Electra Adhara Black
- Tudo o que eu menos queria era brigar com eles. - Alvo lamentou, no nosso único intervalo da manhã de sexta-feira. Nós tínhamos nos juntado de volta na Sala Precisa, sem ideia de onde os outros estavam.
- Eu também. - Bells lamentou.
- Eu deveria ter falado com mais cuidado. - James bagunçou o cabelo. - Se eles decidirem lidar com Pettigrew sozinho, isso pode colocar tudo isso em risco.
- James. Você tem todo o direito de perder o controle. Aquele cara é o responsável pela morte dos seus avós. - Cygnus lembrou, tentando acalmar James mesmo que só um pouco. - Não podemos controlá-los. Mas a partir do momento em que colocam em risco nossa missão, é nossa tarefa impedi-los de arruiná-la. Não daremos mais informações até que sejamos capazes de garantir que nada irá vazar.
- Eu concordo com você em partes. - eu ponderei. - Tirar as informações deles vai parecer punição e talvez afaste eles da gente. Isso seria um problema ainda maior.
- Eu não vou ficar me arrastando atrás deles. - Alvo sacudiu a cabeça. Orgulhoso, como sempre.
- Não vamos nos arrastar. Só… Não vamos ignorar. - eu tentei.
- Como eles andam fazendo com a gente, claro. - Anabelle rebateu, seca. Obviamente, ela tomaria o lado de Alvo. Eu e James nos entreolhamos. - Vocês deviam parar com esses olhares todos. - ela continuou, irritada. - Nós não somos crianças.
- Eu sei, Bells. É só que… Vocês são nossos irmãos mais novos. Apenas James e eu somos maiores de idade. Se Lily estivesse aqui, o que fariam? Hugo? Talvez Louis? - eu lembrei. - Proteger os mais novos é tarefa de todos nós. Nesse momento, James e eu somos os mais velhos. Vocês são nossa responsabilidade.
- Tudo bem. Mas parem de esconder as coisas da gente. - Cygnus disse, impaciente. - Não ajuda vocês e só atrapalha nosso plano.
- Nós nem temos um plano. Nem como destruir uma Horcrux nós sabemos. - eu rebati. - Quer dizer, sabemos, mas não temos como fazer isso ainda. Nós vamos arquitetar um plano, todos nós, porque agora a coisa começará a se tornar cada vez mais perigosa. Mas essa reunião… A confiança deles era necessária. Vocês nunca deixariam de ir.
Alvo bufou e Anabelle revirou os olhos, ambos sem responder, e eu soube que estava certa.
- Essa reunião é coisa passada. Quarta-feira teremos uma, às três da manhã. Precisa ser ou James ou eu e um de vocês. Escolham alguém. - eu propus.
- Eu irei. - James me encarou. Eu abri a boca para discordar. - Você começou com esse papo de idade. Eu sou uma semana mais velho. Você é minha responsabilidade. - ele abriu um sorriso torto e eu fiz careta. - Eu irei e preciso que um de vocês vá comigo. Cygnus já foi. Anabelle e Alvo podem tirar na sorte.
- Eu irei. - Al disse antes que Anabelle pudesse argumentar. - Você vai depois, com a sua irmã. - ele encarou minha irmã mais nova, que franziu os lábios. - A próxima é sua.
- Só porque você falou primeiro. - ela cedeu, fazendo bico e afundou na cadeira. - Mas quero saber tudo.
- Cada detalhe. - Al jurou, fazendo Cygnus estreitar os olhos, mas não disse nada ao amigo. - Então, reunião na quarta-feira. Qual vai ser o assunto?
- Troca de informações. - James respondeu, distraído. - Deveríamos pensar em como destruir as Horcruxes. Não adianta nada termos todas elas e não termos meios de destruí-las.
- O basilisco está logo aqui embaixo. - Cygnus lembrou.
- Sim, está. E está vivíssimo, pronto para nos matar e comer. - eu respondi, seca. - James e eu estamos num impasse. Há outras formas. Eu poderia me esgueirar pela Knockturn Alley…
- Se você for, eu vou. - James interrompeu.
- Se vocês forem, nós iremos. - Cygnus emendou.
- Primeiro que ninguém vai liberar um menor de idade na Knockturn Alley, em qualquer loja que seja. Segundo, - eu continuei, aumentando o tom de voz quando os três tentaram argumentar. - grupos grandes chamam a atenção. Ou vou sozinha, ou vou com James.
- E como iríamos? - James perguntou, olhando para mim atrás da cadeira do irmão, com os braços cruzados.
- Aparatação.
- Nós não temos licença aqui.
- Nós nem existimos aqui. - eu revirei os olhos, arrancando uma risada alta de James. - Podemos aparatar até lá. As duas opções têm riscos. Aqui, com o basilisco, podemos morrer só de olhar para ele. Lá fora, estaremos em campo aberto, no meio de bruxos dispostos a usar magia das trevas. Provavelmente, algum comensal da morte deve estar por ali. E teríamos que esperar até os feriados de final de ano porque dois alunos já chamam atenção, dois alunos em período letivo é ainda pior.
- Temos a questão do tempo, também. - James ponderou. - Esperar até o próximo ano dá margem para que ele atinja maior número de seguidores e também se torne mais forte, se formos a Knockturn Alley. Além disso, teríamos que fazer veneno ou poção. E sabemos que isso demandará tempo, dedicação e, ainda por cima, é uma solução altamente instável pela sua periculosidade. - ele passou a mão pelo cabelo. - Por outro lado, temos o basilisco. E eu nem preciso me arrastar no assunto. Se a gente olhar direto para ele, morremos. Se olharmos através de uma lente, somos petrificados. Lutaremos às cegas com uma cobra gigante que, além de tudo, é venenosa.
- Precisaremos do antídoto independentemente de qual opção a gente escolha. - Anabelle ponderou. - Veneno de Basilisco é curado apenas por lágrimas de fênix, que só pode ser comprada ilegalmente e por uma fortuna.
- A poção vai depender. - Alvo ponderou. - Lógico que um bezoar ajudaria na maior parte, mas acredito que para destruir uma Horcrux, não vai ser suficiente. Talvez nem para comprar tempo, caso alguém acabe tendo um acidente.
- Bem, teremos que ir à Knockturn Alley. Talvez seja o único lugar que vá nos fornecer lágrimas de fênix. - Cygnus suspirou. - Bom, vocês vão ter que ir. Nós ficamos. Essa coisa de maioridade já está me tirando do sério.
Eu sorri:
- Só mais alguns meses, Cyg.
- Se Pontas ainda quiser falar com a gente, podemos dar um jeito de falar com o pai dele, o Fleamont. Ele é um ótimo mestre de poções. Certamente ele deve ter lágrimas de fênix e, se não tiver, saberá com quem podemos conseguir. - James ponderou e olhou o relógio. - Temos dez minutos até a Flitwick.
- Vamos. Antes que as coisas desandem ainda mais. - Bells ficou de pé e suspirou. - Espero que eles estejam lá.
Eles estavam, de fato, todos lá. Exceto por Pettigrew, que deveria estar "visitando a mãe". Eles não disseram uma palavra, mas se mantiveram perto de nós. James e eu engatamos uma conversa tranquila, discutindo sobre a próxima tarefa de Transfiguração - mudar a cor das sobrancelhas. James e eu já tínhamos dominado essa parte, mas era divertido fingir dificuldade e mudar metade da sobrancelha esquerda dele para rosa neon.
Minerva tinha desfeito o feitiço com facilidade, mas parecia suspeita demais para o meu gosto.
- Qual será o tema de hoje? - eu perguntei, suspirando.
- Feitiços defensivos. - Sirius respondeu, parando do meu lado. Eu olhei para ele, erguendo as sobrancelhas. - Conversaremos mais tarde, prima. - ele disse, baixo.
- Que tipo de feitiços defensivos? - Anabelle perguntou, distraída.
- Proteção de alguma área. Defesa individual cai para DCAT. - ele respondeu, olhando minha irmã caçula, que acenou com a cabeça, satisfeita com a informação. - Vai ser divertido.
- Ah, vai. - eu mordi a língua para não falar que esses mesmos feitiços a serem ensinados hoje, tinham sido lançados por mim nas camas em eu, Lily e Anabelle dormíamos.
A porta da sala de Flitwick se abriu e um mar de aluninhos do primeiro ano saíram, encantados quando viram o sexto ano esperando para a aula.
- Eles devem saber tanto. Dizem que essa Lily Evans é a melhor em Feitiços… - eu ouvi um garoto comentar com o amigo e olhei Lily, que se empertigou toda e entrou na sala antes de todos nós.
- A mãe de Peter não está doente. - Sirius jogou a bolsa cheia de comida surrupiada da cozinha sobre a mesa na Sala Precisa, depois da nossa última aula da tarde.
- Perdão? - eu encarei meu avô, que me encarou de volta:
- Achei que você soubesse.
- Eu sabia que ele era um traidor. Não que mentiu sobre a doença da mãe dele. - eu me defendi. Ele suspirou, abrindo a bolsa e arremessou uma tortinha de abóbora para mim, antes de morder uma com violência, irritado.
- Pedi a meu pai que prestasse uma visita à família Pettigrew. - Pontas disse, passando a mão sobre o rosto. - Sem eles saberem, claro. Disse que era importante e que explicaria assim que possível. Ele foi até lá em segredo e reportou uma Sra. Pettigrew muito saudável e cantarolando pela casa.
- E como conseguiu contato tão rápido? - Al questionou.
- Flu. - Pontas fez um gesto de descaso. - Era uma urgência. Peter ainda está sumido. Minerva disse que foi visitar a mãe, mas também não havia sinal dele por ali.
- Espero que estejam satisfeitos em saber que tinham razão. - Remus me encarou, irritado. James inclinou o corpo para perto do meu:
- Não estamos. Na verdade, desejamos muito estarmos errados. Mas agora todas as cartas estão na mesa e podemos começar a trabalhar. - ele passou um braço sobre os meus ombros, me puxando para perto e eu fui de bom grado. - Agora estamos liberados pelo final de semana, então podemos começar a planejar como vamos destruir as Horcruxes.
- Não precisam encontrá-las primeiro? - Sirius enfiou o resto da tortinha na boca. Eu mordisquei a minha, enquanto Anabelle respondia:
- Não queremos sair por aí colecionando pedaços de alma de Voldemort. Iremos pegar e destruir imediatamente. Então, precisamos de um método de destruição à mão assim que tivermos a chance. - ela explicou.
- Então precisamos de um método de destruição primeiro. - Remus suspirou, mordendo uma varinha de alcaçuz antes de se recostar na cadeira. - Têm algum plano? Vocês são parentes desses dois - ele apontou Sirius e Pontas, que reviraram os olhos. - então suponho que já tenham pensado em algo.
- Temos duas ideias. - eu comecei. - A primeira envolve James e eu irmos até Knockturn Alley, atrás de ingredientes para um veneno que não seja facilmente encontrado. O problema seria que teríamos que esperar até os feriados, porque dois alunos em Knockturn Alley seria estranho, mas seria ainda pior se fosse durante o período letivo. Então teria esse tempo e o de preparação do veneno, que torna a coisa bem longa.
- Inviável. Ele deve ter meia dúzia de comensais estacionados ali e é muito perigoso para duas pessoas de dezessete anos. - Pontas sacudiu a cabeça. - E a segunda ideia?
- Quase dezoito anos. - James corrigiu. - Já ouviram falar da Câmara Secreta?
Sirius se ajeitou na cadeira, olhando para mim:
- É um boato antigo. - ele suspirou e olhou para os demais. - Suponho que nem todos tenham ouvido falar disso.
- Você é o da família sonserina. - Lily revirou os olhos. - Explique.
- Há um boato que Salazar Slytherin criou uma sala escondida dentro da escola, com uma criatura para caçar os nascidos-trouxas e os que não tem o sangue puro. - ele se remexeu na cadeira, inquieto. O rosto de Lily ficou levemente pálido, mas ela não disse nada. - Dizem que foi aberta uma vez, mas ninguém sabe se é verdade. Nem sabem se ela existe.
- Mas pela cara deles - Pontas disse, olhando para nós cinco. - existe.
- Existe e a criatura também existe. Embora - Alvo explicou. - não ataque apenas nascidos-trouxas. Ele tem um Basilisco de estimação. A coisa obedece apenas Herdeiros de Slytherin.
- Coisa que nenhum de nós é. - James lembrou. - E só abre por Ofidioglossia. Que, por sorte, foi um dom que descobrimos que Cygnus tem.
- Como… - Sirius começou, interessado.
- Longa história. - eu franzi o nariz. - Tudo o que precisa saber é que Cygnus e eu éramos dois pestinhas e isso nos rendeu duas semanas sem quadribol. De qualquer forma, Cygnus sabe Ofidioglossia e pode abrir a Câmara Secreta.
- E onde fica a entrada? Como saberemos o que procurar? - Remus questionou.
- James e eu já achamos, no nosso tempo. Não conseguimos entrar, mas ele arrancou a informação de Tio Harry e os detalhes batem. É o banheiro da Murta-Que-Geme. - eu respondi. - Acaba que nosso único problema, neste plano, seria o próprio Basilisco.
- Precisaremos cegá-lo. - Sirius apertou a ponte do nariz.
- Você, não. - eu sacudi a cabeça. - Se você morrer, nós morremos.
- Nem pense em me deixar de fora dessa. - ele me cortou. Eu abri a boca para argumentar. - Se eu não for com você, vou sem você e vai ser pior.
Eu resmunguei, afundando na cadeira, enquanto Cygnus ria:
- Vocês são parecidos demais.
- Acredito que todos iremos. - Anabelle pontuou. - Não precisamos entrar em combate direto…
- Fale por você, eu quero aquele dente. - Alvo disse, com a boca cheia de tortinha de abóbora.
- Electra e eu somos os únicos maiores de idade, Alvo. Vocês só entram no meio se as coisas ficarem feia para o nosso lado. - James disse, pacientemente.
- Você sabe que vai precisar de mais uma pessoa, pelo menos. - Alvo argumentou.
- O pai lidou com o basilisco sozinho. E ele tinha doze anos. - James foi enfático. Pontas tossiu:
- Perdão?
- Ele tinha doze anos e evitou o retorno de Voldemort ao poder por mais dois anos quando derrotou o basilisco. Nós vamos contar tudo o que ele viveu, mas por enquanto não é o foco. - James bagunçou o cabelo. - Alvo…
- Eu vou.
- Se Alvo for, Cygnus e eu também iremos. - Anabelle disse, ansiosa.
- E nem pense em nos deixar de fora dessa. - Sirius apontou o próprio grupo de amigos. Eu franzi os lábios:
- Maravilha. Nove pessoas vão ao banheiro da Murta-Que-Geme. Nada suspeito.
- Não precisamos ir todos lá para baixo. - Remus lembrou. - Alguém tem que manter guarda na superfície.
- Pode ser vocês. - Eu apontei para o quarteto, que não pareceu nada satisfeito. - Novamente, se um de vocês morrer, nós também iremos. É o mais seguro.
- Mais seguro o seu nariz. - Lily rebateu, arrancando uma risada divertida dos demais. - Nós todos iremos descer. O primeiro plano é inviável por conta do tempo. O risco é alto, independente do curso que tomemos. Então, todos descemos, o que irá aumentar as nossas chances de sobrevivência. Nós seremos mais cuidadosos, prometo. Não queremos vocês mortos.
- Sim e sua morte provavelmente deixaria Voldemort vencer tudo e aí estaria tudo acabado. - Cygnus foi direto ao ponto. - Então descemos todos. Vocês ficam na antecâmara. Deixem o restante para nós e, principalmente, os setimanistas ali lidarem com o basilisco. - ele apontou para James e eu com a cabeça.
- Vocês querem o dente do basilisco por conta do veneno. Nós poderíamos simplesmente ir a Knockturn Alley e comprar. - Remus ponderou.
- Mas caímos no mesmo problema do tempo. - James foi categórico. - Ainda mais sabendo que uma das Horcruxes está no castelo…
- ELE ESCONDEU UMA AQUI? - Alvo gritou, exultante, pulando de pé. Eu dei uma cotovelada nas costelas de James:
- Sim, está e iremos atrás dela depois de conseguirmos o veneno de basilisco. A grande questão é que, assim que destruirmos a primeira Horcrux, a coisa vai complicar e ficar na escola talvez seja mais arriscado do que deixá-la. - eu ponderei. - Digo que, depois dos feriados, não voltemos. Temos algumas boas semanas até lá, para garantir a segurança de suas famílias. Mas sugiro que não voltemos.
- Se vamos começar a atacar Você-Sabe-Quem dessa forma, - Pontas começou, depois de um silêncio tenso. - acredito que esta é a melhor opção.
- Preciso avisar meus pais. - Lily disse, ansiosa. Eu sacudi a cabeça:
- Haverá uma reunião da Ordem na próxima semana. James e eu fomos avisados por Dumbledore. Levarei essa questão para eles. Assim que sairmos de férias - eu olhei o grupo, que acenou com a cabeça, sério. - iremos esconder suas famílias.
- Walburga pode queimar no Inferno. - Sirius quase cuspiu. - Mas Regulus…
- Novamente, Regulus, Evan e Aric estão conosco. Nós daremos um jeito de tirá-los da linha de fogo também. - James prometeu. - Quando nos escondermos, eles irão junto. Quanto mais pessoas conosco, melhor.
- Mas, no final de tudo, Remus tem razão. Podemos simplesmente comprar o veneno. - Anabelle disse, suspirando.
- Mas caímos na questão de ir a Knockturn Alley. - eu lembrei, delicadamente. - Eu já estive em treinamento de combate, assim como James, mas é diferente treinar com Aurores que não querem te machucar porque seu pai é do Alto Escalão e duelar com Comensais da Morte que não têm nada a perder. Nós podemos nos defender - eu pontuei. - mas não sei se estamos prontos para combate real. Idealmente, teríamos alguém da Ordem junto, mas aí teríamos que explicar e não vamos falar nada de Horcruxes por enquanto.
- E as lágrimas de fênix? Se alguém se machucar com o basilisco, vamos precisar. - Cygnus lembrou. James e eu nos entreolhamos e depois olhamos Pontas, que suspirou:
- Eu sei. - ele disse, pacientemente. - Vou pedir a meu pai. Mas direi que vocês estão em Alquimia e precisam e estão em cima da hora. Se ele não tiver, pedirei para arranjar e enviar para mim.
- Obrigada. - eu respondi, com sinceridade. - Eu diria que pagaremos a você pelo gasto, mas…
- Qualquer dinheiro que sair do meu bolso, é seu. - James olhou para o avô, que riu. - No final, dá na mesma.
- Não se preocupem com isso. - Pontas prometeu. - Então, lidaremos com o basilisco. Como vamos fazer?
JAMES SIRIUS POTTER
Nós passamos horas debatendo a melhor forma de lidar com o basilisco. Tantas horas que a comida que Sirius trouxe acabou - nosso jantar tinha sido doces e pequenos assados trazidos na bolsa. Quando chegamos ao limite de horário, com Remus e Lily nos apressando, voltamos para o Salão Comunal. Electra desejou uma boa noite assim que pisamos no tapete fofo e se arrastou até o dormitório feminino e eu não demorei a imitá-la.
Um bom banho quente, pijamas confortáveis e dormir até meu corpo dizer que já era suficiente. Eu sabia que não duraria muito - os outros tinham dormido relativamente bem e iriam querer discutir novas ideias que certamente apareceriam durante a noite. Além do mais, haviam muitas preocupações, sendo a principal delas, Peter Pettigrew.
Pettigrew que mentiu sobre a doença da mãe.
Pettigrew que os traiu antes de qualquer suspeita e sendo menor de idade.
Pettigrew que agora roncava a apenas alguns metros de distância da minha cama. Era muito difícil não matá-lo estando sozinho. Um avada kedavra não deixava marcas, poderia ser uma morte natural, silenciosa… Ele certamente era doente, eu sabia pela quantidade de poções que ele tinha tomado na minha frente uma certa manhã, então aquela poderia ser apenas uma consequência.
Ainda assim, Electra tinha parecido surpresa quando contei a ela meus pensamentos mais obscuros em um outro dia. Ela não tinha me julgado ou me repreendido - só me lembrado que minha família não gostaria que eu me tornasse um assassino adolescente. Ela entendia, eu sabia, mas ainda havia certa resistência da parte dela em tomar medidas mais sérias a respeito dessa guerra.
- Eu sinto como se não fosse mais eu mesma. Em casa, - Electra disse, certa vez. - eu não teria hesitado em entrar em combate, não teria pensado duas vezes em lidar com ele na frente de todos. Mas aqui…
- Aqui nossa família corre um risco que não corria em casa. - eu lembrei, abraçando a garota. - Isso não a torna menos grifinória, Els.
- Como você pode saber?
- Dumbledore veio todo intimidador para cima de você e você não deu um passo sequer para trás. Se isso não demonstra coragem, - eu beijei a cabeça dela. - nada mais demonstra.
Aquilo pareceu aplacar a ansiedade de Electra por alguns dias, mas eu a via cada vez mais melancólica e preocupada, sem saber como abordar os mais novos sem deixá-los irritados com a questão da maioridade. Eu tinha perguntado sobre o rastreador para ela, se ele existia para eles já que nenhum de nós era nascido aqui. Electra tinha explicado que era uma magia antiga, mas não ancestral, e que nunca foi testada em relação a viagem no tempo - a única coisa que poderíamos assumir é que não tínhamos certeza, mas arriscar testar, quando nossa cabeça estaria valendo um punhado de cargos no alto escalão de Voldemort, não valia a pena.
Eu tinha explicado a Alvo, quando ele me fez a mesma pergunta alguns dias depois e tinha pedido a ele que explicasse aos outros, o que ele tinha feito com tranquilidade. Era esta a razão pela qual eles reclamavam da menoridade, mas não insistiam tanto.
Eu soquei o travesseiro, bufando, e me obriguei a fechar os olhos. Eu precisava descansar.
Eu acabei acordando quase no limite do horário do café da manhã. A única pessoa que me acompanhou para comer foi Electra, que parecia tão exausta quanto eu. Nosso café da manhã foi silencioso, ambos ignorando o olhar inquisitivo de McGonagall e o olhar curioso de Dumbledore. Quando Els pousou os garfos e retirou o guardanapo do colo, uma coruja pousou à nossa frente. Eu franzi a testa, tirando o pequeno pergaminho da perna da coruja e ela voou para longe antes que eu pudesse desenrolar o recado.
"Caros Sr. Potter e Srta. Black,
Compareçam ao meu escritório às duas horas da tarde em ponto.
P.S.: varinhas de alcaçuz são deliciosas, não acham?"
Eu olhei Els, que franziu a testa:
- O que é?
- Dumbledore quer nos ver hoje. - eu dobrei o papel e guardei no bolso da jaqueta, olhando o professor na mesa alta. Ele acenou de leve com a cabeça, o que não passou despercebido por McGonagall, e voltei a olhar Electra. - Vamos?
- Vamos. - ela se levantou, ajustando os cabelos e nós saímos com pressa para a Sala Precisa, onde tínhamos combinado de encontrar os nossos irmãos e os outros.
Peter tinha apenas passado a noite na escola, já que tinha pedido licença de apenas um dia, mas recebera uma carta naquela manhã, supostamente de um parente, pedindo que ele retornasse por mais alguns dias - o que tinha sido cedido pelo diretor.
Não era possível que Dumbledore não soubesse. Ou não suspeitasse. Era óbvio para mim, imagine para ele. Isso só tornava ainda mais absurda a participação dele na Ordem da Fênix e a permissão de ser o Fiel do Segredo dos meus avós.
- Algum motivo para essa carranca toda? - Anabelle perguntou, as pernas jogadas sobre as pernas do irmão, praticamente deitada no sofá.
- Dumbledore quer nos ver esta tarde, depois do almoço. - Els sentou em uma poltrona, suspirando. - Será que ele adiantou a reunião da Ordem?
- Talvez. - eu respondi, olhando os demais. - Vou falar hoje sobre sairmos da escola nos feriados de final de ano e sobre a proteção à suas famílias.
- Tudo bem. Podemos ficar todos na minha casa. - Pontas respondeu, descansando a pena sobre um pedaço de pergaminho rabiscado. - Caberá todos e meus pais vão gostar de ter tanta gente em casa.
- Perfeito. - Cygnus sorriu. - Mas mesmo estando fora da escola, nosso treinamento é essencial.
- Tenho certeza de que meus pais vão nos deixar com um punhado de livros e vão nos ajudar quando precisarmos. - Pontas parecia despreocupado. - Estou pensando naquele Feitiço Fidelius que você comentou.
- Seria o mais adequado. - Sirius se ajeitou, olhando o melhor amigo. - Mas o fiel do segredo deve ser alguém poderoso e que seja de alta confiança.
- Pensei em meus pais, mas eles não são mais jovens. - Pontas suspirou. - Tenho medo que isso os torne alvos ainda maiores e a idade pode levá-los também…
- Deveria ser um de nós. - Alvo disse, quando o silêncio ficou muito tenso. Nós os encaramos. - Um dos nove. Nós somos jovens, saudáveis e estamos mais do que prontos para a briga. Se pegarem o nosso Fiel do Segredo, estaremos todos mortos.
- Além disso, podemos colocar mais feitiços defensivos sobre os terrenos. - eu ponderei. - Claro que eles sabem mais do que nós, mas seria bom começarmos. Eventualmente, teremos que caçar as demais Horcruxes e talvez elas nem estejam na Grã-Bretanha.
- Ele foi exilado há algum tempo. - Remus concordou. - Teremos que rever algumas coisas, investigar bem para irmos bem direcionados.
- Depois do Basilisco iremos começar a mapear isso. - eu decidi, com os outros concordando com a cabeça. - Não adianta nada ficarmos aqui, pensando nisso enquanto temos um problema muito maior para lidar antes de chegarmos às Horcruxes.
- Certo. - Lily jogou um livro de aparência antiga sobre a mesinha de centro, que tremeu com o peso. - Peguei isso da Seção Reservada.
- Não sabia que tinha permissão. - Remus franziu a testa, confuso.
- Não tenho. Eu entrei e peguei. Pince nem me viu. - Lily sacudiu os ombros, arrancando um sorriso orgulhoso de Pontas, mas ele se absteve de comentar. - Esse livro é sobre feitiços defensivos de alta complexidade. O Fidelius está aqui - ela folheou o livro e parou em uma página específica. - Há também o Protean Charm.
Eu e James nos encaramos, mas foi Cygnus que disse:
- Nós conhecemos esse, por nome. - ele se ajeitou, fazendo com que todos olhassem para ele. - Tio Harry criou a Armada de Dumbledore, quando Dolores Umbridge se recusou a dar aulas práticas de DCAT, para que eles treinassem. Quer dizer, os alunos que acreditavam que Voldemort estava de volta, muita gente duvidava dele na época. Tia Hermione, aos dezesseis anos, fez moedas com esse feitiço. O número de série do galeão dizia a data do próximo encontro.
- Isso seria interessante para a Ordem e também para Nott, Regulus e Rosier. - Remus ponderou. - É um feitiço complexo, Lily?
- Muito. - ela acenou com a cabeça. - Mas dá para fazer. Ela tinha dezesseis anos quando conjurou?
- Sim, dezesseis. Um pesadelo de bruxa. Meu pai pode ter derrotado Voldemort - Al bocejou. - mas tem pavor da tia Mione.
- Isso nem é o pior. - Electra riu. - Ela fez a poção polissuco no segundo ano.
- Perdão? - Sirius arregalou os olhos.
- Eu sei. - Els sacudiu a cabeça, divertida. - Uma bruxa incrível. Está cotada para ser a próxima Ministra da Magia. De qualquer forma, ela fez o Protean, acho que podemos pelo menos tentar. É uma variável menos maligna da Marca Negra. Pode ser qualquer coisa que não vá parecer suspeita. Um galeão talvez seja demais, mas um knut, não é.
- Um knut é melhor do que um galeão. Menos suspeito. - Sirius concordou. - Só não podemos confundir com o real.
- É só colocar num lugar seguro. E ele vai esquentar quando mudar a data. - eu respondi. - De qualquer forma, é uma ideia a ser ainda definida e detalhada. Por enquanto, as reuniões serão marcadas semanalmente.
- Mas seria bom um método de comunicação imediato caso as coisas deem errado. - Pontas disse, soando impaciente.
- Se as coisas derem errado, nada impede que eles venham diretamente a nós ou nós a eles. - Electra disse, séria. - Sinceramente, se der tudo errado, eles não vão precisar se esconder e nem nós. Então, poderemos simplesmente ir atrás deles.
- Isso permanece em segundo plano. Vamos treinando para depois usarmos os feitiços de forma correta. - eu disse, suspirando. - Precisamos resolver o problema mais imediato, que é o Basilisco.
- Certo. O basilisco. - Anabelle se sentou direito, olhando para mim. - Pontas já enviou a coruja ao Sr. Potter, então dependemos dele para termos as lágrimas antes de irmos. Mas podemos deixar tudo pronto para quando chegar. Idealmente, iríamos em um final de semana, durante a noite. Tem menos movimento.
- Como você sabe? - Electra estreitou os olhos, fazendo a irmã corar.
- Bem, eu tenho meus motivos. Você não é a única neta de Sirius Black, sabia? - Anabelle revirou os olhos.
Certamente isso tinha a ver com meu irmão.
- Tudo bem. Acho que não quero saber os motivos de nada. - Cygnus passou a mão pelo rosto, estressado, lançando um olhar de desconfiança para Alvo, que fingiu que não era com ele.
Certamente isso tinha a ver com meu irmão.
- Tudo bem. Iremos no sábado depois de termos as lágrimas de fênix. - eu emendei, antes que aquilo se tornasse uma carnificina, dado o olhar que Cygnus ainda mantinha sobre Alvo. - Electra entraremos em campo primeiro. Nosso principal objetivo, inicialmente, será cegar aquela coisa.
- E como faremos isso? Se olharmos direto para o basilisco, morremos. Se usarmos algo para olharmos indiretamente, seremos petrificados. - Alvo jogou os braços para cima.
- Usaremos a sombra dela. - Electra disse, depois de alguns segundos de silêncio tenso. Eu olhei a garota:
- Está sugerindo ficarmos de costas para uma serpente gigante e com sede de sangue?
- Se tiver uma ideia melhor, pode compartilhar. - ela gesticulou para o grupo todo, que fez careta. - Até o basilisco ser cegado, estaremos lutando ou de costas ou de olhos fechados. Eu prefiro de costas, pelo menos eu vou ver a sombra.
- Ela tem um ponto. Estamos amarrados nesse sentido. - Remus suspirou, apertando a ponte do nariz. - Sinceramente, esse plano tem tudo para dar errado.
- Tem, mas não pode dar. - eu sacudi a cabeça. - Cada movimento deve ser calculado, assim como cada feitiço. Nós dois primeiro e depois vocês entram. Nós diremos quando cegarmos o basilisco.
- Pode ter certeza que o aviso será um grito de alegria. - Electra emendou, arrancando um sorriso dos outros. - E aí teremos o segundo problema, que é matar o basilisco.
- Espere. Mas como irão cegar o monstro? - Pontas perguntou. - Nem todos os feitiços vão pegar nele.
- Se eu precisar levitar um pedaço de ferro para cegar aquela coisa, eu vou. - Electra disse, enfática, me fazendo rir.
Ela estava começando a voltar a ser a minha Electra.
- Existe o sectumsempra. - Alvo disse, meio desconfortável. Els e eu nos entreolhamos.
- Podemos tentar. - eu ponderei. - Minha vontade era matar aquela coisa logo, mas duvido que a carcaça deixará feitiços passarem por ela. Os olhos são pontos fracos de todas as criaturas mágicas, isso deve se aplicar ao basilisco.
- Posso confirmar na biblioteca depois. - Remus acenou com a cabeça. - Conhecer o inimigo é essencial. Já que vamos cometer essa loucura, melhor estarmos bem preparados.
- Certo. - Cygnus disse, pacientemente. - Eu e Remus iremos à biblioteca, procurar sobre basiliscos. Podemos ir à noite, invadir a seção restrita se precisarmos, isso será fácil. - ele disse, displicente, arrancando um sorriso de Sirius. - Vocês dois lidarão com a coisa imediatamente, depois nós poderemos entrar em combate com vocês. - ele apontou para Electra e eu.
- Encontre informações sobre a carcaça dele. Meu pai disse que o couro de basilisco é muito grosso, pode ser que precisemos de feitiços mais fortes. - eu olhei o sonserino, que acenou com a cabeça, sério.
- Não queria que fôssemos sem treinamento algum. Principalmente vocês dois. - Lily apontou para Els e eu. - Podemos usar essa sala como uma espécie de sala de treinamento. Pontas é muito bom em transfiguração, - ela olhou meu avô, que sorriu. - acho que podemos transfigurar algumas coisas no formato de cobra gigante e fazer atacar os dois. E eles se defendem de costas.
- Claro que podemos. - meu avô olhou para Lily, sorrindo. - Você pode aplicar alguns feitiços para deixar a coisa mais intensa.
Os olhos de Lily brilharam de malícia:
- Eles vão pagar por nos deixarem de fora daquela reunião com os comensais.
- Merlin me proteja. - Els murmurou, sacudindo a cabeça e eu sorri:
- Vai ser divertido. Treinaremos levitação com objetos pesados, sectumsempra…
- Eu gosto muito do Confringo. - Electra ponderou.
- Você vai fazer voar entranhas de basilisco por toda a câmara. - Lily disse, pacientemente.
- Parece apetitoso. - Cygnus sorriu para Lily. - Pensei em usar o Expulso, mas não ia ter tanto efeito.
- Só ia deixar o basilisco mais irritado. - Sirius pontuou. - E eu não quero ver isso.
- Segure o Confringo. - Pontas olhou Els. - Vai destruir o Basilisco e vamos perder nossa fonte de veneno.
- E se for a única opção?
- Então use. - ele disse, sério. - Mas vamos tentar formas menos nojentas de destruir o basilisco.
- Tudo bem. - Electra se ajeitou na cadeira. - Então, quando começamos?
- Hoje. Primeiro - Sirius abriu um sorriso largo. - vamos criar as cobras gigantes. Depois - ele encarou a neta, com expectativa. - vocês provam que são mesmo do nosso sangue.
