Demorou um pouco mais esse capítulo, mas saiu. Era para ser um capítulo único, essa primeira parte e a próxima, só que ficou grande demais. Então resolvo dividir. Mas prometo que não demorarei a postar a continuação.
Não mais, boa leitura!
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Capítulo 17 – Aniversário (parte 1)
Bem, abra sua mente e veja como eu
Bem, abra sua mente e veja como eu
Abra seus planos e, droga, você está livre
Considere outros planos e, caramba, você se libertará
Olhe para o seu coração e você encontrará amor, amor, amor, amor
Olhe para seu coração e encontre amor, amor, amor
Ouça a música do momento, as pessoas dançam e cantam
Escute a música do momento, as pessoas cantam e dançam
Somos apenas uma grande família
Nós somos apenas uma grande família
E é nosso direito divino ser amado
E é nosso direito divino de sermos amados
Amado, amado, amado, amado
Amados, amados, amados, amados
Então não vou mais hesitar, não mais
Então não vou mais hesitar, não mais, não mais
Não posso esperar, tenho certeza
Não posso esperar, tenho certeza
( Eu sou seu , "Eu sou seu", Jason Mraz )
O frio havia chegado em Hogsmeade e trouxe um vento que rondava com um cheiro distante de pinheiros, dançava com os cabelos dos bruxos e invadia suas peles. Ainda não era o frio congelante de dezembro, mas os habitantes se agasalhavam e já queimavam lenha nas chaminés.
No chalé, Jean estava no sofá perto da janela e tomava uma caneca de chá quente, com a cintura coberta por uma manta pequena até os pés. Ela contemplava o céu estrelado, porém, seu olhar vagava em pensamentos. Estava inquieta pelo fim da semana, mais precisamente o domingo: seria dezanove de setembro.
Desde o início do mês, a bruxa já experimentava uma expectativa com relação a esses dados, que acabou por circular no calendário. Sirius chegou ao motivo, mas ela deu de ombros e ele não insistiu no assunto. Contudo, Jean suspeitava que talvez fosse o próprio aniversário ou um marco de algum evento especial. Tentei puxar a memória, porém, nenhuma lembrança emergiu.
Outra de suas inquietações era estar à toa: Jean não suportava o ócio por muito tempo. Às vezes, ela até realizava as tarefas domésticas sem magia apenas para estender o tempo, mas nem isso tirava a sensação de inutilidade. Tentava também gastar seu tempo com os livros da biblioteca; tampouco lhe satisfaziam como antes, por mais que não houvesse fornecido de ler todas as obras do chalé.
Jean largou a caneca na mesa, ampla-se e caminhou de um lado para o outro: teria que procurar trabalho, pois necessitava se concentrar em algo mais prático. Mesmo saindo para se distrair em qualquer parte da Vila não era a mesma coisa; ela será útil e terá mais contato com as pessoas. Talvez fosse arriscado pelo fato de se expor a uma pessoa ou grupo que havia sido atacado e deixado sem memória, mas não suportaria mais estar confinado. Obviamente, ninguém na Vila havia sido reconhecido, em parte, devido à transfiguração de sua aparência, embora não fosse uma mudança tão radical. Um olhar mais atento de quem já conhece suas características reais poderia desmascarar seu disfarce; por exemplo, Madame Rosmerta, se a convidada vista ali nos seus tempos de estudante de Hogwarts. No entanto, a estalajadeira nunca deu mostras de atenção Jean e a mulher eram do tipo que se atentava a detalhes como rostos, histórias que escutava e específicas.
Talvez devesse pedir conselho a Sirius, porque, de certa forma, sua decisão o envolvia. Suspirou. Ele era outro motivo que o preocupava, agora que praticamente havia deixado claro seus interesses. Estava tão confuso! Tinha horas que queria mandar para o inferno o bom senso e entregar-se em seus braços; outras vezes, a consciência emergia como um lembrete de que seria imprudente se envolver com o Maroto e complicar a sua vida de antes que suas lembranças retornassem. Sé . Porque depois do ataque do dementador em Três Vassouras, nada mais veio à tona.
Sirius também não é fácil para ela. Conforme o prometido, ele continuou a agir como um bom amigo sempre que voltava de Hogwarts nos fins de semana. Conversamos sobre os avanços dele em seu plano, as novidades da Vila, os livros que ela estava lendo ou quaisquer outros assuntos. Embora Black não retomasse o assunto sobre uma relação entre eles, contínua com suas flertas, agora escancarados: olhares mais intensos e prolongados; um jeito de conversar sussurrado e envolvente; toques leves, curtos e "casuais"; e tudo o que pudesse arrepiá-la por dentro e deixá-la sem fôlego. Até na maneira de segurar os talheres e os copos na hora das refeições o homem exalava sedução! Ele sabia exatamente o que estava fazendo e como a afetava! Se continuasse assim, mais cedo ou mais tarde, a bruxa abandonaria o bom senso e cairia nos braços do Maroto (e ele se desviaria ter certeza de que isso aconteceria).
Jean parou de andar, voltou a se sentar e colocou o rosto entre as mãos. Que Morgana me ajude!
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Sirius Black estava muito frustrado: não teve grandes avanços ao entrar em Hogwarts, tampouco em localizar o menino Weasley. O único fato novo que vimos foi sentir algumas vezes o cheiro de Harry mesclado ao da pessoa com o odor semelhante ao de Jean quando um grupo de alunos descia para uma aula externa; porém, da distância em que estava, não distingue nenhum dos dois no meio dos estudantes agrupados e misturados entre si; talvez o pai (ou pai) de Jean fosse colega do mesmo ano que Harry, assim como o Weasley; ou poderia ser um dos professores. De qualquer forma, o anime não se arriscaria em conferir tão de perto, pois não poderia ser visto por ninguém.
Afinal, Sirius não era um cachorro qualquer e, às vezes, até poderia ser confundido com um "Sinistro" – um cão preto e grande que, segundo relatos no mundo Bruxo, quando visto por alguém à noite, principalmente em um cemitério, era sinal de morte para aquela pessoa. Não acreditei nessa superstição, mas havia muitos bruxos que sim e, se algum estudasse o visse no terreno da escola mesmo de dia, comentasse com os colegas e a história se espalhasse, poderia chegar aos ouvidos de Remo que não demoraria em fazer a ligação e contar um Dumbledore. Se ninguém encontrou Sirius até agora, nem mesmo os dementadores, foi porque Lupin por algum motivo não havia revelado sua condição de animago.
Outra novidade era uma manada de hipogrifos nos terrenos da escola, que estavam confinados em um cercado e sendo tratados por Hagrid. Sirius não se atreveu a se aproximar ou tentar se comunicar com as criaturas, pois não estava ali para socializar; apenas as viu de relacionamento e admirou-as. O único animal que queria "ter uma amizade" era o gato inteligente, que viu por três vezes rondando as cercanias da Floresta Proibida e uma vez perto do castelo. Contudo, em todas as graças, o felino manteve distância em uma postura de ataque quando Sirius se aproximou. A frustração cresceua no bruxo, mas a oportunidade era boa demais para desistir: o animal era ideal na captura de Pettigrew. O Maroto insistiria com o bichano nas próximas semanas.
Sirius retornou ao chalé naquela manhã de sábado, louco por um banho e um pouco cansado, mas com um ar travesso na cara canina. Ele ficaria com Jean e, mesmo que não estivessem juntos (por enquanto), estar com ela era um sopro de vida para sua frustração.
Como de costume, ele chegou na habitação, foi recebido por Jean, banhou-se, lanchou e invejou-se perto dela na biblioteca. Porém, estranhou a moça desviar os olhos para os lados mais de uma vez da obra que lia e franzir a testa; ela pode ler, mesmo com a presença dele.
- O que foi, Jean?
- Nada.
- João…
Ela suspirou, hesitante.
- Não aguento mais ficar à toa – fechou o livro e encarou Sirius – Quero trabalhar.
- É por que você se sente sozinha?
Ela balançou a cabeça para os lados.
- Já estava com essa sensação desde que estávamos no hotel. Não é pelo dinheiro porque temos de sobra… e tenho o cuidado de gastar o menos possível. É mais por uma necessidade de ser útil.
- Então arrume um emprego.
- Não é tão simples, Sirius.
- Por que não?
- Para começar, tem a minha segurança. E se uma das pessoas que me atacaram, me encontraram e me levaram em consideração?
- Até agora a transfiguração na sua aparência funcionou muito bem.
- Porque não me exponho tanto. Dependendo do tipo de trabalho que eu fizer, posso ficar em evidência. – cruzou as pernas – Aqui em Hogsmeade, muitos empregos são nas lojas, o que significa que muita gente vai me ver. Uma mudança no cabelo, nas sobrancelhas e um par de óculos não é disfarce suficiente para quem já me conhece.
- Bobagem, Jean, existem pessoas muito parecidas no mundo. Você poderia ser considerado uma sósia de você mesma.
- Duvido que essa aparência engane quem está atrás de mim.
- E talvez você nunca seja encontrado pelo seu agressor. – Sirius atraiu a mão quando ela abriu a boca – Se por acaso ele te encontrar, você tem a vantagem de não saber o rosto dele e então não vai ter uma ocorrência de reconhecimento. Isso pode confundir uma pessoa.
- Não acho que seja uma vantagem eu não saber quem me agrediu. Ele pode me atacar mesmo sem ter certeza. Ou ela. - Jean se lembrava vagamente do rosto da mulher que lhe torturava em suas memórias; talvez fosse a mesma pessoa causadora de sua amnésia. Porém, não quis compartilhar essa gravação para Sirius para não o afligir por sua segurança e atrapalhar seus planos. Suspirou – E se eu considero uma pessoa na hora?
- Duvido que uma pessoa vá te atacar no meio de uma loja cheia de gente, se você trabalhar como um vendedor. Em todo o caso, você pede ajuda. E sei que você também pode se defender perfeitamente como o que te ensinei, Jean. E como você se lembrou.
- Não sei não, Sirius.
- Jean, não tenha medo. Se quer trabalhar, trabalhe. Não deixe que o medo te impeça.
- Se fosse apenas isso...
- O que mais te preocupa?
- Não tenho referências de trabalhos anteriores, pelo menos não que eu me lembre. E se eu cobrarem?
- Olha, confesso que nunca cheguei a ter um emprego depois que me formei, porque logo fui chamado para ajudar na Ordem e me dediquei por completo. Mas do pouco que sei do próprio Remo, nem todo o empregador pede referências, nem mesmo pede os NIEMs É mais no Ministério que é exigido. Agora, nos lugares daqui, pode ser que nem te peçam, ainda mais por você estar morando na Vila – Jean se calou por alguns segundos, assentiu, mas mordeu os lábios. A respiração de Sirius sustou, porém, ele fechou os olhos para se concentrar e tornou-se a abri-los ignorando na manhã dela – Tem mais alguma coisa que te impede?
- Sim – ela o encarou – Como fica você?
- O que tem eu?
- Se eu trabalhar, posso comprometer nossa disfarce.
- Não entendo como.
- Vou ter colegas, Sirius. E eles podem querer se aproximar, sair e até me visitar... aqui. Vai ser um pouco suspeito e rude, eu manterei distância.
- Então não mantenha a calma, Jean. E se algum dia você quiser trazê-los aqui quando eu tiver, vou encontrar apenas um cão negro e grande que te faz companhia.
- Mas vão me fazer perguntas sobre meu passado que não posso responder
- E você inventa uma história. Posso te ajudar com isso.
- Sírius…
- Faça amigos, Jean. Não quero que se prive de nada por minha causa. E nem por medo de alguma aventura do seu passado ou por causa de sua amnésia – suspirou – Você merece toda a felicidade do mundo e quero que você tenha uma sorte.
Lágrimas arderam nos olhos da bruxa, mas Jean as conteve. Em vez de derramá-las, ela abriu um largo sorriso.
- Obrigada, Sirius.
- Disponha, querido – ele deu uma piscada – Era só essa questão de trabalho que estava te perturbando ou tem mais alguma coisa?
- Tem, mas não sei dizer o que exatamente. - Sirius franziu a testa – Sabe aqueles dados que circularam este mês? Dia 19?
- É amanhã.
- É, e não sei bem... parece importante, mas não consigo lembrar o motivo.
Sirius inclinou a cabeça, divertido.
- Talvez seja seu aniversário. Quem sabe?
- Até pensei nisso, mas não tenho certeza – ela parou como se uma memória tentasse vir à tona. A bruxa se remexeu na poltrona – Não sei... eu...
Súbito, algo como um raio atravessou a neblina em sua mente.
Jean estava sentado em uma poltrona, no que parecia a sala de uma casa grande, com um livro grosso de Runas Antigas equilibrado no colo. Seus olhos não conseguiam focar na leitura e, a todo momento, fitavam o calendário encantado na mesa da sala. O dia 19 de setembro estava marcado com letras douradas e minúsculas estrelas cintilavam ao redor. Sabia que seus amigos estavam preparando uma festa de aniversário para ela, mas não estava muito aceso. Ela não era muito afã de surpresas, pois ainda gostava de planejar sua vida.
A campainha tocou e, com um suspiro, fechou o livro e atendeu a porta. Uma jovem entrou com passos rápidos, os cabelos ruivos e soltos até a cintura, com um brilho travesso nos olhos verdes e um sorriso nos lábios. Logo atrás dela vinha outra moça de cabelos loiros presos em uma trança, com ar sonhador nos olhos cinzentos e expressivos. Depois de se cumprirem, a ruiva olhou para Jean da cabeça aos pés e franziu o cenho.
— H... não acredito! Você ainda não está pronto?
— Sim! É meu aniversário! - Jean olhou para Sirius e bateu palmas como uma criança que acabou de descobrir o presente dos sonhos – Lembrei, Sirius!
- Uau, acertei na mosca! - Black invejoso, embora engolisse em seco – Foi… alguma lembrança?
Jean recente e contornou sua gravação em poucas palavras.
- Eu tenho amigas, pelo menos duas – ela invejosa
- Que bom. – Sirius foi sincero, mas, ao mesmo tempo, seu coração se apertava com a perspectiva de ela se lembrar de quem era e ter que partir. – Algo mais?
– A moça ruiva me chamou por meu primeiro nome, mas não consegui me lembrar – ela suspirou – Não veio.
- Então não force, Sereia. - ele fechou o rosto – Essas suas amigas? Pegou os nomes delas?
- Também não.
- E... o tal cara de que você se lembrou? – Sirius apareceu disfarçando o incômodo – Ele não parece?
- Não, nem estava pensando nessa lembrança. Isso foi tudo.
- Mas já é alguma coisa. – ele alargou o sorriso - Quer dizer então que amanhã, dia dezanove de setembro, é mesmo seu aniversário? – ela assentiu – Que ótimo! - Sirius se extravasou – Temos que comemorar! E vamos começar por hoje.
- Como?
- Comprando presentes para você. Como amanhã é domingo, pode ser que algumas lojas fiquem fechadas.
- Ah, não, Sirius! Deixa pra lá! Não é preciso gastar dinheiro à toa! Nem sei quantos anos estou fazendo.
- Besteira, Sereia, o importante é a data – ele estendeu a mão – Vamos? - ela cruzou os braços e balançou a cabeça – Posso ficar aqui o dia todo se preferir.
Jean revirou os olhos, mas acabou por lhe dar a mão, ignorando as faíscas que o toque lhe provocava. Em seguida, conseguiu-se à parede da sala onde fez um quadro que escondia um cofre, em que ela guardava os galeões de Sirius. Apanhou uma pequena quantidade, porém, o homem chegou bem próximo às costas dela.
- Pegue mais – a nuca dela se eriçou com ele tão perto e o sussurro em seu ouvido – Não tenha dó de gastar, Jean. O que está aí também é seu.
- Isso é tudo – a bruxa se virou para ele com as mãos cheias. Seus corpos ainda próximos, ela poderia sentir a respiração dele. Engoliu em seco – Feliz?
- Eu ficaria mais feliz com certa resposta que espero – Sirius mudou o rosto no de Jean. Ela congelou e sustou a respiração. O Maroto abriu um sorriso presunçoso – Mas por agora basta.
E se atrasou dela. Jean mexeu os olhos como se recuperasse de alguma bebida que lhe deixou tonta. Sirius riu; ela o fitou com ar indignado.
- Vamos, Sereia.
Ele cessou a risada, tirou-se um pouco e se transformou no cão. Jean ainda o encarou com a expressão fechada, mas abriu a porta e saiu.
- Prefiro caminhar um pouco até a rua principal em vez de aparatar – disse ela – Pode ser?
Sirius chegou com um meneio de cabeça. Eles iniciaram uma descida por um pequeno caminho de terra até se encontrarem com Adam Gray diante do chalé que habitava. O corpo de Sirius tensionou; Jean passou a mão em sua cabeça para tranquilizá-lo.
- Bom dia, Senhorita Evans.
- Bom dia, Auror Gray.
- Está indo para a rua principal? – ela assentiu com um sorriso imposto – Excelente! Eu também. Que tal irmos juntos?
- Claro.
Uma bruxa ignorou o ganido baixo de Sirius. Não houve razão para ela se recusar.
- E como está seu cachorro? – Adam fez menção de se abaixar, mas Sirius rosnou para ele. O auror se endireitou, embora não pareçasse com medo – Calma, rapaz.
- Almofadinhas, quieto – Jean deu uma risadinha e tocou no dorso do animago. Ela encarou Adam – Desculpe, tem pessoas que ele estranha.
- Sem problema, mas... engraçado. – o auror coçou o queixo. Jena o encarou confusa – Desde aquela vez em Três Vassouras com os dementadores, não vi mais o seu cachorro com a senhorita. Não passeia com ele?
- Ah, às vezes… às vezes… eu o solto por aí e ele vai sozinho para outros lugares – ela vestiu seu nervosismo. O homem havia reparado na ausência de "seu cachorro" – Vamos então?
Adam fez um gesto para ela ir na frente. Percorreram uma estrada cujo trecho havia uma plantação de milho dos dois lados; depois, o milharal sumia e só restava a estrada de terra que se ligava à rua principal da Vila. Durante a trajetória, Gray manteve conversa com Jean que ficou atento e fingiu naturalidade; os assuntos não eram desinteressantes, embora a presença do auror causasse nervosismo por causa de Sirius; Temia que este também fez alguma coisa precipitada contra Gray por medo, ainda que permanecesse quieto durante o percurso.
Ao chegar à Vila, Adam se despediu e foi em direção a uma loja de ferragens. Jean suspirou aliviado, mas Sirius voltou um pouco na estrada.
- Espere, senhor… Almofadinhas – abrangentes Jean. O animago parou atrás da última casa da estrada e retomou a forma humana. A garota o olhou com expressão atemorizada, mas se mudou – Você ficou doido? – ela olhou para os lados – Alguém pode te ver! E se o auror Grey voltar?
- Dane-se ele! – esbravejou Sirius
- Shhh – ela balançou as mãos e olhou de novo para os lados
- Por que ele ainda está aqui?
- Ele acha que você pode sair de Hogwarts por causa dos dementadores e que talvez venha para cá. Aí ele poderia te apanhar – ela olhou os arredores da casa – É o que pode acontecer se ele ou outra pessoa te virem assim.
- Ele está ficando naquele chalé perto do nosso?
- É dele. Ele também gosta de passar uns tempos aqui.
- Parece que você está sabendo bastante a respeito desse auror. – Sirius não conteve o sarcasmo na voz
- Encontrei ele uma vez quando fui visitar a Casa dos Gritos. Nós conversamos um pouco e depois ele fez questão de me acompanhar até o chalé.
- E aí ficaram amiguinhos? Porque conversamos bastante de lá até aqui.
- Eu ia fazer o quê, Sirius? Ser grosso com ele? Isso levantaria suspeitas.
- Sei.
- Qual é o seu problema?
Ela o fitou: uma carranca se formou no rosto do Maroto. Os olhos dele estavam escuros e com uma emoção intensa presente, que fez o coração dela bater
- Não é nada – Sirius desviou o olhar – É só… preocupação… por você. – tornou-se a fitá-la com expressão mais suave e passou a mão pelos cabelos –Se ele desconfiar que está me ajudando, você também pode acabar em Azkaban por minha causa
– Fique tranquilo. Não é sempre que encontro o Auror Gray… e quando encontro só o cumprimento. Hoje foi a segunda vez que ele me fez companhia e conversamos
- Certo – ele chegou – Mas por que você não me disse que ele ainda estava aqui?
- Não achei que você tenha feito isso, já que parece dar pouca importância à presença de qualquer um que seja uma ameaça para você. – ela cruzou os braços e fechou o rosto – Como seu amigo Remo e os dementadores lá em Howgarts. E já que você quase não está aqui, não achei importante
- OK – ele suspirou e coçou a cabeça – Me desculpe, Jean
- Se transforme agora! Antes que nos vejam! – tornou-se a observar todas as noites – Ou eu voltei para o chalé!
Sirius bufou, mas fez o que era pedido. Latiu para ela, balançou o rabo e rolou pelo chão. Jean moveu a cabeça para os lados e acabou por rir; retomaram o caminho para a rua principal. Primeiro, foram para uma loja de moda feminina onde uma bruxa havia comprado o vestido que você usou para sair com Sirius no Três Vassouras; experimentei mais três, junto com duas blusas finas e duas saias. Sirius latiu em um sinal claro de que ela deveria escolher mais itens, porém, a moça o ignorou, assim como a insistência da dona da loja, pagou pelas roupas e saiu.
A próxima parada foi em uma livraria; o estabelecimento não era tão grande e frequentado quanto a Floreio e Borrões, mas também possuía uma variedade de livros. Sirius bufou, mas Jean o ignorou e deteve-se na entrada para observar as pessoas que trabalhavam ali: uma senhora de meia-idade que agora funcionava como obras; uma moça que frequenta um casal e um rapaz na caixa. Jean só entrou na livraria três vezes, mas nunca comprou nada por lá; sempre via aquela livraria em uma de suas idas pela rua, mas evitava de frequentar porque se o feito tinha quase certeza de que seria capaz de comprar mais de um livro e não queria gastar mais do que o necessário. Contudo, nas vezes em que entrou, foi bem recebido pelos participantes, particularmente, pela mulher mais velha, com quem teve conversas e recomendações sobre livros. Jean contemplou o local e imaginou como seria interessante trabalhar lá. Talvez na segunda-feira voltasse para sondar se precisassem de mais alguém para trabalhar, embora não houvesse placa querendo emprego; hoje ela apenas seria uma freguesa. Com isso em mente, entrei na loja junto com Sirius e observei os livros enquanto tentava se decidir quantos e quais levaria.
- Olá, Senhorita Evans! – a senhora a notou de imediata e mudou-se dela – Como vai?
- Er... bom dia, Sra. Clarke. Você está bem.
- E este é seu cachorro? – a senhora abaixou a cabeça e brilhou para Sirius que abandonou o rabo – Uau, ele é bem grande... e escuro. Se eu o visse à noite, acharia que é um "Sinistro"
- Um Sinistro?
- Oh, querido, você nunca ouviu falar? – Jean balançou a cabeça – Se você vê um cão grande e negro à noite, é como um sinal de morte – a jovem bruxa arqueou a sobrancelha. Sra. Clarke riu – Sim, é uma superstição boba, mas... não vou ser hipócrita e fingir que não acredito totalmente. Enfim... quer ver a loja?
- Sim, mas dessa vez, vim para comprar livros... para me apresentar.
- É seu aniversário?
- Na verdade, é amanhã. Mas quis comprar hoje de uma vez.
- Oh, querida, meus parabéns mesmo assim.
- Obrigada. – Jean corou um pouco – Um dos livros que vou levar é aquele de poções avançadas que a senhora me recomendou. Não sei se a senhora se lembra...
- Sim, claro. Poções muito potentes . Me acompanhe, por favor – Jean a batida até uma estante alta nos fundos da livraria, de onde a mulher retirou um grosso volume da sexta prateleira contada a partir de baixo – Aqui está.
- Uau!
- E bota "Uau" nisso! Você vai aprender as poções mais complexas e incríveis daí. Mais alguma coisa?
- Ah... eu... vou ver outros livros.
- Certo, se precisar de mim é só falar – Sra. Clarke acenou, mudou-se do balcão e adentrou uma porta atrás depois de sussurrar algo para a caixa.
Jean comprou mais sete livros e quando foi pagar, o atendente não registrou o preço da obra sobre poções. Ao indagá-lo a respeito, o rapaz disse:
- Não há erro algum. Sra. Clarke pediu para não o registrador por ser aniversário da senhorita. Fica por conta da loja.
- De maneira nenhuma! Não posso aceitar!
- Ela faz questão. E me pediu que não pegasse o livro de volta se a senhorita quisesse devolver.
- Mas... e se o dono descobrir?
- Ela se entende com ele. Ela é a gerente da loja – o rapaz brilhante
- Olha, mesmo assim, eu...
- Se você não aceitar, ela vai ficar muito ofendida – o moço fechado o rosto numa falsa expressão de zanga, embora os lábios permaneçam seguros o riso. – Não se preocupe, essa obra não vai dar prejuízo para a Sra. Clarke. Leve.
Sirius latiu em concordância. Jean alternou o olhar entre ele e a caixa.
- OK. Mas só dessa vez – o moço abriu um largo sorriso e embrulhou os livros. Entregou-os para Jean. – Obrigada – ela ia se virar, mas se voltou para o rapaz. Desculpe... vocês por caso estão pretendendo contratar novos funcionários?
- Que eu saiba não. – ele franziu a testa – Por quê? Você está interessado em trabalhar aqui? – Jean recentes – Se quiser, posso chamar a Sra. Clarke e pergunte.
- Não, não... pode deixar. Agora... estou com um pouco de pressa. Obrigada mais uma vez.
Ao sair da livraria, uma bruxa sussurrou para Sirius:
- Eu adoraria trabalhar aqui. Parece bem legal
O animago latiu em concordância. Depois, foram em uma sapataria onde uma bruxa roubou apenas dois pares de saltos altos e retornaram ao chalé. Jean jogou as sacolas no sofá e estendeu os pés.
- Ufa! Isso é bem cansativo!
- Você é a primeira mulher que sabe que não gosta de fazer compras – declarou Sirius de volta à sua forma e acomodou-se ao lado dela
- Não é que não goste, apenas não é minha atividade favorita. – suspirou – Mesmo que seja para comprar livros.
- E bota livros nisso! – ele assoviou – Foi o que você mais comprou. E você já terminou de ler todos os livros daqui ou só quer adicionar mais à coleção?
- Cala a boca.
O Maroto riu e apanhou o Poções muy potentes de uma das sacolas.
- Esse aqui foi uma excelente escolha.
- Você já leu?
- Na biblioteca da mansão Black tinha um exemplar... e em Hogwarts existia um, pelo menos na época que estudei. Tem algumas poções bem bizarras aqui, mas muito interessantes. A Poção Polissuco, por exemplo.
- Poção Polissuco?
- Depois você procura e lê com mais calma, mas se trata de uma poção bem complexa. Só acertei na minha segunda tentativa... mas depois, o tanto que a experimentei foi sinistro – ele riu. Jean tornou-se um fitá-lo com ar questionador. Ele não esclareceu, mas seus olhos brilharam de repente – Pensando bem, seria útil que você experimentasse essas poções, começando com essa primeiro.
- Por quê? – ela o fitou desconfiada.
- Leia primeiro, Sereia. Depois conversamos – ele deu uma piscadela e colocou o braço no encosto do sofá, quase tocando na nuca de Jean. Ela prendeu o ar, mas Sirius agiu como se fosse a coisa mais natural do mundo – Então... você quer mesmo trabalhar na livraria?
- Ah... sim... eu gostaria – ela arredou um pouco para o lado. O Maroto contraiu os lábios para prender o riso. Ela o ignorou – Mas pelo que o cara da loja falou, eles não estão oferecendo vagas.
- Ele ia perguntar para a mulher, você que não deixou. Acho que você deve voltar lá depois e perguntar direto para ela. Só para ter certeza.
- Talvez eu faça isso. Mas mesmo que não consiga trabalhar por lá, vou ver nas outras lojas – suspirou – Até topo trabalhar de garçonete em Três Vassouras, desde que eu tive uma ocupação.
- OK. Só não recomendo a Cabeça do Javali.
- Ah, sim, lá não – ela fez uma careta – Uma vez cheguei na porta só por curiosidade e não me pareceu um lugar muito limpo e asseado. E o dono tinha uma cara de poucos amigos e uns tipos estranhos me olhando de um jeito que me fez sair de lá rapidinho.
- O dono não é mau sujeito. Só os tipos que frequentam lá não são muito confiáveis. Você faz bem em não considerar aquele lugar como uma opção, embora eles tenham uma grande vantagem de ter uma cozinheira de mão cheia dos intervenientes.
- Exagerado.
- Falo sério, Jean. Sua comida me declarou – declarou Sirius com intensidade na voz e no olhar.
- Er... por falar em comida... – Jean engoliu em seco e começou a se levantar – Acho que está na hora de eu começar a preparar alguma coisa.
- Não, senhorita – Sirius agarrou a mão dela e manteve-a de volta com restrições para o sofá. Ambos estremeceram e ele soltou a mão dela – Você não vai cozinhar nem hoje nem amanhã. Vamos almoçar em Três Vassouras.
- E o jantar?
- Hoje podemos pegar por encomenda. Mas amanhã, farei o jantar.
- Você?
- Não me olhe assim, Sereia. Posso não ter uma mão para a cozinha tão boa quanto a sua, mas você já provou do que cozinhei lá na cabana
- Sim, peixes e esquilos – ela emulou um sorriso zombeteiro – E sem sal.
- Recursos Nossos eram escassos, se você se lembra – ele fez um bico
- Estou brincando, Sirius, eu sei. – ela riu – Não precisa fazer cara de chorão.
- Não tenho cara de chorar.
- Tem sim.
- Não tenho.
- Tem sim!
- Ah, é? Vou te mostrar – Sirius começou a fazer cócegas na barriga da bruxa – Aqui seu chorão!
- Par... pare... Sirius! – Jean se contorcia de rir ao mesmo tempo que tentava afastar as mãos do bruxo – Pare!
- Pede perdão!
- Nunca!
- Então sofra as consequências. – contínuo como cócegas, deslizando as mãos para cintura de Jean
- Tá bom! Tá bom! Perdão! Perdão! Mas pare!
- Há!
Sirius parou, mas suas mãos guiadas pousadas na cintura de Jean. Eles se fitaram por alguns momentos, até a mulher se lembrar de respirar, tirar os braços com interesses, deslizar para o lado e levantar-se.
- Eu... vou guardar minhas coisas.
Sirius apenas assentiu enquanto seus olhos a acompanhavam apanhar as sacolas e esgueirar-se para o quarto dela. Assim que fechou a porta do cômodo, Jean se permitiu suspirar.
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Jean foi almoçar em Três Vassouras, conforme sugestão de Sirius, porém ele não foi junto. Em vez disso, o Maroto pediu a varinha dela emprestada.
- Tenho que ir em outro lugar – explicou ele quando ela lhe entregou o objeto com um olhar interrogativo – E para onde vou, preciso da sua varinha.
- Sirius, o que você vai aprontar?
- Relaxa, Sereia. Não vou sair por aí explodindo ninguém, bom, a não ser que por força necessária – ela arregalou os olhos, mas ele atraiu as mãos em rendição. – Brincadeira. É só para... me aparatar.
- Para onde você vai?
- Beco Diagonal, só para... escutar algumas informações.
Jean balançou a cabeça com veemência.
—Sirius, por favor... não faça nada tolo.
— Ei, ei, está tudo bem, amor. Já disse para relaxar. Olha, você está na minha forma animada, então não tem perigo. Enquanto isso, almoce na Rosmerta e depois encomende um bolo de aniversário para comemorarmos seu aniversário amanhã. O que tal? Prometo que não vou atrasar.
Ele deu uma piscada e Jean casualmente a contragosto depois de exalar um suspiro. Então Sirius foi para o quarto, transfigurou o cabelo em um tom branco, assim como as sobrancelhas, além de uni-las entre o cenho. Em seguida, buscou uma capa preta que Jean havia comprado para ele há um tempo, mas que até o momento não havia usado. Cobriu o rosto com o capuz e então aparatou para o Beco Diagonal.
Ele foi parar no bairro mais perigoso da área, onde poderia achar o que queria: um presente incrível para Jean. Ali também não era um lugar muito seguro para ele, mesmo que não fosse meio de tipos perigosos, mas justamente por isso era menos provável que fosse verificado para entregá-lo às autoridades; em todo caso, estava com a varinha. Sirius apalpou os bolsos em que havia alguns galeões que retirou do cofre do chalé enquanto "sua bruxa" era guardada nas compras que fez mais cedo. Se ela soubesse o que ele pretendia, teria enchido os ouvidos, embora não lhe tirasse a razão. Sim, era uma imprudência o que eu estava fazendo apenas para comprar um presente para Jean, mas valia o risco. Além disso, ele precisava espairecer um pouco em sua verdadeira forma, ainda que fosse naquele ambiente.
Sirius circulou no meio de vários tipos que, como ele, também estavam com o rosto encoberto por um capuz. Em vez de lojas, havia barracas com produtos que, em sua grande maioria, eram ilegais, porém, muitos de boa qualidade. Ele conheceu o local por causa de Mundungo Fletcher, um bruxo que conheceu a ordem da Fênix. O sujeito era um vigarista, mas era bastante simpático e sabia adquirir objetos onde ninguém mais conseguiria. Aquele era um dos locais em que ele fazia "negócios" e onde havia trazido os Marotos ali algumas vezes a pedido deles mesmos.
Sirius se tornou uma barraca de "uma seção de joias". Havia vários itens; porém, com uma olhada, ele suspeitou de que eram falsificações perfeitas.
- Como vai, senhor? – um sujeito careca e baixinho, já idoso, mas com um nariz adunco e olhos pequenos e malévolos o saudou. Sirius acenou com a cabeça sem erguê-la – Está procurando algo especial?
- Hum... não tenho certeza ainda.
-Talvez eu possa ajudar. É para uma dama, suponho.
- O senhor é perspicaz.
- Apenas o óbvio. Um homem que procura por joias quase sempre é para dar a uma mulher. – um sorriso maldoso se formou na boca um pouco retorcida – Como ela é?
- Muito inteligente, mandona e perfeccionista.
- Ah, então ela vai gostar disso – ele mostrou um medalhão de forma oval, com uma pedra vermelha no centro – É um rubi legítimo. Dizem que pertence ao próprio Godrico Gryffindor.
- Acho que não.
Sirius torceu o nariz. Aquela pedra não era rubi nem ali, nem na China. Não passando de um jaspe vermelho.
- Então que tal essa? – o vendedor estendeu um colar com uma pedra cúbica azul. – É um diamante muito raro que...
Antes que termine, Sirius soprou sobre a pedra e esperou. A superfície ficou embaçada, porém, não se dispersou de imediato. O Maroto acabou de enviar uma mensagem para o vendedor que fechou o rosto com desgosto.
- Também não.
- Comigo o senhor vai encontrar uma joia legítima – uma mulher gorda de meia-idade e cabelos ruivos o interpelou. Sua tenda ficou ao lado do vendedor careca. Sirius se apresentou para lá ignorando o olhar feio que o sujeito lançou tanto para ele quanto para a mulher. O homem parecia que ia morrer, mas simplesmente abaixou a cabeça e ficou murmurando de forma dramática contra ambos – Desculpe meus colegas. – a vendedora sugeriu para Sirius quando este ficou de frente para ela, embora mantivesse o rosto baixo e encoberto pelos capuzes – Ele acha que consegue enganar a qualquer um.
- Percebi – ele sussurrou de volta
- Mas vejo que o senhor é um especialista.
- Não exatamente, mas um conhecido me ensinou como distinguir uma joia legítima de uma falsa.
- Bom para o senhor e azar para quem tentar dar uma de esperto – ela brilhante. Era uma mulher de aparência agradável, cujo perfil não combinava muito naquele ambiente. A bruxa estendeu as mãos para várias joias expostas em um tecido vermelho que parecia veludo. O panorama se estende em cima de três mesas de madeira com cavaletes – Vê algo de que gosta?
- Hum... são peças muito bonitas – embora nada chamasse sua atenção, os itens obviamente legítimos. Seu olhar se deteve em um colar; apanhou-o e observou enquanto apalpava. Era uma joia delicada, mas legítima; um pingente com o símbolo do yin e yang com o formato de dois cachorros entrelaçados, metade em ouro e a outra em ônix preto. Sorriu à imagem do colar suspenso no pescoço belo e esguio de Jean – Essa é perfeita.
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Bom, só pra esclarecer essa ação do Sirius no tal "diamante", pesquisei sobre como distinguir um falso de um verdadeiro. Uma das formas é você soprar na superfície: caso a pedra fique embaçada e demore a se dissipar, é porque é falsa.
Enfim, espero que tenha gostado. Comentem!
