ELECTRA ADHARA BLACK

No dia seguinte, depois das aulas, eu consegui conversar com McGonagall. Ela estava sentada à mesa do escritório dela, corrigindo algumas tarefas. Eu bati na porta entreaberta, esperando que ela me permitisse entrar.

Hoje eu estava acompanhada apenas de Anabelle e Alvo, os demais tendo acompanhado James até o jantar. O par tinha se voluntariado, alegremente, para me acompanhar até a sala de Minerva - que me deixou surpresa, porém eu disfarcei da melhor forma possível.

- Com licença, professora. - eu disse, incerta. Minerva olhou para nós três, erguendo a sobrancelha em seguida:

- Claro. Sentem-se, os três. - ela acenou com a varinha e uma terceira cadeira, idêntica às outras duas, apareceu à esquerda. Eu peguei a cadeira da direita, Bells ficou no meio e Alvo ficou à esquerda.

Eu apontei com a varinha sobre as costas, para a porta fechada, conjurando um feitiço para silenciar a saída de qualquer som dali de dentro.

- O que há? - ela perguntou, descansando a pena, nem um pouco abalada com o feitiço silencioso que eu tinha conjurado.

- Os dois vieram de adereço. - eu apontei para a dupla à minha esquerda, arrancando um sorriso resistente da professora. - Não querem que eu ande sozinha. Mas venho aqui para pedir um favor.

- O treinamento de vocês? - ela perguntou. Eu franzi o nariz:

- Optamos por deixar isso para depois do Natal. - eu disse, vagamente. Os treinos com Evan já eram difíceis demais. Eu nem queria saber o que ela tinha na manga para gente. - Queria falar com o Professor Dumbledore.

- Sobre sua… Tarefa? - ela perguntou, cuidadosamente.

- Sim. Sobre Alquimia, achamos um jeito de fazer o que ele quer. - eu disse, tentando soar menos ansiosa do que me sentia. - Também queria discutir… Bem, o restante. Temos que mudar algumas coisas. E eu preciso passar mais algumas novas informações à ele.

- Falarei com ele hoje, depois do jantar. - ela disse, recostando na cadeira. - Achou uma forma?

- Uma runa. Bem, uma Runa nova. - eu franzi o nariz e a professora pareceu não entender exatamente o que eu queria dizer. Antes que eu pudesse falar, Alvo abriu um largo sorriso:

- Els vai criar uma nova Runa. - ele soou cheio de expectativa. - Ainda não sabe exatamente como começar, mas sabe o que tem que fazer.

- Uma nova runa? - McGonagall me encarou, surpresa. Eu encolhi os ombros:

- Vou ter que criar uma usando de base outras runas.

- Isso é Magia Ancestral. - a voz dela falhou.

- Sim. - eu encolhi os ombros. - É a única forma que encontrei, depois de saquear a seção reservada.

- Já devolveu os livros para Pince? - Minerva perguntou, severa. Eu corei:

- Vou devolver. - eu respondi, sem dizer exatamente quando.

Ela não precisava saber que o livro iria comigo para a Mansão Potter. Minerva pareceu ler nas entrelinhas, mas não questionou mais.

- Algo mais importante? - ela perguntou, por fim. - Além disso tudo, claro.

- Só… Vamos dar alguns nomes a Dumbledore. - eu encolhi os ombros. - E pedir ajuda com uma coisinha ou outra.

Ela devia saber que eu não podia dar muitos detalhes por enquanto. Porém, aquela resposta pareceu ser o suficiente para ela.

- Direi a ele que seja rápido. - Minerva cedeu. - E seus estudos? - ela encarou a duplinha sonserina à minha esquerda. - Já dominaram algumas técnicas. Algumas das quais foram mais rápidas do que eu esperava.

Os dois imediatamente me olharam, sendo imitados pela professora. Eu franzi o nariz:

- Eu ensinei uma coisinha ou outra para eles. Nada demais. - eu me defendi. - Precisamos ir jantar.

- Sim, sim. Vão. - ela sacudiu as mãos, acenando para que saíssemos. - E se comportem.

- Iremos. - eu prometi, ficando em pé. Os dois me imitaram e a professora sorriu:

- Não esqueçam da tarefa de amanhã.

Eu engoli em seco, depois de me despedir da professora com a voz trêmula.

Que tarefa?


- Que tarefa de Transfiguração? - eu sibilei para Alvo e Anabelle, andando com pressa até o Salão Principal. Os dois apertaram o passo para me acompanhar:

- Ela deu faz um mês. Sobre animagos. - Anabelle respondeu, distraída. - Você ainda não fez?

- Eu esqueci! - eu guinchei, horrorizada.

Merlim, lá se vai mais uma noite de sono.

- Podemos falar com você? - Al segurou meu cotovelo, me impedindo de continuar andando. Eu fechei os olhos, sacudindo a cabeça:

- Al, eu preciso jantar porque vou passar o restante da noite e a madrugada fazendo esse trabalho. Ela vai querer diversas fontes e eu vou ter que ir para a Biblioteca… Graças a Merlim eu tenho aquele bilhete do Dumbledore…

- É importante. - Bells insistiu, me interrompendo. Eu respirei fundo, olhando os dois:

- É do namoro?

Os dois ficaram pálidos imediatamente. Bells gaguejou:

- Como sabe?

- James e eu sabemos. Quando chegamos na escola e nós fomos na biblioteca, - eu disse, vagamente. - ouvimos vocês passarem rindo e falando que Cygnus não podia desconfiar de vocês.

- Onde vocês estavam? - Al franziu a testa. Eu corei:

- Nós nos escondemos. - eu respondi, vagamente. - É isso?

- Sim, é. - Bells soltou o ar que segurava. - Como contaremos a ele?

- Sei lá. - eu sacudi os ombros. - Cyg é tranquilo. Não vai arrancar a cabeça do Alvo.

- É fácil dizer porque não é você! - Al disse, indignado. - Acha que James pode me ajudar?

- Acho que, se você tem tanto medo do Cygnus, deixe que Bells e eu contaremos a ele. Você conta para o seu irmão. - eu respondi, paciente. - Mas Cygnus pode ficar chateado se souber que eu sabia muito antes dele.

- Eu conto para Cyg. - Bells acenou com a cabeça. - Bem longe de você. - ela olhou Al, que fez um carinho na bochecha dela.

Eca.

- Não faça essa cara. É a mesma coisa que você e James e todo aquele carinho. - Alvo disse, seco. - E o beijo?

- Que beijo? - Bells perguntou, curiosa. Eu corei:

- James contou?

- James beijou você? - Bells me encarou, os olhos azuis brilhando de expectativa.

- Sim, e é complicado e não vou me prolongar. - eu cortei o assunto. - Resolvam isso com James e Cygnus. Mas se meu irmão questionar, - eu olhei o casal, séria. - diga a ele para vir a mim. Diga que eu estou ciente e não vi problemas e que se ele quiser brigar, que venha a mim.

- Você é um anjo. - Bells me abraçou com força e deu um beijo estalado na minha bochecha. Alvo riu, me abraçando assim que minha irmã me soltou. - Agora vamos. Você precisa jantar e terminar sua tarefa.

- Eu nem comecei. - eu lamentei.

Os dois caíram na gargalhada. Anabelle enganchou o braço no meu e me arrastou para o Salão Principal, com Alvo nos seguindo de perto.


Eu realmente tinha sido a única a esquecer da tarefa de Transfiguração. James estava ocupado, resolvendo alguns detalhes da nossa caçada à Horcrux no sábado, de modo que minha companhia para a biblioteca tinha sido Sirius.

Ainda era cedo e ele podia sair. E Pontas havia dado a capa para ele, para se esconder depois de Pince colocar todos para fora e continuar me fazendo companhia depois da bibliotecária ir embora.

James, apesar de não poder me acompanhar dessa vez, tinha me entregado a própria redação - ele disse que sabia que eu faria a minha própria, mas caso cansasse, podia usar a dele de exemplo e copiar parcialmente.

- Como você esqueceu? - Sirius questionou, girando a varinha entre os dedos. Ele lia um resumo que eu tinha feito sobre Fogo Maldito, tema das aulas de DCAT.

- Aquela maldita runa. - eu resmunguei, folheando um livro de Transfiguração com pressa. - Me ocupei com Alquimia e Transfiguração caiu para segundo plano.

- Pobre Electra. - ele brincou. - Tão ocupada criando magia que esqueceu de uma simples redação.

- Slughorn me daria um dia a mais. Talvez dois. McGonagall vai é comer o meu fígado acompanhado por cebolas caramelizadas e cerveja amanteigada. - eu bufei, arrancando uma risada alta do meu avô. Pince pigarreou alto, andando entre as mesas. - Estou errada? - eu olhei para Sirius, que sacudiu a cabeça:

- De forma alguma. - ele revirou os olhos. - O que quer saber sobre animagos? - Sirius perguntou, sugestivo.

Ele poderia me dar todos os detalhes, mas ainda assim… Eu precisaria de fontes.

- Quanto tempo leva em média?

- Alguns meses.

- Muito vago.

- Não posso ser mais específico, posso? Não sou animago. - ele disse, inocentemente.

Foi a minha vez de rir.

- Justo. - eu dei uma piscadela. - Você já fez essa tarefa. Pegue alguns livros para mim, então, Sirius. Por favor.

- A caminho! - Sirius pulou de pé, fez uma mesura para mim, e saiu assobiando em direção à seção de Transfiguração.

A única coisa que o deixava tranquilo em me deixar sozinha no meio da biblioteca, era que Aric Nott e Evan Rosier estavam sentados a algumas mesas de distância - e nós dois sabíamos que eles me ajudariam caso alguém tentasse alguma coisa.

- Esse foi o mais útil. - Sirius jogou um livro sobre a mesa, dando uma piscadela para mim. - Diz todo o processo e também os riscos. Vai encaixar certinho no que você precisa.

Eu puxei o livro para perto, depois de murmurar um agradecimento: Um Guia Avançado para Transfiguração Humana.

Exatamente o mesmo livro que eu tinha usado para começar minha redação de setimanista e questionar alguns dos processos para se tornar um Animago.

Perfeito.

- Obrigada. - eu comecei a folhear o livro tão bem conhecido por mim.

Eu sabia, sim, os detalhes de se tornar um Animago. A questão era que tudo estava na minha cabeça, não haviam fontes e, por pior que fossem as fontes, eu precisava colocá-las no final da redação. Além do mais, os meus pensamentos já estavam bagunçados com todos os questionamentos que eu tinha levantado durante meu breve período como setimanista - eu ia acabar falando algo que eu mesma tinha pensado e discutido com Minerva no futuro e que me faria perder muitos pontos quando ela simplesmente queria que eu fizesse um resumo para ela.

Sirius voltou a ler meu resumo de Fogo Maldito e eu afundei na redação.


Na manhã seguinte, eu estava exausta. Sirius tinha me acompanhado fielmente até às três e meia da manhã, quando eu me arrastei de volta para o Salão Comunal e fui dormir as poucas horas restantes até ter que me arrumar para a aula de McGonagall, a primeira do dia.

Cygnus tinha se compadecido tanto comigo que me carregou nas costas até o Salão Principal, ignorando os meus pequenos cochilos no ombro dele. Anabelle tinha me enfiado café goela abaixo - tinha resolvido a sonolência, porém minha atenção estava em frangalhos.

Além do mais, James havia recebido um bilhete de Dumbledore durante o café, para que nós dois o encontrássemos no escritório dele às sete da noite de hoje.

- Só pode ser brincadeira. - Remus pareceu chocado quando eu entreguei o calhamaço de pergaminho que continha a minha redação com três referências.

- Era um resumo, Electra, não os detalhes mágicos da coisa. - Anabelle resmungou, azeda, entregando suas modestas três páginas.

- É por isso que ela ficou até às três e meia. - Sirius bocejou, depois de entregar a tarefa para McGonagall, que me olhou, severa. - Ela só queria terminar, professora. Els disse que o professor Dumbledore está pegando muito pesado com Alquimia.

- Não sabia que era Dumbledore que dava as aulas para você. - Pettigrew disse. Hoje ele havia se apossado do meu lado esquerdo, enquanto James espumava à minha direita.

- É por isso que ele fica no nosso pé. - eu respondi, suspirando. - Alquimia já é complicado e ele tem tanta fé na nossa capacidade… - eu lamentei, sacudindo a cabeça.

Nem eu sabia se ia conseguir desfazer o que havíamos feito. Alvo pesquisava sobre poções que se convertiam em tinturas no final do processo - ele ainda não tinha achado nada e eu sabia que ele estava agitadíssimo com isso - ele nunca tinha falhado em um pedido feito pelo irmão mais velho e estar falhando em um momento crucial o deixava, no mínimo, irritado.

- Mas que tarefa é essa que ele pediu? - Peter questionou, tentando parecer apenas curioso. - Eu vejo sempre você falando, mas nada muito específico.

Eu ponderei por uns segundos:

- Já ouviu falar da Panacea? - eu olhei o garoto. Aquela era, de fato, nossa tarefa de sétimo ano de Alquimia. Criar a Panacea ou chegar o mais próximo possível disso.

Pettigrew sacudiu a cabeça, negando.

- É uma substância que, em tese, pode ser criada através da Alquimia. Ela seria capaz de curar toda e qualquer doença, seja ela trouxa ou bruxa. - eu expliquei. - Alguns alquimistas chegaram perto, mas ninguém conseguiu finalizar. Envolve poções, runas, transfiguração, feitiços complexos… É um projeto que se estenderá até nosso sétimo ano. Até o final do termo, James e eu devemos ter chegado a pelo menos um consenso.

- E por que ele quer isso, de todas as coisas? Poderia criar a Pedra Filosofal, como Flamel. - Pettigrew jogou as mãos para cima. Minerva ainda coletava as tarefas e ouvia com atenção nossa conversa.

- Porque Flamel já fez isso. Que graça teria copiar alguma coisa? - eu revirei os olhos. - James e eu estamos quebrando a cabeça com isso.

- Sem contar a crise de espirros por causa dos livros velhos. - James emendou, distraído. - Pobre Electra. Estava lacrimejando e com os olhos vermelhos. - ele provocou.

Eu dei uma cotovelada nas costelas de James:

- Você não estava muito diferente. - eu me ajeitei na cadeira, observando a professora retornar ao pequeno palanque na frente da turma. - Vamos prestar atenção. - eu acelerei os dois garotos e comecei a anotar a aula.


- Panacea? - James jogou a mochila na mesa, depois de nós dois nos enfiarmos na Sala Precisa, assim que conseguimos escapar dos outros.

- Tecnicamente, é o nosso projeto. - eu me defendi. - Eu entrei em pânico.

- Espero que ele tenha caído. - James passou a mão pelos cabelos. - E que Voldemort também caia.

Eu acenei com a cabeça, me jogando em uma poltrona fofa, tampando a boca para bocejar.

- Ficou realmente até às três e meia? - James perguntou, deitando no sofá próximo. Eu acenei que sim:

- Eu nem sabia dessa tarefa, James. - eu lamentei. - Fiz tudo ontem.

- Aquele bolo de pergaminho foi feito ontem?! Do zero? - James pareceu indignado. Eu acenei que sim:

- Minha letra ficou horrível, mas era legível. - eu suspirei. Ele sacudiu a cabeça, rindo:

- Você é incrível. - ele disse, carinhoso. - São cinco e meia, Els. Quer cochilar enquanto não vamos encontrar Dumbledore?

A minha resposta foi simplesmente transformar a poltrona em que estava jogada em uma cama fofa e puxar um cobertor fino, cobrindo até a minha cabeça.

James riu alto e, depois, ficou em silêncio.

Eu apaguei.


JAMES SIRIUS POTTER

Electra dormia a sono solto, segurando o cobertor cor-de-rosa como se fosse um bichinho de pelúcia. Eu não queria acordá-la, mas já eram seis e meia - e a caminhada até o escritório de Dumbledore levaria um tempo extra, já que ela estava se arrastando desde a manhã.

Electra resmungou quando eu a acordei, mas aceitou o copo de água que eu ofereci junto do sanduíche cortado em triângulo. Ela comia com uma expressão sôfrega, como se estivesse fazendo um esforço descomunal.

- Há quantas noites não dorme mais do que algumas poucas horas? - eu questionei, depois que ela espanou as migalhas da blusa e ficou de pé. Electra suspirou:

- Não sei mais. Só sei que entre as tarefas e pesadelos, tenho dormido bem mal. - ela ponderou. Eu arrisquei um carinho na bochecha dela, que Els aceitou de bom grado:

- Vai acabar doente. - eu lembrei, delicadamente. - Depois de Dumbledore, iremos à Pomfrey, pedir uma poção para você dormir e um bilhete médico para poder descansar até sexta-feira.

- Eu não posso perder tantos dias…

- Se vamos caçar o diadema, você precisar estar na sua melhor condição. - eu interrompi. Els franziu os lábios, mas acenou com a cabeça, concordando a contra-gosto. - Vamos. Temos que reportar a Dumbledore.

Electra suspirou, aceitando a mão que eu oferecia e deixou que eu a levasse até o escritório do diretor. A nossa pequena caminhada foi feita em silêncio, com Electra parecendo taciturna, e eu prestando atenção em qualquer coisa fora do lugar. Mas, além de Pirraça (que saiu voando com pressa assim que nos viu), ninguém suspeito deu as caras perto de nós.

- Tortinha de Abóbora. - eu disse, quando chegamos à escadaria e puxei Els junto comigo assim que a estátua nos deu passagem. A porta estava entreaberta, desta vez, e eu pude ouvir Minerva argumentando com Dumbledore:

- Pettigrew está olhando os dois mais velhos. James e Electra tiveram que inventar uma nova tarefa. - ela soava entre preocupada e irritada. - Devemos fazer algo a respeito do garoto, Alvo…

- Ele ainda é menor de idade, Minerva. - o diretor pareceu paciente. - Tentaremos fazê-lo ver a luz.

- Boa noite. - Electra empurrou a porta, assustando os dois bruxos mais velhos. Minerva franziu os lábios e Dumbledore acenou com a cabeça:

- Boa noite, Srta. Black. Boa noite, Sr. Potter. - ele apontou as duas cadeiras fofas na frente da mesa dele, ao lado de McGonagall. Eu enfiei Els na cadeira do meio e sentei à esquerda dela. - A professora McGonagall estava me relatando que Peter Pettigrew estava perguntando aos senhores qual tarefa lhes passei.

- Sim. Ele queria saber o que o senhor nos pediu. - eu respondi, suspirando. - Electra disse que estamos trabalhando na Panacea.

O professor ergueu as sobrancelhas:

- A Cura para Todas as Doenças. - ele ponderou, interessado. - Vocês realmente estudaram Alquimia, não é?

- A Panacea é nosso trabalho de NIEMs, no nosso ano. Se ele perguntar, vou saber enrolar. - Els encolheu os ombros. - Era mais seguro do que dizer Pedra Filosofal. Voldemort já tentou usá-la uma vez.

- Pensamento rápido. - eu sorri para Els, que sorriu de volta, mas voltou a olhar o professor. - Precisamos de sua ajuda, professor. Professora Minerva, se quiser nos ajudar também…

- Claro. - Minerva se aprumou na cadeira. Electra respirou fundo:

- Bem, Pettigrew desconfia de nós. Quer dizer, ele acha que algo está estranho e que o senhor tem prestado muita atenção na gente. - ela apontou para si própria e para mim. - Desviei do assunto dizendo que era sobre Alquimia e que estamos tentando criar a Panacea. Não sei se ele caiu, mas foi o melhor que pude em alguns segundos.

- Tudo bem. Foi uma boa escolha. É um tema complexo e longo, nem ele e nem Voldemort terão paciência de ler a respeito. - Dumbledore acenou com a cabeça. - Algo mais?

- Vamos sair para as férias no dia 20 de dezembro. - eu olhei o diretor. - Tínhamos o plano de evacuar as famílias nesse dia, certo?

- Certo. - Minerva concordou. - Precisaremos agir antes?

- Mais tarde, na verdade. - eu suspirei. - Temos um combinado a cumprir no dia 21 de dezembro. Se retirarmos as famílias no dia 20, isso tornará tudo muito suspeito e o combinado seria mais complicado do que já será.

- E o que é este combinado? - Dumbledore me olhou, severo. - Envolve algo a respeito das Horcruxes?

- Mais ou menos. - Els disse, meneando com a cabeça. - Precisamos de acesso a um lugar em específico, que só permite a entrada de pessoas da minha família. - ela mentiu parcialmente. - Vamos utilizá-lo para resgatar algumas informações e nossos informantes.

- Irão a Grimmauld Place. - Dumbledore acertou em cheio. Electra trincou os dentes:

- Sim. James ficará de tocaia, com Alvo, e eu vou entrar. Com Sirius, Cygnus e Anabelle. - ela respondeu, novamente mentindo com facilidade.

- Certo. E o que pretendem buscar lá? - Dumbledore questionou, severo.

- Alguns livros da Mansão. Já temos um plano parcialmente arquitetado, estamos trabalhando nisso…

- Nos deixem ajudá-los. - Minerva interrompeu, colocando a mão sobre o antebraço de Electra. A garota olhou a professora, sacudindo a cabeça:

- É arriscado demais até para mim, que tenho o sangue Black. Para qualquer outra pessoa, será quase impossível. - ela explicou, com delicadeza. - Preciso de acesso à biblioteca pessoal de Walburga e Orion. E isso significa magia de sangue.

- E vai brincar com isso? - McGonagall encarou a garota, com os lábios franzidos. Els encolheu os ombros:

- Walburga está criando um caminho que já conheço. - ela disse, séria. - Eu já estive lá, já quebrei esses feitiços. Só preciso de tempo. E já será arriscado o suficiente com tantos de nós, porque ninguém me deixa fazer nada sozinha, então levar mais membros da Ordem só vai chamar mais atenção e eu definitivamente não quero isso.

- E o que devemos fazer, então? - Minerva olhou Dumbledore, que encarava a garota, pensativo:

- Posso ajudá-la, Electra. Se me permitir.

- Sua magia é muito forte. O seu traço mágico é muito marcante. Posso rastreá-lo a quilômetros de distância.

- E a sua não é? - ele esboçou um sorriso.

- Eu nem existo aqui. - Els encolheu os ombros. - Sou mais difícil de ser rastreada. Se querem nos ajudar, façam alguma coisa longe. Que mantenha Voldemort e seus seguidores ocupados. Iremos na madrugada do dia 21 para o dia 22. Ainda vamos definir o horário, mas comecem a organizar a retirada das famílias para esse período.

- Tudo bem. Se pensa que essa é a melhor tática. - Dumbledore cedeu. - Iremos organizar um evento para mantê-los ocupados. Algo mais?

- Nossas fontes são Regulus Black, Aric Nott e Evan Rosier. - eu olhei o diretor. Minerva pareceu chocada, colocando a mão sobre a boca. - Também não esperávamos por isso, mas, bem… Eles estão conosco e estarão em Grimmauld Place, para nos ajudar e também para escaparem de Voldemort. Ele quer Marcar Nott e Rosier no dia 22.

- Mas se não podemos entrar com você, como irá retirá-los? - Minerva olhou a garota, suspeita. Els encolheu os ombros:

- Entrar é mais difícil do que sair. Se eu precisar explodir a porta principal daquela mansão xexelenta para sair, eu vou explodir a porta principal. Se conseguirem manter os outros comensais ocupados, conseguiremos sair de alguma outra forma menos… Bem, menos caótica. Esse será nosso plano B.

- Algo mais? - Dumbledore olhou Electra. - Está muitos passos à frente do que pensei que estaria.

- Bem, o problema do basilisco já foi resolvido. Agora temos que pegar as Horcruxes de fato. - ela sacudiu os ombros. - Quero saquear aquela biblioteca atrás de informações a respeito disso. Se eu souber o que procurar, vai ser mais fácil de encontrar as que não sabemos a localização. - ela ponderou. - E há uma seção de Magia Ancestral, Alquimia e Runas. Preciso de alguns livros.

- Então vai invadir Grimmauld Place, que é conhecida por ser impenetrável, enganar Walburga e Orion Black de alguma forma, roubar livros e sequestrar três garotos puro-sangue? - Minerva nos encarou, séria. Ela sacudiu a cabeça. - Seria mais seguro se fizessem isso em tempos separados.

- Não vou arriscar ter os meninos Marcados. E depois que as famílias forem escondidas, eles saberão que estamos nos mexendo. - eu justifiquei.

- E Grimmauld Place só é impenetrável para aqueles que não conhecem seus segredos. - Els respondeu, sabiamente.

- E a senhorita conhece? - Dumbledore pareceu severo. Els se inclinou na direção da mesa do diretor:

- Professor, com todo o respeito, eu conheço a minha família. Estive em Grimmauld Place mais vezes do que pode imaginar, lidei com mais coisas lá dentro do que eu mesma gostaria de admitir. Sei o que me aguarda lá dentro. Os garotos vão anular Orion e Walburga, deixando o caminho livre para nós.

- E se falharem?

- Eles não vão falhar. - Electra disse, com convicção. - Temos algumas cartas na manga. Na pior das hipóteses, se absolutamente tudo der errado, iremos partir para a fase dois.

- Fase dois? - Minerva franziu a testa.

- Eu sou muito boa com Confringo. E as paredes de Grimmauld Place são bem velhas. - Els disse, com simplicidade. - Não quero chamar mais atenção do que precisaremos, mas se esse for o caso, lidaremos com tudo conforme acontecer. Mas, caso precisemos de ajuda…

- Devem nos comunicar. Iremos a vocês imediatamente. - Dumbledore respondeu, quando Els pareceu incerta. - É um plano arriscado, srta. Black. Certamente audacioso. Mas se der certo, terá resgatado seus amigos e conseguido seus livros.

E uma Horcrux.

- Também chegamos a um lugar na pesquisa da Runa. - eu olhei o diretor, sério. - Bem, Electra chegou. Ela falou um monte de coisa e eu só concordei.

Um sorriso apareceu no rosto de ambos os professores e Dumbledore se voltou para Electra, que pigarreou:

- Há uma forma e é basicamente o que eu tinha pensado no começo. - ela disse, pacientemente. - Preciso criar uma nova Runa Ancestral. Mas isso requererá muita magia poderosa, alguns feitiços mais do que complexos e poções. A tinta para a criação da Runa deve ser feita a partir de uma poção que tem como produto final uma tintura. Precisamos escolher bem os ingredientes. Será uma Runa Principal, criada do zero, baseada nas Runas Ancestrais originais.

- Isso é magia mais do que avançada, Srta. Black. Em todo meu tempo de ensino, jamais presenciei algo do tipo. - Dumbledore disse, sério. - Posso ajudá-la, claro. Talvez conversar com Nicolau Flamel, se desejar.

- Li a maior parte dos trabalhos publicados por ele. Não encaixa no que precisamos. - Els passou a mão pelo rosto. - Talvez Paracelsus. - ela disse, pensativa. Eu olhei Minerva, sobre a cabeça de Els:

- Eu disse que ela era esquisita.

- Cale a boca. - Electra me deu uma cotovelada, arrancando uma risadinha da professora. - De qualquer forma, os trabalhos que fazem a ligação entre Magia do Tempo, Runas e Alquimia é escasso. Estaremos criando alguma coisa do zero, praticamente.

- Vai precisar criar um mandala. - Dumbledore disse, sério. Electra acenou com a cabeça:

- Pensei nisso, professor. No centro do mandala ficará essa Runa que irei criar. Nos outros espaços, Runas que remetam ao que desejo realizar. - ela tamborilou os dedos no braço da cadeira, distraída. - Estou trabalhando nisso.

- E é por isso que deixou minha redação para última hora? - Minerva encarou a garota, séria. Els corou:

- Desculpe. Fiz meu melhor.

- Foi a melhor redação que li em alguns anos. - Minerva disse, séria. Electra sorriu. - Vou liberá-los das tarefas de Transfiguração para focarem nessa nova Runa que irão criar. Vão precisar de muita transfiguração avançada e acho que posso ajudá-los com isso.

- Obrigado, professora. - eu pigarreei. - Vou tentar não deixar óbvio que tenho uma tarefa a menos.

- Eu preferia ter a tarefa de transfiguração do que criar uma Runa nova. - Els fez um muxoxo. - Mas será ótimo. - ela olhou para o diretor, por fim. - Estamos chegando a algum lugar, mas isso pode levar meses, talvez anos.

- Irei procurar em minha própria biblioteca algo que possa ajudá-los. - Dumbledore prometeu. - Há algo mais?

- Não. Devemos saber de algo? - eu olhei o diretor, que sacudiu a cabeça:

- Voldemort recrutou alguns ex-alunos. - ele disse, soando triste. - Mas é o que esperávamos. Vamos tentar impedir o avanço dele de uma forma mais sutil até conseguirem finalizar este plano na madrugada do dia 22 de dezembro. Depois, teremos espaço de agir em campo aberto.

- E aí a guerra começará de fato. - eu olhei o diretor.

A expressão de Dumbledore me dizia o suficiente:

A guerra já havia começado. E nós estávamos correndo contra o tempo.