para mim mesma e ninguém mais.

Eu sabia o quanto ele me desejava, mas também sabia que se eu não desse o que ele queria, eu teria problemas com ele no futuro. Então, não hoje, mas eu o beijaria, mas seria só isso, um beijo. Já o meu coração, jamais entregaria algo tão íntimo, tão cheio de entrega. Não era isso que eu queria dele. Era o controle, o poder, o prazer de vê-lo se entregar por completo, sem esperar reciprocidade.

Eu estava completamente envolvida no momento, e ele também estava. Os dias de prazer que compartilhávamos pareciam eternos, e eu saboreava cada instante. Eu queria que ele estivesse completamente à minha mercê, e ele, por sua vez, me desejava com uma intensidade desesperadora. Eu me permiti por um momento pensar que, talvez, fosse uma boa ideia prolongar aquilo por mais tempo, mas logo me lembrei de que sempre soube quando devo parar. Justin, embora jovem e cheio de energia, estava começando a se mostrar mais carente, mais necessitado do que eu realmente desejava.

Na última noite que me permiti com ele os cabelos loiros prateados de minha peruca estavam meio trançados e meio soltos. Eles fluíam livremente sobre meus ombros e desciam pelas minhas costas suadas e desnudas.

Eu estava arrastando meus cabelos pelo rosto dele novamente e acariciando cada parte de sua face, ele parecia querer beijar-me Ele estava quase lá e eu também, de novo. E sabendo que ele estava cheio de desejo e que aquilo que se é impossível de conseguir pode se tornar objeto de obsessão resolvi beijá-lo como despedida para evitar que ele fosse tão obcecado por mim como naquela fanfic que ela lera e baseava boa parte de suas ações nessa vida.

Com essa despedida espero que ele não vá dar trabalho a Chitaya, e como incentivo ela prometeu que se ele fosse um bom menino ela iria visitá-lo no ano que vem. Uma vez que ele era o pai de dois de seus filhos afinal, ela ainda teria um uso para ele no futuro.

Finalmente, depois dessa última noite, enquanto o prazer ainda pairava no ar, voltei para casa, me limpei e deitei ao lado de meu marido que estava roncando. Mas, antes de adormecer, não pude deixar de me perguntar o que havia de errado comigo. Justin já estava começando a se tornar um pouco grudento, e isso me incomodava. Eu esfreguei minhas pernas contra a cama, tentando me distrair, mas meus pensamentos logo voltaram a ele. Tentei afastá-los, mas não consegui. Justin Massey estava começando a se tornar um problema que eu não queria lidar, pelo menos não por enquanto. Consegui adiar esse desfecho para o ano que vem, deixa esse problema para a Lysa do futuro.

Olhei para o rosto enrugado de meu marido e me perguntei, com um suspiro, se ele já fora tão atraente quanto Justin. Mas logo afastei esse pensamento. O querido bode velho era uma lembrança distante de uma vida que já não tinha mais interesse, agora eu devia a ele apenas meu respeito e não mais fidelidade. Vou ser fiel da minha forma, dando a ele uma família extensa e cuidando de nossos filhos.

Realmente, o que me importava era o que estava por vir. Meus dedos acariciavam minha barriga com esperança, enquanto me perguntava se aquela período de luxúria e prazer teria deixado uma nova vida crescendo sob meu coração.