NOTA:
Primeiramente, gostaríamos de nos desculpar pelo atraso! A vida está uma bagunça, ser adulta é a parte mais irritante do momento, então estamos lidando com alguns problemas para conseguir postar aqui. Então, para não continuar fazendo promessas que não conseguiremos cumprir, postaremos entre sexta-feira e domingo - o mais cedo que conseguirmos, levando em conta as coisas da vida e trabalho. Então, muito obrigada pela paciência e aproveite a leitura!
ELECTRA ADHARA BLACK
O dia seguinte já começou amargo: nevava bastante e o dia estava absurdamente nublado e escuro. James não disse nada enquanto nós nos arrumávamos para o evento do dia - o funeral dos Potter e da Sra. Nott.
Ele usava vestes bruxas completamente negras, que seriam mais do que aceitas por mamãe em um evento desse tipo. Eu tinha optado por um vestido preto fechado, com meia-calça preta e saltos da mesma cor, acompanhados por um casaco espesso também preto.
Não havia um traço de sorriso durante o café-da-manhã. Remus fez questão de descer para sentar perto de Pontas, que mastigava o mesmo pedaço de torrada há quase um minuto. Sirius não dizia nada, recusando qualquer coisa que não fosse chá. Lily comia o de sempre: torradas com ovos e chá, mas estava completamente inexpressiva.
Evan ainda cozinhava, apesar de estar perfeitamente arrumado para o funeral. Alyssa arrumava a mesa metodicamente, incapaz de erguer os olhos da mesa por mais de três minutos. O restante de nós permanecia quieto, comendo com dificuldade. Eu comia o bolo que Evan havia feito na madrugada, mas apesar de ser de creme de limão (o meu favorito), eu simplesmente era incapaz de saborear o doce.
Então, Caradoc pediu para o acompanharmos para os fundos da mansão, onde uma tenda havia sido montada e magicamente aquecida. Haviam dois caixões ali e flores ao redor de ambos.
Pontas caiu no choro. Sirius também. Eu acenei para que Cygnus fosse apoiar o nosso avô, com Regulus, enquanto James e Al corriam para ajudar Pontas. Anabelle e eu nos sentamos na segunda fileira, acompanhadas por Evan e Alyssa. James e Al permaneceram de pé, assim como Cyg e Reggie, mas Sirius, Lily, Pontas e Remus estavam sentados na primeira fileira, todos fungando.
Gideon começou a cerimônia e, com isso, eu me permiti chorar pela primeira vez desde o sequestro.
O dia se passou de forma quieta. Pontas se enfiou no próprio quarto, permitindo a entrada apenas de Lily. Sirius se escondeu, também, com apenas Regulus de companhia. Remus, Aric e Bells foram levados de volta para a enfermaria, onde o restante de nós agora também estava reunido.
- Eu nunca o vi assim. - Remus murmurou. - Pontas sempre foi muito forte. Muito inteligente, muito firme em tudo. Mas vê-lo chorar dessa forma é simplesmente…
- Horrível. - Alyssa disse, quando ele não achou a palavra. - Deprimente. Desesperador. Eu posso ter me formado há um ano, Remus, e não vejo vocês há algum tempo, mas me lembro muito bem da escola e de vocês. Nada me preparou para vê-lo aos prantos nos braços de Lily Evans.
- Eu sabia que perderíamos os dois em algum ponto. Fosse na guerra ou fosse mais para frente, - Evan suspirou, o braço em torno da namorada. - mas isso não tornou a perda menos difícil.
- Nada nos prepara para perder quem amamos. - Aric disse, suavemente. Apesar de tudo, ele era quem mais estava mental e emocionalmente estável. - Eu estou em paz com a perda de minha mãe, mas eu já cogitava a morte dela. Já tinha plena noção de que havia uma chance de eu chegar e ela já estar morta. Isso tornou o processo mais rápido, mas não menos doloroso. Ainda há dias nos quais eu penso no que poderia ter feito de diferente, se demorei muito, se poderia ter feito algo a mais… Mas, no fundo, eu sei que não. Ele a mataria de qualquer forma. Mas Pontas não teve esse preparo. Ele foi para a batalha confiante de que todos voltaríamos vivos e, bem, não foi isso que aconteceu. Então, ele teve duas perdas importantes e grandes de forma inesperada, o que vai deixá-lo baqueado por um bom tempo.
- Ou talvez o torne mais parecido com o Pontas que conhecemos. - Alvo comentou, fazendo com que todos olhassem para ele. - Ele veio falar comigo, sobre vocês dois. - ele apontou James e eu com a cabeça. - Ele quer tomar uma parte mais ativa na guerra, independente de ainda ter dezesseis anos.
- Já estamos enfiados em merda. - James respondeu, sobre a minha cabeça. Eu olhei para ele, arregalando os olhos. - Já estamos na merda, Electra. É melhor termos noção de quem está fazendo o que do que deixá-los irem por conta própria.
- Levando em consideração a última vez em que fizemos algo sem que todos soubessem, eu acho sensato agora todos termos liberdade de lutar e participar disso de uma forma mais ativa. - Aric concordou. - Foi uma ideia estúpida, James. Nós conseguimos expulsá-los de um possível Quartel General, mas foi uma ideia estúpida.
- E ainda perdemos duas pessoas muito queridas. - Anabelle murmurou, aconchegada em Al. Cygnus sacudiu a cabeça:
- Isso não é culpa de ninguém além de Voldemort. Ele é quem quebrou as regras básicas de duelo e fez questão de usar Maldições Imperdoáveis.
- Então agora é jogo limpo e aberto. - Fabian apoiou o quadril no parapeito da janela. - O que é bom. Odeio saber que um bando de adolescentes sabe mais do que eu.
Eu não fui capaz de segurar um sorriso:
- Não se preocupe. Tudo o que sabemos, agora vocês sabem. Mas chega de guerra por hoje. Já está sendo um dia difícil o suficiente sem ter que pensar no Lorde das Trevas. - eu suspirei. - Vamos discutir quadribol.
A mudança de assunto fez com que todos se ajeitarem com os olhos cheios de expectativa, enquanto Gideon nos inteirava sobre o campeonato deste ano.
Os dois dias seguintes se passaram da mesma forma - Pontas e Sirius se recusando a sair dos quartos, aceitando apenas que levássemos comida para eles. Sirius, em certo ponto, permitiu que eu o visitasse, mas nós ficamos em silêncio, encarando o teto do quarto dele.
Ele não queria falar e eu não tentaria obrigá-lo. Euphemia e Fleamont eram o que ele tinha de mais próximo de pais - e a perda de ambos em uma única noite, com minutos de diferença, tinha sido mais do que brutal.
Pontas, por outro lado, permitia apenas a visita de Lily ou Sirius - quando ele finalmente pisou no corredor que dividia com o melhor amigo. James e Al tinham levado comida, que havia sido aceita prontamente, mas Pontas não queria ver nenhum dos dois.
Ambos se culpavam por algo que não era culpa deles.
Voldemort havia matado os Potter. E nós teríamos vingança, fosse daqui um mês ou um ano. Ele pagaria pelo o que fez. James tinha comentado comigo que se sentia culpado, mas depois de uma longa conversa com Sirius, ele pareceu menos angustiado.
Ainda assim, a runa no meu peito ardia de tristeza e culpa.
Eu quase podia ler os pensamentos dele: e se não tivessem ido? E se ele tivesse nos avisado? Isso teria mudado alguma coisa?
No fundo, não mudaria. Porque Euphemia e Fleamont estavam fadados a morrer antes de nos livrarmos de Voldemort - fosse por ele, fosse pela Varíola de Dragão que havia levado ambos antes dessa viagem no tempo maluca em que nós tínhamos nos enfiado.
Então, não havia nada a ser feito a não ser organizar nossos próximos passos e derrubar os responsáveis por toda aquela merda de guerra.
Vulgo Voldemort e companhia.
Então, durante a terceira noite, James estava sentado comigo no escritório que Fleamont montara para mim - como estávamos praticamente presos em duas Horcruxes (não sabíamos a localização exata de absolutamente nenhuma delas), nós podíamos pelo menos trabalhar na runa.
Então, enquanto Alvo retomava a Mata-Cão, com Anabelle e Cygnus, eu e James retomamos a nossa pesquisa de Runas Antigas. Ele parecia exasperado, xingando baixinho, enquanto revirava um livro. Eu anotava as runas base na lousa agora limpa, já sem os esquemas de Magia Ancestral.
Eu tinha pensado que a Magia Ancestral seria o mais difícil. Eu estava completamente errada.
- Que porra eu vou fazer com isso? - eu olhei a lousa, suspirando. James riu baixo:
- O que é isso?
- A base. - eu olhei meu namorado, que ergueu as sobrancelhas. Como nenhum de nós iria sair, eu tinha tirado completamente a Oclumência da nossa ligação, o que tinha tornado tudo mais divertido para mim.
Era incrível saber que tipo de reação eu causava nele apenas por abrir alguns botões do vestido ou sentar muito perto dele. Eu tinha segurado uma gargalhada quando sentei no colo de James, para ler um trecho do livro de Runas que ele achava importante.
Ele estava certo, é claro, mas a discussão acabou rapidamente porque ele fez questão de me tirar do próprio colo e começar a andar pelo escritório, o coração batendo rápido e forte, enquanto gaguejava coisas sem sentido.
Aquilo era divertido.
- Vai usar essas de base como essa que foi colocada na gente? - James perguntou e eu suspirei, acenando que sim, ainda encarando a lousa. - Vai imbuir magia nelas de cara?
- De forma alguma. - eu arregalei os olhos, encarando James. - Isso pode causar uma explosão pior do que a que Al causou no laboratório.
- Merlin. - James passou a mão pelos cabelos. - E o que vai fazer então?
- Preciso pegar os traços principais ou, pelo menos, pensar em uma forma de conectar essas coisas. - eu apontei para as runas que eu tinha escolhido para a nossa runa. - Não vou acertar de primeira, mas eu posso ter uma ideia. Alvo disse algo sobre a tintura?
- Está focado na Mata-Cão. - James sacudiu a cabeça. - Precisa da tintura quando?
- Não tenho pressa, ainda. Precisamos trabalhar na runa antes de qualquer coisa. Cyg já fez a mandala, então estamos com meio caminho andado. - eu ponderei. - Vou ter que criar a runa, colocá-la no meio da mandala e depois testá-la com algum objeto não-vivo. Preciso também descobrir como vou definir o período de viagem no tempo. Isso é outra coisa que vai me dar trabalho.
- Podemos pensar nisso depois. - James voltou os olhos para a lousa com as runas. - Há algo mais a ser feito?
- Só se você achar alguma coisa importante. - eu sacudi os ombros e bocejei em seguida. - Vamos dormir.
- Quem sabe você pense em algo enquanto tenta dormir. As minhas melhores táticas de quadribol aparecem assim. - James ficou de pé e entrelaçou os dedos nos meus. - Tome um banho relaxante e vamos dormir. Posso trazer um chá para você, se quiser.
- Seria bom. - eu admiti e James sorriu, me levando para o meu quarto e, em seguida, foi para a cozinha, preparar um chá de camomila.
Ele era, realmente, o melhor namorado do mundo.
- Podemos conversar? - Lily me puxou para um canto depois do café-da-manhã. Os olhos verdes dela estavam acompanhados por olheiras arroxeadas e pareciam sem vida, sem aquele brilho de alegria que eu sempre tinha visto.
- Claro. - eu acenei com a cabeça e segui Lily para o pátio, onde a mandala ainda estava pintada, embora desbotada e com aparência de queimada no cimento. - O que aconteceu?
- Pontas não quer mais ficar aqui. Está sendo muito doloroso para ele ter que lidar com a casa sem os pais. - ela foi direto ao ponto, enquanto sentávamos em um dos bancos sob a cobertura. - Ele quer saber se há algum outro lugar que você considere seguro o suficiente para irmos.
Eu pisquei.
Grimmauld Place era seguro, se eu conseguisse expulsar Walburga e Orion, porém seria complicado. Havia a casa de campo dos Black, que era, atualmente, habitada pelos pais de Belatriz.
- Evan agora é chefe da família Rosier. - eu tombei a cabeça. - Podemos tentar conversar com ele a respeito. A Mansão Yaxley é fora de cogitação, Alyssa tem um irmão mais velho e agora ele chefia a família, enquanto o pai está internado.
- Acha que Evan vai concordar em ceder a casa da família? - ela perguntou, tensa. - A notícia da morte do pai dele foi divulgada hoje cedo. Talvez ainda não tenha forma de conseguirmos a casa.
- Com a mãe dele ainda em jogo fica difícil. Terá todo o processo de herança. - eu ponderei. Assim que eu tinha lido a notícia da morte de Rosier, meu estômago tinha afundado e eu estava quase sendo engolida viva pela ansiedade. Evan tinha me garantido que eu tinha feito um favor à humanidade, mas eu ainda pensava no que aquilo significava para mim, para a minha alma.
- Acha que ela pode impedir a entrada dele na Mansão? - Lily perguntou, as mãos cruzadas no colo, ansiosa. Eu sacudi a cabeça:
- Como único filho e herdeiro, ele é chefe da família agora. No quesito lei, ela tem direito a parte das coisas, mas grande parte das coisas vem para ele. - eu expliquei. - Algumas coisas também já estavam no nome dele, então o pouco que eles irão dividir não vai afetar muito. A grande questão é assegurar que ela não vai nos entregar, o que eu duvido.
- Ir até a Mansão para reclamá-la como nossa é arriscada. - Lily murmurou. - Podemos ser emboscados.
- Sim. Então, Grimmauld Place e a Mansão Rosier estão fora das possibilidades. - eu suspirei. - Podemos tentar a Mansão Nott. Ela já está segura, mas ela trará péssimas memórias para muitos de nós.
- Podemos discutir isso com eles? - Lily soou ansiosa. - Eu nunca o vi assim, tão deprimido. Eu preciso obrigá-lo a comer, às vezes. E as noites de Pontas são cheias de pesadelos. - ela sacudiu a cabeça. - E ficar aqui só torna tudo pior. Para todo lado que olhamos, podemos ver Euphemia e Fleamont e é doloroso.
- Eu sei. - eu segurei a mão de Lily com carinho. - Vou tentar achar uma forma. Mas, a não ser que alguém tenha alguma outra ideia, alguma outra forma de assegurar a Mansão Rosier ou Grimmauld Place, estamos sem muitas opções.
- Tudo bem. Mas, pelo menos, vamos tentar. - ela abaixou a cabeça. - Não queria ter que pedir isso, mas está sendo muito difícil.
- Eu sei. A cada corredor que eu viro, eu fico esperando encontrar um dos dois. Ou ouvir a risada de Fleamont no laboratório, ou então ter Euphemia me explicando magia de cura. - eu abaixei os olhos. - Está sendo difícil para todos. A Mansão Nott foi o lugar onde James, Anabelle, Aric e Remus ficaram presos e foram torturados, então talvez seja tão ruim quanto aqui. Foi lá que Euphemia e Fleamont foram mortos, foi lá que a Sra. Nott também foi assassinada.
- Sim. Mas Caradoc disse que viu alguns comensais rondando a nossa casa. Eles sabem que podemos estar aqui, mas não conseguem entrar. Então, podemos estar comprometidos aqui também. - ela lembrou e eu suspirei, lembrando da conversa do jantar de ontem.
Dearborn não estava nada feliz com a presença de comensais tão perto de casa, tão perto do nosso lugar seguro. Se fôssemos sair para uma missão, quem garantiria que não nos seguiram? Ou pior, que não nos matariam à primeira vista?
Dizer que estávamos desconfortáveis com isso era minimizar muito o sentimento.
- Vou levar isso para os outros. - eu fiquei de pé e ajeitei as vestes bruxas que tinha escolhido para o dia. - Vá ficar com ele. Pontas precisa de você.
- Eu vou. - ela suspirou e me seguiu para dentro da Mansão, onde os demais nos esperavam, mas foi para o quarto de Pontas, sem dar mais explicações.
Para a minha surpresa, Sirius estava presente na sala de estar esta manhã. Ele ainda estava abatido e com o rosto inexpressivo, mas estava fora do quarto, o que era um alívio para mim. Ele me olhou por um segundo e estreitou os olhos em seguida:
- Que lugar pretende invadir agora? Eu conheço esse olhar. - ele perguntou, arrancando um sorriso meu:
- Ainda não planejei nada. - eu disse, docemente, e olhei para Evan. - Eu sei que a perda do seu pai é recente e, por mais que odiasse o homem, ele ainda é seu pai e você sente por isso. Mas queria discutir algumas questões relacionadas à sua herança.
- Você quer a Mansão. - Evan foi enfático. Alyssa ergueu as sobrancelhas. - E eu não estou chateado pela morte do meu pai. Eu estou aliviado, na verdade. - ele soou sincero.
- A Sra. Rosier ainda está na Mansão. - Alyssa me lembrou, delicadamente.
- Sim, mas quero saber o quanto Evan se importa com ela.
- Por que?
- Porque preciso saber se há alguma possibilidade de eu ser deserdada caso coloque ela para fora.
- Por que quer acesso à casa da nossa família? - Evan soou cansado. - A Mansão Potter está segura. Estamos com tudo aqui já organizado, já separado, já conhecemos cada centímetro do perímetro. Por que sair?
- Porque Pontas não suporta mais ficar aqui. - eu sentei em uma poltrona, de frente com ele. - Ele não consegue, Evan. E há comensais por aqui, você sabe. Eles estão rodeando a casa.
- Podemos dar fim nisso facilmente. - ele disse, seco. - Não quero retornar para a minha Casa Ancestral.
- Tudo bem. Mansão Rosier fora de cogitação. - eu me recostei na poltrona, fechando os olhos. - Casa de Campo Black?
- Está habitada pelos pais de Belatriz. - Reggie respondeu.
- Casa de Campo Rosier?
- Emprestada para a família Yaxley, enquanto a Casa Ancestral deles está sendo reformada. - Evan bocejou. Eu respirei fundo:
- Grimmauld Place?
- Walburga e Orion ainda estão lá. - Sirius lembrou. - E não, você não vai invadir aquela casa de novo e colocá-los para fora. Será tão óbvio quanto continuarmos aqui.
- Mansão Nott? - eu abri os olhos e encarei James, que retraiu no lugar. - É a única opção, a não ser que queiram acampar pelo país.
- Precisa falar com Aric, antes de qualquer coisa. - Alyssa disse, delicadamente. - Vai ser muito difícil para ele. Sem contar que lá é onde tudo aconteceu, então talvez seja mais doloroso do que continuar aqui.
- Mas a Mansão Nott não está sendo vigiada. - Al ponderou. - Foi o que Fabian disse.
- Não, não está. - Gideon concordou. - Neste momento, é mais seguro do que a Mansão Potter.
- Converse com quem esteve lá. Veja se há possibilidade de nos mudarmos, mesmo que temporariamente, até a poeira abaixar por aqui. - Caradoc disse, pacientemente. - E lá você terá toda uma biblioteca inexplorada para continuar com os seus experimentos malucos.
- Não são experimentos malucos. Todos têm embasamento científico. - eu corrigi. - Bells, James, pensem se conseguem retornar para lá. Os demais, que estavam em batalha e viram o restante dos acontecimentos, também pensem a respeito. Vou levar isso a Aric e Remus lá em cima. - eu fiquei de pé e saí antes que alguém, ou a minha própria consciência, me impedissem de questionar Aric sobre a mansão.
- Sem chance. - Aric cortou, assim que eu terminei de explicar. - Prefiro ficar aqui, cercado por comensais, do que voltar àquele inferno.
- Seu pai não está mais lá. - eu disse, delicadamente.
- Minha mãe morreu lá. - Aric respondeu, seco. - Podem ir, se quiserem. Os que não quiserem ir, ficam aqui. Eu fico.
- Não vamos nos separar. - eu sacudi a cabeça. Remus tinha sacudido os ombros e falado que desde que não precisasse ir às masmorras e à sala onde tudo tinha acontecido, ele não se importava.
- Ou vamos todos ou ficamos todos. - Aric me encarou. - Não há outra opção?
- Mansão Rosier foi cortada imediatamente por Evan, a casa de campo está sob posse dos Yaxley, a Casa de Campo Black está sob poder dos pais de Belatriz, Grimmauld Place também foi cortada. Mansão Yaxley está em reforma, mas Alyssa tem um irmão mais velho, o que também impossibilita a tomada dela. Eu pensei na Mansão Rosier, até questionei sobre o que Evan faria se eu colocasse a mãe dele para fora, mas ele não quer saber de pisar lá. Eu testei todas as possibilidades. - eu esfreguei os olhos. - Ficar aqui é doloroso para todos, mas a sua mansão talvez seja tão ruim quanto, se não for pior.
- Mas aqui estamos cercados por Comensais da Morte. - Remus ponderou.
- Exatamente o contraponto deles. Então, ou revivemos memórias na sua mansão ou então vivemos presos aqui, cercados por Comensais. - eu expliquei.
- A Mansão não está sendo observada por comensais?
- Não. Acho que seu pai estando internado não a torna atraente no momento. Você sabe, - eu me recostei na cabeceira da cama na qual eu tinha me sentado. - nossas mansões, de famílias como as nossas, são cheias de armadilhas para forasteiros. O risco é muito grande.
- Ainda assim você procurou por coisas lá dentro, com James. - Remus estreitou os olhos.
- Sim, porque eu revirei Grimmauld Place, que faz a Mansão Nott parecer acolhedora. - eu revirei os olhos. - Mas não fui a fundo em alguns lugares. Nem pisei no quarto principal. E tem alguns cômodos trancados que, talvez, sejam melhor mantidos assim. Vai saber o que eles colocaram lá.
- Como aquela sala trancada em Grimmauld Place que você comentou. - Remus assentiu, sério. Eu acenei que sim:
- Há uma boa meia-dúzia de criaturas lá dentro, a mais tranquila delas sendo um ghoul. - eu fiz careta. - A Mansão Nott deve estar no mesmo nível e eu não vou lidar com um ghoul sozinha. Não quando ele é violento daquele jeito.
- Ghouls não são naturalmente violentos. - Aric notou.
- É porque você não lidou com Walburga diretamente. Isso torna você violento. - eu fiz careta.
- Nem você lidou com ela. - Aric lembrou.
- Eu lidei com a pintura dela, o que foi suficiente para mim. - eu retorqui. - Pensem a respeito. Sirius está convencido que eu vou invadir Grimmauld Place de novo.
- E você vai? - Remus perguntou, curioso.
- Só se não tiver opção. - eu respondi, com sinceridade. - Tentem encontrar outra forma. Pensei nas casas Evans e Lupin, mas Caradoc me contou que foram atacadas e revistadas.
- Sim, foram. - Lupin sacudiu a cabeça, chateado. - Então estão fora de cogitação, mesmo sob Fidelius.
- Isso tornaria óbvio nosso esconderijo. - Aric concordou. - A mansão está sob o Fidelius?
- Sim. E eu sou a Fiel do Segredo. - eu fiquei de pé e ajeitei as vestes. - Vou voltar a pensar na runa. Estamos travados nas Horcruxes, de qualquer forma.
- Sozinha? - Aric perguntou, a voz soando divertida. Eu ignorei o calor nas bochechas:
- Com James. Como sempre.
- Por favor, sejam cuidadosos. - ele disse, solene. - Um bebê no meio de uma guerra…
- Aric! - eu guinchei, ignorando a gargalhada de Remus, enquanto saía da enfermaria batendo os pés.
Aric Nott era muito enxerido.
JAMES SIRIUS POTTER
- Você tem certeza de que quer ir para a Mansão Nott? - eu fui direto ao ponto assim que entrei no escritório de Electra. Ela parou por um segundo, as mãos sobre um livro antigo, respirando fundo:
- Não é sobre o que eu quero. É sobre o que é necessário. Enquanto estivermos aqui, Pontas estará fora de qualquer missão. Está sendo muito difícil para todos nós, James, mas para ele está sendo intolerável. - ela olhou para mim. - Eu estou pensando em alguma solução que não envolva levar vocês de volta para a Mansão Nott, mas preciso de ajuda.
- O que Aric pensa disso?
- Ele não quer. - ela soou sincera e exausta. - Não consigo mais fazer esse jogo de cintura, James.
- Então deixe que outros tomem essas decisões.
- Lily pediu minha ajuda. - ela sacudiu a cabeça, suspirando.
- Porque você sempre dá um jeito. - eu me aproximei e tirei uma mecha de cabelo do rosto dela. - Me diga nossas opções.
- Mansão Potter. Mansão Nott. Mansão Rosier. Grimmauld Place. Casa de Campo Black. Mansão Yaxley. Casa de Campo Rosier. - ela recitou.
- Mansão Potter é dolorosa. Mansão Nott também. Mansão Rosier está ocupada pela mãe de Evan. Grimmauld Place e Casa de Campo ocupados por Black não-amigáveis. - eu ponderei. - Casa de Campo Rosier?
- Ocupada pela família de Alyssa e um provável Quartel General. - Electra disse, suavemente.
- Mansão Yaxley?
- Em reforma, provavelmente cheia de feitiços de proteção. É impenetrável. - Electra foi firme.
- Nenhum lugar é impenetrável para você. A gente sabe que você gosta de uma invasão. - eu ponderei e Els abriu um sorriso fraco:
- Reformas em Casas Ancestrais frequentemente apresentam acidentes fatais. - ela disse, delicadamente. - Os feitiços de proteção são antigos, provenientes muitas vezes de Magia Ancestral.
- Mas você invadiu Grimmauld Place.
- Eu conheço Grimmauld Place como a palma da minha mão. - Els lembrou. - Estive em todos esses lugares, exceto pela mansão Nott, mas não os conheço como conheço Grimmauld Place.
- Ah. - eu engoli em seco. - Isso pode ser um problema.
- Um problema imenso, sim. - Electra acenou com a cabeça. - Antes de invadir o lugar, eu precisaria me infiltrar lá, para saber os pontos fracos, e ainda assim correríamos um risco enorme. A Mansão Nott já está sob nosso poder e com ajuda de Aric se tornará tão segura quanto Grimmauld Place. Esses lugares, essas Casas Ancestrais, são lugares onde nós nascemos e morremos. Onde partos acontecem e funerais também. Nosso sangue molhou aquele lugar, nosso sangue é a proteção. Se levarmos alguém para dentro, a magia reconhece como amigo, como família. Por isso se torna seguro. Nosso sangue nos protege.
- Por isso quer uma Casa Ancestral. - eu pisquei, compreendendo a ideia da garota.
- Sim. - Electra respondeu, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
- E custava explicar isso para todos lá embaixo?
- Estava sendo difícil com o olhar lancinante do Evan em mim. - Electra se defendeu. - Ele não quer retornar à casa da família e eu entendo. O pai dele era pior que Nott.
- Impossível. - eu sacudi a cabeça e Els suspirou:
- Não, não é. - ela disse, delicadamente. - Além do mais, tudo isso que eu te expliquei, sobre magia de sangue e proteções mágicas, eles sabem. Aric e Evan estarão levando isso em consideração. Dê um tempo a eles e deixe que decidam. Nos separar é inviável e completamente inseguro. - Electra disse, firme. - Leve essas informações à Pontas. - ela pediu.
- Está me expulsando? - eu perguntei, ofendido.
- Eu preciso focar na Runa e agora tenho esse problema para resolver. - ela fez careta. - E você me distrai. Pontas não fala muito comigo, mas aceita bem você. Vá tentar conversar com ele e veja se ele e todos vocês que estiveram presos na Mansão Nott conseguem entrar em um acordo.
Eu suspirei, dando um selinho delicado na garota, e saí do escritório, indo em direção ao quarto de Pontas.
Pontas, apesar de ainda melancólico, concordou em me acompanhar até a enfermaria, onde Remus e Aric estavam. Al e Anabelle tinham vindo, também, depois que eu mandei um patrono pedindo que ambos me encontrassem.
- Então, precisamos falar sobre algumas coisas. - eu sentei na beira da cama de frente com Remus. Pontas estava sentado na beira da cama do melhor amigo, que apenas deu tapinhas no joelho dele, ainda sem dizer nada. Bells e Al estavam na cama ao meu lado, com expressões neutras. Aric, de frente com os sonserinos, parecia desconfortável.
- A nossa possível mudança. - Aric foi o único que respondeu. Eu acenei que sim:
- É um assunto delicado e difícil. Electra sugeriu que a gente se reunisse. - eu admiti, suspirando. - Ela não quer forçar nada e nem ninguém e não quer que nenhum de nós fique desconfortável ou se sinta obrigado a nada. E, bem, nós cinco fomos os que mais… Bem, os que viveram a situação na Mansão Nott mais intensamente.
- Precisa levar em consideração que a minha mãe morreu lá. - Aric lembrou. - E quatro de nós fomos torturados naquela casa.
- Mas ficar aqui é doloroso para mim também. - Pontas disse, a voz fraca. - É terrível agora ser responsável por todos os bens deles, com a morte deles tão repentina. Toda vez que abro os olhos, parece um pesadelo. Eu saio do meu quarto, esperando que tudo tenha sido só um sonho ruim, e que vou encontrar meu pai no laboratório ou ouvir minha mãe cantando na cozinha.
- Perder Euphemia e Fleamont foi doloroso para todos nós. - Aric cedeu. - E entendo seu ponto. Mas minha mãe foi torturada e assassinada na minha frente, como punição a mim.
Pontas se retraiu:
- Ela não duelou?
- Ela não teve chance. - Aric virou o rosto, encarando o bosque da mansão pela janela. - Nunca teve. Quando chegamos, ele a jogou no chão do salão. Me ameaçou e a ameaçou. Então, a matou. Minha mãe morreu apavorada e triste e com medo de que o mesmo aconteceria a todos nós que estávamos lá.
Pontas passou a mão pelo rosto:
- E quanto a vocês? Como se sentem em voltar para a Mansão Nott? - ele olhou Remus e depois para Bells, eu e meu irmão.
- Eu disse a Electra que, desde que não precisasse ir às masmorras e nem àquele salão, não me importava. - Remus pontuou e lançou um olhar solidário para Aric. - Sinto por sua mãe, Aric, mas eu convivi tanto com os Potter que é… É como se eu tivesse perdido meus tios próximos.
- Ambos lugares são ruins. - Anabelle foi enfática, quando Aric trincou os dentes e desviou o olhar, magoado.
- São péssimos. - Al concordou.
- Electra fez um levantamento de possíveis locais. - eu intercedi antes que Aric e Pontas começassem a discutir. - A Mansão Nott é a única sob nosso poder atualmente, além da Mansão Potter.
- Mas aqui estamos cercados por Comensais da Morte. - Alvo ponderou, se recostando na cabeceira da maca. - O que torna esse lugar um pouco menos seguro.
- A Mansão Nott é como Grimmauld Place. - Aric lembrou. - Cheia de feitiços de proteção e magia negra.
- Electra disse que podemos resolver isso com sua ajuda e dos outros, se quiserem. Ela falou sobre magia de sangue e proteções mágicas. - eu suspirei. - A Mansão Rosier está ocupada, assim como a casa de campo deles. A mansão Yaxley está fora de cogitação, assim como a casa de campo Black e Grimmauld Place.
- Ela quer uma Casa Ancestral. - Pontas sacudiu a cabeça, rindo sem humor. - Por que?
- Porque são seguras. Quer dizer, seguras desde que sejamos bem-vindos. - eu encolhi os ombros. - Nós entramos na Mansão Nott porque fomos permitidos entrar pelos comensais. Sem permissão, jamais seríamos aceitos.
- Ele tem razão nisso. Nosso sangue nos protege e protege aos nossos. Casas Ancestrais são onde nascemos e morremos. Nosso sangue molhou aquela terra, aquela casa. - Aric disse, sacudindo a cabeça. - Electra tem razão quando diz que são nossas opções mais seguras.
- E sobre a Mansão Yaxley? - Pontas questionou.
- Ela não a conhece como conhece os terrenos Black e Rosier. - eu expliquei. - E nenhuma delas chega perto do conhecimento que ela tem de Grimmauld Place. E a mansão Yaxley está sendo reformada e, aparentemente, essas reformas são cheias de acidentes fatais.
- Por causa desses feitiços que ela quer usar ao nosso favor. Desde que haja um membro com o sangue da família, um descendente direto, as Mansões são seguras para o descendente e quem ele trouxer para dentro. - Aric explicou e Remus o encarou, sério:
- Você sabe muito sobre isso. - ele notou.
- Eu precisava saber os pontos fracos. - Aric encolheu os ombros.
- Certo. Invadir a Mansão Yaxley é inviável? - Bells questionou, cruzando os braços.
- Os Yaxley são uma família antiga, tão antiga quanto os Black. - Pontas respondeu. - Devem ter o mesmo tipo de magia protegendo sua Casa Ancestral.
- Mesmo tipo de magia, não mesmos feitiços. - Al lembrou. - O que torna a invasão inviável pelo risco de morte.
- Certo. - Bells enrolou um cacho loiro no dedo, nervosa. - E a Mansão Rosier?
- A sua bisavó está lá. - Al olhou a namorada, que fez careta:
- Eu posso colocá-la para fora. E Evan é o dono efetivo da mansão. É passada adiante por sangue, não por casamento. - Anabelle disse, impaciente. - Eu tenho mais direito à Mansão do que aquela velha coroca.
Pontas e Remus não seguraram uma risada e Aric abriu um sorriso triste:
- A velha coroca é uma bruxa tão habilidosa quanto Walburga. - ele lembrou, delicadamente. - Então, ou vamos em grupo arrancar a mãe de Evan da casa, que ele já disse estar fora de cogitação e ele não vai mudar de ideia, ou ficamos aqui, causando sofrimento a todos ou vamos para a minha mansão e, ao invés de mais de uma dúzia de pessoas chorando, seremos apenas quatro.
Nós nos entreolhamos e, surpreendentemente, foi Pontas que disse:
- Só iremos se vocês suportarem aquele lugar. Eu posso tomar umas poções para dormir. - ele ficou de pé e olhou para mim. - Eu aceitarei o que vocês quiserem. Mas vou levar um tempo para retomar meu normal. Então, com licença. Vou tomar um chá.
Pontas não esperou resposta antes de deslizar pela porta de madeira escura e fechá-la com um clique.
- Estamos numa situação de merda. - Alvo quase cuspiu.
- Vou com Electra até a Mansão Nott, se permitir. - eu olhei Aric. - Preciso saber se suporto ficar lá.
- Podemos ir também. - Alvo e Anabelle se voluntariaram.
- Quando você estiver melhor, vá também. - Bells emendou, olhando Remus, que acenou com a cabeça, mas ele olhou para Aric:
- Não quis magoá-lo.
- Está tudo bem. Eu entendo. - Aric abaixou os olhos. - Vocês três deviam ir falar com a maluca da Electra e organizar essa festinha do pijama lá na Mansão. Eu vou junto.
- Tudo bem. - eu acenei para o casal à minha esquerda e fiquei de pé. - Vamos.
- Dormir na Mansão Nott? Está maluca?! - Sirius jogou os braços para cima, encarando Electra.
- Aric chamou de festa do pijama. - eu entrei no meio da discusão. - Eu assumi essa parte. Pode discutir comigo suas preocupações. - eu desviei a atenção do Black para mim.
- Ela que estava organizando isso. - Evan pontuou, os olhos ainda sobre a neta mais velha.
- Electra está sobrecarregada. - eu cortei, seco. - Então, enquanto ela estuda as Runas e pensa em Magia do Tempo, eu fico responsável pela nossa possível mudança. Aric irá conosco e Electra é excelente em lidar com magia desse tipo. Eu sou decente, Bells, Al e Cyg também são ótimos. Iremos nós cinco e, se for tolerável, podemos levar adiante essa ideia.
- E Remus? O que ele diz? - Reggie perguntou, sério. - Porque ele também foi torturado e não vai testar essa hipótese.
- Remus está muito doente para ir. - Anabelle lembrou. - E ele disse que, desde que não precise ir aos lugares onde tudo aconteceu, estará bem.
- É realmente uma boa ideia? É seguro? - Gideon passou a mão pela barba ruiva, impaciente. - Já perdemos três pessoas queridas. Não podemos perder metade do nosso mini-exército aqui por um experimento.
- Não é um experimento. Só precisamos saber se toleramos ficar lá. - Anabelle sacudiu a cabeça e Al encarou nosso tio-avô, com os lábios franzidos:
- Estaremos com o herdeiro direto. É mais seguro do que irmos a Grimmauld Place.
- Precisa ser um Herdeiro direto? - Alyssa perguntou e Electra respondeu:
- Magia de sangue. Eu cogitei ir, mas achei muito arriscado. Eu conheço as propriedades Black e Rosier, mas as Yaxley sempre estiveram fora do meu alcance. - ela explicou.
- E para Electra considerar muito arriscado, podemos considerar potencialmente fatal. - Cygnus olhou a irmã mais velha, que fez careta, mas não discutiu.
- Então, que seja. Vão vocês e Aric. - Caradoc sacudiu os ombros. - Gideon, se quiser ir…
- Claro que vou. - Gideon acenou com a cabeça. - Quando?
- Amanhã cedo. - eu defini. - Melhor arrancar o curativo de uma só vez.
Os demais se entreolharam, mas ninguém argumentou. Então, eu subi para a enfermaria para informar Aric sobre nosso passeio amanhã de manhã.
Electra arrumou uma mala pequena, com algumas trocas de roupa - eu não sabia o motivo para tanta coisa, mas eu a imitei.
Vai que precisamos ficar mais tempo do que o previsto.
- Se der certo e formos ficar lá definitivamente, - ela olhou para mim, ajustando as mangas das vestes de duelo presenteadas por Euphemia no natal. - precisaremos desarmar todos os feitiços e maldições antes de levarmos todos.
- Certo.
- Idealmente, ficaremos lá apenas esta noite. - Electra continuou, guardando a varinha em uma pequena bolsa pendurada no quadril, antes de pendurar a bolsa no ombro. - Mas se precisarmos ficar mais, vamos avisar. E voltar para buscar mais provisões.
- Sem problemas. - eu entrelacei os dedos de Els nos meus. - Você parece ansiosa.
- Agora não me parece uma boa ideia levar três pessoas de volta para o lugar no qual ficaram aprisionadas. - ela admitiu.
- Nós vamos tentar. Se não der, voltamos para cá. Sem estresse e sem desespero. - eu beijei a testa de Els e a puxei para fora do quarto.
Era impossível ignorar a ansiedade no meu peito.
Caradoc distraiu os comensais para longe da entrada que usaríamos para aparatar. Eu podia ouvi-lo rindo e xingando os comensais antes de Electra aparatar e nos levar de volta para a floresta escura - uma parte que não estava inclusa no território Nott.
A parte bem trouxa, diga-se de passagem, sem nenhuma planta mágica, como se o terreno Nott limitasse a reprodução das plantas para apenas dentro do seu território.
Electra foi de um a um de nós, cochichando o segredo ao nosso ouvido, depois de garantir que nada e ninguém poderia nos ouvir ou estava por perto.
A Mansão Nott havia sido completamente abandonada pelos comensais-da-morte.
Foi estranho caminhar pela terra escura e endurecida de gelo, com pequenos montes de neve espalhados pelos cantos. Foi mais estranho ainda quando passamos a delimitação do feitiço Fidelius - era como se eu tivesse passado pela Plataforma 9 3/4 , mas de uma forma um pouco mais… Bruta.
- Esse feitiço não é delicado igual ao da Lily. - Aric massageou o peito, resmungando. - Quem que conjurou?
- Eu. - eu olhei o Nott, estreitando os olhos.
- Combina. - ele respirou fundo. - Como entraram da primeira vez? - Aric olhou Els, que fez careta:
- Eu fui até MacNair e Mulciber. Eles pensaram, a princípio, que eu era Belatriz. - ela encolheu os ombros. - E eu os enfeiticei para me deixarem entrar.
- Confundus? - Aric perguntou, enquanto caminhávamos até o portão de ferro torcido e escuro, com um pouco de ferrugem.
- Imperio. - Electra corrigiu e eu e Bells a encaramos, os olhos arregalados. Aric apenas ergueu as sobrancelhas e Gideon continuava atrás de nós, em silêncio.
- Mais efetivo que Confundus. - Aric comentou. - Conseguiu de primeira?
- Eu estava irritada, então sim. - Els sacudiu os ombros e esperou que Aric liberasse o portão, colocando a mão sobre o centro do que eu achava ser a fechadura: não havia um lugar para colocar uma chave, apenas um bloco de ferro, cheio de arabescos, sobre o qual a mão de Aric repousava.
Em seguida, o portão começou a ranger e estalar, se desmanchando na nossa frente, como se não existisse.
- Não foi assim que abriu da outra vez. - Alvo comentou, com Els e Gideon acenando com a cabeça.
- Podemos deixar igual um portão normal, se tivermos batedores ou guardas. - Aric esperou que todos entrassem antes de pisar dentro do terreno e o portão voltou a aparecer, o metal se retorcendo e enlaçando, sem uma entrada óbvia. - Mas assim é como os herdeiros e suas companhias entram.
- Estamos liberados então? - Els ergueu as sobrancelhas.
- Para andar pelo terreno e pelos cômodos comuns, sim. - Aric andou com pressa até a escadinha de pedra escura que levava até a porta larga e alta da mansão. - Alguns lugares são proibidos.
- James e eu passamos por toda a mansão e alguns cômodos estavam trancados. - Els comentou e Aric fez careta:
- Não tentaram entrar, certo?
- Não. Achei que pudessem ser amaldiçoados. - ela admitiu.
- E são. - Aric abriu a porta de entrada da mansão. Ele pisou no pequeno saguão de entrada, seguido pelas garotas, Cygnus, Al e, por fim, eu.
Gideon nos seguiu, ainda silencioso, olhando para a Mansão Nott, cheio de desconfiança.
- Quantas vezes esteve em uma Casa Ancestral? - Bells perguntou, delicadamente, ao homem.
- Poucas e nenhuma delas foi prazerosa. - ele admitiu, os olhos azuis se suavizando quando encontraram os olhos da loira. - A última foi esta mesma casa e estou odiando cada segundo aqui dentro.
- Ela é repulsiva. - Aric concordou, olhando em volta. - Vamos começar pelas áreas comuns. Se quiserem deixar suas coisas nos sofás, não há problemas. - ele apontou um sofá fofo e azul claro, sujo de poeira e pedaços de concreto. Cygnus, eu, Al e as meninas obedecemos imediatamente.
Eu tinha passado tempo suficiente em Grimmauld Place com Electra para saber que jamais devia desobedecer ordens explícitas dos herdeiros dessas Casas Ancestrais.
Conhecimento que Gideon não tinha.
Porque, ao invés de ir até o sofá apontado por Aric, ele seguiu até uma portinha baixa, que devia dar acesso à cozinha ou algum ambiente dos elfos-domésticos.
Antes que Aric pudesse gritar para que ele parasse, Gideon abriu a portinha e uma capa preta, aparentemente incorpórea, entrou no salão. Gideon correu para longe, horrorizado.
- MORTALHA-VIVA! - Alvo gritou, xingando em seguida. Cygnus conjurou um Estupefaça, atraindo a criatura para perto dele.
- A porra de uma mortalha-viva. - Electra resmungou, empurrando a irmã e Al para o chão, antes que a criatura os perseguisse. Aric azarou a criatura, também, mas sem sucesso: a única coisa que ele conseguiu foi irritar mais ainda a mortalha-viva e atraí-la para si. - James! Você gosta dessas coisas, como a gente lida com isso?!
Certo. Eu tinha que fazer alguma coisa.
Eu assobiei e arremessei um pedaço de concreto na coisa, fazendo com que o manto negro se contorcesse um pouco, ainda sem fazer um barulho sequer.
A Mortalha-Viva se virou para mim.
- Expecto Patronum! - eu conjurei, pensando nos infinitos dias que tinha passado com Els, nos verões, nos dias passados com meus irmãos e minha família. A luz prateada na ponta da minha varinha brilhou forte, mas não se tornou um patrono corpóreo.
- Expecto Patronum! - a voz de Gideon soou firme, inabalável, como se a porra de uma criatura que se alimentava de humanos, não fosse nada mais do que uma pedra no sapato.
Finalmente, um patrono surgiu na sala: um garanhão imenso, que deu alguns passos na minha frente antes de avançar para a Mortalha-Viva que, agora, parecia querer voltar para o lugar de onde saíra - mas a porta foi fechada com um estrondo, com um feitiço não-verbal.
A Mortalha-Viva voou para longe, passando por uma janela quebrada, como se o patrono a tivesse arremessado para fora. Eu olhei para os outros, ainda ofegante. Electra engoliu em seco, levantando do chão com as pernas trêmulas:
- Uma Mortalha-Viva. Achei que eles existissem só em países tropicais. - ela olhou Aric, que estava pálido como um papel.
- Meu pai gosta de coisas exóticas. - ele respondeu, a voz fraca. - Me desculpe.
Aric Nott se curvou para frente e lavou o chão da sala em vômito. Eu olhei para Gideon, que passou a mão pelo rosto:
- Eu disse que minhas visitas às Casas Ancestrais eram sempre desagradáveis. - ele se jogou no sofá onde as bolsas tinham sido deixadas. - A porra de uma Mortalha-Viva.
- Eu falhei. - eu olhei Els, que limpava o vômito de Aric do chão com um aceno de varinha e Cygnus o levava para sentar no sofá.
- Acontece com todos. - Al apertou meu ombro. - E eu nunca vi você tão apavorado. Nem com o basilisco.
- Era a porra de uma Mortalha-Viva. Eu só li sobre isso. - eu admiti, passando a mão pelos cabelos, envergonhado.
- Eu saí correndo. - Gideon olhou para mim. - Foi corajoso, mas nem sempre temos sucesso. Volte a treinar o seu patrono.
- E faz bem para o seu ego. - Cygnus me encarou, um meio-sorriso no rosto. - Vez ou outra é bom deixar um pouquinho para gente. Eu também gosto de me divertir.
- Seu pai é um sádico. - Electra olhou para Aric, o rosto ainda pálido. - Uma mortalha-viva de estimação?
- Ele é criativo e gosta de coisas exóticas. Deve ter importado ilegalmente. - Aric aceitou o copo de água oferecido por Bells. - Devemos avisar os outros sobre esse troço. É bem capaz de que volte.
- Deveríamos é avisar o Ministério. - Gideon respondeu. - Vou mandar uma mensagem a Caradoc para que ele tome as providências. Com licença. - ele saiu para o saguão e eu olhei para o grupo abalado:
- Pelo menos ninguém foi comido vivo.
