Electra Adhara Black

A semana foi cheia.

Dumbledore nos chamou para uma reunião de emergência, querendo saber sobre a nossa evolução com Alquimia e, também, se tínhamos mais informações. James e eu comunicamos sobre os alunos que estavam mancomunados com Voldemort e também que alguns estavam de olho em nós a pedido dele. Aquilo pareceu acender um certo alarme na cabeça de Minerva e Dearborn, mas nós garantimos que iríamos nos defender conforme o necessário. E que, apesar de todos os olhares, nenhum deles sequer dirigiu a palavra a nós, então estávamos mais tranquilos.

Nós tínhamos mantido os planos para a evacuação simultânea ao ataque a Grimmauld Place, coisa com a qual Dearborn estava concordante, porém tinha sido bem claro: estaria a postos para nos ajudar se precisássemos assim que movesse a família Evans. Os Prewett também tinham concordado, garantido que iriam levar os Weasley para a Mansão Potter para apresentá-los a nós - Molly e Arthur já tinham Bill, Charlie e Percy - e Al e James estavam ansiosos em conhecê-los e contar nossa história antes de serem enviados para uma casa segura.

Havia, também, a questão da maldita runa. Dumbledore me deu mais livros a respeito de criação de runas e também sobre Alquimia, dizendo que tinha passado por eles antes de me entregar - havia muita informação útil ali, de acordo com ele. Eu aceitei os livros de bom grado - toda e qualquer ajuda era mais do que bem-vinda.

Por fim, chegamos ao final de semana.

James e eu concordamos que não havia necessidade alguma de levantar antes das dez da manhã no sábado - era nosso dia livre e podíamos fazer o que quiséssemos. Hoje, em específico, não iríamos ler sobre runas, mandalas, tinturas ou o que quer que fosse relacionado ao nosso retorno ao nosso tempo ou a guerra iminente.

Nós seríamos apenas James e Electra indo passear em Hogsmeade como um casal qualquer.

Um casal de amigos qualquer.

Aquele beijo ainda me assombrava, mas se James não diria nada, eu também não. Podia ter sido só um impulso dele, sem sentimentos envolvidos, mas ainda assim tinha sido um beijo do garoto por quem eu estava apaixonada.

Mesmo garoto que estava indo para uma guerra de cabeça erguida na tentativa de salvar a própria família e, de quebra, a minha também.

Aquilo não ajudava em nada os meus sentimentos por James.

Anabelle e Lily saíram cedo: Bells animada para o encontro oficial com Alvo no Puddifoot. Lily iria com os garotos para o Três Vassouras. Pettigrew tinha ido visitar a mãe no final de semana - eu já estava cansada das mentiras dele, mas fingia simpatia.

Então, quando eu me levantei da cama, por volta das dez da manhã, o dormitório estava vazio, o que me permitia tomar um banho demorado, arrumar os cabelos, ajustar a roupa escolhida para o dia - uma calça escura, sapatos escuros e um casaco longo, mais próximo possível de vestes trouxas.

James me esperava pacientemente no Salão Comunal quando eu desci, sentado em uma das pequenas mesas redondas da Grifinória, e sorriu quando me viu.

Ele, para o meu desespero, tinha optado por vestes bruxas completamente negras, acompanhadas por botas da mesma cor.

Por que, por que, ele tinha que tornar tudo tão difícil?

- Eu deveria subir e trocar de roupa? - eu olhei James, que riu, sacudindo a cabeça:

- Está bonita, Els. Não precisa se trocar para combinar comigo. - ele ofereceu o braço. - Já são quase onze da manhã. Quer pular o café e ir direto para o Três Vassouras comer alguma besteira e tomar cerveja amanteigada?

- Sim. - eu aceitei o braço dele, sorrindo para o Potter. - E depois iremos ver as penas. E eu preciso de vestes novas.

- Para o Natal?

- Sim. Mas queria algo mais resistente. Sabe, para durar mais tempo. Papai não está aqui mais para bancar as coisas e eu preciso pensar mais antes de gastar. - eu fiz careta. Nada de roupas elegantes e finas. Eu precisava de algo resiste.

Do tipo "Auror resistente".

Porque eu entraria em muitas batalhas após o Natal e eu não queria ficar andando por aí com vestes remendadas.

Eu podia não ter todo o dinheiro que estava acostumada a ter, mas eu ainda tinha o mínimo de classe ensinada por minha mãe.

Ela jamais me deixaria usar vestes remendadas.

- Ah, sem as sedas e veludos? - James provocou.

- Infelizmente. - eu suspirei. - Mas a caxemira ainda é uma possibilidade. É elegante e apropriado para vestes de maior resistência.

- Eu sempre esqueço o quanto você sabe sobre essas coisas. - ele comentou, me levando pelos corredores, ignorando completamente os olhares dos demais alunos ainda na escola. - Minhas vestes são adequadas, Lady Black?

Eu ri:

- Couro e algodão são sempre uma boa opção. Ambos resistentes, úteis para situações mais complexas. São bons tecidos para batalhas. Mas não são bem-vistos em um baile de sociedade. É roupa de soldado, não de um homem em idade de se casar.

- Eu não sou um homem em idade de se casar.

- Você tem dezoito anos. Se fosse como era antigamente, você estaria cercado por garotas na esperança de se tornarem a próxima Lady Potter. - eu ri, tentando achar graça.

No nosso tempo, os bailes foram retomados. Ninguém era obrigado a nada, mas sugestões eram feitas.

E eu era uma bruxa de bom pedigree, por assim dizer.

- E você estaria cercada por homens como cachorros sedentos por carne. - James rebateu, revirando os olhos. - O que compraria, se seu pai estivesse aqui?

- Alguma coisa com seda, talvez organza. - eu pensei, acompanhando James pela estrada de terra vazia. - Talvez branco? Off-white? Uma cor clara, gosto de roupas claras. Algo digno de um Natal na casa da família.

- E quanto a mim? O que me vestiria para o natal? - James perguntou. Eu corei:

- Caxemira preta. Combina com você. - eu disse, encolhendo os ombros. - Talvez couro em algumas partes. Depende da intenção da roupa.

- Você gosta de caxemira. - James notou e eu sacudi os ombros:

- Ainda prefiro a seda. - eu respondi, passando pelo portão do vilarejo com James. - Acho que caxemira e couro preto ficariam bem juntos. Se eu tivesse tempo, poderia sentar com o alfaiate ou a costureira da loja e pensar em algo.

James riu:

- Você tenta muito, Electra, mas no fundo, você é uma trust fund baby. - ele disse, distraído. - Você escapa em alguns aspectos, mas não conseguiu escapar de tudo. Seus irmãos, por outro lado, não foram tão sortudos. Principalmente Cygnus com aquelas abotoaduras de ouro branco.

- Realmente, aquelas abotoaduras tornam ele o garoto mais pomposo que eu já vi. - eu ri, divertida, enquanto James me guiava pela rua principal até o Três Vassouras. - James, não precisa me acompanhar para ver as vestes. Você sabe que eu levo um tempo…

- Sei que não preciso, mas quero. - James abriu a porta do pub e me arrastou para dentro pela mão.

Nós ignoramos completamente Sirius, que ergueu uma caneca de cerveja amanteigada para nós dois, e me levou até uma mesa vazia nos fundos do salão. Alguns dos alunos nos olhavam com curiosidade, enquanto James pedia duas cervejas amanteigadas e alguns petiscos para nós dois.

- Então, vestes e depois penas. - James disse, distraído. - Podemos ir a Honeydukes depois.

- Ah, sim! Penas de açúcar! - eu lembrei, animada, arrancando um sorriso dele. - E sapos de chocolate.

- Precisamos ver presentes para as crianças. Eles vão fazer dezessete anos. - ele me lembrou e eu fiz careta:

- Sirius e eu entramos em acordo sobre o dos gêmeos. Ele veio buscá-los mais cedo. Bells vai ganhar um pingente com uma rosa de ônix e Cyg irá ganhar um relógio, como manda a tradição esta noite. - eu perguntei. James olhou em volta e lançou um Abaffiato.

- Ah, tenho uns galeões para escolher o relógio de Al. Esse é trabalho do meu pai, mas como somos apenas nós dois… Bem, cabe a mim escolher o relógio dele. - James disse, distraído.

- É uma pena que seu pai não tenha podido participar do aniversário de dezessete anos de Al.

- Sim, é. - James suspirou. - Nós ficamos responsáveis por muitas coisas que não deveriam ser nossas preocupações.

- Ainda mais com essa situação toda. - eu olhei em volta, meus olhos passando por MacNair por um segundo.

Que me encarava, de novo.

Ele, Evan, Aric, Snape e Mulciber, todos sentados a algumas mesas de distância, mantendo olhos muito atentos sobre James e eu.

E eu não fui a única a notar, já que James, em toda a sua paciência, ergueu o dedo do meio para o grupo e se virou para mim:

- Ignore-os. - ele sugeriu, quando Madame Rosmerta trouxe nossos pedidos. - Não perca seu tempo se preocupando com gente como eles.

- Eu estou tentando ignorá-los. Eles é que ficam me encarando. - eu revirei os olhos, bebericando minha cerveja amanteigada.

Nem eu e nem MacNair desviamos os olhos do outro.

Um movimento estranho e ele seria estuporado e que o inferno recaísse sobre o pub.

- Então vamos comer e ir ver as roupas. Preciso ver alguma coisa para mim também. - James empurrou uma porção de batatas para mim e eu aceitei de bom grado, assim que Evan se inclinou na direção de MacNair e ele desviou os olhos de mim, por fim. - Eles realmente estão tentando agradar os outros. - James disse, baixinho, apesar do feitiço abafando nossa conversa.

- Estão. E eu não estou disposta a tornar isso nem um pouco fácil. - eu mordisquei uma batatinha. James sorriu para mim:

- Nem eu. Mas queria passar o dia sem pensar nesse tipo de problema. Pelo menos por hoje. - ele disse, delicadamente.

- É, seria bom. - eu suspirei. - Desculpe. Estou um pouco irritada com todos esses olhares. O que eles querem de mim?

- Provavelmente um beijo. Você é uma bruxa bonita e uma Black. Não existem muitas mulheres Black disponíveis para casamento. - James provocou. Eu estreitei os olhos, arrancando um sorriso divertido do Potter. - O que? Muitos homens sairiam no soco por um beijo seu.

- Sim, só os que querem uma bela prole puro-sangue. - eu revirei os olhos.

- E aqueles que a veem como realmente é. - James tomou um grande gole de cerveja amanteigada. - E sabem que não há nada a temer.

Agora era a minha vez de tomar um grande gole de cerveja amanteigada. James havia me dito, há cerca de uma semana, que me via como realmente era e não temia.

O que ele queria dizer com aquilo, agora?

- Ainda assim, parecem ter medo de fazer algo a respeito. - eu tateei o terreno. James tamborilar na mesa com as pontas dos dedos:

- Hm. - foi tudo o que ele disse.

Eu beberiquei minha cerveja, sem desviar o olhar do Potter, que abriu um sorriso torto para mim:

- Você é boa nisso.

- Em o que?

- Em tudo. Mas, principalmente, nisso. - ele deu uma piscadela para mim. - É fácil, com você.

- Estar com você é como respirar. - eu mordisquei mais uma batata frita. - É fácil. Natural.

- Como respirar. - ele concordou. - Exatamente isso. - James pegou uma batatinha e a mergulhou no molho picante que Madame Rosmerta tinha trazido.

Eu olhei o Potter, que mastigava a batata enquanto passava os olhos pelo salão, distraído.

- Gostaria que nada fosse tão complicado. - eu disse, sem pensar.

- Seria menos complicado se nada daquilo tivesse acontecido. - James olhou para mim. - Teríamos tempo.

Eu acenei com a cabeça, voltando a bebericar a minha cerveja amanteigada. Se Cyg não tivesse ativado a runa, James e eu estaríamos no meio do nosso sétimo ano. Provavelmente estudando até nossos cabelos caírem.

Ainda assim, nós teríamos mais tempo do que agora. Mais tempo para descobrir, exatamente, o que era isso que surgia entre nós dois. Porque uma coisa era me entender com meus próprios sentimentos. Outra coisa era cogitar a possibilidade de sentimentos da parte de James.

Aquilo levaria tempo.

Tempo que não tínhamos agora.

Não com nossas vidas e de nossos irmãos em jogo.

Não com o peso de levar todos de volta para casa em segurança.

Nós não tínhamos esse tempo agora.

Talvez mais tarde. Mas talvez fosse tarde demais para nós e nada saísse disso. Talvez fosse só o desespero e a compreensão mútua que estivessem bagunçando a cabeça dele. Não a minha - eu sabia, há anos, que gostava dele. Mas me apaixonar por James, de fato, havia acontecido apenas ano passado. Mais precisamente durante os treinos de quadribol no verão.

Talvez, quando estivéssemos em casa, vivos e seguros e sem preocupações como era antes… Talvez nós pudéssemos destrinchar o que era essa bagunça que éramos agora.

Mas isso não aconteceria em nenhum momento próximo, eu sabia.

Tanto porque James era um soldado dedicado, sempre fora, e iria até o fim desta guerra focado em destruir Voldemort, quanto porque eu estava ocupada demais tentando manter todos vivos em uma viagem do tempo mais do que arriscada.

Pelo menos Al e Bells tiveram essa sorte.

Lily e Pontas a teriam, como eu podia ver aos poucos - os dois conversando mais, Lily rindo das piadas ridículas de Pontas, ele fazendo questão de trazer para ela uma flor do meio da floresta coletada deus sabe onde. Ele já era apaixonado por ela e Lily estava começando a se apaixonar por ele.

Era quase palpável e suave, como o sol da manhã.

James e eu, por outro lado, éramos como o sol do meio-dia. Quente, bagunçado e, certamente, reluzente demais - muito recente, muito delicado e prestes a quebrar a qualquer sinal de instabilidade climática.

Então, apesar da companhia de James tornar tudo simples, a nossa situação era mais do que complexa.

- Sabe, - James disse, depois de alguns momentos em silêncio, ambos apenas comendo e bebendo. Era um silêncio confortável, no qual eu poderia passar horas. - eu gostaria que você usasse azul claro para o Natal. Você fica bonita em azul.

- Achei que preferisse quando eu usava preto.

- É por isso que escolheu essa roupa? - ele abriu um sorriso torto e eu corei:

- Quis ser uma visão agradável.

- Você sempre é uma visão agradável. - James respondeu. - Gosto quando usa preto. Mas azul te deixa impressionante. Então, se eu pudesse me meter, diria para comprar algo azul para o Natal e alguma outra coisa mais resistente para o restante do ano.

- Não sei se tenho ouro suficiente. - eu corei, encolhendo os ombros.

- É meu presente para você. Vestes azuis, com seda, organza, o diabo que você quiser. Mas azuis. - James fez um carinho na minha bochecha. - Vamos. Precisamos fazer tudo isso antes de escurecer.

- Vai me dar vestes de luxo de natal? - eu perguntei, a minha voz ficando um tanto mais aguda.

- Sim, irei. - James se levantou e estendeu a mão para que eu acompanhasse. Eu o fiz sem questionar, ainda chocada:

- Você tem ideia de quanto custa uma roupa dessas?

- Cygnus me alertou.

- Ah, então isso foi discutido previamente entre você e os garotos. - eu ergui as sobrancelhas, ignorando a mesa de Evan, enquanto James me levava pela mão para fora do pub depois de pagar.

- Claro que foi. Queria saber o que você mais sentia falta de casa. Cygnus disse que, certamente, seriam as roupas. - James riu, mantendo os dedos entrelaçados nos meus. Eu fiz careta:

- Eu realmente sinto falta das sedas. - eu comentei, arrancando uma gargalhada dele, ignorando as garotas do sexto ano que nos encaravam com incredulidade.

- Eu sei. - James jogou o braço sobre os meus ombros e eu coloquei o meu braço em torno da cintura dele. - Vamos ver suas vestes, Els. - ele beijou a minha cabeça, me levando para a loja de roupas do vilarejo, passando pelo Madame Puddifoot.

Eu ri:

- Olhe lá. Al e Bells. - eu apontei o casal. Minha irmã estava radiante, mas, apesar do sorriso brilhante de Al, por ver minha irmã tão animada, eu podia ver a dor nos olhos dele por estar em um lugar cheio de frufru.

- Al faz essa cara, mas ele pularia de um penhasco se isso fizesse Anabelle feliz. - James riu, acenando para os dois. Eu o imitei, ignorando o olhar chocado de Bells, e nós continuamos a andar até a loja escondida, pouco conhecida, porém muito bem estabelecida entre minha família, a Aumont Wizardry Wear.

Era como um Twilfitt and Tattings, mas bem mais seleto.

Apesar de ter comparecido àquela loja apenas no meu tempo, assim que James abriu a porta e nós entramos, um bruxo de nariz adunco, porém com uma expressão gentil, se levantou da mesa onde fazia ajuste em alguma calça:

- Boa tarde, senhores. Em que posso ajudá-los? - ele se levantou, as roupas perfeitamente ajustadas no corpo deixando-o muito elegante.

- Bem, eu a trouxe para ver vestes adequadas para o Natal. Sei que é um pouco em cima da hora, mas estou disposto a pagar o que for preciso para que ela tenha o que quiser. - James disse, colocando as mãos nos bolsos. O bruxo olhou de James para mim, curioso:

- Você tem um rosto familiar. - ele se aproximou de mim. - Esses olhos… É uma Black, não é?

- Sim, senhor. - eu acenei com a cabeça. - Prima de Sirius. Filha de Alphard.

- Ah, Alphard! Um grande amigo, sim, sim. - ele sorriu para mim e depois olhou para James. - Ele nos deixou muito cedo, minha querida, mas não antes de lhe deixar nas mãos de um bom homem. Não são todos que estão dispostos a pagar pela qualidade de Aumont! Não, não. Este deve ser seu noivo.

Antes que um de nós pudéssemos corrigir o homem, ele continuou:

- A família Black veio diversas vezes a esta mesma loja, em busca das melhores vestes e, como sempre fiz, irei fornecê-las à senhorita, minha querida. Já tem algo em mente? - ele estalou os dedos, fazendo com que uma fita métrica começasse a me medir enquanto uma pena encantada anotava os valores.

- Azul claro. - eu respondi, olhando James. - Tenho preferência por seda.

- Claro! Como uma Lady Black, não esperaria menos, claro que não. - ele bateu palmas e a fita métrica parou de me medir e ele olhou o pergaminho com minha medidas. - Muito bem, é uma atleta?

- Joguei muito quadribol, mas parei este ano. Estou focando nos estudos. - eu menti parcialmente.

- Esperta, milady. - ele acenou com a cabeça, confiante. - Esportes como estes não são bons para moças com ossatura delicada como a sua. - ele ergueu meu rosto, analisando meus olhos com curiosidade. - Azul claro a deixará muito bonita. Um vestido de seda, com um corte justo ao corpo lhe fará muito bem. Embora sua escolha de roupas no momento não seja a mais adequada, posso ver que sabe o que quer. Não são todas as mulheres que já pedem o tecido.

- Gosto de seda, prefiro a seda, mas estou aberta a opções com organza, talvez gaze de seda. - eu disse, séria. O alfaiate me avaliou:

- Já fez muitas dessas compras, milady. Não é sua primeira vez, é?

- Não. - eu admiti. - Morei em outros lugares antes de vir para a Inglaterra.

- Posso ouvir o sotaque francês ao fundo de sua voz. - ele disse e eu quase rolei meus olhos.

O francês me vinha naturalmente, porém eu não tinha sotaque. Era mais como uma cadência em palavras específicas e você tinha que prestar muita atenção para notar.

- Estou aberta a opções elegantes, com qualquer destes tecidos, desde que em azul claro e adequadas para serem usadas em um jantar de Natal. - eu arrumei os cachos e olhei James, ansiosa.

- Pagarei o preço que pedir. Contanto que ela esteja satisfeita. - James colocou as mãos nos bolsos e o alfaiate pareceu encantado.

- Acredito que sua primeira escolha seja a mais adequada, milady. Seda nunca é um erro. - o alfaiate puxou opções de seda azul, do azul meia-noite ao azul-céu. - Azul claro certamente deixaria seus olhos em maior evidência, mas… Azul meia-noite talvez a deixe de tirar o fôlego, não acha, senhor…?

- Potter. - James respondeu. - Ela já é de tirar o fôlego. Acho difícil alguma coisa deixá-la ainda mais bonita.

Pelas calças floridas e imundas de Merlin, por que?!

- Veludo também é uma boa opção para o inverno. - o alfaiate me olhou e eu olhei James, na dúvida. - Posso fazer uma miniatura de ambas as opções, milady, e você poderá escolher o que prefere. O desenho e os protótipos estarão prontos em dois dias e eu os enviarei à senhorita via coruja. O que acha?

- Parece bom. - eu acenei com a cabeça. - E, bem, nós dois temos planos de viajar pelo continente durante as férias de verão. Acha que pode nos ajudar com vestes adequadas e resistentes?

- Claro, milady! Sr. Potter, com licença. - ele estalou os dedos e a fita métrica passou a tirar as medidas de James, enquanto anotava os valores no mesmo pergaminho. - Têm preferência por tecido?

- Resistente, como o que ele está usando. - eu apontei as vestes claramente bruxas de James.

- Claro. Couro e algodão sempre são boas opções. - ele avaliou a roupa de James.

- Mas acho que a caxemira é melhor. - eu disse, timidamente.

- Concordo, milady. Caxemira tem um caimento bem melhor do que o algodão bruto, embora admire o caimento em seu noivo. - ele olhou James, avaliativo. - Formam um belo casal, se me permitem.

- Obrigado. - James murmurou, passando a mão pelo cabelo depois de ser medido. - Estas vestes, em específico, devem ser pretas. E se puder fazer os desenhos e enviá-los via coruja como fará com as vestes dela…

- Claro, senhor! Irei enviá-los assim que possível. - ele prometeu. - Só precisamos acertar um valor adiantado devido os materiais.

Aquela era a parte em que James realmente sentiria o peso do que tinha feito ao me trazer até Aumont.


- Eu avisei a você. - eu disse a James, quando nós estávamos a uma distância saudável da pequena butique. Ele fez careta:

- Eu pensei que seria como Twilfitt and Tattings. - James se defendeu. - Você só compra vestes na Aumont.

- Só compro vestes bruxas na Aumont. As demais eu compro em lojas de departamento trouxas. - eu corrigi, rindo. - Eu pago o restante quando for a vez de buscar. Deixo o ouro com você.

- Eu que vou pagar. - James disse, sério. - Não doeu no meu bolso, só no meu coração.

- Vou poupar mais seu bolso. - eu prometi. - As penas são por minha conta. - eu parei na frente da vitrine, olhando as mais diversas penas, desde as mais simples e pequenas até as de pavão, que eram mais decorativas do que qualquer coisa.

- Não precisa. - James riu, olhando a mesma vitrine, acompanhando o gato da loja com o olhar, enquanto ele girava de barriga para cima e chutava as próprias patinhas dianteiras.

- Fofo. - eu comentei, finalmente tirando meus olhos da loja e de James depois de notar um movimento à direita dele, perto de um beco.

Uma pessoa - eu não sabia dizer se homem ou mulher - tinha aparatado logo ali, de vestes pretas. Ele ergueu a cabeça e a varinha e meu estômago afundou enquanto ele gritava Sectumsempra.

Eu empurrei James para longe da mira do bruxo e caí sobre ele, o feitiço estilhaçando a madeira com o nome da loja. O gato chiou, correndo para longe e eu peguei a minha varinha a tempo de usar um protego silencioso quando um novo feitiço foi conjurado contra nós dois.

Um maldito Comensal da Morte.

James ficou de pé, me arrastando com ele, e nós ficamos de costas um para o outro. Estávamos cercados e essa era a nossa melhor chance de evitar um ataque covarde de uma direção que não poderíamos nos defender.

Eu encarei o bruxo à minha frente, o primeiro a chegar. A máscara ocultava o rosto, mas eu reconheceria aqueles olhos em qualquer lugar, pois estavam sempre me acompanhando pela escola.

MacNair.

Ou, a dizer pelo tamanho da barriga, o pai dele.

À direita, um bruxo de cabelos loiros claros, um tanto longos, mas com olhos que eu jamais confundiria: Malfoy.

E, por último e pior, Mulciber pai - levando em consideração os rarefeitos cabelos brancos.

- Podem vir conosco. - Lucius Malfoy não abaixou a varinha, mas falava com uma voz aveludada, como se tentasse me convencer a fazer o que ele queria. - Não iremos machucá-los.

- Ah, claro. Confiar em Comensais da Morte. - eu encarei o homem, trincando os dentes. - É o mesmo que confiar no Lorde das Trevas.

- Ele nos trará glória. - Mulciber latiu.

- Ele só trará morte e desgraça. - foi a minha vez de rebater. - E sua família vai afundar em vergonha.

- Eu ouvi dizer mesmo que você tinha uma boquinha bem mal-educada. - MacNair manteve os olhos escuros presos em mim.

Eu ergui as sobrancelhas:

- Ah. Tem fontes dentro da escola? Isso é bom saber. Muito bom saber. - eu quase arreganhei os dentes. Lucius lançou um olhar de aviso para MacNair. - Diga, seu filhinho sabe se defender ou se esconde atrás do papai para resolver suas briguinhas de escola?

Aquilo pareceu acender a fúria de MacNair pai, que ergueu a varinha completamente para retomar o duelo - e foi imitado prontamente pelos dois outros Comensais da Morte.

Que sorte eu tivera em ter sido treinada por Evan nestas últimas semanas. Porque, se não fosse por ele, eu teria sido derrotada com certa facilidade pelos três bruxos adultos e já treinados completamente. Eu sabia que eles não esperavam tanta resistência assim - pelo menos, não resistência mágica.

Eu ouvia a gritaria e correria pelo vilarejo, mas não podia olhar para trás ou então ir até os meus irmãos - até onde eu sabia, James e eu havíamos sido emboscados pelos comensais e as pessoas fugiam devido aos feitiços e maldições voando pela pequena rua principal.

Eu pulei para um lado, desviando de uma maldição da morte, e apontei a varinha para MacNair com raiva:

- Incarcerous! - cordas saíram da ponta da minha varinha, amarrando o bruxo, que eu fiz questão de desarmar com um feitiço silencioso, e coloquei um feitiço de proteção sobre. Ninguém além de mim seria capaz de retirá-lo dali.

Aquele homem iria de Hogsmeade para o Quartel de Aurores.

Uma pena que papai não estivesse aqui para lidar com o comensal pessoalmente. Ele ficaria ofendidíssimo quando soubesse que eu havia sido atacada por um.

- Estupefaça! - a voz de Cygnus ecoou ao meu lado, a mira certeira em Mulciber, mas o comensal se defendeu da azaração de meu irmão. Mulciber, então, decidiu que lidar com Cygnus era mais importante do que eu, porque sua atenção se voltou totalmente para meu irmão mais novo e eu fiquei apenas com Malfoy.

Ele podia ser um almofadinha de primeira, pomposo até o último fio de cabelo, mas eu não podia negar a habilidade mágica impressionante que ele tinha.

Nós começamos um duelo apenas entre nós dois, com mais feitiços silenciosos do que antes - Mulciber e MacNair eram compostos por pura brutalidade, nada de classe ou elegância em duelos - nada como Malfoy apresentava para mim agora.

Ele duelava sujo - a quantidade de Imperius e Estupefaças que eu tive que desviar e bloquear eram mais do que eu poderia contar.

A intenção dele não era me matar como a de MacNair era. Era de me levar para seu mestre. Coisa que eu estava mais do que determinada a não deixar acontecer.

Mas enquanto ele mantinha a elegância e os feitiços imundos, eu mantinha o treinamento que Evan me dera. Eu só seria levada a Voldemort morta. De forma alguma aquele monstro me teria em seu quartel general, cercada por lunáticos com ele.

O grito de Cygnus me fez cambalear - Mulciber apontava a varinha para meu irmão, que se contorcia no chão de dor. Eu voltei meu olhar para Malfoy a tempo de bloquear um estupefaça e arremessá-lo para longe em seguida, antes de apontar a minha varinha para Mulciber, com ódio fazendo minha mão tremer:

- Sectumsempra! - eu gritei, apontando para o homem distraído, exatamente quando o restante da ajuda chegava: Dearborn se juntou a James, enquanto Minerva vinha socorrer Cyg ainda no chão. Mulciber agora estava no chão, sangrando na neve recém-caída. Eu girei nos calcanhares, procurando um novo oponente, mas fui impedida por Remus:

- Acabou. - ele disse, abaixando a minha varinha. - Acabou, Els. - Remus disse, delicadamente. - MacNair está sob custódia de um auror, que ainda está tentando desfazer um feitiço. Mulciber está no chão.

Eu olhei para o bruxo que era socorrido por um auror, que parecia horrorizado:

- Quem diabos criaria um feitiço como este…

- Foi outro comensal. - Pontas cuspiu no chão. O auror olhou de Pontas para mim:

- Eu ouvi uma voz feminina.

- Belatriz Black estava aqui. - James mancou na minha direção. - Belatriz, Rodolfo Lestrange e outro que não fui capaz de reconhecer.

- Mulciber, MacNair e Malfoy estavam comigo. - eu olhei James, que arriscou um carinho na minha bochecha:

- Pegou um?

- MacNair. Mulciber foi um erro de cálculo de algum amigo dele. - eu disse, enquanto James erguia meu rosto, com um dedo sob meu queixo. - Você?

- Belatriz é uma bruxa muito mais talentosa do que eu esperava. Ela e Lestrange sumiram, mas o outro ficou. Levaram Malfoy junto. - James suspirou, olhando para o auror, que discutia com outro para levar o comensal para o St. Mungus.

- Vou deixar MacNair ir com o Auror. - eu decidi, andando até o par de bruxos. O auror olhou para mim, surpreso:

- Foi você?

- Foi. - eu olhei o Comensal da Morte que começou a me insultar imediatamente. - Ah, francamente. - eu apontei a varinha, desfazendo o feitiço de proteção e coloquei um feitiço de silêncio no homem. - Não aguento mais a sua voz. - eu olhei o auror, que parecia quase divertido. - A varinha dele. - eu entreguei a coisa nas mãos do homem e olhei Remus, que tinha me acompanhado. James estava com o irmão, parecendo frenético.

- Vocês foram os primeiros a serem atacados, mas o vilarejo foi tomado por comensais. - Remus explicou. - Nem o Puddifoot saiu ileso.

Eu empalideci, mas Remus segurou meu ombro:

- Sua irmã e Alvo seguraram as pontas muito bem por lá. Eles e alguns setimanistas que estavam na loja. A maioria dos lugares foi destruída, mas ninguém morreu.

- Alguém desapareceu? - eu perguntei, receosa, retornando para onde nossa família se encontrava, onde Cygnus ainda estava no chão se recuperando da maldição Cruciatus. Eu ajoelhei ao lado do meu irmão, passando os dedos entre os cabelos pretos e ele me encarou, sério:

- Aquele filho da puta mirou em você.

- Você não deveria ter entrado na frente. - eu sacudi a cabeça, engolindo o choro.

- Você já estava desviando de vários Imperio. - Cygnus soltou o ar lentamente, a voz rouca. - Não dava tempo. Iam acertar os dois em você. E eu não vou arriscar ter você manipulada por um doente.

- Obrigada, Cyg. - eu fiz carinho na bochecha do meu irmão. - E sinto muito por ter passado por isso. Por que veio?

- Porque sabia que você e James estavam sozinhos. E que se estávamos no inferno, vocês estariam, talvez, com o próprio diabo. Sempre é assim. Então, eu vim. Eu, Sirius, Pontas, Lily, Remus. Encontramos vários outros comensais pelas ruas e nos atrasamos um pouco, mas chegamos.

- Foi um ataque imenso. - Lily concordou, com o braço de Pontas sobre os ombros dela, que tinha uma expressão preocupada. - Nunca vi nada dessa dimensão.

- Eu não esperava algo assim. Não durante uma visita da escola. - eu admiti, sacudindo a cabeça. - Reconheceram alguém?

- Só Rosier pai. Não faço ideia de quem eram os outros. - Remus respondeu, tenso. Eu acenei com a cabeça enquanto Pontas interrompia:

- Encontrei Nott pai no meio do caminho. - ele emendou. - Foi um ataque com nomes grandes.

- Divertido. - eu respondi, seca. - Vamos, precisamos levar Cyg para Pomfrey. Os professores sabem?

- Sabem e fomos ordenados a ficar até os Diretores das Casas chegarem. A escola está um caos. Muita gente correu para lá. - Sirius pousou a mão sobre o meu ombro. - Como está?

- Furiosa. Mas bem.

- Tudo bem. - ele apertou meu ombro com carinho. - Alguém me ajude com Cygnus. As pernas dele vão estar moles e ele vai cair se tentar andar sozinho. - Sirius parecia ter tanta certeza disso que eu o olhei por alguns segundos.

Ele estava completamente impassível, ajudando meu irmão a ficar de pé com ajuda de Pontas.

Mais tarde eu perguntaria sobre como ele sabia sobre os efeitos da Cruciatus no pós-maldição imediato.


- Vamos lá. - Sirius tinha trazido um bule de chá e pequenos lanches junto de Pontas. Eles tinham recusado deixar que Lily saísse da Sala Precisa sem uma forte escolta, sendo apoiados por um Remus que se comprometeu em cuidar da ruiva. Todos nós, exceto Evan, Aric e Regulus, estávamos na Sala Precisa, nos reunindo para discutir o que aconteceu. - Aonde estavam antes do ataque?

- No Aumont. - eu respondi, imediatamente. - Encomendamos algumas vestes.

- Que não serão entregues. - meu avô me encarou. - O alfaiate foi levado.

Eu fechei os olhos, sacudindo a cabeça:

- Por nossa culpa. Estávamos lá e logo depois aconteceu o ataque.

- Ou ele foi o informante. - Alvo ponderou. Cygnus ainda se recuperava, com as mãos trêmulas ao tomar um gole do chá:

- Nada impede que isso tenha acontecido, realmente. - meu irmão disse, sério. - Ou ele foi levado para interrogatório ou ele era um impostor.

- Aumont é uma loja séria e não se mistura em assuntos como este. - eu lembrei. - Sempre fomos muito bem tratados lá. Mas, realmente, não conheço esse alfaiate. Tudo o que ele sabe é que sou Black, que James é um Potter, que queríamos vestes para o Natal e vestes para viajar durante o verão.

- E ele estava convencido que ela era minha noiva. Não tivemos tempo de corrigir. - James emendou, servindo chá para si mesmo. Eu acenei com a cabeça, mordiscando um sanduíche pequeno:

- Ele estava animado com a venda. Pedi por seda, caxemira, couro legítimo. - eu sacudi a cabeça. - Era uma venda bem cara.

- Se ele foi um informante, não só gastei meu tempo naquela boutique como dei meu dinheiro para um comensal. - James pousou a xícara na mesa, com raiva. - Eu só queria vestes!

- A loja é bem frequentada. - Sirius sacudiu a cabeça. - Eles não se misturam em assuntos como este. Se você tem dinheiro para pagar é o suficiente para Aumont. Ele a reconheceu?

- Apenas como uma Black. Disse que Alphard era um grande amigo. - James respondeu enquanto eu bebericava meu chá, meus olhos ainda sobre Cygnus. Pomfrey havia deixado meu irmão de repouso por alguns dias para se recuperar. Ele tinha se recusado a ficar na enfermaria, então Al tinha prometido manter um olho no meu irmão.

- Ele tinha um nariz adunco e cabelos claros? - Sirius perguntou, a voz um tanto falha.

- Sim. - eu voltei a olhar meu avô. Ele engoliu em seco:

- Ah. Porra. - Sirius passou a mão pelo rosto. - Alphard e o alfaiate não eram amigos. Mais como namorados.

- É por isso que ele foi deserdado? - Anabelle perguntou, a voz soando mais séria do que eu jamais ouvira.

Se o alfaiate contasse que sabia que não éramos filhos de Alphard, toda nossa história cairia por terra em horas. E tudo o que tínhamos planejado iria para o inferno e nós teríamos que começar a improvisar antes do previsto.

- Alphard não tinha preferência clara. Mas gostava muito do alfaiate. Nunca me disse o nome do homem. - Sirius explicou, sério. - Mas eu sabia. Walburga sabia que ele tinha interesse por homens, mas desde que se casasse com uma mulher e produzisse filhos, ela não se importava. Ela só perdeu a paciência quando ele mostrou apoio a mim quando eu saí de casa.

- Ah, bem. - eu me recostei na poltrona, deixando o chá e o sanduíche de lado, subitamente sem fome. - Vamos esperar que o carinho de Alphard por você tenha influência suficiente para que ele não abra o bico e diga que sabe que não somos filhos de Alphard.

- Isso é um pesadelo. - Lily sacudiu a cabeça. - Pelo menos temos menos de um mês para irmos embora. Só mais alguns dias.

- Você é otimista. - Alvo mordeu um sanduíche com violência. - Eu voto para que na primeira chance de dar merda, a gente dê o fora daqui e leve os outros três juntos. - ele continuou, com a boca cheia.

- Temos que resgatar o homem assim que sairmos daqui. - Cygnus disse, olhando para Sirius. - Ele é família.

- Eu sei. E iremos. - Sirius prometeu. - Mas agora temos que manter vocês cinco vivos e longe de Voldemort.

- Vocês são mais importantes… - eu comecei e Sirius ergueu a mão, me silenciando:

- Vocês já se arriscaram demais nos protegendo. Nós somos desse tempo e temos como provar quem somos, vocês não. Nos deixe proteger vocês agora.

- Ninguém sai sozinho. - Pontas olhou para James e eu. - Isso inclui vocês dois. A partir de agora, grupos de pelo menos três. Se forem se agarrar, avisem com antecedência. - ele olhou Al e Bells, que coraram. Eu abri a boca para discordar, mas Pontas sacudiu a cabeça. - Cansamos de sermos protegidos, Electra. Nos atacaram em um passeio da escola. Atacaram outras pessoas além de nós. O Puddifoot foi destruído, parte do Três Vassouras foi desmantelado, o alfaiate de uma loja de alta costura foi sequestrado.

- Essa guerra deixou de ser apenas nossa. O ataque foi aberto e contra estudantes e moradores de uma vila bruxa. - Remus concordou. - Haviam comensais sem máscara. Eles estão saindo do anonimato.

- Vocês estão correndo mais riscos do que nós agora, se o alfaiate abrir o bico. - Lily olhou para mim, séria. - E não faça essa cara, Electra. Vocês são amigos e, também, nossa família. Iremos proteger vocês. Aqui dentro da escola e, quando pudermos sair, também na guerra.

- E não façam bico. - Sirius olhou Anabelle. - Nós aguentamos bastante tempo sem poder fazer muita coisa. Esses dois foram atacados por seis comensais. - ele apontou James e eu. - Alguns dos maiores nomes, pelo o que vocês nos contaram, e não estávamos lá para ajudar. Não rápido o suficiente, pelo menos. Então, agora a regra é essa. Grupos de pelo menos três pessoas, ninguém sai sozinho à noite. E, por favor, não acredito que direi isso, mas fiquem longe de problemas.

- Audacioso da sua parte sugerir isso. - eu quase lati para Sirius.

- Não é uma sugestão, é uma ordem. - ele me encarou.

- Uma ordem que não seguirei.

- Sou seu avô. Me obedeça.

- Não. - eu respondi, erguendo o queixo. - Irei seguir algumas das suas regras, mas Mulciber vai pagar caro pelo o que fez a Cygnus.

- Mulciber está sob custódia dos Aurores. - Sirius faltou mostrar os dentes para mim.

- Mas o filho dele não. - eu fiquei de pé. - Concordo com os grupos maiores. Concordo em deixar vocês tomarem mais participação em algumas coisas. Mas Mulciber irá pagar. Depois, eu irei ficar longe de problemas.

- Ela tinha que ter muito de você. - Remus olhou Sirius, sacudindo a cabeça. - Tenha sua vingança, Electra. Esta é a última vez que deixaremos que se enfie em problemas sozinha. Depois, quando você quiser desafiar algum professor, aluno ou até o próprio diabo se quiser, estaremos com você. Quer você queira ou não.

Eu virei a cara, azeda.

Nós não demoramos muito para concordar que os três sonserinos não apareceriam hoje - levando em consideração que alguns pais estavam presentes no ataque ao vilarejo. A caminhada até o salão comunal foi feita em silêncio. James andava ao meu lado, com as mãos nos bolsos, enquanto eu pensava em como Mulciber pagaria pelo o que fora feito ao meu irmão.