NOTA:
Olá, pessoal! Essa nota é apenas para desejar um Feliz Natal para quem comemora e para aqueles que não o fazem, desejamos que aproveite o feriado e passe o dia com as pessoas que você ama! Muito obrigada, de verdade, ler nossa história. Muito, muito obrigada e um Feliz Natal, que seja cheio de alegria e amor - e nos vemos semana que vem!
ELECTRA ADHARA BLACK
James estava jogado no chão da biblioteca - já eram dez da noite e nós tínhamos saído da biblioteca só para comer. Ele tinha me ajudado a encontrar alguns livros sobre alquimia e runas antigas, mas o que mais me ajudava ainda era o primeiro que eu tinha encontrado na escola, Alquimia Baseada em Runas Antigas. Ainda assim, James tinha sido designado a procurar alguma coisa que nos mostrasse como acessar a Magia Ancestral.
- Já tem alguma ideia do traçado da runa? - ele perguntou, olhando o teto da biblioteca, parecendo exausto, mas tinha recusado qualquer ordem de ir descansar.
- Umas linhas bem básicas. Mas parece um rabisco sem sentido. - eu admiti, suspirando. Ele olhou para mim, erguendo as sobrancelhas. - Essas anotações estão no escritório. Estou pensando em outra coisa para ver se alguma ideia surge na minha cabeça.
- Não quer mudar de tópico um pouco? - ele perguntou, ficando de pé. Eu sacudi a cabeça:
- Estou chegando em algum lugar com essa coisa de Magia Ancestral. - eu puxei um livro para mais perto e deixei outro marcado mais à direita. - Vai levar um tempo, mas vou chegar lá.
- Você precisa se distrair um pouco. - havia um pouco de esperança na voz de James. Eu ri, sacudindo a cabeça:
- Isso é distração suficiente.
- Você entendeu. - ele abaixou o tom de voz. Eu voltei a encarar o garoto, que parecia ansioso, erguendo as sobrancelhas e olhei em volta, abaixando o tom de voz:
- Pelo menos espere os outros irem dormir. - eu sibilei, corando. James riu:
- Ah, vamos manter isso em segredo. - ele concordou, sentando ao meu lado. - Boa ideia. Não gosto da ideia de ter três Black e um Rosier me vigiando.
- Nos vigiando. - eu corrigi. - Não pense que eu vou passar ilesa por eles.
- Eles não vão vir para cima de você. Eu que sou o depravado. - James revirou os olhos, me fazendo rir alto o suficiente para que Sirius, a algumas mesas de distância, olhasse para nós dois.
- Realmente, sempre é você. - eu concordei, fazendo James semicerrar os olhos:
- Veremos. - ele apertou meu joelho sob a mesa. Eu lancei um olhar de alerta para ele, mas James pareceu despreocupado. - Me diga o que posso fazer para ajudar. Estou entediado.
- Pergunte a Pontas onde estão os livros mais antigos da biblioteca. Traga qualquer coisa que soe minimamente promissora. - eu sugeri. - Sejam runas, alquimia ou magia ancestral. Talvez não tenha nenhuma dessas palavras, mas se você achar que é um bom livro, traga-o para mim.
- Certo. - James olhou em volta e deu um beijinho na minha bochecha e pulou de pé. - Qualquer coisa útil e velha. - ele murmurou consigo mesmo e saiu pela biblioteca, com as mãos nos bolsos e assobiando.
Pelo menos aquilo o deixaria ocupado por tempo suficiente para que eu me acalmasse e não aceitasse a oferta de arrastá-lo para o escritório.
Lá pela uma da manhã, James e eu fomos para o escritório, juntar algumas das informações coletadas durante aquelas horas na biblioteca.
Anabelle, Cygnus e Alvo permaneciam focados no próprio estudo, mas eu sentia os olhares deles em mim e em James vez ou outra.
E a mão de James não deixava a minha coxa. Cada vez que eu me remexia e empurrava a mão dele para longe, James retornava a mão para o mesmo lugar que estava antes e ainda fazia questão de apertar um pouco mais.
James fechou a porta atrás de si mesmo, enquanto eu colocava os livros sobre a mesa já lotada de anotações e pegava alguns pergaminhos para pendurar nas paredes.
- Então. - ele começou e eu olhei sobre o ombro:
- Estou ocupada.
- Está brava?
- Não. - eu admiti, suspirando, enquanto colocava algumas anotações na parede. James parou atrás de mim, enrolando os braços em torno da minha cintura e beijou meu pescoço. - James.
- O que? - ele riu baixinho, me apertando ainda mais perto de si mesmo.
- Se comporte. - eu pedi. James suspirou:
- Quer que eu pare?
- Quero que se comporte um pouco. - eu murmurei. James me soltou, mas eu puxei os braços dele de volta, para ficarem em torno de mim novamente. Ele o fez de bom grado, mas dessa vez havia um pouco de hesitação:
- Estou passando dos limites, Els? - ele perguntou, delicadamente.
- Não. Só… Estamos indo rápido demais. - eu girei para ficar de frente com ele, colocando minhas mãos sobre os ombros de James. - E isso me assusta.
- Me assusta também, às vezes. - ele admitiu. - Mais devagar, então. Mas eu ainda posso beijar você, certo?
- Sim, pode. - eu ri, beijando a bochecha de James em seguida. - Ainda estamos descobrindo tudo isso. Vamos devagar.
- E isso vai chamar menos atenção. - ele ponderou e eu olhei sobre o ombro dele, preocupada se alguém poderia entrar no escritório. - Eu lacrei a porta.
- Isso só vai chamar mais a atenção. - eu revirei os olhos. James bufou:
- E o que eles querem ver? A gente se agarrando? Prefiro manter isso entre nós dois. - ele me deu um selinho casto, me pegando de surpresa. - Quando vamos discutir toda essa bagunça?
Eu encolhi os ombros, sem responder.
- Electra Adhara Black. - James murmurou, beijando a minha bochecha em seguida. - Eu não estou agarrando você em um escritório escuro, na casa ancestral da minha família, só porque você é bonita.
Meu estômago afundou enquanto James descia os beijos pela minha mandíbula até o meu pescoço:
- E por que está me agarrando então?
- Porque estou ridiculamente apaixonado por você. E estive pelo último ano. - ele murmurou, voltando os beijos para perto da minha orelha. Eu fechei os olhos, respirando fundo:
- Você não pode brincar com essas coisas.
- Não estou brincando. - ele voltou os olhos castanhos para os meus, cheios de sinceridade. - Quase matei Thomas quando ele a chamou para sair no começo do ano. - James apertou a minha cintura. Eu suspirei e arrisquei um beijinho no canto da boca de James. Ele virou o rosto, mas eu me afastei, rindo baixinho:
- Se controle. - eu ajeitei uma mecha de cabelo na testa dele. James estreitou os olhos. - Eu deixo você me agarrar porque tenho me sentido exatamente assim há mais tempo ainda. - eu abaixei os olhos. - E eu conseguia fingir que não era nada mas aí você me beijou na biblioteca e…
James me beijou antes que eu pudesse terminar a frase, apertando minha cintura com tanta força que eu fiquei nas pontas dos pés.
De alguma forma, eu fui parar sentada sobre a mesa, puxando James para mais perto, ignorando todo e qualquer resto de bom-senso que eu tinha.
A única coisa que importava era James. E, para ser sincera, não era como se eu me importasse com qualquer outra coisa quando ele estava tão perto e me segurando com tanta força que eu sabia que iria acordar com hematomas de manhã.
Quando a mão dele foi parar na minha coxa, sob o vestido, eu hesitei, afastando meu rosto do dele. James fechou os olhos, respirando fundo:
- Deveríamos parar.
- Deveríamos. - eu concordei, tão ofegante quanto ele.
- Mas não quero.
- Eu também não. Mas deveríamos. - eu fechei os olhos quando James apoiou a testa na minha:
- Vamos parar. - ele decidiu, me dando um beijinho leve, sem pressa. - Amanhã retomamos o assunto.
- Não há o que discutir. - eu sacudi a cabeça, enquanto James se afastava, arrumando a camisa e eu pulava da mesa, ajeitando o vestido. Ele olhou para mim, fechando os botões, erguendo as sobrancelhas. - Você é James e eu sou Electra e é isso que importa. É simples e fácil como respirar. Não há nome para isso.
- Só James e Electra. - ele repetiu, sorrindo. - É a única coisa que importa. - James esperou que eu terminasse de ajeitar a roupa antes de me beijar mais uma vez.
Ele fez questão de me deixar na porta do meu quarto, arriscando um selinho demorado antes de me deixar fechar a porta.
Não foi nada fácil dormir.
No dia seguinte, James estava me esperando no corredor. Hoje, ele usava vestes bruxas, mas eu tinha optado por um vestido vinho, até os joelhos e novos saltos.
- Seu objetivo é me matar? - ele perguntou, me dando um beijo rápido, sem sequer se dar ao trabalho de olhar em volta. Eu ri:
- Não foi proposital. - eu deixei que ele colocasse a mão na base das minhas costas. - Deveríamos dar um descanso a todos hoje. É quase natal. Poderíamos decorar a mansão. Quem sabe jogar alguma coisa. Poderíamos só… Só sermos adolescentes por alguns momentos.
- Sem Horcruxes e Alquimia na nossa cabeça. - ele concordou, justamente quando Aric nos encontrou perto das escadas:
- Bom dia! - ele parecia radiante, como sempre. Eu ri:
- Bom dia, Aric. - eu revirei os olhos. - James e eu estávamos pensando em fazer uma pausa nos planos para o Natal. Sabe, decorar a Mansão, preparar a comida, arrumar os presentes… Queria passar o Natal sem pensar em Horcruxes.
- Parece bom. - ele comentou, descendo os degraus à nossa frente. - Alguma evolução com a sua runa?
- Tenho algumas ideias, mas parece um rabisco de uma criança de dois anos. - eu suspirei, arrancando uma risada divertida dele. - Então, eu sei o que tenho que fazer, mas ainda não tive sucesso. E ainda estou descobrindo uma forma de acessar a Magia Ancestral.
- Você vai conseguir. - Aric parecia confiante. - O que acha, James? Ela não vai querer enfrentar uma guerra de bola de neve com essas roupas, mas você parece disposto.
- Depois do café. - James propôs. - Você vai? - ele olhou para mim e eu sacudi a cabeça, seguindo Aric até a sala onde tomaríamos café. Pontas, Sirius, Al e Cygnus já estavam sentados. Anabelle trazia um bule de chá, vestindo uma blusa branca delicada e uma saia cor-de-rosa que ia até os joelhos, e também usava saltos.
- Não. Vou decorar a casa. - eu sacudi a cabeça e sentei ao lado de Cyg e James tomou o meu outro lado. Aric sentou de frente comigo e olhou meu irmão:
- Que tal uma guerra de bola de neve depois do café?
- Soa ótimo. - Cyg pareceu animado, com os outros garotos concordando. - E ai, Bells? Vamos?
- Vou ajudar Electra com a mansão. - minha irmã sentou ao lado do namorado, que enchia a xícara dela de chá e, depois, colocou um croissant no pratinho dela. - E vocês são uns brutos.
- Ei, eu não. - Al se defendeu. Anabelle revirou os olhos:
- É sim quando está jogando. Vá jogar com os garotos. Eu tenho muitas ideias para a sala-de-estar, se a Sra. Potter permitir.
Euphemia sorriu:
- Fiquem à vontade. - ela pareceu despreocupada. Fleamont sorriu, entrando na casa:
- Bom dia, crianças! - ele pareceu alegre. - Um bom dia de neve para nós. Deveríamos descansar hoje, o que acham?
- James propôs aproveitarmos o Natal. - Pontas olhou o pai, que acenou com a cabeça alegremente:
- Vocês precisam de uma pausa. - ele concordou. - O que vão fazer?
- Electra e Anabelle querem decorar a casa. Nós vamos jogar bolas de neve. - Cygnus respondeu, tomando um gole de café em seguida. - Elas não querem se juntar a nós. Uma pena. Eu gosto muito quando Els se envolve.
Anabelle riu:
- Da última vez ela acertou Teddy com tanta força que ele desmaiou.
James riu e eu fiz careta, enquanto Sirius me encarava horrorizado.
- Ele mereceu. - eu me defendi. - E Teddy não teve efeitos colaterais a longo prazo.
- Quem é Teddy? - Sirius questionou, curioso.
- O filho de Remus. - James pareceu despreocupado. - Ele é mais velho que a gente, mas mais novo que meu pai. É mais como um primo do que amigo.
- Perdão? - a voz de Remus ressoou logo atrás de nós. Eu olhei sobre o ombro:
- Ah. Bom dia, Remus.
- Eu tenho um filho?
- Sim e ele é uma peste. - Anabelle pareceu despreocupada, mordiscando o croissant. Remus olhou para mim, os olhos cheios de preocupação, mas eu sorri:
- De você, ele só herdou o rosto e o talento para problemas. - eu prometi. Remus soltou o ar, aliviado e sorriu:
- Ele é muito mais velho que vocês? - ele perguntou, sentando a algumas cadeiras de distância.
- Alguns anos. Está namorando nossa prima, Victoire. - Al respondeu, animado. - Acho que eles acabam se casando, mas ainda não disseram nada.
- Eles estão juntos há uns quatro anos. - eu concordei, passando geleia na minha torrada. - Talvez. Já vi noivados longos que não acabam em casamento. E, por exemplo, meus pais ficaram noivos em menos de um ano de namoro e se casaram com um ano e meio. Então, depende mesmo. E Victoire tem cada passo da vida dela planejado, então Teddy vai ter que esperar o aval dela.
- Ele vai esperar quanto tempo ela quiser. - Cygnus ponderou. - Então, Lupin, quer uma guerra de neve ou quer ajudar as meninas na casa?
- Acho que vou ficar aqui dentro. - Remus encolheu os ombros. - Temos apenas uma semana até a Lua Cheia. Estou me cansando mais rápido.
Al olhou Remus, parecendo pensativo, tamborilando os dedos na mesa.
- O que? - James questionou, encarando o irmão. Al não respondeu, os olhos ainda vidrados. Eu franzi a testa e olhei Bells, que suspirou:
- Ele está tendo um momento. Deixe-o. - ela pareceu tranquila, tomando um gole de chá. - Ele vai falar quando terminar de planejar o que quer que, diabos, esteja planejando.
- De qualquer forma, - Remus retomou o assunto, olhando para Cygnus. - Eu queria terminar de ver os jornais ingleses para tentar localizar onde Você-Sabe-Quem esteve.
- A única pista que temos é Albânia. - Cygnus ofereceu a informação, que Remus aceitou prontamente:
- Sei disso. Mas ele não deve ter ficado só lá. Estou procurando por ataques a trouxas aleatórios e nascidos-trouxas. A gente conhece o estilo dele, então consigo afunilar. - ele pareceu pensativo. - E não é tão ruim quanto o que vocês estão fazendo. É só ler um jornal procurando coisas esquisitas.
- Divertido. - eu fiz careta e Alvo bateu com a mão na mesa, me fazendo dar um gritinho de susto. - Alvo!
- A poção Mata-Cão não foi criada? - ele perguntou, sério.
- A o que? - eu perguntei, mas James jogou a cabeça para trás, frustrado:
- Quatro meses aqui e nenhum de nós teve a capacidade de lembrar disso! - ele sacudiu a cabeça, indignado.
- Mata-Cão. - Alvo me encarou. - Não se lembra? É aquela que reduz os sintomas da licantropia. Estamos muito em cima da hora, mas certamente posso prepará-la nos próximos meses para Remus.
- Mata-Cão? - Sirius pareceu ofendido. Eu fiz careta:
- Alvo, eu acho que ela nem foi criada ainda. Além do mais, você sabe ela de cor? Slughorn apenas a mencionou para nós na escola, mas nunca nos ensinou. - eu lembrei. Anabelle sacudiu a cabeça, olhando o namorado:
- Você sabe?
- Eu a preparei uma vez, para ver se conseguia. - ele disse, sério. - Lembro da receita perfeitamente, usa acônito.
- Você quer dar acônito para Remus? - Aric pareceu incrédulo. Alvo fez um gesto de descaso:
- É uma dose minúscula. E, caso você tenha esquecido, o acônito é conhecido como Mata-Lobo. - Alvo lembrou. - Eu não vou matar o nosso lobo, só deixar ele manso.
Aquilo fez Remus rir alto, divertido:
- Vai me amansar?
- Como um cachorrinho de colo. - Al prometeu, arrancando mais uma risada de Anabelle, o que o deixou ainda mais radiante. - Se me permitir e se estiver disposto.
- Claro que estou. - Remus pareceu aliviado com a ideia. - Mas onde conseguiremos os ingredientes? Acônito não é um ingrediente comum, Alvo, e certamente não podemos ir até o boticário comprar. Não depois que vocês atacaram Grimmauld Place.
- Eu estou bem aqui e sou um Mestre de Poções reconhecido. - Fleamont soou quase ofendido. - Tenho muitos ingredientes, incluindo acônito. Vamos subir depois, Alvo, e você irá nos dar o passo-a-passo dessa poção. Vamos prepará-la para Remus. Se ele quiser.
- Claro que quero. - Remus acenou com a cabeça. Anabelle se virou para ele:
- Você manterá sua consciência de Remus Lupin durante a transformação. Dizem que o gosto é horrível e não pode ser adicionado açúcar. - ela sorriu para o Lupin, que parecia radiante.
- Eu aceito qualquer coisa que torne isso mais suportável. - Remus disse, encolhendo os ombros. Alvo ergueu o queixo:
- Vou fazer o meu melhor. - ele prometeu e depois olhou para Fleamont, abrindo um sorriso constrangido. - Por favor, diga que você tem sangue de dragão.
Aquilo fez o Sr. Potter rir e nós mudamos para assuntos mais amenos.
Era bom me distrair um pouco.
Arrumar a Mansão Potter para o Natal era trazer todas as minhas memórias de casa à tona. Eu fazia isso com minha mãe desde que era pequena - não havia um Natal que ela não deixasse algo sob minha responsabilidade - mesmo depois que comecei Hogwarts.
No primeiro ano, era organizar a mesa. Depois a coisa foi progredindo ao ponto de que ela apenas fazia a decoração e o escolhia o pré-menu e eu fazia as escolhas finais e ditava se a decoração estava a altura de um Natal Rosier-Black ou se eu queria modificar algo.
Neste ano, ela tinha me pedido para escolher as cores da decoração e enviar para ela as minhas ideias: o Natal todo estava sob minha responsabilidade.
Então, foi fácil retornar ao papel de Electra Adhara Black de 2021, que tinha um caderno recheado de coisas a serem feitas no Natal.
Anabelle estava confusa, mas aceitava qualquer coisa que eu orientasse.
Euphemia estava radiante:
- Sua mãe a ensinou?
- Era parte da minha educação como bruxa sangue-puro. - eu ponderei. - Nem tão puro assim, porque uma das minhas avós era trouxa, mas a questão nem é essa. A organização de eventos sociais é um passo importante na nossa criação. Anabelle também está sendo ensinada.
- Mas isso aqui é completamente fora de qualquer coisa que eu já tenha feito. - minha irmã apontou para a árvore de natal absolutamente imensa que eu tinha colocado no salão de festas da Mansão Potter.
Um Salão incrível, porém praticamente abandonado. Eu tinha feito meu melhor para reviver aquela coisa e estava seguindo o planejamento que tinha feito com minha mãe para aquele ano.
- É porque você prefere a Páscoa. - eu revirei os olhos. - E eu sempre fico com o Natal.
- E Cygnus? - Euphemia questionou, sorrindo enquanto decorava a árvore de Natal de uma forma absolutamente elegante e reconfortante ao mesmo tempo.
Familiar.
- O Ano Novo é por conta dele. - eu suspirei. - Sempre é uma festa de tirar o fôlego. Nada tradicional. Ano passado ele trouxe uma banda de rock. James teve que me carregar nas costas porque meus pés doíam de tanto dançar.
- Foi divertido. - Anabelle assentiu, animada. - É uma pena que estejamos em guerra. Temos alguns dias, mas ele faria algo memorável se tivesse a chance.
- E regado a álcool. - eu ri, sacudindo a cabeça. - É sempre divertido. Cyg tem as melhores festas e ninguém sai sóbrio. Quer dizer, ninguém com mais de dezessete anos. - eu ponderei, suspirando.
Ano passado, na festa de Natal, James havia me beijado depois de alguns goles de whisky de fogo. O feito não se repetiu no ano novo, apesar de ter quase acontecido, quando ele me deixou na porta do meu quarto.
Que ironia, então, que eu estivesse fazendo meu papel de Lady Black na Mansão Potter - que era dele - fazendo as decorações e planejando um menu simples para a festa de Natal este ano.
Isso tudo enquanto nós mantínhamos segredo sobre nosso relacionamento que sequer tinha nome.
Divertido.
Mamãe estaria às gargalhadas pela ironia do destino, bradando como sempre soubera que eu me adequaria ao papel de Lady Potter com facilidade.
Lady Potter.
Calma.
Muita calma.
- Bem, as fitas estão prontas. - Euphemia me olhou, com as mãos nos quadris. - O que mais quer fazer?
- Gosto de velas. - eu olhei em volta. - Iremos deixar o lustre iluminado, claro, mas as velas dão um ar de conforto e de casa. Esta não é uma festa social, apenas para nós. Vou transfigurar algumas coisas e trazer para cá. Tapetes, sofás, mantas… - eu continuei, pensativa.
- Mamãe deixaria você decorar assim? - Bells perguntou, curiosa.
- Só a sala da família. - eu admiti. - A sala de festas, onde receberíamos convidados, não seria assim. Seria exatamente o oposto, se eu for bem sincera. Seria muito social e extravagante, mas nada como isso. Haveria petiscos, uma entrada, um jantar elegante, vinhos de vários tipos, whisky de fogo, cerveja amanteigada para os menores de idade, doces finos. Eu usaria um vestido de seda, talvez de veludo? - eu ponderei, me perdendo nos pensamentos. - Mamãe e eu estávamos discutindo contratar uma empresa de elfos-domésticos e também uma empresa de segurança. Esse ano seria grande porque é a minha primeira vez como anfitriã e em idade de noivar. Seria a forma dela de me apresentar à sociedade como uma mulher adulta. Ela respeita meu desejo de trabalhar fora, mas acha que um noivado não faz mal a ninguém.
- Só se for com alguém que você não quiser. - Euphemia disse, severa. Anabelle sacudiu a cabeça e respondeu antes de mim:
- Mamãe disse que só nos casaríamos por amor e nada além disso. - ela foi firme. - Ela é curandeira, mas trabalha meio período porque gosta de cuidar da casa. Jamais nos julgaria por trabalhar integralment mais animada com aquelas pesquisas sem pé nem cabeça da Electra.
- Não são sem pé nem cabeça. - eu me defendi, fazendo Euphemia rir, aliviada. Anabelle revirou os olhos:
- Eu entendo sua fascinação pela Alquimia e aquela Panacea. Entendo sua fascinação por animagos. Eu não entendo o porque de você querer interferir no que já está feito.
- Posso melhorar o processo.
- Tenho certeza de que pode. Mas você só se sobrecarrega. - minha irmã retorquiu, séria. - De qualquer forma, Sra. Potter, pode me ajudar com essas velas? Electra é bem chata nisso.
- Ei!
Euphemia riu, indo ajudar minha irmã a organizar as velas e eu me voltei para o restante da decoração do salão.
Os sofás me custariam muito tempo.
Por fim, Remus se juntou a nós, assobiando quando viu a árvore de Natal:
- Impressionante. - ele elogiou, parando ao meu lado, enquanto eu transfigurava uma mesinha de centro em uma grande mesa de jantar de madeira maciça, com lugares para todos nós. - O que precisa fazer mais?
- Eu desisti dos sofás. - eu suspirei, fazendo com que as pernas das mesas desenvolvessem arabescos elegantes. - Pode ir para eles, se quiser.
- Por que?
- Porque eu fico tentando transformá-los em algo parecido com o do salão comunal e eu não quero aquela aparência. - eu resmunguei, azeda, arrancando uma risada. - Acho que é saudade.
- Pode ser. Mas o que quer que eu faça?
- Siga o esquema de cor. - eu apontei para a árvore imensa em tons claros, mas cheia de luzes. - Sofás fofos, confortáveis, sem rasgos. Se puder, depois, arranjar algumas mantas para os sofás…
- Vou fazer. - ele prometeu, apertando meu ombro com carinho. - Sra. Potter… - Remus saiu atrás de Euphemia e eu voltei a me concentrar na mesa.
Pelo menos eu não estava caçando Horcruxes. Ou lidando com Voldemort.
Mas, certamente, essa mesa estava me tirando do sério.
Eu estava criando uma runa! Quão difícil seria transfigurar uma mesa menor em uma mesa maior com mais elegância?!
Aparentemente, mais difícil do que eu tinha julgado.
Nós passamos umas boas horas no salão de festas, com os outros se juntando a nós aos poucos. James agora fazia as cadeiras que combinassem com a mesa que eu tinha, finalmente, conseguido deixar do meu gosto. Anabelle e Alvo riam, organizando os presentes com Cygnus, que fazia piada de toda e qualquer coisa que conseguia.
Era bom ver os três agindo exatamente como sempre fora, como se Voldemort não estivesse atrás de nós como o louco que era.
Lily e Pontas tinham se comprometido em organizar a mesa e conversavam com leveza, parecendo animados com a festa de Natal que estávamos organizando. Sirius, Regulus, Remus e Evan pareciam alegres - agora que os sofás tinham sido resolvidos - e colocavam velas e mais velas para flutuarem pelo salão, todas enfeitiçadas para que não causassem nenhum incêndio.
E restava Aric e eu, parados à porta, tomando café e observando como as coisas andavam. Ele tinha me ajudado a terminar de colocar a toalha de mesa e depois tinha seguido por toda a sala, elogiando o que todos faziam e ao mesmo tempo não fazendo nada.
Típico dele.
- É isso que faz na sua família?
- Para nós, sim. Para os outros, é diferente. - eu suspirei. - Ok. Talvez nem tanto, porque papai jamais me permitiria colocar uma árvore deste tamanho dentro de casa, mas a Sra. Potter pareceu mais do que feliz em me deixar fazer isso.
Aric riu alto, jogando a cabeça para trás:
- Ele é rígido?
- Um pouco. Talvez frugal? - eu ponderei. - Papai não foi criado pelos meus avós, logo não teve todo o luxo que Sirius e Regulus sempre tiveram. Nem mesmo o luxo que eu tive enquanto crescia. Ele segura um pouco a mão nas festas familiares, mas se mamãe insiste, ele deixa ela fazer o que quiser. O que é o que quase sempre acontece. Ele reclama, mas deixa.
- E onde você entra nessa história toda?
- Sou a Black mais velha e, até então, a única elegível para casamento. Eles jamais me arranjariam um noivo, muito menos me obrigariam a casar com alguém, porém eventos como as festas de Natal da família Black são importantes. Foram esquecidos até a mamãe se casar com papai e ela as retomou com força total, mas uma palavra contra nascidos-trouxas e você está numa lista negra eterna. E, isso vindo de Aella Rosier Black, é péssimo porque ela tem uma influência absolutamente imensa sobre a alta sociedade.
- E se você está na lista negra de Aella Black…
- Você jamais será convidado para demais eventos da alta sociedade. - eu completei, satisfeita. - Ela me ensinou essas coisas desde pequena, diz que por muito tempo essa era a única forma de mulheres mostrarem seu poder e que eu não devo dar minhas costas a isso. Preparar festas e organizar eventos são parte da minha identidade como filha mais velha das Casas Black e Rosier. Então, fui treinada nesse papel, mas também fui treinada por aurores e tive liberdade para estudar o que bem entendesse.
- Ela é uma boa mãe. - Aric disse, com carinho.
- Ela é. - eu engoli o nó na garganta. - Às vezes eu queria que ela estivesse aqui. Não pela festa, de forma alguma, mas eu só queria… Só queria minha mãe aqui.
- Eu sei. - ele jogou um braço sobre os meus ombros e beijou a minha têmpora. - Mas estamos aqui agora. E, quando estivermos no seu tempo, depois de todo esse inferno, continuaremos aqui com vocês. E espero que você faça muitas festas para nós. Ouvi dizer que Cygnus faz as de ano-novo?
Eu ri e comecei a tagarelar.
Aric Nott era, surpreendentemente, uma das pessoas a quem eu mais tinha me apegado.
E eu esperava que, quando eu estivesse no meu tempo, ele estivesse também, me ensinando e me ajudando e me acobertando como sempre tinha feito aqui.
