Parte XXV: Transbordando
Santuário
Atenas – Grécia
12:17 PM
O almoço já estava servido na Casa de Touro. Depois do treino da manhã, Afrodite e Mulder terminaram por ficar e até ajudaram um pouco na cozinha – coisa rara de Aldebaran permitir. Mas naquele dia, o cavaleiro de Touro parecia disposto a distrair os convidados das preocupações mesmo.
Estavam todos acomodados à mesa, e o clima era leve – pelo menos à primeira vista. Mulder tentava acompanhar a conversa, com Aldebaran e Afrodite contando histórias de festivais passados – pulando, é claro, os períodos de guerra. Estava sendo bom ficar ali, manter a cabeça ocupada. Ainda não achava que tinha coragem de voltar para o chalé.
Mesmo assim, de vez em quando lhe vinha à mente: o que Scully estaria fazendo? Teria dormido um pouco mais ou estaria acordada? Teria saído para espairecer, assim como ele fez?
Foi então que Aiolia chegou.
"Opa, cheguei na hora certa!" Ele anunciou com um sorriso, puxando uma cadeira sem cerimônia.
"Você demorou. Achei que nem vinha..." Afrodite comentou, pegando mais um pedaço de pão.
"Imagina, perder macarronada? Jamais." Aiolia brincou, dando um leve soco no ombro de Aldebaran, que riu e lhe passou um guardanapo.
"E de onde você tá vindo? Porque treinando não estava. Tá com o cabelo no lugar e tudo..." Aldebaran provocou.
"Na verdade passei a manhã no Grande Templo." Aiolia respondeu, pegando um copo de suco. "Levei a agente Scully para o desjejum e fiquei por lá ajudando com algumas coisas."
Mulder continuou mastigando, o olhar fixo no prato, mas qualquer um que prestasse atenção notaria que algo mudou nele. Ele não perguntaria. Não daria esse gosto a ninguém. Mas era óbvio que ele queria saber mais.
Aiolia deu um longo gole no suco, ponderando. Para ele, aquilo não era grande coisa, mas... Mulder parecia quieto demais para quem, supostamente, já sabia da viagem.
"A propósito, agente Mulder... ela já foi. A essa hora já devem estar na metade do voo." Ele disse casualmente, pegando um pedaço de pão.
O barulho dos talheres de Mulder contra o prato foi quase imperceptível, mas ninguém naquela mesa era desatento. O agente foi surpreendido.
"Já... foi?" A voz saiu controlada, mas levemente arrastada.
"Sim." Aiolia assentiu. "Com Kanon, logo depois do café."
Aldebaran, que vinha observando em silêncio, desviou os olhos para Mulder. Nada mudou na sua expressão. Nem um franzir de sobrancelha. Nem um suspiro mais pesado. Mas estava tudo ali.
Afrodite tomou um gole de suco, desviando o olhar para a janela.
"Bom, imagino que tenha sido uma decisão estratégica." Peixes comentou, sem realmente querer agravar nada.
Mulder se serviu de mais suco e bebeu um gole, como se saboreasse a informação antes de digeri-la.
"Estratégica." Repetiu, pousando o copo devagar.
Aiolia pigarreou.
"Kanon a convidou de última hora, durante o café. Eu achei que você soubesse."
"Ela passou no chalé antes?" Mulder perguntou, sem encará-lo diretamente.
"Sim, para pegar algumas coisas, eles vão pernoitar lá. Por isso achei que tivesse falado com você antes de ir."
Mulder soltou um riso fraco, baixo, sem humor.
"Pois é. Não falou."
Ninguém respondeu. O silêncio foi a única reação possível.
Foi nesse momento que Aiolia teve um insight tardio. Era melhor não mencionar que Kanon provavelmente ajudou Scully a arrumar a bolsa antes de partirem. Isso sim seria a última gota que faltava. Ele se limitou a tomar mais um gole do suco, sem dizer nada.
Então, Máscara de Morte chegou.
"Boa tarde, senhores." Fazia uma cara séria mas era pura brincadeira. Puxou uma cadeira e serviu-se sem cerimônia. "O que eu perdi?"
Afrodite olhou de canto para os outros dois, mas ninguém respondeu nada.
"Nada demais." Disse Aldebaran, pegando mais suco.
Máscara franziu a testa, mordendo um pedaço de pão.
"Sei... então por que essa cara, agente?"
Mulder ergueu os olhos para ele, mas a expressão estava completamente fechada.
"Estou ótimo." Disse, seco.
Máscara ergueu as mãos, como se não tivesse nada a ver com aquilo.
"Sei..." Ele pegou um pedaço de pão e o partiu calmamente, notando que o clima estava mais carregado do que o normal. "Mas olha, fala sério, o que aconteceu?" Ele tentou, de novo.
Aldebaran limpou a boca com o guardanapo e cortou rápido:
"A agente Scully viajou pro Japão com Kanon."
Máscara piscou.
"Huh. Não esperava essa."
Aiolia olhou para ele de lado.
"Como assim?"
Máscara riu, dando de ombros.
"Ah, nada. Só não pensei que a agente Scully viajaria sozinha. Se bem que ela já foi sozinha da primeira vez, certo?" Coçou o queixo, genuinamente confuso "Assim, qual é o problema então?"
Mulder não reagiu.
Afrodite, que já estava de olho em Máscara, sorriu de canto e soltou casualmente:
"Problema? Nenhum, né." – Mas é claro que você não veria problema nenhum, nunca vê nada mesmo... – Peixes pensou alto.
Máscara parou no meio do gole de suco e olhou para Afrodite.
"O que isso quer dizer?"
Afrodite recuperou rápido, apenas sorriu de leve e tomou mais um gole.
"Nada não. É só que realmente, por que logo você acharia isso um problema não é." Mordaz sem intenção.
Máscara arqueou uma sobrancelha.
"Eu?"
Afrodite apenas riu, talvez um pouco amargo.
Aldebaran, percebendo que a conversa podia pesar ainda mais, resolveu intervir.
"Então, gente, segundo dia de festa ainda. Que tal descermos depois?"
Aiolia, que estava prestes a abrir a boca, assentiu rápido.
"Ótima ideia. Agente Mulder, o que acha?"
O agente piscou, como se voltasse ao presente.
"Er... acho que sim..." E voltou a comer.
Ou pelo menos fingiu.
xXx
Fundação Graad
Tóquio, Japão
23:17 PM (horário local)
Scully suspirou, recostando-se na cadeira. O calor residual na cratera da nave era uma coisa. O desaparecimento completo do interesse do governo americano naquilo era outra, muito pior. Kanon continuava observando os dados, examinando tudo com cuidado.
"Isso não faz sentido." Ela murmurou, mais para si mesma.
Kanon olhou para ela de canto.
"Nenhuma operação militar, nenhum sobrevoo, nada. Isso significa que eles limparam tudo antes mesmo de alguém pensar em investigar."
Scully apertou os lábios.
"Eu já vi isso antes, mas não assim. O normal seria eles monitorarem, manterem uma base no local. Esse silêncio… isso não é padrão."
Kanon tamborilou os dedos no braço da cadeira.
"Eles não querem que ninguém olhe para lá. Mas o que é mais estranho ainda? Ninguém quer."
Scully franziu a testa.
"Como assim?"
Kanon virou a tela de outro monitor, mostrando uma série de dados.
"Satélites particulares, missões de exploração, pesquisadores independentes... Ninguém enviou nada. Como se a região tivesse simplesmente deixado de existir no interesse da ciência."
Scully ficou em silêncio por um momento, depois soltou uma risada sem humor.
"Isso é tão previsível que chega a ser irritante."
Kanon sorriu de canto.
"Te irrita porque você já sabe onde isso vai dar."
Ela olhou para ele.
"O governo varrendo evidências, calando pesquisadores, desacreditando qualquer testemunha."
Kanon inclinou a cabeça levemente.
"Exatamente o que fizeram com você e o agente Mulder ao longo dos anos."
Scully sustentou o olhar dele por um momento. Kanon voltou sua atenção para os dados, e um pensamento surgiu na mente de Scully. Naquele momento ele realmente lembrava Mulder.
Não no jeito de falar ou na postura — Kanon era mais jovem, tinha uma ousadia porém era mais contido, talvez até mais elegante em como abordava as coisas — mas no jeito de pensar. A forma como ele separava as informações, analisava padrões, não confiava no governo e, acima de tudo, queria entender a verdade, não importava o que fosse.
Talvez fosse esse o motivo pelo qual ela não se sentia desconfortável perto dele. Ele era diferente, mas o raciocínio seguia uma lógica muito familiar.
Kanon percebeu o olhar dela e arqueou uma sobrancelha.
"O quê?"
Scully balançou a cabeça.
"Nada. Só estava pensando... Você e Mulder pensam de maneira muito parecida."
Kanon ergueu uma sobrancelha, depois soltou um riso curto.
"Isso é um elogio?"
Scully cruzou os braços.
"Depende."
O cavaleiro riu novamente e depois recostou-se na cadeira, cruzando os braços.
"E você?"
Scully estreitou os olhos.
"O que tem eu?"
"Não avisou o agente Mulder que estava vindo."
Ela desviou o olhar por um momento, mordendo a parte interna da bochecha.
"Eu ia... mas..." Exalou, frustrada consigo mesma.
Kanon inclinou-se levemente para frente, apoiando os antebraços na mesa.
"Você pensa que ele tentaria te impedir?"
"Não acho que ele tentaria impedir. Mas... eu não queria mais uma conversa complicada."
Kanon assentiu devagar.
"Faz sentido. Às vezes é mais fácil agir do que explicar."
Scully franziu a testa.
"Você já fez algo assim antes, não é?"
Kanon sorriu de canto.
"Mais vezes do que consigo contar."
Scully soltou uma risada curta, balançando a cabeça.
"Isso sim é algo que eu esperaria do Mulder."
Kanon ergueu uma sobrancelha, divertindo-se com a comparação.
"Talvez seja por isso que você ficou à vontade em viajar comigo."
Ela cruzou os braços.
"Talvez."
Um silêncio confortável se instalou por um momento. Ambos absorviam as informações e as implicações do que haviam descoberto.
Então Kanon falou novamente, num tom mais especulativo:
"Você acha que esse tempo aqui vai ajudar?"
Scully olhou para ele.
"Ajudar o quê?"
"Você e Mulder."
Ela não respondeu imediatamente. Não porque não soubesse a resposta, mas porque não sabia se queria dizer em voz alta.
No fim, apenas suspirou.
"Não sei... mas eu estava precisando."
Kanon assentiu.
"E ele, precisa de tempo?"
Scully desviou o olhar.
"Se ele usar esse tempo para pensar... e não para surtar."
Kanon deu um meio sorriso.
"E ele tem motivo para surtar?"
Scully não respondeu, mas o olhar dela dizia tudo.
Kanon riu baixinho.
"É... talvez eu devesse ter ficado na Grécia só para ver isso de perto."
Scully lançou um olhar impaciente para ele.
"Muito útil."
Kanon ergueu as mãos, se rendendo.
"Só estou dizendo que pode ser interessante."
Scully massageou as têmporas.
"Definitivamente iguais..."
xXx
Santuário – Vila de Rodoria
Atenas – Grécia
18:47 PM
Fox Mulder era um cara normalmente contido. Reservado. Mas o famigerado vinho de jarra fluía livremente, e a cerveja já havia destravado a língua e os ânimos de todo mundo.
"Eu só... eu só queria entender." Ele resmungou, girando o copo na mão. "Ela não precisava fugir. Não sou um tirano. Não ia dizer pra ela ficar. Mas... pelo menos podia ter me dito que ia."
O agente terminou o copo e se serviu de mais vinho.
"Quer dizer, quem decide sair do país sem avisar o parceiro? Sem nem um 'ei, Mulder, vou pro Japão, volto depois, não fui sequestrada.'?"
Aiolia arqueou uma sobrancelha.
"Pelo menos ela volta. Já é alguma coisa."
Milo riu.
"Vai ver ela achou que você ia tentar impedir."
"Eu não ia impedir!" Mulder rebateu, indignado. "Mas talvez eu fosse querer saber, não? Eu sou o parceiro dela!"
"Bom, Kanon provavelmente achou ótimo." Milo não conseguia resistir, a mesa inteira sentiu o peso daquelas palavras.
Mulder respingou cerveja na mesa ao pousar o copo.
"Isso é ridículo."
Shura deu um leve sorriso.
"A parte onde você finge que é só cuidado profissional ou a parte onde você morre de ciúmes?"
Mulder bufou.
"Isso não é ciúme."
Aldebaran assentiu, pensativo.
"Ah, entendi. É preocupação."
Mulder apontou para ele.
"Exato. Eu sou um homem responsável." A figura que ele fazia não combinava com a afirmação.
Aiolia balançou a cabeça, cruzando os braços.
"Certo. E você tá bem tranquilo com essa situação."
Mulder jogou um guardanapo na mesa, frustrado.
"Eu só não entendo por que ela não me disse nada! Se não tem nada demais, por que esconder?"
"Talvez ela só tenha achado mais fácil assim." Aldebaran sugeriu.
"Fácil para quem?" Mulder rebateu.
Aldebaran começou novamente, tentando suavizar.
"Olha, cara, pensa só. Você a primeira coisa que fez hoje foi fugir. Sinceramente, foi até bom ela ter viajado. Talvez ela esteja precisada desse espaço também, oras."
"Mas é diferente, eu não entrei num avião... só desci escadas, e meditei, e alonguei, e..." Mulder rebateu, frustrado.
Afrodite estava em silêncio até então, bebendo seu vinho com toda a calma possível.
"Sabe, agente Mulder... nem sempre a gente consegue conciliar o que está sentindo. Às vezes é só mais fácil fingir que está tudo bem."
Mulder olhou para ele, franzindo o cenho.
"Você tá falando de mim ou dela?"
Máscara chegou e bateu a palma na mesa como forma de se anunciar.
"Ma porca miseria, eu saio um pouco e quando volto já tá todo mundo de cara fechada."
Aiolia olhou de canto para ele, o sorriso já denunciando alguma embriaguez.
"Acho que essa conversa não é muito pra você, Máscara."
"Por quê? Porque eu sou um sem coração?"
Afrodite arqueou uma sobrancelha e bufou.
"Não. Porque pra se importar de verdade com alguém, primeiro precisa 'se importar', né..."
Máscara parou no meio de um gole de cerveja.
"O que diabos isso quer dizer?"
Afrodite cruzou os braços e tomou mais um gole de vinho.
"Quer dizer que você tá sempre por aí se espalhando, sempre tem o que quer, do jeito que quer... tá nem aí pra nada." Ok, o vinho estava trazendo a tona o pior de Afrodite de Peixes.
Máscara arqueou a sobrancelha, rindo sem humor.
"Que diabos tá acontecendo com você hoje?"
"Nada que você precise entender."
"Ótimo, porque eu realmente não entendo."
"Por que será?"
Máscara ergueu as mãos.
"E lá vamos nós."
Shura suspirou.
"Tá na hora de encerrar essa sessão antes que vire um duelo."
Aiolia riu.
"Já tá virando."
Máscara bufou, largando o guardanapo na mesa.
"Ah, entendi. Agora eu sou o cafajeste sem sentimentos do grupo."
Afrodite riu secamente.
"Se a carapuça serviu..."
Máscara bateu o copo na mesa, irritado.
"Tantos anos juntos nessa vida e vê... guarda essa língua ferina, que você não sabe nada de mim."
Afrodite o encarou, os olhos brilhando de fúria e algo mais profundo que ele mesmo não queria admitir.
"Que lindo, ficou ofendido."
O silêncio se instalou, denso.
Câncer levantou-se, pegando seu copo.
"Quer saber? Eu não preciso ouvir isso."
Ele saiu sem olhar para trás.
Afrodite suspirou e passou a mão pelo rosto, exausto de si mesmo.
Aldebaran balançou a cabeça.
"Um dia vocês dois ainda vão se acabar na porrada."
"Só se ele sobreviver até lá." Afrodite murmurou, bebendo mais um gole.
Milo olhou de canto para Aiolia e sorriu.
"Falando em amor complicado... e Marin, hein?"
Aiolia franziu a testa.
"O que tem Marin?"
"Nada, só que todo mundo aqui tem um problema amoroso, menos você. Você deve estar vivendo um sonho, né?"
"Todo mundo quem, ô cara-pálida?" Aldebaran levantou a mão, rindo.
Aiolia estreitou os olhos.
"Você tá insinuando o quê, Escorpião?"
Milo mordeu um pedaço de pão e falou casualmente.
"Nada, nada. Só que ninguém nunca viu Marin falando que vocês são um casal."
"Ela não precisa dizer nada. A gente se entende."
"Sei."
Aiolia encarou Milo por um segundo e depois voltou a beber.
Milo riu. Voltou-se para o agente, que estava cada vez mais derreado na cadeira que ocupava.
"Mas voltando pro nosso problema principal... agente Mulder, o que você vai fazer?"
Mulder soltou um longo suspiro.
"O que eu sempre faço. Esperar."
Aiolia bufou.
"Esperar o quê? Uma revelação divina?"
Mulder balançou a cabeça.
"Esperar a hora certa."
"E quando é a hora certa?"
Mulder não respondeu. Shura sorriu de leve.
"Esse medo é uma desgraça mesmo..."
Mulder não negou. Afrodite levantou o copo.
"Bem-vindo ao clube."
Aldebaran riu.
"Vocês dois deviam abrir uma sociedade."
Afrodite revirou os olhos.
"Ah, por favor."
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Santuário – Casa de Capricórnio
Atenas – Grécia
23:15 PM
Afrodite e Shura praticamente tiveram que carregar Mulder até o chalé e colocar o homem na cama, e ele ainda parecia longe de se acalmar. Shura deitou ele na cama sem muita cerimônia.
"Se você não tomar uma decisão logo, Mulder, a decisão vai ser tomada por você."
Mulder tentou se sentar novamente, sem sucesso. Passou a mão pelo rosto.
"E se já tiver sido?"
Afrodite sentou-se na cadeira, cruzando as pernas.
"Você acha que a agente Scully tomou alguma decisão a essa altura?"
Mulder ficou em silêncio.
Shura se encostou na porta.
"Agente Mulder... eu não te conheço tão bem, mas vou dizer uma coisa: se for pra perder, que seja porque você tentou. Não porque você teve medo de tentar."
Afrodite concordou, sem rodeios.
"Ou então, aceita logo que não vai além disso e segue em frente. Mas esse meio-termo? Esse limbo? Isso só vai te deixar louco."
Mulder não respondeu. Mas pela primeira vez na noite, parecia estar realmente pensando com alguma clareza.
Shura sorriu de canto.
"Bom, vê se dorme, Mulder. Pelo menos isso."
Eles o deixaram ali e saíram.
Afrodite suspirou pesadamente enquanto caminhavam. Shura olhou para ele de canto.
"Tá bom, pode desabafar."
"Eu só queria que ele calasse a boca." Afrodite murmurou.
Shura sorriu.
"Então por que você ficou tão incomodado?"
Afrodite não respondeu imediatamente.
"Porque ele fala sem pensar. E porque... ele não sabe de nada."
Shura assentiu.
"Exatamente. Então não faz sentido você ficar assim, não é culpa dele."
Afrodite soltou um longo suspiro.
"Eu sei."
Shura bateu no ombro dele.
"Você vai ficar bem?"
Afrodite soltou uma risada curta, sem humor.
"Acho que eu e o agente Mulder estamos no mesmo barco. E eu sou um imbecil."
Shura sorriu.
"Então rema, meu amigo, senão vai afundar."
Afrodite riu sem vontade.
E assim, seguiram em silêncio.
TO BE CONTINUED...
