Capítulo 8
Os dias passavam devagar e para Harry aquilo era perfeito. O jovem aproveitou cada segundo que estava em Hogwarts para se curar de todos os danos que sofrera por tanto tempo. As amarras que Zabini colocava em si tornando-o um submisso eram difíceis de serem retiradas, mas Snape tinha paciência consigo e toda vez que o via de cabeça baixa ou sem responder alguém de forma autêntica ele o ajudava a se lembrar quem era. As vezes de uma forma bem sutil como seu dedo erguendo sua cabeça ou em suas costas apoiando para que falasse ao invés de se calar. Mas em outras foi preciso que o mestre de poções fosse mais incisivo.
- Pelo amor de Merlin, você é Harry Potter. - Disse Snape uma vez quando Harry ouviu sonserinos o destratarem e baixou a cabeça para aqueles adolescentes. O professor dispensou os alunos com desconto de pontos para sua própria casa devido à má educação de ambos e com ameaça de detenção se isso se repetisse, então levou Harry para o quarto do jovem. - Aqueles adolescentes acéfalos deveriam se ajoelhar aos seus pés e idolatrá-lo, pois mesmo sendo filhos de comensais eles não tem ideia do perigo que passavam quando o Lord estava no poder. Um deslize, um passo no caminho errado e o Lord não perdoava ninguém. Um cruciatus de um comensal não se compara em nada com o poder que o Lord infringia nesse feitiço e ouvir a risada dele enquanto você se contorce com a pior dor já sentida é como uma passagem para o inferno. – Harry sentiu o peso daquelas palavras e mais ainda a verdade deles indicando claramente que Snape já passara por isso. - Eles tem que agradecer por você ter enfrentado e derrotado o Lord das Trevas livrando esse mundo de seu poder. Você fez isso Potter, precisa se lembrar desse fato. Você não é o que Zabini fez de você. Você é poderoso, é intenso, é atrevido, prepotente, corajoso, arrogante e até mesmo insolente. Esse é você, impulsivo fazendo as coisas pelo simples fato de não conseguir ficar parado vendo algo errado acontecer, você age, você fala o que pensa sem filtrar, sem se segurar. Lembre-se de quem você é aqui. - Apontou para seu coração. - Nunca mais baixe sua cabeça para ninguém.
- Nem para você? - Perguntou Harry na ocasião, os olhos marejados de emoção pelo que ouvia.
- Muito menos para mim, nunca baixe sua cabeça para mim. Você não é meu servo, você é meu ômega, eu que devo te servir, te proteger, te seguir. É a minha cabeça que deve baixar perante você e não o contrário. Lembre-se sempre que você é Harry Potter o garoto que sobreviveu, algumas vezes diga-se de passagem.
A risada que Harry soltou fora tão gostosa, tão sincera e intensa que Snape queria se juntar a ele e rir de sua própria piada, mas diferente do menino ele não sabia rir, ficou apenas admirando o jovem e amando ouvir aqueles sons.
O beijo que se seguiu a risada fora profundo como muitos outros quando ficavam sozinhos naquele quarto, mas não passavam disso. Snape respeitava seus limites e por vezes quando aparecia após o dia de aulas o professor apenas se sentava em uma das poltronas e ouvia Harry contar de forma alegre sobre seu dia passeando por Hogwarts, ajudando Hagrid com algum bicho estranho e fazendo feitiços em alguma sala vazia para fortalecer sua magia. Então o jovem saia de sua poltrona e se sentava em seu colo abraçando-o, sentindo o poder de estarem perto se tocando. Os beijos, todos iniciados apenas quando Harry desejava, eram calmos, um bailar de línguas em meio a melodia de seus corações. O jovem amava a forma dos lábios finos do seu Alfa e como se sentia bem e seguro nos braços dele. Seguro o suficiente para aos poucos ir se soltando atrevidamente. Uma mordida de lábio aqui, um lamber de lóbulo ali e Snape muitas vezes teve que parar para respirar, as mãos tremendo de vontades, o peito arfando.
- Harry.
Seu nome pronunciado naquela voz sedosa e baixa era delicioso de ouvir e Harry sabia que quando o professor falava daquela forma era porque ele estava em seu limite, um limite que dava para sentir duro em seu quadril. Mas ainda não estava pronto para passar daquela linha, por isso quando ouvia seu nome Harry respirava fundo e encarava os olhos negros enquanto passava a mão nos cabelos lisos e compridos do Alfa sentindo como a conexão entre eles se fortalecia. Snape sempre ficava em seu quarto até que o sono estava presente e só ia embora após deixá-lo confortável embaixo das cobertas.
Aos poucos as amarras foram enfraquecendo e Harry se fortalecendo. Snape agora o levava para a floresta proibida para voltarem a treinar sua magia. Harry fazia feitiços mais avançados e a cada hora melhorava sua intensidade. Tudo ficou ainda melhor depois que visitou a clareira mágica que Snape apresentara semanas antes. Aquele lugar era revigorante e Harry dessa vez tirou tanto o sapato como a blusa e camiseta. O tempo estava frio e o sol nem esquentava tanto, mas ele queria sentir aquela magia em sua pele. Snape o observou de longe deixando aquele momento apenas para ele, mas podia sentir dentro de si, pela ligação, o quanto aquele momento estava sendo importante para o jovem, sua magia se equilibrava, crescia e fortalecia. Aquele local sabia que Harry precisava de sua ajuda e que o menino não buscava usar aquele poder em pró de algo egoísta, sabia que ele respeitava sua força e em troca o local lhe dava o que precisava.
Quando Harry caminhou em sua direção com o tronco nu sendo banhado pelo sol Snape achou que era a coisa mais linda que já vira e não segurou a vontade que tinha de tê-lo mais perto. As roupas que segurava foram deixadas no chão quando estendeu a mão e puxou o garoto para si enterrando o nariz em seu pescoço sentindo seu cheiro doce e inebriante.
- Ah, Potter.
- Severus. - Sussurrou Harry sentindo arrepios em sua espinha quando Snape espalmou as mãos em suas costas antes de beijá-lo.
Aquele lugar era privado e conhecido apenas por um seleto grupo de pessoas de Hogwarts e por isso e somente por isso Snape estava o beijando ao ar livre. O mestre de poções era completamente reservado e quase não o tocava quando estavam em público, por isso poder beijá-lo sentindo o sol tocar-lhe a pele fora tão especial.
- Uau. - Exclamou Harry quando se afastaram para tomar ar. - Da próxima vez você tem que tirar a sua também. - Disse sorrindo e brincando com os botões do sobretudo do homem. - Sinto que estou em uma pequena desvantagem aqui.
-Atrevido. - Disse Snape dando um sorriso torto. - Gosto assim. - E beijou-lhe rapidamente antes de lhe entregar as roupas. Estava sol, mas o vento era frio. - Precisamos entrar, tem uma surpresa para você.
- Uma surpresa? O que é?
- Por um acaso não sabe a definição de surpresa, senhor Potter? - Questionou virando-se e seguindo para a escola.
- Eu sei, só acho desnecessário me deixar curioso.
Snape deu um sorriso torto e abriu a porta do túnel que levaria de volta para o interior de Hogwarts. Da última vez que Harry estivera ali entrou em uma crise de pânico devido a escuridão que o fazia lembrar e temer o que havia entre as sombras, mas desta vez o jovem tinha a mão de Snape entrelaçada a sua e sabia que estando perto dele nada de ruim aconteceria, o Alfa estava ali para protegê-lo. Ao adentrarem a Hogwarts Harry já estava se corroendo de curiosidade, uma curiosidade matada assim que chegaram próximo a entrada do castelo e pôde ouvir o grito na voz tão bem conhecida.
- Harry!
O coração de Harry pulava desesperado dentro do peito enquanto seus lábios se abriam em um sorriso enorme e suas costas recebiam um toque sutil de Snape para se lembrar de seguir seus impulsos. E então ele correu pelo corredor, correu até eles e abriu os braços para receber a jovem que o abraçava com força, seus cabelos volumosos batendo em seu rosto e então outros braços envolvendo os dois em um abraço muito maior.
- Hermione! Rony! - A emoção do grifinório era tão grande que o abraço se estendeu por muitos segundos e só os largou porque queria ver os rostos dos dois. Hermione chorava.
- Ah, Harry, estávamos com tanta saudades de você. - A menina envolveu seu rosto com as mãos o olhando com atenção, os olhos ambares brilhando com as lágrimas. - Não sabe como ficamos preocupados com você durante todo esse tempo.
- Queríamos fazer algo para te salvar daquele escroto, cara, queríamos mesmo. - Disse Rony o rosto vermelho ao falar sobre Zabini - Eu queria muito socar ele, George também, mas Hermione explicou que não adiantaria e poderia só piorar as coisas para você. Mas pela gente pode ter certeza de que teríamos te arrancado das mãos dele há muito tempo, sério mesmo.
- Eu sei, eu sei Rony. Mas realmente só pioraria as coisas. Eu queria muito falar com vocês, naquele dia no baile, eu queria muito.
- Nós sabemos Harry. - Disse Hermione secando o rosto. - Mas agora você está aqui e é tão bom poder te ver. - A grifinória o puxou para mais um abraço enquanto continuava a falar. - Quando o professor Snape escreveu para nós dois nos convidando a vir aqui te encontrar eu nem acreditei, respondi imediatamente e pegamos uma dispensa no Ministério para vir aqui.
Ao ouvir que fora Snape quem chamara os amigos Harry olhou para o corredor, mas não o encontrou. Possivelmente o professor lhe dera espaço para ficar com os amigos e fora para seu escritório, ainda faltavam alguns minutos para a próxima aula.
- Então vocês trabalham no Ministério?
- Somos estagiários, Rony como aprendiz de auror e eu no Departamento para Regulamentação e Controle das criaturas Mágicas
- O F.A.L.E. ainda vive. - Brincou Rony. - Hermione quer fazer uma revolução naquele lugar em pró das criaturas Mágicas.
- Bom, se tem alguém que pode fazer isso é você Hermione.
- Obrigada Harry. - Disse a menina ficando encabulada.
- E você como auror, uau. Pegou gosto depois de enfrentar alguns comensais?
- Esse era nosso plano após a guerra. Mas confesso que não é a mesma coisa sozinho, com você seria muito melhor. Olha se quiser, posso falar com meu supervisor, vê se tem como você fazer o estágio comigo, o que acha? - Rony parecia muito feliz com a ideia, mas Harry sabia que talvez essa ideia não fosse se concretizar.
- Eu quero, seria maravilhoso. Mas tudo vai depender do resultado da luta de Snape com Zabini.
- Hagrid nos contou quando chegamos. Você acha que Snape pode vencer Zabini? - Questionou Hermione. - Sei que Snape é muito mais poderoso, mas pelo que andei lendo, nessas lutas não se pode usar a varinha, eles têm que lutar fisicamente com o uso da magia apenas para intensificar sua força física animalesca.
- Animalesca?
- Snape nunca te explicou como é?
- Não. - Respondeu Harry a testa franzida. - Ele evita falar como será, diz que eu não tenho que me preocupar com isso no momento.
- Acho que ele só quer te proteger. Eu não deveria ter falado nada.
- Nem vem com essa Hermione. - Ralhou Rony. - Começou agora termina.
- Ah, está bem. Vamos para um lugar mais reservado.
Assim como quando tramavam algo em seu tempo de escola, Harry, Rony e Hermione caminharam-se para uma sala vazia no corredor usando Abafiato para impedir que qualquer um ouvisse o que diziam.
- Bom, Snape poderá te explicar melhor porque ele é de fato um Alfa, mas pelo que eu li os Alfas tem dentro de si uma magia muito antiga que é da própria raça deles, no caso da de vocês, e essa magia pode se mostrar de forma animalesca durante a luta, ele não exatamente se transforma em uma animal, como o Lupin que vira um lobisomem ou Sirius e seu pai que viravam animais por serem animagos. É que essa magia modifica o corpo dele para dar mais força física e a mente também para que traga traços mais instintivos do que racionais, fazendo com que tudo que ele pense seja em destruir o outro Alfa. É uma luta que pode ser muito sanguinolenta.
- Ele não me disse nada disso.
- Como eu disse, ele deve querer te proteger. Não houve muitas dessas lutas na história, a última foi há décadas atrás. Será muito perigosa.
- Ele consegue, tem que conseguir. Se não eu terei que voltar para Zabini.
- Não cara, isso não. Ou eu juro que eu mesmo viro um animal e arranco a cabeça daquele merdinha.
Harry quase explicou para Rony que se Zabini voltasse a ser seu Alfa e Rony arrancasse sua cabeça como estava agora demonstrando com as mãos, ele acabaria morrendo também por não ter o Alfa a qual era ligado, mas o ruivo estava falando com tanta ênfase as diversas formas que poderia matar Zabini que Harry preferiu não estragar o momento. Não um momento como aquele em que ria gostosamente junto com seus melhores amigos. Era como se nada tivesse acontecido, como se jamais tivessem se separado, tudo era igual quando estudavam em Hogwarts. Até mesmo o bolo duro com chá que Hagrid ofereceu quando foram até sua cabana. Canino os deixou completamente babados, mas nem mesmo ligavam tamanha era a felicidade enquanto o meio gigante lhe contava sobre suas aulas e o namoro que ia e voltava com Madame Maxime, pois era diretora em outro país e se viam esporadicamente.
Os amigos ficaram para o jantar e dessa vez os três sentaram-se na mesa da Grifinória matando a saudade dos tempos de escola. Snape observava Harry da mesa dos professores e desejava sorrir, mas se continha para manter a postura. Deixaria para sorrir quando estivessem sozinhos.
- Ele está muito melhor, dá para notar. - Comentou Minerva ao seu lado. - Papoula disse que o nível de magia está alto também
- Sim. - Respondeu simplesmente.
- E como você está, meu caro?
- Como deveria estar?
- Me fale você. - Minerva baixou a voz para que somente Snape ouvisse. - A luta está chegando, como se sente? Está nervoso?
- Eu passei anos da minha vida ao lado do Lord das Trevas, não será um inútil como Zabini que me deixará nervoso.
- Entendo. Mas antes você não tinha algo tão importante para lutar. - A diretora olhou mais uma vez para Harry rindo com os amigos e então para Snape antes de postar sua mão sobre a dele de leve. O professor olhou para a mão da anciã antes de encará-la. - Eu te proíbo de perder, Severus. Não vou perder mais uma pessoa de quem gosto tanto, meu coração não aguentará ficar sem mais um amigo.
Snape sentiu o aperto firme em sua mão e observou os dedos da mais velha se distanciarem deixando em sua pele fria o calor de seu acalanto. Um calor que formigava assim como as palavras que acabara de ouvir. Sabia que seu relacionamento com a diretora se estreitara pós-guerra e ele também podia considera-la sua amiga, mesmo que fosse difícil dizer e aceitar que tinha uma amiga. Mas ouvir aquelas palavras vindas da anciã fez seu interior queimar com um sentimento que não sabia lidar, por isso simplesmente se levantou e saiu do salão pela porta no fundo do mesmo.
Harry sentiu algo estranho dentro de si e olhou para a mesa dos professores não encontrando Snape em sua cadeira habitual.
- Vocês viram quando Snape saiu da mesa?
- Não vi - Respondeu Hermione.
- Eu acho que não faz muito tempo, porque agora pouco eu olhei e ele estava lá falando com a diretora. - Disse Rony.
- Que foi Harry?
- Eu não sei. Sinto algo, alguma coisa pesada e acho que é ele.
- Então vai até ele. Vai ver se está tudo bem.
- E vocês?
- Nós já estamos indo de qualquer forma, os estágios começam cedo amanhã.
- É cara, vai lá, está tudo certo.
O amigo agradeceu a compreensão dos dois, os abraçou com força e saiu do salão, porém ao chegar perto das escadas que levavam as masmorras sentiu que ali não era o caminho, a força de atração com seu Alfa enfraquecia conforme descia os degraus. Dando meia volta Harry foi subindo e subindo, sentindo o poder aumentar e então chegou até a porta que levava ao lado de fora da torre de astronomia. Os alunos teriam aula prática dentro de algumas horas e por isso os telescópios estavam devidamente posicionados nas beiradas, menos na ponta onde podia ver o homem parado olhando o horizonte, sua capa esvoaçando com o vento. Devagar Harry se Aproximou e enlaçou sua cintura com os braços.
- O que foi, Severus? Por que está angustiado?
Snape não respondeu, apenas postou suas mãos em cima das dele e continuou olhando para o horizonte.
- Você sempre diz que está aqui pra mim, mas eu também estou aqui para você. Não confia em mim?
- Claro que confio. - Respondeu Snape apertando de leve a mão do menino.
- Então me conta o que te deixou assim. Eu sinto o que você sente, é tão forte.
- Às vezes essa ligação é inconveniente, você não deveria se preocupar comigo.
- Mas me preocupo, por favor me conta. Deixa eu te ajudar também.
O professor respirou fundo e se virou, ainda abraçado a Harry. Ao olhar em seus olhos viu ali a sinceridade de quem apenas queria ajudar.
- Por favor. - Pediu o jovem.
- Minerva me disse algo que eu não estava preparado para ouvir.
- O que ela disse?
- Me ordenou a vencer a luta, pois não poderia perder mais um amigo. - Harry franziu a testa sem entender o ponto que deixara Snape tão intensamente comovido ao ponto de angustiar-se. - Eu não tive amigos, Harry. - Explicou. - Achava que ainda não tinha, apenas colegas de trabalho que me respeitavam assim como eu os respeito. Minerva foi minha professora, quando Alvo me chamou para ingressar do corpo docente ela que me ajudava a entender como era ser um professor por eu ser muito novo. Quando me tornei o diretor da Sonserina ela estava sempre ao meu lado mesmo sendo de uma casa rival. Eu entendi quando me odiou durante o tempo como diretor de Hogwarts e quando tudo foi revelado ela me pediu perdão e me trouxe de volta para Hogwarts como seu vice diretor. Eu nunca parei para pensar nisso. Mas ouvi-la falar daquela forma, entender que eu tinha uma verdadeira amiga e que ela sofreria com minha morte… eu não soube reagir, como um covarde apenas fugi.
- Você não é covarde, Severus. É o homem mais corajoso que já conheci. McGonagall tem razão, eu também te ordeno a vencer, Severus Snape, pois não vou conseguir viver se você morrer. Não por Zabini, eu voltaria para ele imediatamente se isso o deixasse vivo, mas viver sem você é algo impossível agora.
- Ah garoto. - Sussurrou Snape acariciando o rosto de Harry. - Três meses é pouco. Eu vou vencê-lo por que quero você para sempre Harry Potter. Meu, apenas meu.
Um mês se passou com Harry em uma nova rotina de estudos. Snape não permitiu que ele ficasse apenas zanzando pelo castelo como um desocupado e resolveu junto com a diretora que Harry teria algumas aulas particulares para aprimorar o que já sabia e mais ainda aprender o que não havia aprendido no sétimo ano a qual não retornou. O grifinório poderia ter reclamado, mas a verdade era que as aulas eram muito mais do que produtivas, eram prazerosas. Harry sentia sua magia se fortalecer e sua atenção ficar mais afiada. Estudar sozinho com os professores não mais como um aluno de Hogwarts, mas como um convidado deixava os ensinamentos mais dinâmicos. Ele não era tratado como um adolescente que tinha que provar seu valor, já havia feito isso na guerra, agora era apenas alguém poderoso que precisava se aperfeiçoar e assim ele fez com cada professor. Flitwick e Slughorn não deixavam de elogiá-lo, Sprout se ressentia por Harry não fazer tantas aulas com ela e Hagrid só não reclamava porque Harry sempre o visitava quando ambos estavam livres e o meio gigante sempre ensinava algo a ele enquanto preparava as aulas. McGonagall e Snape eram os únicos mais discretos em seus elogios, a professora com leves sorrisos e reforços de que fora melhor que na aula anterior e Snape com beijos roubados entre um feitiço ou outro que ensinava.
Até seu corpo já mostrava o início de um fortalecimento, pois a diretora o liberou para jogar quadribol com os alunos no tempo livre, causando um quadro de revezamento, pois as três casas queriam o prazer de jogar com Harry como apanhador. Apenas Sonserina não quis esse privilégio.
Harry estava cada dia mais feliz, cada dia mais realizado e completo. Sentia que estava no lugar certo, em casa.
A única coisa que o atrapalhava eram os pesadelos.
Eles vinham sem aviso algum, fosse um dia bom ou ruim, eles apareciam lhe tirando suor e gritos até que Snape, arrancado de seu sono pelo sentimento causado pela ligação, vinha até seu quarto e o acordava. Nesses momentos Harry se encolhia longe das mãos dele não querendo ser tocado e Snape o respeitava tentando trazê-lo daqueles pesadelos para a realidade onde estava seguro. As lembranças ainda eram recentes e as dores profundas daquelas cicatrizes demorariam para serem curadas, Snape sabia disso e por esse motivo apenas se sentava na beirada da cama do menino e aguardava até que ele se acalmasse e aos poucos se aproximasse puxando-o para se deitar com ele o abraçando e garantindo que estava seguro ali.
Quando o segundo mês estava terminando os pesadelos diminuíram por Snape começar a dormir em seu quarto todas as noites o deixando mais seguro ao ponto de elevar seus momentos íntimos a carícias mais intensas. Mãos que se adentravam por dentro da camisa, dedos que roçavam mamilos, dentes que mordiam a pele e pelves que se esfregavam por baixo das roupas. Harry sabia que Snape como um Alfa adulto precisava daquela intimidade, mas o homem lhe dissera mais de uma vez quando se esforçou para tocar-lhe o membro que tudo aconteceria na hora certa, que não precisava ter pressa. Os beijos foram mais profundos naquela noite, mesmo Snape precisando de alguns minutos sozinho no banheiro antes de se deitar e abraçá-lo para dormir.
O fato de Snape ser um Alfa adulto poderoso que estava ao lado de seu Ômega, mas que ainda não tiveram a ligação íntima fazia com que a atração Alfa fosse sentida nos alunos de Hogwarts. Os alunos que tinham o gene ômega eram atraídos para esse poder e mais de uma vez Snape se viu abrindo a porta de seu escritório para encontrar um aluno ou aluna ofegando e o olhando de forma vidrada. Em um desses dias Harry ficou surpreso e enfurecido com um sonserino que nem mesmo batera na porta do professor, apenas entrou no escritório ignorando Harry que estava estudando alguns livros de poções e simplesmente foi até o professor já abrindo a camisa e expondo o peito para ele. Snape o conteve rapidamente com um feitiço paralisante e retirou de suas vestes um vidrinho que abriu virando o líquido na garganta do atrevido. Alguns segundos se passaram e quando o professor o liberou do feitiço o jovem, que devia ser do último ano, ruborizou enquanto fechava a camisa se sentindo confuso e envergonhado.
- Não se preocupe, senhor Linon, nenhum ponto será retirado do senhor. Esses impulsos passarão em breve, tome essa poção toda noite antes de ir.
- Isso acontece sempre? - Questionou Harry com os braços cruzados. - Alunos simplesmente entram no seu escritório se despindo?
- Sinto uma nota de ciúmes em sua voz, senhor Potter? - Perguntou Snape com um sorriso divertido.
- Ciúmes? Claro que não, eu não tenho ciúmes.
- Ah, tem sim. - Snape se aproximou fazendo com que Harry desse passos para trás até encostar em uma estante. - Eu sei que está, eu consigo sentir seu ciúmes.
- Às vezes essa ligação é inconveniente. - Disse Harry parafraseando o professor.
- Não precisa ficar enciumado, eu jamais teria outro ômega além de você.
- Quer dizer que você é só meu?
- Apenas seu, senhor Potter.
Harry sorriu e enlaçou a nuca do professor o puxando para um beijo que logo se tornou carícias no pescoço por uma língua esfomeada do mais velho. Snape ergueu Harry nos braços o levando até a bancada mais próxima onde o colocou sentado e sem cerimônias ergueu sua camisa atacando seus mamilos com a boca sedenta. Harry puxava os cabelos negros com as mãos enquanto sentia os arrepios que nasciam em sua nuca irem até sua virilha fazendo crescer o membro dentro das calças.
- Severus. - Gemeu pegando a mão do professor e apertando enquanto a descia em direção ao seu membro.
- Harry, tem certeza?
- Sim. - Respondeu ao mesmo tempo que ronronava colocando a mão do mais velho sobre seu membro.
- Não passe dos seus limites. - Disse Snape fechando a mão ao redor do pênis duro de Harry.
A respiração de Snape estava irregular, o mestre de poções ofegava vendo o jovem a sua frente abrir a boca em um gemido mudo enquanto subia e descia sua mão no membro ainda coberto pelas roupas. Podia senti-lo duro e vibrante, sua vontade era despi-lo e tomar aquela parte em sua boca, mas por enquanto se contentava em assistir e sentir o prazer que tomava Harry que começava a jogar a cabeça para trás e apertava as mãos em seus braços enquanto o gozo estava quase em seu ponto de ápice.
Harry abriu a boca novamente para gemer alto quando seu pênis jorrou gozo, mas Snape o puxou para um beijo tomando aquele gemido para si, apertando o membro duro sentindo-o molhar a roupa com a essência dele. Desejou poder bebê-la, mas tudo aconteceria na hora certa e seria seu melhor banquete.
- Por Deus. - Ofegou Harry passando a mão pelo rosto do homem e vendo seus olhos gentis e esfomeados. - Isso é muito bom.
Snape o puxou para perto e mordeu o lóbulo de sua orelha antes de sussurrar sedutoramente.
- Isso não é nada perto do prazer que posso te dar.
- Severus!
O professor se divertia vendo o menino gemer seu nome. Fora delicioso dar aquele prazer para Harry e queria dar muito mais, dar tudo que ele quisesse e precisasse, mas apesar do garoto lhe dizer em palavras que queria se dar por inteiro, podia sentir dentro dele o receio. O abuso sofrido ainda trazia sequelas. No tempo certo dissera e o indicara para ir se arrumar para o jantar. Harry saiu da sala o deixando sozinho. Somente então Snape libertou sua ereção dando-lhe a devida atenção enquanto se lembrava dos momentos vividos há poucos minutos. Não demorou muito para se aliviar chamando o nome de Harry. O professor encostou a testa na bancada e respirou fundo tentando regular suas emoções.
O jantar foi tranquilo, Harry e Snape trocaram alguns olhares cheios de desejos, mas nada mais do que isso. Minerva, após saber do incidente com o aluno da Sonserina ordenou que o professor produzisse mais da poção que deu ao menino para que os estudantes tivessem seus genes contidos, uma vez que Snape não poderia contê-los para poder se preparar para a luta.
Um preparo que Harry estava curioso para saber como era, uma vez que Snape nunca o deixara acompanhá-lo até a Sala Precisa para ver. A curiosidade o corroía por dentro. O que Snape fazia por horas naquela sala todo dia? Será que malhava, visto que era uma luta física?
- Por que não posso acompanhá-lo?
- Porque não.
- Mas Severus, a luta será daqui a um mês, está chegando cada vez mais perto, quero poder te ajudar. Não quero a chance de perdê-lo.
- Não vai me perder, garoto. - Respondeu fechando o livro que estivera lendo e colocando na mesa diante da lareira. - O café da manhã será daqui a pouco, não se atrase, McGonagall não gosta de atrasos. Eu tenho dois tempos livres, vou aproveitar.
- E não vai me levar junto como sempre.
- Olha só, já está mais esperto. - Brincou se aproximando e dando um beijo casto nos lábios do garoto antes de sair de seu quarto.
Harry respirou fundo e bateu o pé no chão por alguns minutos enquanto pensava e tentava ao mesmo tempo não pensar em como queria descobrir o que Snape tanto fazia na Sala Precisa. Por fim a curiosidade falou mais alto e retirou do guarda roupas a capa de invisibilidade, que apareceu em seu quarto sozinha sem que alguém fosse buscá-la na casa de Zabini, coloco-a em baixo do braço e saiu do quarto indo em direção ao sétimo andar.
Ao chegar diante da tapeçaria que escondia a sala Harry colocou a capa sobre a cabeça e tentou pensar em diversas formas de entrar no recinto. Snape usaria o tempo do café mais os dois tempos livres de aula, isso lhe dava mais de duas horas dentro daquele local. Era o suficiente para descobrir como entrar.
Pelo menos era o que achava, pois essa tarefa se mostrou tão difícil quanto quando tentou fazer o mesmo e descobrir o que Malfoy tanto fazia ali. Após quase duas horas tentando e já suando por andar de um lado para o outro dando ordens para a sala finalmente conseguiu dizer exatamente o que era necessário e se impressionou como era a coisa mais fácil de se desejar e talvez por isso foi a última a tentar.
- Preciso me encontrar com meu Alfa.
A porta que se materializou era grande e dupla, de um preto quase igual aos olhos de Snape. O recinto era de uma escuridão que o obrigou a pegar a varinha e iluminar o caminho. Poderia dizer que entrou em uma floresta muito escura e densa, mas não havia árvores ali, não havia nada na verdade, o chão era rústico e frio, não havia paredes ao redor, ou pelo menos perto o suficiente para que a luz da varinha as atingisse. Estava frio e silencioso, poderia ouvir um alfinete que caísse no chão ou o leve respirar de um pássaro. Tudo parecia vazio.
- Severus?
Sua voz ecoou pelo local, seus olhos tentavam se adaptar a escuridão e enxergar a frente, mas tudo ainda era puro negror. O eco ainda era ouvido quando retornou com um rosnado que arrepiou os pelos de seu corpo. O ar pesou muito mais conforme o barulho chegava perto e agora Harry ouvia os passos virem em sua direção, eram pesados, mas não pareciam ser de sapatos e sim pés batendo no chão conforme o que quer que estivesse ali caminhava para si. A mão na varinha deu uma leve tremida e então o facho que luz iluminou pés descalços que se aproximavam, eram grandes e acompanhavam pernas grossas com veias que podiam ser vistas mesmo sob a calça preta. Conforme a luz subia Harry se surpreendia com o que via. O corpo do ser a sua frente era enorme, mais de dois metros, havia muitos músculos pelo peito e braços nus. As mãos tinham dedos grandes e as unhas agora eram garras afiadas. Sua boca se abriu ao finalmente olhar o rosto dele. Os cabelos estavam maiores, batiam quase no meio das costas, tão preto quanto aquele local e os próprios olhos que pegavam todo o orifício ocular sem deixar uma única parte branca. Era possível vê-lo no meio daquela transformação, sua forma humana visível em seu modo de andar, em seu rosto e no próprio corpo grande e forte, mas ainda humanoide. Aquela era a forma real de um Alfa em pleno poder de sua magia.
- Severus... – Sussurrou olhando nas fendas negras de seus olhos. A voz que saiu daquela boca com caninos afiados quase o fez desmaiar devido o poder que emanou dele.
- Não devia ter vindo aqui!
