Sumário:
A última coisa que me lembro são as palavras e principalmente as expressões faciais do 'querido' Petyr, logo antes de minha morte no ano 300 depois da conquista de Aegon (d.C. A.) sobre westeros.
Mas espera, eu também me lembro de estar no meu quarto de infância na casa de meus pais lendo "The red haired heirs of the vale" ou abrasileirando seria 'Os herdeiros ruivos do vale' uma fanfic maravilhosa, que supostamente foi abandonada ou está em hiato interminável.
Quem diria depois de ler tantas fanfics como forma de escapar da realidade, aparentemente eu transmigrei pra essa História, e você me pergunta como sei se foi nessa fanfic ou em outra das inúmeras que li, bem não tenha um fato inquestionável, mas vamos dizer que seja uma forte intuição.
Bem agora que Deus deu para mim uma segunda (terceira) chance, eu irei viver essa minha nova vida sem arrependimentos, e se eu puder ser mais feliz e ter mais filhos do que a certinha Catelyn isso é só um bônus e ninguém precisa saber dessa pequena competição entre irmãs haha.
LYSA I
Capital de westeros, Fortaleza Vermelha, ano 283 depois da Conquista de Aegon.
Acordei sobressaltada, o coração disparado no peito. Minha última lembrança era de estar sendo empurrada pela Porta da Lua, despencando para a morte. Mas, ao invés do vazio gelado do céu das Montanhas da Lua, me vi cercada por paredes de pedra e tapeçarias ricamente bordadas.
Demorei alguns segundos para entender o que estava acontecendo. Então, minha mente despertou por completo, e a onda de memórias caiu sobre mim como um maremoto. Eu havia renascido. Meu corpo era jovem de novo. Minhas mãos, antes finas e enrugadas, estavam lisas, delicadas. Minha pele era firme, meu cabelo brilhante. E, ao me erguer na cama, senti um calafrio ao ver os lençóis manchados de sangue.
Foi nesse momento que tudo se encaixou. Eu estava no meu corpo de dezessete anos, recém-casada com Jon Arryn. E acabara de perder um filho.
Dei uma leve escaneada no meu quarto para saber onde estou e percebo estar na minha suíte que ainda dividia com Jon no início do casamento. Fomos para quartos separados depois que o doce Robin nasceu.
Me dirijo ao espelho e aparento estar cansada., ela examina seu corpo mais jovem, mais bonito e mais magro, me larguei brutalmente, no fim da vida não parecia nem um pouco com a doce visão que vejo agora no espelho. Olho ao redor para tentar discernir o dia mais ou menos e noto mais uma vez a mancha de sangue . Agora sei exatamente quando estou, depois de descobrir o onde. Estou já casada com meu marido, o nobre Lorde Arryn, e sofrendo de mais um aborto espontâneo.
O primeiro dentro desse casamento que seria parte de uma série de muitos abortos para ser mais específica... agora olhando para o meu corpo novinho percebo que tiveram um alto custo em minha saúde física, mas principalmente mental.
Eu estava mais do que louca, tenho que admitir, minha aparência e comportamento no final de minha vida, tadinha daquela Lysa. Mas agora com minha saúde e sanidade mental restauradas vou fazer dessa minha vida o melhor que puder.
Espera um minuto, parece que tenho um novo bloco de memórias que não pertencem a Lysa Arryn, seja a adolescente ou a adulta amargurada. Aparentemente eu fui S/N na minha vida passada. Uma deprimida de 31 anos, que para aguentar o fardo do dia a dia, escapava para o mundo das fanfics. E a última que ela/eu li, foi onde fui parar.
Agora o que fazer para melhorar ainda mais a vida de Lisa? Não, minha vida, eu sou eu seja S/N ou Lysa Arryn ainda sou eu na essência. Trata-se apenas de um essência com mais por menores que o normal.
Já sei, pra isso preciso de um plano de ação. Eu quero ser e agir diferente, o que trará resultados diferentes pra essa vida. Então para organizar as coisas na minha cabeça, minha primeira vida foi como S/N no mundo moderno, uma garota deprimida e sem rumo que morreu sem perceber.
Minha segunda vida fui Lysa Arryn, a versão canônica do Jogo dos Tronos, sem nenhum acesso às memórias de vidas passadas. E a terceira vida, é essa que me encontro agora, com o meu renascimento da vida passada para essa, eu desbloqueei todas as memórias ganhando uma vantagem para a busca da minha felicidade. Estou nem aí para a versão canônica. Vou criar a versão melhorada para minha vida por cima de pau e pedra.
Bem prioridades: felicidade. E pra alcançá-la eu preciso cuidar da minha saúde mental e física; e quero filhos, quero muitos filhos para sanar essa ferida antiga de querer algo com afinco e não conseguir.
Meu primeiro filho, meu pai Hoster Tully matou cruelmente sem me informar de nada antes, foi realmente traumático.
Eu casei-me com meu marido depois da batalha dos Sinos em uma cerimônia dupla com minha irmã e Lorde Stark em meados de abril de 282 d.C.A. Passamos 15 dias em Lua de Mel em 'Riverrun' mesmo enquanto os homens organizavam os próximos passos da Guerra.
Na época pensei que apenas Catelyn deu sorte, ao engravidar nesse período e ter seu filho Robb Stark em janeiro de 283 depois da Conquista de Aegon, mas mesmo naquela época Deus sorriu para mim ao permitir que eu não engravidasse também, com a idade de 16 anos e meio eu estava ainda em desenvolvimento e também me recuperando do trauma do aborto forçado pelo chá da lua no ano anterior, se tivesse engravidado era possível que tivesse prejudicado minha capacidade de ter filhos no futuro.
Ainda nesse ano Catelyn foi com uma comitiva para o Norte, ter o seu filho lá e esperar o seu marido voltar para casa em triunfo. Com o fim da guerra Jon veio me buscar para irmos para o Porto Real onde residiríamos a partir daí e onde ocorreu o casamento real de Cersei Lannister e Robert Baratheon.
O segundo aborto que sofri foi espontâneo e aconteceu no segundo ano de casamento com o meu marido em 283 depois da Conquista de Aegon. Esse é o momento que me encontro ao transmigrar para essa história, deitada na cama envolta de sangue no momento que perdi o esperado herdeiro.
Os outros abortos, não vou dar chance para ocorrerem, é muito sofrimento não poder conhecer meus pequenos antes de os perder por causa da fraqueza presente na semente de Lorde Arryn.
Já meu amado e doce Robin, me desculpe filho, mas não irei dar mais chances a seu pai, odioso Petyr, fique com Deus e quando for a hora espero que renasça em uma boa família.
O problema é o que fazer para ter filhos saudáveis? De meu marido nem pensar, vou dar a ele na primeira oportunidade sementes de alface para deixá-lo infértil enquanto tomá-las. Sim não faz mal a ele e impede que ele me faça engravidar de sua fraca semente, não mexendo com a sua..., virilidade vamos dizer assim.
Se bem que estando de volta aqui no castelo significa ter acesso as passagens secretas de novo. Aprendi sobre elas com o Petyr, que as usava para me engabelar na vida passada. Vou fazer uso de uma delas que vai até o cabaré da Chitaya pra achar um bom candidato a doador de esperma pra meus futuros filhos. Assim como a Lisa daquela fanfic na minha primeira vida, mas diferentemente dela, vou fazê-lo logo, ao invés de esperar por mais um aborto.
Eu sabia quais eram minhas prioridades. Antes de qualquer coisa, eu precisava cuidar da minha saúde física e mental. Se meu objetivo era ser feliz, eu precisaria agir de maneira completamente diferente desta vez.
E filhos. Eu queria muitos filhos. Mas não com Jon Arryn. Seu sêmen fraco era a causa das minhas tragédias. Não cometeria o erro de tentar gerar herdeiros dele novamente. Felizmente, eu tinha conhecimento e acesso aos túneis secretos do castelo. Se Petyr os usava para me manipular, eu os usaria para garantir meu futuro.
Assim, iniciei meu primeiro movimento. Ordenei discretamente que alterassem a alimentação de Jon. Sementes de alface seriam discretamente incluídas em seus pratos, garantindo que ele não pudesse mais me engravidar. Eu ainda fingiria que tentávamos, claro. Mas, na realidade, eu buscaria um doador adequado. Alguém forte, saudável, um verdadeiro guerreiro. Um homem cujos filhos sobreviveriam e prosperariam.
Mas antes disso, eu precisava viver meu papel de esposa dedicada. Quando Jon veio me ver após meu aborto, adotei um tom doce e humilde, pedindo seu perdão por não ter conseguido gerar nosso filho. A surpresa foi visível em seu rosto. Na minha vida passada, eu teria chorado, gritado e me afundado ainda mais na amargura. Agora, eu era uma mulher renascida, e sabia como manipular as peças do tabuleiro.
Pedi que ele me permitisse mudar minha dieta e consultar parteiras experientes para fortalecer meu corpo. Também mencionei uma generosa doação ao Septo, para garantir a bênção dos deuses em uma futura gravidez. Ele não recusou. Como poderia? Para ele, eu era uma jovem esposa frágil e dedicada, buscando desesperadamente cumprir seu papel.
Como esperado, em menos de 1 hora Jon aparece e digo para ele com uma voz meiga que por favor me perdoe por não ter conseguido gerar a nossa criança até o final, ele visivelmente surpreende-se com minha mudança de atitude e responde ao minha afabilidade com igual tom.
Me aproveito da oportunidade e digo sobre as mudanças que pretendo fazer no nosso cardápio e das que pretendo fazer pra aumentar as chances de filhos no futuro. Como pedir a ele que me arranje parteiras experientes para me ajudar a me preparar e dinheiro pra que eu possa ofertar na igreja para uma futura gravidez ser sem surpresas desagradáveis. Fundos esses que pagarei a dona do bordel e possíveis gastos com a operação para ter mais filhos que a Catelyn.
Ele pondera meus pedidos e concorda com a ressalva de que depois de 2 meses de descanso deveremos tentar de novo engravidar para o bem da casa Arryn. Concordo e uso o tempo nesse ínterim pra me recuperar com a ajuda das parteiras e amas de 'Flee bottom' que embora cuidem de pessoas comuns parecem ser mais sábias que o próprio mestre Piscelle, aquele velho fingido.
Sim, com isso em mente chamo uma serva e mando ela alterar os cardápios de modo a incluir as sementes nos pratos do meu marido e também fazer uso de comidas mais saudáveis já para me preparar pra próxima gravidez.
a/n: Esse método natural da semente de alface é fictício acredito que eu vi em um romance chinês, recomendo por sinal (Fugui Ronghua) e na história ele é eficaz enquanto consumido, se descontinuado volta-se ao normal sem problemas.
Com essa conversa séria findada, Jon me dá espaço que utilizo para fazer uma investigação na vida pregressa dos criados de meu marido e quais deles podem ser trazidos para o meu lado. E o melhor de tudo? Uso as pessoas de confiança de meu marido para fazê-lo.
Imaginem a cena...enquanto digo a ele das mudanças futuras, falo de uma possível conspiração entre os criados para que eu perdesse o herdeiro. Digo que logo após o jantar de ontem senti uma pontada na barriga, que não dei muita importância na hora, mas que acordei coberta de sangue no dia seguinte.
Ele não pareceu acreditar na hora, mas para me agradar ele me empresta o seu chefe da guarda Vardis Egen, para que investigue os seus outros criados. Já Egen não descartou a possibilidade e me ajudou com afinco, aparentemente ele não tinha muita chance de mostrar serviço para Jon, porque ele não dava muita bola para ações internas desde que ele se tornou a mão do rei.
Com esse pente fino, os espiões de outras casas e da aranha foram desmascarados e ao invés de dispor deles, Egen os chantageou -coff- convenceu a dar as informações certas para o futuro da casa Arryn.
Com isso conseguimos mostrar para Jon que mesmo sem provas concretas havia a possibilidade de que o aborto tenha sido causado por envenenamento e não por culpa minha. O que no futuro daria mais credibilidade ao fato de que dos vários filhos que irei ter Jon seria o pai deles.
Pensando no meu objetivo penso que para que minha felicidade seja completa preciso que Jon esteja apaixonado ou, ao menos, que ele se sinta em débito comigo. Acredito que conseguirei fazê-lo quando trouxer herdeiros para esse casamento.
Passei a me preocupar com a rotina dele e fiz de tudo para ajudá-lo, seja através de lanches, escolha de roupa e mandar alguém cuidar pra que ele fizesse intervalos durante o dia. Ainda fiz um teatrinho para que ele acreditasse que aos poucos eu estava me apaixonando por ele.
Os dias passaram, e eu mergulhei em minha nova rotina. Era cansativo, mas necessário. Antes, eu passava grande parte do tempo trancada em meus aposentos, remoendo mágoas e rancores. Agora, eu fazia questão de circular pelos corredores da Fortaleza Vermelha, aprendendo, observando.
Comecei pela cozinha, conquistando a simpatia dos criados. Pequenos gestos, como elogiar um ensopado ou perguntar sobre a família de uma serva, criando laços. Em pouco tempo, já tinha informantes leais entre os empregados, que me traziam notícias valiosas sobre os acontecimentos do castelo.
Visitei também os jardins e a biblioteca, onde me dediquei a estudar ervas medicinais. Eu precisava saber exatamente quais tônicos fortaleceriam meu corpo e quais poderiam ser usados para outras finalidades.
Durante as tardes, passava horas bordando, treinando meu sorriso e participando de conversas sutis com outras damas da corte. Cada uma tinha seus próprios interesses, e eu fazia questão de aprender quais eram. O poder não vinha apenas da espada, mas das palavras bem colocadas.
Os meses seguintes foram um jogo de cyvasse meticulosamente calculado, onde cada movimento precisava ser preciso e convincente. Eu precisava garantir que Jon acreditasse, sem sombra de dúvida, ser o pai da crianças que eu carregaria. Para isso, intensifiquei meus pequenos gestos de carinho e atenção, aperfeiçoando cada olhar, cada toque, cada palavra sussurrada com afeto ensaiado. Eu compartilhava refeições com ele, segurava sua mão quando passeávamos pelos corredores e até escutava pacientemente suas histórias da juventude. Um homem velho, já acostumado à solidão, era a presa perfeita para minha teia bem tecida. Ele não apenas acreditou—ele se agarrou à ilusão como um náufrago à deriva, ansioso por um resquício de felicidade tardia.
Ao mesmo tempo, continuei expandindo minha influência dentro do castelo. Com a ajuda do capitão da guarda, Vardis Egen, iniciei uma investigação silenciosa entre os criados. Convenci Jon de que meu aborto poderia ter sido causado por envenenamento. A suspeita foi suficiente para que ele me desse mais controle sobre nossa casa.
E assim, pouco a pouco, fui moldando meu próprio destino.
A rotina na Fortaleza Vermelha era um jogo de paciência. Cada dia parecia uma repetição do anterior, mas cada ação minha tinha um objetivo claro. Eu sabia que estava em uma linha tênue, entre manter as aparências de uma esposa dedicada e esconder minhas reais intenções. A todos ao meu redor, eu era uma mulher em luto, tentando se recompor. Mas na realidade, eu estava reconstruindo meu império, passo a passo.
Eu sabia que eu teria o que precisava para começar a escrever minha nova história. Mas também sabia que nada viria de graça. Não havia inocência nesse jogo. Eu teria que ser forte.
Essa nova vida estava apenas começando, e eu sabia que, com o tempo, tudo mudaria. Cada movimento meu seria uma peça que me aproximaria do objetivo final: meu próprio controle. Eu não poderia mais ser uma vítima das circunstâncias. Agora, eu faria as regras do jogo. E quem se atrevesse a cruzar meu caminho... bem, eu teria o prazer de mostrar que uma mulher como eu estava disposta a tudo para alcançar a felicidade.
E vou usar a aparência de fragilidade que sempre carreguei era agora uma fachada, um disfarce perfeito que eu usaria para me proteger enquanto manipulava os outros.
Com o apoio de meus informantes, mantive-me atenta aos movimentos de todos. A corte, com seus sussurros e intrigas, era um campo minado, mas eu começava a me mover com mais confiança.
Não demorou muito para que os boatos de meu aborto se espalhassem pela corte. Alguns diziam que a perda havia sido natural, enquanto outros murmuravam que havia sido um envenenamento. Eu, é claro, alimentava os rumores, deixando pistas suficientes para que Jon tomasse ações para garantir minha segurança. Afinal, se ele acreditava que sua honra estava em jogo, ele faria qualquer coisa para proteger sua esposa. E isso me dava mais controle.
Com o tempo, minha influência cresceu. Eu tinha a força da informação ao meu lado, e a Fortaleza Vermelha, com todos os seus segredos, estava se tornando meu campo de jogo.
Agora, mais do que nunca, eu sabia que o futuro estava em minhas mãos. Cada decisão que tomava, cada movimento calculado, me aproximava mais de uma versão de mim mesma que nunca imaginei ser capaz de alcançar. Eu não seria uma espectadora da história de Westeros. Eu seria a protagonista.
Agora, com meu corpo fortalecido e minha mente mais afiada do que nunca, sei exatamente o que devo fazer. A história de Westeros seguirá seu curso, mas desta vez... Lysa Arryn não será uma vítima do jogo. Eu serei aquela que o joga melhor.
E quem sabe? Talvez, desta vez, eu finalmente seja feliz.
Linha do Tempo - Eventos e Datas do Capítulo
266 d.C.A. - Lysa Arryn nasce 30 de dezembro.
281 d.C.A. - Lysa, aos 15 anos, toma o chá da lua a mando de seu pai, Hoster Tully.
282 d.C.A. (meados de abril) - Lysa se casa com Jon Arryn após a Batalha dos Sinos, em uma cerimônia dupla com Catelyn Stark e Lorde Stark. Passam 15 dias de lua de mel em Riverrun.
283 d.C.A. (janeiro) - Catelyn Stark dá à luz a Robb Stark.
283 d.C.A. (início do ano) - Lysa e Jon Arryn se mudam para Porto Real, onde participam do casamento real de Cersei Lannister e Robert Baratheon.
283 d.C.A. (segunda metade do ano) - Lysa sofre um aborto espontâneo no segundo ano de casamento com Jon Arryn.
300 d.C.A. - Lysa morre ao ser empurrada pela Porta da Lua, após uma manipulação de Petyr Baelish.
