Semanas antes dos Jogos Vorazes 9° edição:
A Capital, um lugar glorioso e vitorioso, tudo que os nobres queriam mostrar para os distritos e que conseguiram com a derrota dessas pessoas.
Mesmo que a grandiosa Capital não seja exatamente como antes, com mais pessoas mentindo sobre seus status e o que comeu no café da manhã era um suculento bife, um fato inconcebível para uma certa família.
Ela estava em reconstrução, tudo iria mudar com mais pessoa se interessando pelos Jogos e com os impostos se tornando uma obrigação para os nobres.
Entretanto, tudo seria assim se não fosse um passarinho de asas quebradas que saiu do inferno e veio parar em outro, mas com uma visão ampla e chique.
O passarinho era um homem de aparência decadente e de olhos fundos, mesmo que quisesse ficar de pé para ter um pouco de dignidade, ele foi jogado aos pés do presidente de Panem.
Casmo Ravinstill, o presidente deste país, vestia com decência e imponência roupas militares pré-guerra, dizendo para todos que a guerra não foi vencida por qualquer um, mas pelo exército que continha o poder em mãos há anos.
A guerra não abalou apenas a mente das pessoas, mas o futuro de todos os distritos e as consequências eram inevitáveis, ainda mais com esse homem no poder.
Contudo, apenas com um olhar fez com que aquele rapaz tremesse, quase o fazendo urinar em suas vestes maltrapilhas, que com certeza era um trabalhador da mina de carvão e se não fosse pela sua idade, já teria morrido nos Jogos em dois segundos.
_ Por favor, eu imploro, não me mate! - Abaixou a cabeça e a socou no chão, fazendo que uma mancha vermelha quase imperceptível ficasse em sua testa.
O presidente não falou, mas estava pensando que não deveria ter dito para trazerem esse homem para sua residência, sua esposa poderia escutar as lamúrias dessa abominação.
Ele não queria brigar com ela, ainda mais que não tinha forças como antigamente para discutir.
Mas teve que observar os Pacificadores que viajaram por horas para chegar na mansão e suspirou, deveria ter conversado melhor pelo telefone e isso não estaria acontecendo.
Talvez os anos sem guerra o tenha feito amolecer e acabado com suas decisões ao longo prazo.
_ O telefonema não foi convincente e mesmo assim, os fiz que viessem aqui para me explicar sobre aquilo. - A coceira em sua garganta o fez ficar rouco, mas não tossiu.
Sua saúde já estava em decadência, nem mesmo a sua amiga, Volumnia Gaul, poderia salvá-lo dessa doença que nem mesmo tinha nome.
Ele estava morrendo e ninguém sabia, apenas ele e Volumnia.
Contudo, sua respiração parou por alguns segundos, tentando esquecer a dor em seu peito.
Ele faria de tudo para encontrar uma cura... Parou de pensar em bobagens e esperou aqueles homens corpulentos falarem.
_ Senhor. - Fez uma continência. _ Somos do Distrito 12 e pegamos esse homem tentando escapar pela floresta.
Suas sobrancelhas tremeram e continuou sem entender o porquê de dois Pacificadores estarem ali, com uma ralé.
_ E por que não foi executado imediatamente? - Cruzou os braços. _ O que ele tem de tão importante?
_ Senhor presidente, ele informou sobre uma garota, uma bruxa. - Os dois eram novatos no Distrito 12. _ Disse que ela poderia fazer o morto renascer e um vivo, morrer.
_ Não existe isso em nosso mu...
_ Eu juro, juro para todos os deuses que nos abandonaram que a garota é real. - Soluçou. _ A garota pode curar qualquer coisa e pode construir tudo.
_ Então por que a chamam de bruxa? Se a garota pode fazer isso tudo, deveria receber reverências e ser glorificada.
O homem olhou para o presidente, perdido em pensamentos por alguns segundos.
Os Pacificadores destravaram suas armas e a colocaram na cabeça do dito cujo, que tremeu e falou sem pensar duas vezes.
_ Ela matou uma senhora quando tinha apenas onze anos, então todos do distrito a menosprezam e a querem morta. - Apertou as mãos unidas. _ Mas o comandante não a colocava na força.
_ Por quê? - Isso o estava deixando mais confuso.
Mesmo que fosse uma criança, ela deveria ser levada para a forca ou executada, mesmo que fosse especial.
Ainda mais que era uma garota do distrito e sem relevância, mas se a pessoa a sua frente dizia a verdade, talvez sua doença sem cura pudesse ser curada.
_ Não sei, ninguém sabe. - Soluçou. _ Meu senhor, eu imploro, não me mate.
Suas súplicas eram ouvidas, mas não eram atendidas e os pensamentos do presidente ficavam cada vez mais estranhos.
Seu rosto continuava sério, mas nada poderia ser decifrado, apenas que seus olhos verdes tinham um brilho diferente do normal.
Talvez o passarinho a sua frente não fosse uma perda de tempo, e a garota, a bruxa, poderia ajudá-lo.
Apenas que alguns comentários de um distrito, não o faria viajar para aquele lugar horrendo, isso deveria ser estudado com calma.
Ele queria saber de toda a verdade, até mesmo se a garota poderia ser realmente uma bruxa, como o infeliz clamava.
_ Nome.
_ O meu? - Parecia confuso, sua mente ficou em branco.
_ Dela. - Seguraram o gatilho e apenas esperaram uma ordem...
_ Juníper, Juníper sempre. - Um estalo de dedos do presidente e sua vida foi tirada.
Deixando que um rosto descrente tombasse para frente e caísse flácido no chão, fazendo que o sangue borbulhasse de sua cabeça.
Manchando o piso de porcelanato branco, quase mudando o tom do tapete que existia por ali.
Os espasmos não tiveram relevância para aquelas três pessoas, nem mesmo se importavam das gotas de sangue em seus sapatos.
Apenas que o momento específico chegou, era hora do interrogatório.
_ Sabe o porquê do Hoff. - Comandante dos Pacificadores do Distrito 12. _ Não matou a garota?
_ Não, senhor, chegamos a menos de dois dias no distrito. - Eram inúteis. _ Mas podemos contar o que sabemos.
_ Então, diga-me tudo sobre a Juníper Ever.
