JAMES SIRIUS POTTER

- Eu beijei Electra.

Sirius, Pontas e Remus ergueram a cabeça simultaneamente. Electra tinha subido para o dormitório assim que chegamos, dando um beijinho de boa noite na minha bochecha. Os três Marotos se encontravam no Salão Comunal, todos aparentemente esperando nosso retorno da biblioteca.

- Perdão? - Pontas abaixou a pena, me encarando. Eu sentei na quarta cadeira da mesa circular do salão comunal.

- Eu beijei Electra. - eu repeti. Os três piscaram, se entreolhando.

- E isso é ruim? - Remus tateou o terreno.

- Eu não sei. - eu passei as mãos pelo rosto, depois de arremessar o óculos sobre a mesa. - Eu… Será que eu estraguei tudo? Eu nem estava pensando.

- Não estava pensando em nada? - Sirius perguntou, curioso. Eu suspirei:

- Ela achou um jeito. É arriscado e complicado, mas é possível. Ela começou a tagarelar sobre Runas Antigas, Alquimia e Aritmancia e aí… - eu joguei os braços para cima, arrancando uma risada divertida dos três. - Isso não tem graça.

- De todas as situações em que vocês estiveram, incluindo presos sob uma parede de concreto, você quis beijá-la enquanto ela falava sobre Aritmancia? - Sirius riu de novo.

- Você não vai entender.

- Não mesmo. - ele rebateu, ainda rindo. - E qual foi a reação dela? - Sirius perguntou, curioso. - Isso é o que define se você estragou tudo ou não. Ela te empurrou?

- Não. - eu sacudi a cabeça. - E nem bateu em mim. Merlin sabe como ela pode ser violenta.

- Ela beijou você de volta? - os olhos de Pontas brilhavam.

- Sim.

- E você ainda acha que estragou tudo? - Remus cruzou os braços na altura do peito, se recostando na cadeira. - Esperava mais de alguém tão inteligente.

- Eu não sei. - eu passei as mãos pelo rosto. - Ela estava meio envergonhada, mal conseguia olhar para mim.

- Dê um tempo. - Sirius sugeriu, passando a mão pelo cabelo cacheado. - Ela vai acabar falando alguma coisa.

- Electra é muda nesses assuntos. - eu sacudi a cabeça. - Ninguém sabe de nada que ela não queira.

- Só sabemos porque você abriu o bico. - Remus disse, distraído.

- Eu estou confuso. - eu me defendi. - Parte de mim quer chamá-la para sair, outra parte está dizendo para fingir que não aconteceu. Outra parte quer ir até o dormitório feminino e beijá-la novamente.

- Mas você gosta dela? - Remus questionou. - Porque se ela gostar de você e você simplesmente a beijou sem intenção…

Eu olhei o Lupin, ofendido:

- Electra é diferente. Já gostei de outras garotas, já tive namoradas, mas nada é como… Isso. - eu massageei o peito. Os três se entreolharam e Sirius perguntou, suavemente:

- Há quanto tempo sabe?

- Desde o começo do sexto ano. - eu sacudi a cabeça.

- E já admitiu para alguém?

- Só para vocês. E Alvo. - eu franzi a cara. - Bebi muito uma noite e abri o bico. Ele brincou comigo, no dia seguinte, e depois nunca mais. Se tem uma coisa que ele respeita em mim, são meus sentimentos por ela.

- E Alvo não respeita nada e nem ninguém. - Pontas comentou, distraído. - Nem Pirraça passou ileso.

Realmente, Alvo era muito detalhista e rancoroso. No começo da semana, Pirraça, que tinha nos deixado em paz até então, decidiu jogar as anotações de Anabelle - de todas as pessoas, porque ele foi escolher a Black mais gentil era uma incógnita - para o alto.

Alvo congelou e prendeu o poltergeist em uma jarra de vidro indestrutível que ficou flutuando no sexto andar, até ser encontrado por McGonagall dois dias depois.

Pirraça estava furioso, mas sempre que via qualquer um de nós fugia como o diabo fugia da cruz.

Bom.

Eu não queria lidar com ele mais do que era obrigado.

- O que eu fiz dessa vez? - a voz de Al me alcançou. Eu olhei sobre o ombro e vi meu irmão de pijamas ser seguido de perto por Cygnus.

Pontas, que limpava os óculos, sequer ergueu a cabeça:

- Seu irmão disse que a única coisa que você respeita são os sentimentos dele por Electra. Ah, e ele a beijou.

- Como é? - a voz de Cygnus ecoou no salão comunal vazio. Eu pigarreei:

- Ela estava muito bonita e soava muito inteligente e achou um jeito de consertarmos tudo. - eu respondi, subitamente ansioso.

- Não ligo para o beijo, - Cygnus fez um gesto de descaso. - se ela não quisesse beijar você, teria te azarado. Quero saber dos sentimentos.

Eu pisquei, subitamente corado. Alvo riu, cruzando os braços:

- James é completamente apaixonado por ela. Sabe desde o ano passado. - ele respondeu, distraído. - E não tem ideia do que fazer.

- Chame-a para sair. - Cygnus disse, como se fosse óbvio.

- Não é tão simples assim. - eu sacudi a cabeça. - Fico feliz que você não queira arrancar o meu couro, Cyg, mas… Nós somos amigos desde que nascemos. Por Merlim, nós dormimos no mesmo berço. Eu estava lá quando ela terminou o primeiro namoro e ela estava lá quando eu terminei o meu. Estivemos juntos desde sempre e… Não quero estragar tudo. E se não for recíproco? Pior, e se for e eu estragar tudo? Prefiro vê-la feliz e sem mim, do que infeliz e comigo.

Os cinco me encararam, nenhum capaz de responder.

- Isso fica entre nós. - eu coloquei os óculos e fiquei de pé.

- Claro. - Cygnus apertou meu ombro. - Quer eu fale com ela?

- Não. - eu sacudi a cabeça. - Electra vai me estripar se souber que contei a alguém. Nós dois iremos nos resolver. - eu disse, me afastando do grupo, pensativo.

Como iríamos nos resolver era o que eu não sabia.

Beijar Electra Adhara Black poderia ter sido o melhor acerto ou o pior erro da minha vida.


No dia seguinte, Electra me cumprimentou como se nada tivesse mudado, sem sequer mencionar o beijo durante qualquer momento que passamos sozinhos.

Bem, eu não podia culpá-la.

Beijar seu melhor amigo era complicado. Talvez mais do que meus sentimentos por ela.

- Ela realmente liberou o livro? - eu olhei Els, que guardava o livro com cuidado na bolsa, em uma aba separada, depois de encher a coisa de feitiços protetores.

- Liberou. - Els soou surpresa. - Mas me deu muitos alertas sobre o que vai acontecer comigo se esse livro tiver uma página com orelha.

Eu ri, divertido, e Els fez careta:

- Vamos ter que angariar ajuda, James. - ela olhou para mim, os olhos cinzas cheios de preocupação. - Quanto mais eu leio, mais complexo fica. E misturar a Aritmancia parecia uma ótima ideia, mas eu já precisei tomar uma poção para a dor de cabeça.

- Cygnus talvez possa nos ajudar. - eu disse, arriscando jogar um braço sobre o ombro da garota. Els não me afastou.

Bom. Pelo menos poderíamos fingir que nada tinha mudado.

- Talvez. - ela respondeu, distraída, enquanto passávamos por um grupo de lufanos que a olhava com muito interesse. Eu trinquei os dentes, encarando Amos Diggory. O lufano desviou o olhar e eu continuei levando Els até a sala de Poções. - Mas acho que vamos precisar de mais ajuda do que só ele.

- Bom dia! - Sirius disse, alegre, quando nós nos aproximamos do grupo. Els fez careta:

- Não grite, Sirius. - ela pediu, delicadamente. - Minha cabeça dói.

- Não dormiu? - ele perguntou, curioso. Els sacudiu a cabeça:

- Não é isso. É só que essa tarefa de Alquimia é mais complexa do que qualquer coisa que eu já tenha feito. - ela disse, pacientemente. - E vamos ter que usar Runas e Aritmancia, sem contar a quantidade exorbitante de feitiços complexos para conseguir fazer com que tudo funcione perfeitamente. E, Merlim, ainda há a tinta.

- Que tinta? - eu perguntei, junto de Pontas.

- A runa não pode ser feita com qualquer tinta. - ela olhou para mim, fazendo bico. - Vamos ter que criar essa porcaria também.

- E eu lá tenho cara de artista? - eu perguntei, indignado.

- A tinta tem que ter produtos mágicos. Deve ser proveniente de uma poção, tem que ser uma cocção com materiais específicos. - Electra sacudiu a cabeça e eu olhei Alvo:

- Dez galeões para você fazer isso para mim.

- Fechado. - Alvo concordou prontamente. - Depois você me explica o procedimento, Els.

- Eu nem sei qual é o procedimento ainda. Essa é toda a informação que eu consegui angariar. - ela suspirou. Nott estava recostado na parede, em meio aos demais sextanistas da Sonserina, nos observando como se fôssemos presas.

Certo.

Esta noite nós nos encontraríamos de novo para discutir os próximos passos e o que eles tinham descoberto a respeito de Voldemort.

Nós vínhamos passando tanto tempo juntos, que eu tive coragem de manter os olhos no outro sextanista. Os olhos dele me diziam que eu não ia gostar nada das notícias que ele nos daria esta noite.


Às sete da noite, todos nós já estávamos acomodados nas poltronas da Sala Precisa. Este era um encontro de informações, nada de estudo. Além do mais, Els e eu tínhamos que explicar a eles o que tínhamos descoberto na biblioteca.

- Voldemort irá fazer uma cerimônia antes do Natal. - Evan disse, por fim, depois de aceitar uma xícara de chá oferecida por Lily. - Eu e Aric seremos Marcados.

Eu encarei os dois garotos e depois Regulus, que sacudiu a cabeça:

- Ainda tenho dezesseis anos. - ele lembrou. - Ele me deu mais um ano de liberdade.

- Entendo. - eu passei a mão pelo rosto. - Quando?

- Nós sairemos para os feriados no dia 20. Ele planeja fazer isso no dia 22. - Nott respondeu, o rosto sombrio.

- Teremos que invadir Grimmauld Place antes do Natal. - foi tudo o que Electra disse. Nós encaramos a garota, sérios. Ela suspirou. - Sirius já completou dezessete. Cygnus e Anabelle completam na próxima semana. - Electra disse, pacientemente. - Sairemos da escola no dia 20. No dia 21 saqueamos Grimmauld Place.

- Não sei se Evan e eu estaremos em Grimmauld Place antes do dia 24. - Aric ponderou. Electra encarou o outro garoto, impassível:

- Então nos encontrem em outro lugar.

- Não vou deixar vocês sozinhos na casa da maluca da Walburga. - Evan disse, sério. - Regulus só precisa nos convidar para ir lá.

- Posso pedir, claro. Meus pais gostam quando levo os dois para a mansão. Dizem que tenho boas amizades. - Regulus disse, sentando-se na beira da cadeira, ansioso. - Antes do dia 23 não haverá ninguém além de nós três e Monstro.

- Perfeito. - Electra olhou para mim. - É a nossa melhor opção. Esperar eles serem Marcados é arriscado demais.

- Ela tem razão. - Pontas disse, por fim, quando o silêncio ficou longo demais. - Estaremos esperando vocês em um canto seguro…

- Não. O combinado era que apenas sairiam quando se tornassem maiores de idade. - Electra ergueu a mão, séria. Pontas apertou os lábios, irritado. - Pontas, é pela nossa segurança. Você tem o rastreador. Seria como apontar diretamente para nós só por estar perto.

- Tudo bem. - ele passou a mão pelo rosto. - Digam a Dumbledore, também, que vamos precisar evacuar as famílias antes do esperado. Dia 20 e nem um dia após isso.

- Concordo. - Remus olhou Lily, ansioso. - E Peter?

- Continua passando informações sobre a escola. - Nott se ajeitou na poltrona. - Ultimamente, tem focado bastante em vocês dois. - ele apontou James e eu. - Estão sendo desleixados.

- Não fizemos nada. - Electra sacudiu a cabeça.

- Ele disse que é estranho e que Dumbledore presta muita atenção em vocês dois. - Evan concordou. - Especialmente na garota, como ele diz.

Aquilo fez meu estômago se retorcer.

- Aparentemente seu talento com Transfiguração não passou despercebido. - Evan continuou, sério. - E ele acha que estão escondendo algo dele. Diz que sabe sobre uma tarefa de Alquimia, mas que a garota é mais estudiosa do que o garoto. Voldemort pareceu bem interessado nessa parte de tarefa de Alquimia e Pettigrew prometeu mais informações a respeito. Ele irá sondá-los.

- E vamos ter que inventar alguma coisa. - eu passei a mão pelo rosto, ficando de pé, e comecei a andar, ansioso.

Voldemort estava com os olhos muito atentos sobre Electra. Em breve, estaria de olho em todos nós. Seria ainda pior quando não retornássemos e ele perdesse uma das suas Horcruxes. Aí ele somaria um mais um e pronto: Voldemort atrás de todos nós.

- Sábado vamos destruir a Horcrux que está na escola. - eu defini. - Se Pettigrew estiver aqui, vocês - eu apontei os Marotos com a cabeça. - vão ficar com ele. Nós nos viramos. Menores de idade ficam longe daqui.

- Não pode esperar uma semana? - Anabelle perguntou, sentada na beira da poltrona. Eu sacudi a cabeça:

- Nosso tempo está cada vez mais limitado, Bells. Vamos pegar essa. Você estará em campo aberto na próxima. - eu prometi. A garota pareceu satisfeita o suficiente e eu olhei Evan. - Vamos precisar de toda mão de obra maior de idade que pudermos ter. Se você e Sirius quiserem, podem nos ajudar.

- Claro. - Evan esticou os braços e olhou Sirius. - Vamos manter a nossa neta insensata viva.

Els fez uma careta:

- Eu não sou completamente insensata. - ela se defendeu. - Bem. Vamos então começar a caçada oficial. - Els se levantou, puxando uma lousa recém-conjurada para frente. - Primeira Horcrux é o Diadema de Ravenclaw.

- Está desaparecido há séculos. - Regulus sacudiu a cabeça.

- Voldemort achou e escondeu bem aqui. - eu acenei para a Sala Precisa. - Está escondido em um monte de objetos escondidos por outros alunos. Milhares de objetos. Viremos com dentes de basilisco e lágrimas de fênix.

- Vocês pelo menos sabem o que procurar? Como é esse diadema? - Sirius perguntou, recostado no sofá, com um braço jogado no encosto, atrás de Bells.

- Há uma estátua de Ravenclaw no sexto andar, estamos nos guiando por ela. - Els explicou, anotando o diadema como número um. - Viremos no sábado. Vocês devem ficar em alerta máximo. Qualquer coisa estranha será reportada via Patrono.

- Feito. - Cygnus acenou com a cabeça. - A próxima será o diário, em Grimmauld Place.

- Até agora, esta será a mais arriscada. - Els anotou na lousa. - Não acho que seja uma boa ideia destruirmos o diário lá. Quanto mais rápido entrarmos e sairmos, melhor.

- Concordo. - Regulus acenou com a cabeça.

- Destruam na propriedade da minha família. - Pontas disse, sério. - Podem fazer isso em campo aberto. Tenho certeza que essa coisa vai lutar para sobreviver.

- Claro que vai. - Lily acenou com a cabeça. - Vai tentar convencê-los de que pode ajudá-los de alguma forma.

- Vou aproveitar o dia 20 para me enfiar na biblioteca de madrugada. - Regulus disse, ansioso. - Revirar qualquer livro que possa ter menção à Horcruxes.

- Vou deixar uma bolsa com Feitiço Indetectável de Extensão. - Els prometeu. - Enfie tudo lá. Roupas, sapatos, qualquer objeto que queira trazer com você. E os livros.

- Você sabe fazer isso? - Nott perguntou, admirado.

- É mais simples do que parece. - Els acenou com a cabeça e voltou a olhar Regulus. - Não pareça ansioso. E pegue apenas o que puder. Se não conseguir os livros, tudo bem. Eu saqueio aquele lugar de novo depois. - ela prometeu.

- E ainda tem a audácia de me dizer que não é sonserina. - Evan murmurou ao meu lado. - Francamente.

- Depois começam as coisas mais complicadas. - eu fiquei de pé, depois de dar tapinhas nas costas de Evan, que ainda parecia indignado. - Sabemos o paradeiro do anel de Gaunt, está no terreno da casa deles. Sabemos também que é amaldiçoado, logo ninguém pode ir sozinho. Assim que retirado da caixa, deve ser destruído.

- É fácil de chegar? - Aric perguntou, sério. Els encolheu os ombros:

- Sabemos que está lá, mas não sabemos ainda onde é. Os Gaunt eram uma família puro-sangue.

- Posso pesquisar sobre eles na biblioteca da minha família. Fingir um interesse súbito na minha ancestralidade. - ele respondeu, com um olhar inocente, que fez Els gargalhar. - Vou roubar e trazer para a casa dos Potter.

- Tem mais? - Regulus questionou. - Três Horcruxes é muito. Uma já seria suficiente…

- Ele tem cinco, atualmente. - Alvo respondeu, quando ficamos em silêncio. - James me contou que, quando ele viveu até o tempo de nosso pai, ele chegou a ter sete.

Os bruxos puro-sangues, que sabiam mais sobre esse tipo de magia, se entreolharam com o mais puro horror nos rostos. Eu pigarreei:

- Fico feliz que sejam apenas cinco.

- Vendo por esse lado. - Sirius passou a mão pelos cabelos. - Quais são as outras duas?

- A Taça de Hufflepuff. - Els anotou no quadro negro, com uma interrogação ao lado. - Não sabemos onde está. E, por fim, o Medalhão de Slytherin. - ela olhou para mim. Eu fiz careta:

- Que está em um lugar secreto, em uma ilhota no meio de um lago cheio de Inferi. - eu sacudi a cabeça. - Em uma bacia enfeitiçada para ter seu conteúdo bebido para que se alcance a Horcrux.

- Um veneno? - Al questionou, sério.

- Não exatamente. - eu coloquei as mãos nos bolsos, olhando Al. - Mas talvez você possa colocar esse cérebro de meia tigela para funcionar.

- Ei!

- É uma poção que faz você reviver suas piores memórias e causa uma sede intensa. - eu continuei, ignorando a expressão ofendida de Al. - Pode começar a pensar em uma saída.

- Deve ser bebido?

- Sim. Deve. E a pessoa implora para não beber. - eu olhei Els. - E a única água que a taça aceita é a do lago cheio de Inferi.

- Que agradável. - Pontas trincou os dentes. - Algo mais?

- O barco só aceita um por vez. Mas se tiver um menor de idade, podem ir dois. Ele só contabiliza maiores de dezessete anos. - eu expliquei.

Aquilo nos colocava em problemas imensos.

A maioria imensa de nós completaria dezessete até maio.

Exceto por Regulus.

E eu não precisava dizer isso em voz alta - todos encaravam os sapatos, sabendo exatamente aonde isso nos levaria. Ou quem, no caso.

- Certo. Então, sábado destruiremos o diadema. - Evan deu a volta por Electra e olhou o quadro. - Roubaremos o diário no dia 21 de dezembro, mesmo dia da nossa fuga.

Sirius apoiou as costas no encosto do sofá, jogou um braço sobre o encosto, atrás de Bells, e olhou para mim:

- Devemos evacuar as famílias simultaneamente ao ataque a Grimmauld Place. - ele disse, sério. - Será suspeito demais todos sumirem no dia 20. Vão aumentar a segurança das coisas porque vão saber que sabemos de algo. Então, digo para Lily e Remus seguirem com suas famílias, para casa, e depois a Ordem irá retirá-los enquanto invadimos Grimmauld Place.

Nós nos entreolhamos em silêncio por um momento e depois Els suspirou:

- Não acha que será arriscado demais? - ela perguntou, ansiosa. - Deixaremos os dois expostos por muito tempo.

- A que horas iremos saquear a casa? - Alvo questionou, sério. - Isso vai envolver muita gente, Sirius. Nós cinco estaremos em campo, pegando uma Horcrux. Lily e Remus estarão em campo, fingindo que tudo está bem até que a Ordem evacua todos. Dependendo da janela de tempo, será muito complicado.

- À luz do dia é mais difícil passar despercebido. - Nott ponderou, pensativo e Pontas cruzou os braços:

- Podemos fazer isso durante a madrugada. Ou à primeira luz.

- Acha que consegue dar umas gotinhas de poção para seus pais? - Cygnus olhou Regulus, sério. - Se conseguir, podemos colocá-los para dormir e teríamos mais tempo para saquear a casa. Poderíamos trancá-los dentro de um lugar enquanto dormem.

- Walburga é mais desconfiada do que Sir Cadogan. - Sirius sacudiu a cabeça. - Se Regulus oferecer algo a eles…

- Monstro pode. - Aric pontuou. Bells sacudiu a cabeça:

- Ele já sofre muito nas mãos deles, Aric. Não queremos que ele sofra ainda mais. - ela disse, delicadamente.

- Nada me impede de tentar. - Regulus disse, ansioso.

- E se for pego? - Sirius quase latiu.

- Então lidarei com isso. - Regulus trincou os dentes. Electra sacudiu a cabeça:

- Muito arriscado. A não ser que vocês apareçam para jantar e ofereçam uma bebida a eles. - ela olhou Nott e Rosier, que se entreolharam. - Mesmo que eles descubram, pelo menos vocês teriam a vantagem de estarem em três.

- Ainda assim, muito arriscado. - Sirius sacudiu a cabeça. - Meus pais gostam muito de abacaxi cristalizado. Regulus odeia. Podem oferecer isso a eles e levar outra coisa também, sem poção para vocês. Seria menos suspeito.

- E que poção seria? A do sono? Ou a do Morto-Vivo? - Els perguntou, inquieta.

- Posso fazer as duas. - Alvo se propôs. - Embora nunca tenha preparado a do Morto-Vivo…

- É muito difícil. - eu olhei meu irmão. - Talvez você consiga. Mas será complexo.

- Bem, se Lily quiser ajudar… - Al olhou nossa avó, que sorriu:

- Claro. Será divertido.

- É mais segura para nós, é difícil de fazer e precisa de um antídoto para ser revertida. - Electra ponderou, com os demais. - Mas é arriscada. Podemos fazer a mais simples. Vou deixar a critério de vocês.

- Então no jantar do dia 21, daremos um abacaxi com a Poção do Morto-Vivo para Walburga e Orion. - Remus olhou para todos nós, como se fôssemos um grupo de loucos. - Depois, iremos arrombar o cofre no quarto principal atrás de uma Horcrux. Ao mesmo tempo iremos evacuar nossas famílias - ele apontou a si mesmo e Lily. - sem sermos pegos em nenhuma das duas ações. E voltaremos são e salvos para a Mansão Potter.

- Sim. - Sirius olhou o melhor amigo. - É exatamente isso que iremos fazer.

- Enquanto temos Você-Sabe-Quem bafejando no nosso pescoço. - Remus encarou o Black, que abriu um sorriso brilhante:

- Parece divertido. - ele se inclinou para frente, pegando uma tortinha de abóbora e a jogou na boca, displicente.

- Mantenham Pettigrew ocupado enquanto Sirius, Evan, Electra e eu estivermos caçando o diadema. - eu olhei os outros, que acenaram com a cabeça. - Ainda temos alguns dias até pegarmos aquela coisa. Pensem em uma desculpa para sumirem do mapa.

- Fácil. - Evan colocou as mãos nos bolsos e olhou Els. - O que?

- Vou conversar com Minerva e pedir uma reunião com Dumbledore. Apenas James e eu, sobre Alquimia. - ela me encarou, séria. - Vamos abrir o jogo para ele, dar os nomes dos três. - ela apontou os três quase-comensais-da-morte. - Explicar que temos que ir a Grimmauld Place. Nós e mais ninguém. - ela disse, séria.

E ali estava, a desconfiança em Dumbledore mais descarada do que jamais esteve na frente dos outros.

E, sabendo a forma como ela se ressentia dele pelo o que causara ao avô, eu entendia.

- Não vai contar tudo a ele? - Pontas franziu a testa. Els sacudiu a cabeça:

- Dumbledore não conta todos os seus planos a mim. Não iremos também contar todos os nossos planos para ele.

- Ele pode nos ajudar.

- Ele vai mexer onde não deve. Levar James e Alvo, que não são Black, por aquela entrada já é demais. Ele vai querer enviar pelo menos Dearborn junto. - Els sacudiu a cabeça. - As horcruxes são nossa missão, Pontas. Dumbledore pode ajudar em alguns aspectos, mas no final… Só nós conseguiremos lidar com isso. Ele é muito famoso e muito reconhecível. A magia dele atrai coisas. E eu quero é evitar mais coisas atraídas até nós.

- Se contarmos a ele que iremos a Grimmauld Place, ele pedirá que um membro da Ordem nos acompanhe. - Alvo lembrou. Els sacudiu os ombros:

- James e eu somos membros da Ordem. Pedirei que deixe algumas pessoas a postos. - ela cedeu. - Caso tudo vá para a merda e a gente acabe precisando de ajuda.

- Você realmente não confia em ninguém. - Aric disse, sabiamente, olhando Electra. Ela franziu o nariz:

- Pettigrew é uma história que me atormenta. Dumbledore saberá. Mas não todos os detalhes. A não ser que queiram perder todas as missões divertidas…

- De forma alguma. - Cygnus interrompeu, ansioso. - Conte o necessário, apenas. E deixe sua mente bem protegida.

- Sempre está. - a irmã mais velha sorriu. - Então vou requisitar uma reunião com Dumbledore. Discutiremos a proteção às famílias, nosso não retorno à escola, vocês três, - ela apontou Regulus, Aric e Evan. - nossa ida a Grimmauld Place e o projeto de Alquimia.

- Algum avanço? - Nott perguntou, curioso. Els suspirou:

- Sim, por incrível que pareça. Mas é exaustivo. Vou ter que criar uma nova Runa. Com uma tinta específica, que ficou sob responsabilidade de Alvo. - ela passou as mãos pelo rosto. - Há tantos feitiços e poções e coisas a serem feitas… Nem sei por onde começar, exatamente. Quer dizer, sei. Preciso do protótipo, primeiro. Mas não sei como começar a criar o protótipo.

- Chegaremos lá. - eu disse, pacientemente. - Acho que por hoje é isso.

- É. Deveríamos ir descansar. Tem muita coisa para planejar. - Regulus suspirou e, assim, a nossa reunião se encerrou.