ELECTRA ADHARA BLACK
O retorno ao banheiro da Murta-Que-Geme foi muito mais descontraído do que a nossa ida. O retorno foi simples, com James e eu criando degraus até a superfície.
Apesar do meu treinamento intenso de verão para o quadribol da temporada, as pausas eram frequentes - os degraus eram íngremes, numerosos e um bom número de nós estava ferido. O coitado do Sirius ainda tinha que me ajudar a subir por conta da minha perna ferida.
Mas antes uma torção do que um envenenamento por basilisco.
Quando chegamos finalmente à superfície, Murta estava jogada no chão, pensativa. James me puxou para cima, depois de cumprimentar o fantasma. Eu acenei para ela, que pareceu desgostosa quando James se ajoelhou na minha frente e inspecionou meu tornozelo:
- Está muito inchado. Precisa ir à Pomfrey. - ele disse, calmo.
- E como diabos vou explicar isso? - eu reclamei. - Murta, obrigada pela ajuda.
- Conseguiram pegar o monstro de olhos amarelos? - era tudo o que ela queria saber. James sorriu:
- Alvo, ali, - ele apontou com a cabeça para o irmão. - o matou.
- Obrigada! - ela pulou no ar. - O que precisar de ajuda, eu irei ajudá-lo. - Murta se aproximou tanto de Alvo que os narizes quase se encostaram.
- Ah. Não se preocupe. - ele pareceu sem graça, enquanto Cygnus desviava o olhar, prestes a explodir em gargalhadas. - Nós precisamos ir, Murta. Sabe dizer se tem alguém em volta?
- Eu não ouvi nada. - ela voltou para a cabine que preferia. - Vou ficar de olho nas coisas! - ela mergulhou na privada e Al encarou James, que sorria.
- Vai ter volta. - ele quase rosnou, fazendo James rir. - Vamos nos limpar da melhor forma possível. Todo mundo inteiro?
- Sim. - eu revirei os olhos. Al me encarou:
- Você está inteira, mas torcida. Alguém mais está danificado?
- Alvo! - eu guinchei, indignada.
- Ninguém? Ótimo. - Al abriu um sorriso galante. - Vamos levar a Srta. Insensata aqui para Pomfrey.
Nós levamos um tempo ridiculamente longo para nos limparmos de forma decente. Arrumar as roupas foi simples, tirar o cheiro da Câmara Secreta de nós tinha sido a parte mais difícil. Lily e Bells guardaram os dentes coletados em um vidro indestrutível, devidamente identificado, assim como as lágrimas de fênix enviadas por Fleamont.
Sirius me apoiava, enquanto eu mancava em direção à enfermaria, parecendo preocupado:
- Eu posso carregar você, sabe. - ele disse, delicadamente. Sirius olhou em volta, preocupado. - Você já se arriscou demais hoje. Foi genial e corajoso e a coisa mais grifinória que eu vi em muito tempo, Els.
- Foi uma das coisas mais estúpidas que eu já vi. - Bells reclamou. - Por isso papai reclama de você.
- Foi ele quem me criou assim. - eu rebati, revirando os olhos. - Podemos parar um pouco? Está doendo um pouco mais que… Ah! - eu gritei, quando fui erguida pelos braços de alguém. Eu olhei para o lado, com os olhos arregalados. - James!
- Eu disse que era melhor se eu levasse. - ele resmungou, a mandíbula trincada. Ele olhava para a frente, ignorando qualquer quadro escandalizado, assim como as meninas do quarto ano que pareciam encantadas e explodiram em risadinhas quando viram James me levando pelos braços.
- E eu disse que conseguiria andar até lá. - eu rebati. - Me ponha no chão.
- E claramente não está conseguindo andar até lá. Então, eu levo você. - James continuou andando. - E não faça careta.
- Eu não estou fazendo careta! - eu me defendi e James olhou para mim, abrindo um sorrisinho:
- Estava sim. - ele respondeu, entrando no último corredor para entrar na Enfermaria. - Els, nos deixe cuidar de você. Já fez o suficiente.
- Ainda está magoado por não ter feito o que queria?
- Não estou magoado. E terei muitas chances de fazer o que quero. - James disse, pacientemente. Ele ignorou os demais, empurrando as portas com as costas e voltou a andar comigo, enquanto Pomfrey vinha correndo. - Olá, Madame Pomfrey.
- O que houve? - ela perguntou, enquanto James me colocava sobre a maca indicada pela curandeira. James deu um beijinho na minha cabeça e eu suspirei:
- Torci meu tornozelo. - eu apontei o tornozelo direito, que estava visivelmente inchado. Meus irmãos e Sirius se juntaram aos pés da minha cama, os Potter e Remus ficaram um pouco mais distantes, mas ainda perto o suficiente para ouvir toda a conversa.
- E onde esteve? - ela avaliava meu tornozelo. - Isso não aconteceu dentro do castelo, não é? - ela apontou minha meia imunda. Eu olhei James, que colocou as mãos nos bolsos:
- Nós só estávamos explorando o castelo e o terreno, Madame Pomfrey.
- Hum. - ela pareceu desconfiada, cutucando meu tornozelo. - Vou fazer uma tala, senhorita Black. Deverá ficar uns dias com ela e depois retornar para que eu a avalie novamente.
- Tudo bem. Obrigada. - eu acenei com a cabeça.
- Todos os ferimentos ocorridos dentro do castelo são reportados à vice-diretora. - ela puxou a varinha. Eu engoli em seco:
- A professora McGonagall vai entender.
- Claro que vai, querida. - Pomfrey olhou de James para mim. - Mas talvez devesse omitir que estava em um lugar onde não deveria com um rapaz.
James engasgou e eu arregalei os olhos, abrindo a boca para me defender, mas a curandeira sacudiu a cabeça:
- Quanto menos eu souber, melhor. - ela sorriu. - Vamos começar. - Pomfrey ergueu a varinha.
Minerva McGonagall me encurralou assim que teve a chance. James e eu tínhamos dispensado os outros - ela não sabia o quanto os outros sabiam. E ela já ficava de olho em James e eu, deixar que Minerva soubesse que os demais estavam tão envolvidos quanto na caçada às Horcruxes… Bem, isso faria com que nós fôssemos monitorados mais de perto ainda.
Então, James e eu ficamos sozinhos com a vice-diretora.
- Onde estavam? - ela perguntou, depois de lacrar e silenciar a porta da sala dela. James me ajudou a sentar na cadeira fofa e sentou ao meu lado:
- Estávamos cumprindo parte das nossas tarefas, professora. - ele respondeu, passando a mão pelo cabelo. - Els sofreu um pequeno acidente, mas tudo está sob controle.
- Qual parte de suas tarefas? - Minerva perguntou, ajeitando os óculos. James e eu nos entreolhamos. - Potter e Black. Estamos juntos nessa guerra. - ela abaixou o tom de voz. - Preciso saber com o que podemos ajudar vocês.
- Nós… Achamos um jeito de destruir… Aquilo. - eu disse, cuidadosamente. - Me feri em batalha, mas estou bem. Foi só meu tornozelo.
- Batalha contra quem?
- É mais um o que, na verdade. - James pigarreou. A professora estreitou os olhos. - A Câmara Secreta existe. Slytherin tinha um basilisco.
O rosto de McGongall ficou pálido e ela colocou uma mão sobre o coração:
- O que vocês fizeram? - ela perguntou, quase sem ar.
- Bem… Nós queríamos os dentes. Então… - eu me ajeitei na cadeira e James acenou com a cabeça. - Então pegamos os dentes.
- O basilisco estava morto? - ela perguntou, ainda mais baixo.
- Agora está. - James respondeu, displicente. McGonagall abaixou a mão trêmula, apoiou as costas no encosto da cadeira e respirou fundo. - Professora?
- Me dê um minuto, Potter.
- Tudo bem. - James acenou com a cabeça e McGonagall respirou fundo algumas vezes, antes de olhar para mim:
- Ele era cego?
- Não. Eu o ceguei. - eu disse, baixinho. - Foi assim que machuquei meu tornozelo. Tive que saltar da cabeça…
- Por Merlim. - McGonagall pegou uma garrafa de água e colocou um pouco em um cálice, tomando um gole longo. - Cegou um basilisco?
- Sim.
- Aos dezessete?
- Sim, professora.
- E o mataram depois?
- Sim, professora. - eu acenei com a cabeça.
- Cinquenta pontos para a Grifinória. - McGongall olhou para James e crispou os lábios. - Pela coragem e destreza necessários para a tarefa realizada. E vinte pontos a menos pela idiotice de não levarem um adulto.
- Nós somos adultos.
- Ainda não terminaram a escola. - McGonagall ficou de pé. - Contarei a Alvo que tiveram sucesso em sua missão. Precisam de ajuda com mais alguma coisa?
- Apenas… Precisamos de ajuda em magia marcial. James e eu temos um bom treinamento, mas os outros nem tanto. Gostaria que nos ensinassem. - eu olhei a professora. - Todos nós.
- Marcaremos uma data. - ela cedeu, observando enquanto James me ajudava a ficar de pé. - Eu bem que achei que você teve facilidade demais com aquele feitiço de mudança de cor.
Eu ri:
- Ah, James e eu tivemos muitas gargalhadas com isso. - eu concordei. - Pode nos ajudar com coisas mais avançadas, professora. Feitiços, transfiguração, o que for… Nós iremos aceitar.
- Então marcarei uma data. E aviso os senhores depois. Há mais alguém que irá participar?
- Nossa família. - James olhou a professora. - Nove de nós.
- Um de vocês ficará sem dupla. - ela pontuou.
- Pode ser eu. - James se voluntariou. - Gosto de treinar.
- E nenhum de nós é páreo para ele. - eu revirei os olhos. - Nosso melhor duelista. - eu sorri para o Potter, que sorriu de volta.
- Tomem cuidado. E guardem bem essas coisas, são muito instáveis e frágeis. - a professora suspirou. - E boa noite.
- Boa noite. - James e eu respondemos em uníssono, antes de sairmos da sala da professora e de volta para o Salão Comunal.
O salão comunal estava lotado, como esperado para um sábado. Nós não podíamos discutir o ocorrido e nem nossos próximos passos, mas sumir novamente apenas chamaria mais atenção.
Além do mais, nós precisávamos de um descanso. Então, agora Alvo e Remus jogavam uma partida de Snap Explosivo - a mais longa que eu tinha assistido até então -, Lily e Bells faziam ajustes em uma redação de Feitiços. Pontas, Sirius, Cygnus e James discutiam sobre quadribol, gesticulando com os jornais atuais em mãos e parecendo mais do que exasperados. Eu, por outro lado, estava sentada no chão, perto da lareira, com um livro sobre magia do tempo no colo.
Eu não ia conseguir pensar em nenhuma forma de desfazer a runa que meu irmão tinha ativado, pelo menos não hoje, mas ler alguma coisa que não remetesse a basilisco e horcruxes era um alívio.
- Não quer conversar? - Sirius se jogou do meu lado e eu revirei os olhos:
- Esse trabalho de alquimia está me consumindo. - eu menti parcialmente. Sirius riu, puxando o livro e o fechou, jogando-o para Pontas, que fez questão de enfiar o livro entre ele e Cygnus. - Ei!
- É sábado à noite. Você precisa relaxar. - Sirius jogou um braço sobre os meus ombros. - Já fez muita coisa hoje, Electra.
Eu franzi o nariz, não podendo discordar.
- E seu cérebro está quase fritando. - Cygnus emendou. - Dá para ver a fumaça saindo das suas orelhas.
Eu mostrei o dedo do meio para o meu irmão, ignorando a risada alta de James, e olhei Sirius:
- Tudo bem. O que querem fazer então?
- James disse que você é fanática por quadribol. - Sirius começou, os olhos brilhantes. - Diga, por favor, que torce para os Tornados.
- Harpias de Holyhead até a morte. - eu sacudi a cabeça, arrancando um guincho indignado de Sirius:
- Traição!
- Traição uma ova! - eu ri. - Quando era criança sonhava em ser jogadora de quadribol. Queria ser artilheira.
- Mas você não disse que joga como batedora? - Pontas perguntou, interessado. Eu franzi o nariz:
- Isso foi coisa de papai. Ele me achava uma criança violenta e pensou que seria melhor se eu tivesse um alvo para descontar. - eu encolhi os ombros, fazendo os garotos caírem na gargalhada.
- Mas gosta de ser batedora? - Sirius perguntou, curioso.
- Claro que gosto. - eu revirei os olhos. - Isso me permite derrubar Cygnus de uma vassoura sem levar qualquer tipo de punição.
Meu irmão mostrou o dedo do meio para mim:
- Eu deixo você me derrubar, Els. É cavalheirismo o nome, sabia?
- Claro, Cyg. - eu ri. - Me atualizem sobre o quadro geral, então. - eu acenei para o grupo de garotos que explodiu em falação.
Eu voltei a ficar quieta, o que passou despercebido por quase todos - James Sirius Potter mantinha os olhos fixos em mim, nem um pouco distraído com a colocação do Chudley Cannons neste ano.
- James ficou focado em você o dia todo. - Bells disse, distraída. Ela, Lily e eu tínhamos nos refugiado na minha cama, colocado feitiços protetores, e agora discutíamos o que fazer com as lágrimas e o veneno do basilisco.
- Temos muita coisa para planejar. - eu suspirei, recostando na cabeceira da cama. - Temos os meios agora.
- Ele já deu alguma ideia sobre os próximos passos? - Lily perguntou, curiosa. Eu sacudi a cabeça:
- Acho que vamos esperar uns dias. Até que meu pé esteja bom novamente e a gente tenha tempo para planejar o restante. - eu expliquei. - Nós trabalhamos muito bem em equipe, James e eu. Ele ir sozinho é loucura e não queremos arrastar ninguém para o próximo problema.
- E a próxima reunião com os sonserinos? - Bells perguntou, curiosa. Eu encolhi os ombros:
- Será na sexta-feira. Eu e você sairemos às 02:00. - eu respondi. - Não se preocupe. Estará comigo. - eu abri o sorriso mais brilhante que consegui. Bells riu:
- Ah, não estou preocupada. - ela sacudiu a cabeça. - Nós duas e quem?
- Regulus e Evan. - eu me ajeitei na cama, suspirando. - Pontas deixará o mapa e a capa conosco. Vai precisar confiar em mim, Bells.
- Eu confio. - ela acenou com a cabeça. - E se nos enfiarmos em problemas?
- Disse a James que enviaria um patrono caso precisasse. Ele estava um pouco surtado. - eu franzi o nariz. Minha irmã ergueu as sobrancelhas. - Não comece.
- Mamãe sempre disse que vocês iam ficar ótimos juntos. - Bells disse, a voz inocente. Lily riu:
- Ah, iam.
- Novamente, - eu alertei. - não comecem. James e eu somos amigos. Qualquer coisa além disso transformará essa situação complicada em algo sem resolução. Nós precisamos trabalhar juntos para resolver e misturar tudo só nos trará mais problemas.
- Mas você gosta dele? - Lily perguntou, os olhos verdes brilhando de curiosidade. Eu corei:
- Não sei. - era o máximo que eu me permitiria pensar por agora. Eu sabia, no fundo, que meus sentimentos iam bem além de gostar de James. Mas agora não era hora de destrinchar isso. Se estivéssemos em casa, começando o nosso sétimo ano como deveríamos, sem a responsabilidade de resolver uma guerra, as coisas seriam diferentes, eu sabia. Porque James e eu éramos praticamente um só e mesmo quando envolvidos com outra pessoa, nós sempre tínhamos voltado para o outro. Havia ocorrido um beijo, apenas um, em uma festa de natal na qual James e eu bebemos um pouco demais de whisky de fogo, mas nenhum de nós tinha mencionado nada depois.
Era melhor não pensar agora.
Nós estávamos em guerra, tínhamos que destruir Voldemort, garantir a sobrevivência de nossa família e voltar para o nosso tempo.
Lidar com meus sentimentos por James não era minha prioridade agora, embora fosse cada vez mais difícil ignorá-los.
- Iremos discutir os próximos passos durante a semana. - eu disse, por fim, quando o silêncio ficou longo demais. - Precisamos dormir, meninas.
- Sim, precisamos. - Lily desfez os feitiços de proteção depois de garantir que estávamos seguras e ambas se ajeitaram para dormir, enquanto eu passava mais camadas de proteção sobre ambas.
Eu me ajeitei na minha cama, passando minhas próprias proteções, tomando a poção que Pomfrey me dera para controle da dor e do inchaço no meu tornozelo. Alvo tinha avaliado a poção, como um mestre de poções em formação, e tinha se proposto a aprender a fazê-la - o Potter tinha sido capaz de descobrir qual poção era pelo cheiro, cor e consistência da coisa, além de me perguntar detalhadamente sobre o sabor.
Alvo era muito dedicado a Poções. Muito dedicado.
Era por isso que James e eu confiávamos cegamente nele, caso as coisas não fossem como o planejado. Precisaríamos dessa dedicação toda de Al para conseguir destruir a Horcrux ou então descobrir o antídoto para alguém. Nenhum deles sabia, ainda, sobre quais eram as horcruxes, mas James e eu já sabíamos quais eram e as histórias por trás das mesmas.
O diadema era nossa prioridade: estavam bem aqui, em Hogwarts. Só tínhamos que encontrá-lo na Sala Precisa, em meio a milhares de objetos escondidos. E destruí-lo em um lugar seguro. Depois, nosso plano era ir atrás do Diário, que estava na Mansão da minha família. E, depois, ainda teríamos mais três horcruxes para caçar - certamente tendo comensais da morte atrás de todos nós.
Em meio a tantos pensamentos, preocupações e ideias, eu acabei caindo no sono.
Na manhã seguinte, eu aceitei a carona oferecida por James - ele me carregou nas costas até o Salão Principal, ignorando todo e qualquer olhar sobre nós dois, comentando sobre quadribol como se estivéssemos em casa.
- Sirius quer que a gente vá ao jogo do Tornados. - James dizia, enquanto Cygnus me ajudava a descer das costas dele. Os dois me ajudaram a sentar e me deixaram entre os dois. - Tornados contra Chudley.
- E você quer assistir seu time ser surrado ao vivo? - eu perguntei, colocando suco de abóbora no copo. James se virou para mim, os olhos semicerrados:
- Eu esqueci o quanto você é má quando o assunto é quadribol.
- Não estou sendo má. Chudley é péssimo e você só se humilha quando admite torcer para eles. - eu revirei os olhos. Cygnus riu:
- Eu quero muito assistir o jogo do Tornados. - ele encheu a boca de ovos mexidos. - Ia ser divertido, não acha?
- Acho. - eu concordei. - Mas só irei se James for discreto sobre o Chudley.
- Jamais! - James jurou, arrancando uma risada do avô. - Irei de laranja. Honrar o meu time até o final.
- Você pode até honrar o Chudley, mas o Chudley não honra você. - eu revirei os olhos, fazendo Sirius engasgar com o café na minha frente. - Tornados é meu segundo time favorito. Não irei vestida a caráter, mas posso torcer.
- Eles podem tirar o Harpias da primeira colocação. - Remus comentou e eu abaixei a colher, trincando os dentes:
- James. Esqueça o que eu disse. Nós dois vamos torcer para o Chudley.
James caiu na gargalhada, junto dos outros, enquanto eu enfiava a colher no mingau com raiva.
- Jogar contra o Chudley deveria ser café-com-leite. Nem vale nada! Toda vez eles perdem. - eu sacudi a cabeça, bebericando o suco. James sacudiu a cabeça:
- Você é má. - ele repetiu, tomando um gole de café em seguida. - Iremos perder, Els. - James suspirou. - Mas pelo menos vai ser para o campeão.
- Vocês perderam um amistoso para a quarta divisão.
- Deixa de ser má. - James franziu o nariz. Uma coruja pequena voou sobre nossas cabeças e parou na minha frente, esticando a perninha para mim. - É uma coruja da escola. - ele murmurou, se ajeitando mais perto de mim. Cygnus se inclinou na minha direção:
- Mais um admirador secreto? - ele brincou, diminuindo a tensão dos olhares ao nosso redor. Eu bufei:
- Cale a boca, Cyg. - eu ri, tentando parecer o mais descontraída possível, enquanto lia o pequeno recado:
"Precisamos nos ver, antes do previsto. Que tal amanhã, no mesmo horário? Leve seus amigos, gostaria de conversar com todos vocês.
P. .S.: o que é aquele caderno?
E. P. R.."
- Eu disse que era um admirador secreto. - Cygnus disse, divertido, mas os olhos estavam cheios de preocupação.
- Cale a boca. - eu revirei os olhos, me segurando ao máximo para não olhar para a mesa da Sonserina.
Aparentemente, as coisas estavam começando a sair dos eixos antes do previsto.
Bem antes.
Eu respondi ao bilhete de Rosier durante a tarde, enviando um recado assinado da mesma forma que o dele. Anabelle estava animada: nossa primeira reunião com sonserinos além dela mesma, Cygnus e Alvo.
Os marotos tinham concordado em nos acompanhar - nosso local habitual de encontro era a Sala Precisa e apenas James e eu ficamos do lado de fora, esperando o trio de ex-futuros-comensais-da-morte.
- Trouxe todos. - James disse, depois de apertar a mão de Evan, o líder aparente do trio. Eu acenei para os três, que sorriram para mim. - Tem comida e bebida lá dentro. Vamos. - James acenou para que eu entrasse na frente e ficou para trás, depois dos sonserinos.
A Sala estava silenciosa, apesar de quente e confortável com a lareira acesa, os tapetes fofos e poltronas. Havia uma mesinha de centro de madeira escura, com doces, lanches pequenos e bebidas quentes e frias.
- Boa noite. - Evan disse, atrás de mim. Os outros se levantaram, ansiosos. - Você realmente trouxe todos.
- Nós temos um voto de confiança mútuo. - eu lembrei. Alvo deu um passo para a frente, esticando a mão para meu avô materno:
- Alvo Potter. - ele se apresentou. Evan segurou a mão de Alvo com firmeza, sendo imitado por Regulus e Aric. Todos se cumprimentaram, em uma conversa rígida, porém educada. - Sentem-se. Nós trouxemos comida e bebida.
Anabelle, como que para comprovar a inexistência de veneno - exatamente como haviam feito comigo e James na nossa primeira reunião - encheu um copo de suco de laranja e mordiscou um lanchinho cortado em triângulo.
Evan olhou minha irmã, avaliativo, e a imitou, pegando um lanche da mesma pilha:
- Nós somos parentes, não somos? Apesar de você ser Black, tem os olhos iguais aos meus. - ele disse, suavemente. Anabelle sacudiu os ombros:
- As Sagradas Vinte e Oito são todas interligadas. - ela disse, displicente.
- Há muitos anos não há um casamento entre nossas famílias. - Evan disse, displicente.
- O gene deve ter ficado escondido por alguns anos. - foi Cygnus quem respondeu, atraindo a atenção de Rosier para si.
O que foi um erro, considerando que ele também tinha os olhos Rosier.
Eu pigarreei, chamando a atenção de todos para mim e olhei Evan:
- O que aconteceu? Você não adiantaria uma reunião se não fosse algo importante. - eu enchi uma taça de água. Aric me avaliou, pensativo:
- Vocês não nos deram todas as informações.
- Há coisas que não podemos…
- Acho que saber que estamos lidando com uma Horcrux é uma informação importante e deve ser partilhada. - ele crispou os lábios para mim. Sirius sentou ao meu lado, apoiando os cotovelos nos joelhos:
- Nem nós sabemos muito a respeito. Queríamos ter certeza de tudo. - ele me acobertou. Nott encarou Sirius, sério:
- Isso nos coloca em risco iminente, Black.
- Sim, e a nós também. - Sirius apontou para todo o nosso grupo. - Tem ideia de que estamos pisando em ovos aqui?
- Estou mais preocupado com o número de pessoas que sabem. - Regulus olhou o irmão mais velho. - Porque a nossa mãe não sabe, mas desconfia que aquele caderno seja uma horcrux.
- E como você sabe? - Sirius encarou o irmão caçula, que sacudiu a cabeça:
- Eu a vi analisar a coisa. Tem uma aura de poder horrível, Sirius. - Regulus suspirou, sentando ao lado de Evan. - Eu a ouvi dizer a palavra a nosso pai e fui procurar.
- Quando foi para Grimmauld Place?
- Sábado de noite teve um jantar. O pai fez questão de vir me buscar. - os olhos de Regulus estavam cheios de preocupação.
- Voldemort estava lá? - James perguntou, sério. Regulus disse que sim:
- Está planejando um ataque a um orfanato trouxa no Natal. - ele ofereceu a informação. Evan continuou em silêncio, ainda encarando Cygnus e Anabelle e, depois, olhou para Sirius e eu. Em seguida, para Regulus.
Santo Deus, ele sabia. Ou pelo menos, devia saber que algo não era verdade.
- Precisamos agir. - Aric se levantou, andando em círculos e segurando as mãos atrás das costas. - Uma Horcrux o torna mais poderoso. É impossível derrotá-lo com uma intacta.
- Estamos trabalhando nisso. - Alvo disse, pacientemente. - Electra está ferida por conta disso. - ele apontou meu tornozelo ainda imobilizado. Evan me encarou:
- É por isso que foi até a Câmara Secreta?
Eu derrubei o cálice de água que segurava. James ficou de pé imediatamente, pronto para brigar, mas eu ergui a mão, pedindo que esperasse.
- Acho melhor abrirmos o jogo. - eu encarei o Rosier, que sorriu de volta:
- Murta-Que-Geme me contou.
- Ela prometeu segredo.
- Não deveria confiar em pessoas que contam qualquer coisa quando recebem apenas elogios e um sorriso. - ele se inclinou na minha direção. - Eu apaguei a memória dela, Electra. Mas, me diga, como sabia que a Câmara existia de fato? E sobre o monstro de olhos amarelos? Você foi atrás de uma forma de destruir a horcrux, não foi?
Cygnus me encarou, franzindo os lábios:
- Eu disse para você apagar a memória dela.
- Eu nem sei fazer isso!
- Realmente, Electra, apagar uma memória de uma pessoa morta é mais difícil do que matar um maldito basilisco! - Cygnus jogou as mãos para cima, indignado. Os três sonserinos me encararam, todos boquiabertos.
- Eu não matei o basilisco, foi o Alvo. - eu corrigi. - Eu só ceguei ele.
- Pelas calças floridas de Merlin. - foi a vez de Evan ficar de pé, passando a mão pelo cabelo loiro, no exato mesmo tom de Anabelle. - Você lidou com um basilisco antes que estivesse cego?
- Sim, me guiei pelas sombras com James e ceguei a coisa. Alvo o matou. Veneno de basilisco é raro e mais raro ainda é seu antídoto. - eu também fiquei de pé, de frente com Rosier.
Santo deus, como Bells parecia com ele.
Como é que ninguém tinha percebido?!
- Lágrimas de fênix. - ele olhou para mim. - Vocês têm?
- Meu pai é mestre de poções. Eu pedi a ele. - Pontas disse, o mais calmo que conseguiu. - Eles iriam de qualquer forma. A outra opção era saquear Knockturn Alley.
- O que essa maluca certamente teria feito! - Evan jogou os braços para cima. - Há uma dezena de comensais por ali, Black! Iria até lá só para ser capturada!
- Eu não seria capturada.
Ele apertou a ponte do nariz, causando uma risadinha divertida a Cygnus:
- É ótimo como você é capaz de causar essas reações em todo mundo, Electra. - ele comentou, mordiscando uma varinha de alcaçuz.
- Onde estava com a cabeça? - Evan olhou para mim. - Você poderia ter sido morta e levado todos eles com você. - ele apontou o grupo enorme às minhas costas.
- Confie em mim, - eu trinquei os dentes. - eu briguei muito para que eles não entrassem comigo. James só foi porque não larga do meu pé.
- Vocês precisam se acalmar. - Regulus entrou no meio, empurrando Evan para longe e me puxou alguns passos para trás. - Você foi corajosa, mas insensata. É uma Black, sabe mais magia do que grande parte dos bruxos. O que estava pensando?
- Em destruir o desgraçado. - eu resmunguei e olhei meu irmão. - Mandamos Cygnus e Remus irem pesquisar sobre o basilisco, então sabíamos o que esperar.
- Era só levar um galo. - Aric jogou os braços para cima. Eu encarei Cygnus:
- Meu irmão - eu disse, seca. - só lembrou disso depois que tudo acabou.
- Eu tenho problema de atenção. - Cygnus ergueu as mãos, na defensiva.
- Não, não tem. E se usar esse argumento de novo - eu continuei encarando o garoto. - eu vou criar um problema de atenção só para você.
- De qualquer forma, - Evan continuou, como se não tivesse sido interrompido. - precisam abrir o jogo. Não conseguimos ajudar vocês se não nos contarem toda a verdade.
- Contamos tudo o que pudemos. - Anabelle disse, delicadamente.
- Não, não contaram. - Aric acusou. - Porque não tem razão alguma para você ser tão parecida com Evan.
- Geneticamente…
- Você está mentindo. - Aric Nott soou exasperado. - Seus olhos fazem a mesma coisa que os de Evan quando mente.
- O que querem saber? - eu perguntei, tão exasperada quanto. - Que Voldemort está prestes a tomar conta de tudo? Que estamos enfiados em merda até o pescoço? Que todos podemos estar mortos antes do final do ano?
- Queremos saber quem vocês são! - Evan gritou, passando as mãos pelo rosto, começando a andar de um lado para o outro. - Alphard não teve filhos.
- Nós…
- Está mentindo. - Evan girou nos calcanhares, olhando para mim. - Não posso confiar em você se nem sequer sei quem é!
- Sou sua neta! - eu gritei de volta.
A Sala Precisa ficou em silêncio completo - o único som era da madeira estalando na lareira e a minha respiração pesada, assim como a de Evan.
- Como é? - Evan Rosier me encarou, sério. James colocou uma mão sobre o meu ombros:
- Sente-se, Els. - ele disse, delicadamente. Evan tentou dar a volta por ele, mas Cygnus interceptou o Rosier:
- Electra tem muita magia. Se não se acalmar, metade disso aqui vai pegar fogo. - ele alertou. - Deem um minuto a ela. Nós assumiremos daqui.
- Como assim é minha neta? - Evan perguntou, olhando meu irmão. - Isso faz com que você também seja…
- Sim, faz. Electra é a mais velha, eu sou o do meio e Anabelle é a nossa caçula. - Cygnus fez com que Evan se sentasse. Regulus olhou para Sirius, que suspirou:
- Já estamos na merda mesmo. Sou o outro avô. - ele cruzou os braços atrás da cabeça, apoiando-se no encosto do sofá. - Sua sobrinha-neta me faz parecer um santo, Reggie. Eles sabem explicar melhor o que aconteceu.
Anabelle pigarreou, atraindo a atenção dos outros, enquanto James me oferecia água. Lily se aproximou, com uma tortinha de abóbora em mãos:
- Isso ia escapar em algum momento. Pelo menos foi aqui. - ela disse, sentando ao meu lado. James permaneceu na minha frente, ajoelhado e olhando para mim, procurando qualquer sinal de descontrole. Eu passei a mão pelos cabelos dele:
- Estou bem. De verdade. - eu disse, suavemente, arriscando um carinho na bochecha dele. James deu um beijinho na palma da minha mão, ignorando o olhar chocado dos outros bruxos na Sala Precisa. - Conte, Anabelle.
Minha irmã começou narrando os eventos que nos trouxeram até aqui - a runa desconhecida (e que eu ainda não tinha encontrado sob os tapetes), nossa conversa com Dumbledore, nossa decisão de ficar e lutar. Ela foi chegando ao final, explicando sobre as horcruxes, sobre como James e eu tínhamos explicado o conceito e os meios de destruir uma, sobre nosso planejamento para destruir a alma de Voldemort para, no fim, destruí-lo.
- Poderíamos ter saqueado o armário de Slughorn. - Aric disse, olhando minha irmã. - Para fazer um veneno sem antídoto.
- Todo veneno tem antídoto. - Al arrumou os óculos, distraído. - Alguns só são mais complexos e as pessoas decidem não fazê-los. Nós discutimos essa opção, inclusive. Saquear o armário de Slughorn, saquear Knockturn Alley atrás de ingredientes. Mas no fim, Els e James tinham razão em nos lembrar do tempo. Esse tipo de poção leva meses. E não temos todo esse tempo. A cada dia que passa, Voldemort fica mais poderoso.
- Então desceram até a Câmara Secreta. - Evan olhou para mim. - Você tem demais dele. - ele apontou para Sirius com a cabeça. - Um pouco de sensatez a deixará viva por mais tempo.
- Eu tenho sensatez. Mas situações drásticas necessitam de medidas drásticas. - eu disse, pacientemente. - Agora temos uma forma de destruir horcruxes.
- E sabem quais são? - Aric perguntou, sério. Enquanto Bells contava a história, os três tinham começado a comer, distraídos com a facilidade que minha irmã tinha em explicar a situação.
- Electra e James sabem. - Remus disse, bufando. - Não contaram a mais ninguém porque nós não somos maiores de idade.
- E eles são? - Aric ergueu as sobrancelhas.
- Eu faço dezoito no final de semana e Els na semana que vem. - James respondeu. - Nós somos do sétimo, não do sexto.
- Entendo. - Regulus pareceu interessado. - Por isso você tem tanto controle sobre eles.
- A regra é clara: os mais novos obedecem aos mais velhos. - eu sacudi os ombros. - É assim em minha família e na família de James.
- Que bom, então, - Evan se recostou na cadeira. - que como setimanista estamos no mesmo nível, Electra.
- Divertido, eu diria. - eu estreitei os olhos. Evan sorriu:
- Eu já tenho dezoito anos.
- Parabéns.
- Isso me dá autoridade sobre você.
- Nem meu pai tem autoridade sobre mim. - eu revirei os olhos. - Boa sorte em tentar.
Evan crispou os lábios, exatamente como eu fazia. Eu não desviei o olhar. Ele bufou, se recostando na poltrona e olhou para Sirius:
- Ela definitivamente tem o seu sangue. - ele ponderou. - Essa parte da ancestralidade de vocês deve ficar em segredo. O Lorde das Trevas destruiria a escola atrás de vocês.
- A gente imaginou. - Cygnus respondeu. - Agora que vocês sabem, o que queria discutir mesmo?
- A porra do diário. - Aric jogou um guardanapo sujo sobre a mesa. - Como iremos pegá-lo?
- Está em Grimmauld Place. - Regulus respondeu. - Minha mãe o guardou no cofre no quarto dela.
Eu praguejei baixinho, sacudindo a cabeça. O cofre da suíte principal tinha sido um dos poucos objetos que eu tinha sido incapaz de abrir ou arrombar.
- Sabe abri-lo? - Bells perguntou a Regulus, que acenou que sim:
- Magia de sangue. Precisa ser um Black. - ele respondeu, rapidamente. Eu franzi a testa:
- Eu estive em Grimmauld Place várias vezes, com meu pai…
- E sem ele. - Cygnus cantarolou. - E com James.
- E sem meu pai. Sei onde fica esse cofre, mas não pude abri-lo. - eu ignorei meu irmão veementemente. - E eu tentei usar meu sangue.
- Esteve colocando seu sangue em objetos de Grimmauld Place? - Sirius apertou meu ombro com força.
- Eu tinha quinze anos e estava passando por uma fase rebelde. - eu me defendi. - Papai sabe sobre esta parte e me levou até um curandeiro especialista em maldições, ele disse que estou limpa.
Rosier sacudiu a cabeça, passando a mão no rosto:
- É impossível que você seja minha. - ele soou exasperado. - Esses dois sim. - Evan apontou os gêmeos. - Mas você…
- Ela vai se provar mais Rosier, não se preocupe. - Cygnus deu tapinhas no ombro do nosso avô.
- Talvez não tenha aberto porque Sirius foi deserdado. - Aric comentou. - Você tem o sangue, mas não…
- Não tenho a herança. - eu concordei. - Faz sentido. O problema é que, de todos os Black presentes, apenas Regulus não foi deserdado. E ele é menor de idade.
- E o único com acesso irrestrito à Mansão. - Regulus lembrou. Eu franzi o nariz. - É impenetrável…
- Electra já provou que não. - Sirius sacudiu a cabeça, mordendo um sanduíche com violência. - Ela invadiu a mansão com Potter.
- Quando? - Evan franziu a testa.
- No meu tempo. Está basicamente abandonada, mas os feitiços antigos são mantidos, assim como novos feitiços colocados por meu pai. - eu expliquei. - Tem uma entrada secreta.
- Você é um pesadelo. - Aric Nott disse, com admiração. Rosier sacudiu a cabeça:
- Isso não é bom, Aric. Ela vai morrer.
- Só se me pegarem. - eu mordi mais uma tortinha de abóbora. - Consigo entrar, mas vou precisar de ajuda para abrir o cofre.
- Ela vive enfiada no quarto. - Sirius bufou.
- Mas nunca sobe durante o jantar de natal. - Regulus ponderou, trocando um olhar de expectativa comigo. - Podemos criar um plano com base nisso.
- Exceto que a Mansão está cheia de todos os Blacks existentes durante o Natal. - Sirius lembrou. - Els já é conhecida como Srta. Black, já é sabidamente grifinória e há boatos de namoro com um Potter.
Eu arregalei os olhos e Sirius fez um aceno de descaso:
- Não desmenti. - ele disse, displicente. - Electra basicamente fechou todos os critérios de Walburga para considerar deserdar a garota. Não poderá entrar pela porta da frente.
- Não preciso entrar pela porta da frente. - eu revirei os olhos. - Mas Monstro deverá manter o bico fechado.
- Monstro não será problema. - Regulus garantiu. - Eu estarei lá, assim como Aric e Evan. Vocês terão nossa ajuda.
- Nós iremos nos expor diante de Belatriz e de toda a sua família. - Aric disse, pacientemente. - Nosso segredo irá ser descoberto.
- Vocês irão embora conosco. - eu disse, suspirando. - Estarão todos lá?
- Sim. Nossas famílias são muito próximas. As festas de Natal dos Black são famosas. - Evan se inclinou na minha direção. - Estaremos lá, com Regulus e você.
- Espere um minuto. - Sirius ergueu a mão. - Eu estarei lá. Completo dezessete anos em novembro.
- E Bells e eu também. - Cygnus disse, ansioso. - Teremos um mar de deserdados naquela Mansão mofada.
- É muita gente.
- Não estaremos todos juntos. Precisamos de um plano sólido. - Bells ponderou. - Os três estarão na festa. Nós estaremos escondidos. Como iremos nos comunicar?
- O feitiço de Proteu. - Lily disse, quando o silêncio ficou longo demais. - Ainda não o dominei, mas posso treinar mais. Estávamos pensando em fazer um método de comunicação usando esse feitiço, para nos comunicarmos com vocês. - ela olhou os três sonserinos, que acenaram com a cabeça.
- O feitiço de Proteu é complexo. - Nott ponderou. Lily sacudiu os ombros:
- É divertido. - ela disse, displicente. - Bells e eu vamos trabalhar juntas nisso. Temos até o último dia antes dos feriados para termos tudo pronto.
- Tempo suficiente. - Aric ponderou. - Vou ajudar vocês com isso.
- Ótimo. - Bells sorriu.
- Nós planejaremos a invasão. - Sirius olhou o irmão caçula, que sorriu, concordando com a cabeça. - Rosier?
- Electra e eu - Evan olhou para mim. - vamos nos juntar aos Potter para discutir como resolver essas horcruxes.
- Já temos o veneno. - eu lembrei.
- Mas só sabe o paradeiro de uma. - ele revirou os olhos.
- São cinco. Sabemos de quatro. - James corrigiu. Remus deu um grito indignado, mas James ergueu a mão. - Uma delas está na escola e estamos nos organizando para destruí-la. As demais - ele olhou o grupo que parecia estupefato. - estão cercadas do pior tipo de magia negra. Vamos ter que nos preparar para pegá-las.
- Vamos, então, focar nessa horcrux na escola e no livro. - Evan olhou para mim. - Você sabe duelar?
Eu engoli em seco.
