Um pouco antes
Finalmente Draco chegou ao hospital, Hagrid consegue ser um passageiro pior que seu filho no critério "já estamos chegando", ele perdeu as contas de quantas vezes respirou fundo para dizer que ainda faltava um pouco.
O loiro ligou para o hospital para saber o estado da mulher, de jeito nenhum ele vai levar o grandão para visitá-la correndo o risco de que ela tenha uma piora diante dos olhos dele, mas felizmente o seu estado se encontra estável e ela pode receber visitas mesmo que por um curto período de tempo.
- Você se lembra de tudo que eu falei? – Draco fala como se estivesse explicando a uma criança.
- Ela está sendo tratada e tudo que está ligado nela é necessário e ela não está sentindo dor por causa deles – Hagrid fala de forma mecânica.
- Muito bem e o que mais? – o loiro continua a repassar as instruções
- Talvez ela esteja cansada e não vai conseguir conversar direito e eu não devo insistir.
- E...? – Draco diz
- Eu só vou poder ficar um pouco, não adianta insistir porque ela não pode receber visitas e eles estão abrindo... – ele para um momento – como é a palavra mesmo?
- Uma exceção – Draco diz – é isso, Hagrid, você só pode ficar um pouquinho, ela ainda está muito doente e não pode receber visitas, mas como os médicos sabem que ela está muito sozinha e você está preocupado eles abriram uma exceção.
- Eu vou fazer tudo direitinho – Hagrid diz – eu juro (ele olha para o loiro) mas... Já estamos chegando?
- Sim, Hagrid – o loiro suspira aliviado porque desta vez é verdade – já estamos chegando.
Hagrid sorri enquanto passa a mão nos cabelos espessos e na barba longa, finalmente ele vai ver madame Maxime...
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De volta ao momento atual
Draco finalmente conseguiu fazer com que Hagrid saísse do quarto. Ele já sabia que seria assim, é difícil para Hagrid aceitar que a sua namorada precisa ficar sozinha no hospital, ele consegue entender que ela precisa de cuidados, mas a parte de não ter ninguém com ela simplesmente não entra na sua cabeça como o olhar de cachorrinho sem dono do homem lhe mostra.
- Não fique assim, Hagrid – ele diz – assim que ela ficar um pouco melhor eu trago você novamente, eu só trouxe você hoje para que você veja que ela está bem tratada.
- Isso significa que ela vai ficar boa, certo? – ele diz de modo ansioso.
- Isso significa que eles estão fazendo de tudo – Draco diz, ele aproveitou o tempo em que Hagrid ficou com a mulher para sondar um pouco sobre o assunto e embora este seja um hospital caro, ainda não foi possível ainda descobrir o que ela tem. O loiro ficou de conversar com calma depois de deixar Hagrid em casa.
Mas isso vai ficar para depois, ele vê Hermione sentada na recepção do hospital numa postura muito ereta, ele não precisaria ser alguém com conhecimento da natureza humana para notar que ela esta visivelmente nervosa. Por um momento ele se pergunta se essa foi uma boa ideia. Seja o que Deus quiser. Ele diz para si mesmo enquanto fala:
- Hagrid, eu acabei de ver que tem uma amiga minha na recepção, eu gostaria de cumprimentá-la. Você se importa?
Neste momento os olhos do homem a sua frente brilham – você tem uma amiga, Draco? Ter amigas é bom, eu também tenho uma amiga. Eu posso conhecê-la?
- Claro, Hagrid – Draco luta contra a tentação de rolar os olhos, ele realmente já esperava algo assim – vamos falar com ela - ele completa enquanto caminham em direção à Hermione.
- Senhorita Granger! – o loiro fala tentando usar o seu melhor tom de surpresa, ele espera ser um ator melhor do que ele pensa que é – espero que esteja tudo bem.
- Bom dia, senhor Malfoy – Hermione fala lutando para não deixar a sua voz tremer – está tudo bem, obrigada. Digamos que eu estou apenas fazendo pesquisa de campo. E o senhor? Espero que esteja tudo bem - ela diz enquanto olha fixamente para o homem a sua frente, um homem que esteve na sua frente não faz muito tempo em uma das suas visitas à casa de repouso. Quem diria que ela já havia estado frente a frente com seu tio avô.
- Sim – ele diz – quer dizer eu vim trazer o Hagrid aqui para visitar uma amiga doente. Aliás, este é o Hagrid, podemos dizer que somos parentes (ele olha para Hagrid) Hagrid esta é uma grande amiga, Hermione Granger.
- Muito prazer, senhorita Granger – Hagrid lhe oferece a mão e vê os olhos da mulher marejarem – a senhorita está bem?
- Estou, desculpe – ela diz – é que eu lembrei de uma coisa e me emocionei. Muito prazer, senhor Hagrid. É bondade sua se preocupar, o senhor é muito gentil.
- Eu sempre sou gentil – ele sorri – nós devemos ser gentis, principalmente com os amigos – ele olha para Draco – o Draco é gentil com a senhorita?
- Sim, ele é gentil – Hermione diz lutando contra a emoção. Ela dá uma piscadinha – mas creio que o senhor é mais gentil do que ele.
- Sim senhorita, eu sou gentil. Mas o Draco precisa ser mais gentil do que eu com a senhorita, a senhorita é a amiga especial dele. Eu sou mais gentil com a madame Maxime, ela é a minha amiga especial.
- Fico feliz que o senhor tenha uma amiga especial – Hermione diz deliciada, seu tio-avô é uma pessoa impar pelo que ela está percebendo – o senhor é muito especial também, merece alguém assim.
- Ela está doente – ele fala tristemente – mas eu sei que ela vai ficar boa – ele completa – o Draco está cuidando disso.
- Hagrid – Draco fala pacientemente – lembra do que nós conversamos?
- Sim, eu lembro – ele diz – os médicos estão fazendo o possível, mas eu sei que os médicos vão conseguir, eu sei que vão.
Draco suspira e olha para Hermione, a morena vê no olhar do loiro que as coisas não são tão simples assim.
Ela olha para o relógio – eu tenho um tempinho antes de buscar a minha filha na escola, mas não dá tempo de ir pra casa, será que a gente poderia tomar um café ou algo assim? Se vocês tiverem compromisso não tem problema, mas seria bom ter companhia.
- Por mim, tudo bem – Draco fala, ele olha para Hagrid – e aí, grandão? Tudo bem com você a gente fazer companhia pra minha amiga?
- Tudo bem – ele diz depois de pensar um momento – mas ela vai ter que ser a sua amiga especial, eu já tenho a minha.
Draco olha para Hermione que neste momento se encontra um pouco envergonhada com o rumo do assunto e um pouco extasiada por estar diante do seu tio avô, em seguida ele se dirige a Hagrid – sem problemas, ela fica sendo a minha amiga especial, agora vamos tomar esse café...
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Mais tarde
Hermione larga-se na cama com um sorriso no rosto, um sorriso por sinal que vem acontecendo muitas vezes desde que ela voltou do encontrou seu tio-avô. Entre tudo que ela esperava, ela pode dizer que Hagrid superou todas as suas expectativas, ela mal pode esperar para poder falar sobre a sua avó para ele.
Sim, por mais que ela tenha adorado conhecer seu tio-avô e conversar com ele, Hermione sabe que apenas isso não é o bastante. Ela precisa cumprir a promessa que fez a sua avó e dizer que ela sempre pensou nele e que o procurou até o fim da sua vida.
No entanto isso vai ter que ficar para depois, Draco acabou falando por alto sobre as suas suspeitas e ela pôde perceber que ele pareceu preocupado, como a conversa que tiveram mais cedo pôde mostrar...
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Um pouco mais cedo
Hermione e Draco tomam um café enquanto Hagrid sorve avidamente um chocolate quente. Draco disse que o homem tem um fraco por doces e Hermione sorri pensando que esse era um fraco da sua avó também.
Hagrid fez todas as perguntar possíveis sobre seu relacionamento com Draco e mesmo o loiro já a tendo avisado ela realmente não esperava algo assim.
- Sutileza não é realmente uma das qualidades dele – Hermione diz aproveitando um momento em que Hagrid foi ao banheiro.
- Eu tinha te avisado – Draco sorri – ele gostou de você.
- A impressão que eu tive é que ele gosta de todo mundo – ela também sorri – e quer que todo mundo seja feliz.
- Você definiu bem o Hagrid – Draco diz, ele fica sério – precisamos conversar depois sobre a madame Maxime, a amiga dele.
Hermione assente com a cabeça – se você quiser passar na minha casa mais tarde
- É melhor ser em outro lugar, se o Nick fica sabendo que eu estive lá e não o levei nunca ouvirei o fim disso.
- Então a sua casa também está fora de cogitação – Hermione fala – onde então?
- Já sei! – o loiro fala depois de pensar um pouco – eu pego você na sua casa as oito.
- Melhor oito e meia – ela argumenta – tenho que deixar a Julie na minha mãe. Aliás, onde iremos?
- Digamos que é uma surpresa – ele diz de modo misterioso.
- Cuidado, senhor Malfoy – Hermione diz – isso pode ficar parecendo um encontro.
- Eu sou totalmente a favor de juntar o útil ao agradável nesse caso, então por que não vamos chamar isso de um encontro? – ele sorri – afinal você é a minha amiga especial.
- Não abusa da sorte – Hermione diz de modo sério, mas Draco vê que ela também está sorrindo...
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Mais tarde, na casa de Draco Malfoy
Draco rola os olhos ao ver sua mãe e sua irmã suspirarem ao final da sua narração, ele não duvidaria das duas saírem dançando ao redor da casa.
- Fico feliz que tudo tenha dado certo, filho – Narcisa fala – espero que o Hagrid não tenha sido inconveniente demais.
- Digamos que agora ele acha que eu tenho uma amiga especial – o loiro diz com um suspiro – mas tirando isso foi tudo bem tranquilo.
- Mal posso esperar pra conversar com Hermione e saber o que ela achou – a senhora loira fala – convide-a pra jantar aqui um dia desses – ela diz – por falar nisso, você quer alguma coisa especial hoje? – ela pergunta
- Desculpa mãe –ele diz – mas eu não vou jantar em casa – ele vê que Narcisa o fita com curiosidade, mas de jeito nenhum ele vai dizer que vai se encontrar com Hermione. Do jeito que a mãe é, a história de amiga especial vai tomar corpo na mente da sua mãe também – depois eu explico, mãe. Agora eu não vou ter tempo – ele diz enquanto se retira...
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Um pouco mais tarde
Hermione espera tentando conter as borboletas no seu estômago ao mesmo tempo em que diz para si mesma que isso não é um encontro.
Não, não é um encontro... Ela fala pela centésima vez. Nós precisamos falar sobre o que aconteceu com a amiga do Hagrid e saber se isso está ligado ao que eu descobri. Ela fala novamente enquanto vê que seu celular vibra, Draco chegou...
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Quase ao mesmo tempo
Hagrid está no jardim, ele não quis assistir aos seus programas favoritos, ele sempre fazia isso com madame Maxime e agora fazer sozinho não tem graça.
Hagrid sabe que não é uma pessoa especialmente inteligente. Ele sempre teve mais dificuldade de aprender as coisas que os seus colegas da escola, mas para a sua sorte a sua família sempre fez tudo o que pode para ajudá-lo a superar as suas dificuldades, Hagrid sempre foi grato ao fato deles o terem encontrado.
Sim, o grande homem sempre soube que fora adotado. Desde a sua tenra idade que seus pais explicaram que ele não era filho biológico, mas que ele fora desejado e amado desde que chegou e ele sempre soube lidar com isso, embora ele tenha certeza que amaria seus pais biológicos da mesma forma que amou seus pais adotivos. Sempre foi muito fácil para Hagrid amar a todos.
Essa sua capacidade de amar faz com que ele sinta ainda mais quando acontece algo com aqueles com quem ele se importa e neste momento seu coração está angustiado por madame Maxime.
- Tudo bem, senhor Hagrid? – uma voz o tira do devaneio – espero que tenha aproveitado o seu passeio.
- Tudo bem, obrigado – Hagrid diz polidamente, mesmo que ele não esteja com vontade de conversar ele não é capaz de ser mal educado.
- Espero que a madame Maxime esteja bem – a pessoa diz – não se preocupe, eu não contei a ninguém que você foi vê-la. Você poderia me dizer onde ela está? Eu gostaria de mandar algumas flores.
- A madame Maxime não gosta de flores – Hagrid diz, ele não é muito bom em lembrar das coisas, mas ele se lembra de tudo que se refere a madame Maxime e ele se lembra que não pode ficar falando sobre ela com ninguém – mas você pode visitar ela quando ela voltar
- Então ela vai voltar... – a pessoa diz – fico feliz em saber – são as suas últimas palavras antes de se retirar...
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Um pouco mais tarde
- Eu não acredito que em todos os lugares de Londres você me trouxe justo aqui! – Hermione diz sorrindo
- Ora – Draco também sorri – aqui foi o nosso primeiro encontro e a gente se divertiu, então por que não repetira a dose?
- Eu devo lembrar que isso não é um encontro? – Hermione diz – e que a gente está aqui pra falar sobre o que aconteceu com a amiga do Hagrid?
- Não, não precisa – ele diz rolando os olhos – vamos ao que interessa então.
- Você começa – Hermione diz
- Bem – ele diz depois de respirar fundo – eu confesso que achei que você estava exagerando quando você falou das mortes que aconteceram nas casas de repouso, mas tenho que admitir que o que aconteceu com a amiga do Hagrid me intrigou, principalmente depois que eu fiquei sabendo que ela é uma mulher com um certo patrimônio e sem nenhum parente – ele para por um momento – você consegue descobrir se os idosos que morreram se encaixam neste perfil?
- Eu vejo isso – ela diz fazendo uma nota mental de conversar com Sirius sobre isso. Ela respira fundo – então eu posso dizer que agora você acha que eu posso estar certa?
- A amiga do Hagrid é uma pessoa com posses, sem herdeiros e incapaz de responder por si mesma – ele diz e respira fundo – então sim, eu acho que pode haver alguma coisa aí.
- Você acha que meu tio avô corre perigo? – as palavras saltam de sua boca.
- Acho que não – o loiro diz depois de pensar um momento – ele não se encaixa no perfil de pessoas que não têm parentes, todos que trabalham na clínica sabem disso – ele sorri – mas mudando um pouco de assunto, o que você achou do Hagrid?
- Ele é incrível! – ela sorri – a minha avó teria adorado conhecê-lo.
- Fale um pouco mais sobre a sua avó – ele pede. Draco notou que os olhos dela brilham sempre que o assunto é a avó e isso a torna mais bonita ainda.
- Ela era incrível também – ela diz e fica calada por um momento – o que eu posso dizer? Ela foi a primeira mulher na família a ter um curso superior e se recusou a casar com o homem que seu pai havia escolhido – ela sorri – ela fugiu com meu avô poucas horas antes do casamento, nem preciso falar que isso foi um escândalo na época.
- Me atrevo a dizer que seria um escândalo hoje em dia também – o loiro diz de modo filosófico..
- É verdade – Hermione concorda – ela e meu avô passaram tempos difíceis, mas eu tenho certeza que ela nunca se arrependeu.
- E o que mais? – Draco a incentiva a continuar.
- Ela adorava ler, assim como eu – ela continua – meu pai sempre dizia que quando ela pegava um livro interessante nada abaixo de uma hecatombe nuclear tiraria a sua atenção.
- Assim como você – Draco não resiste em provocá-la, ele não conhece Hermione muito bem, mas já deu pra perceber que ela adora seus livros.
- Assim como eu – ela concorda – ela sempre dizia que a gente era muito parecida e que ela esperava que eu conseguisse realizar tudo que ela não conseguiu... Eu estou te chateando? – Hermione pergunta ao ver que Draco parece distante.
- Não, imagine – ele respira fundo – é só que embora eu esteja adorando ouvir, neste momento eu só quero fazer uma coisa.
- E o que seria? – Hermione pergunta mesmo sabendo a resposta.
- Você quer que eu diga ou prefere que eu apenas faça? – o loiro diz com a sua voz tornando-se mais rouca enquanto ele se aproxima.
Hermione olha para o loiro, seu lado racional diz que isso é insensato, que a ultima coisa que ela precisa no momento é de algum tipo de envolvimento. Mas, quer saber? Ela não quer ser racional neste momento, então ela diz:
- Por que perder tempo com palavras...
O beijo vem suave num primeiro momento e vai se tornando cada vez mais profundo. É como se as bocas se encaixassem de forma perfeita. Você poderia receber um dez se isso fosse um exame, ela não pode deixar de pensar.
Neste momento eles ouvem alguém pigarrear e se afastam meio desconcertados, assim como o garçom que veio trazer a comida que eles pediram.
- Acho que agora isso se tornou oficialmente um encontro – Draco diz com um sorriso irônico no rosto.
- Eu posso lidar com isso – Hermione diz sorrindo, por mais que ela queira voltar aos beijos ainda há muito a dizer, então ela respira fundo.
- Quando você acha que poderemos contar tudo ao Hadrid? Que nós somos parentes?
- Assim que a madame Maxime estiver melhor – ele suspira – espero mesmo que isso aconteça, o Hagrid ficaria inconsolável caso acontecesse algo com ela.
Antes que Hermione possa falar alguma coisa o celular de Draco toca – é do hospital – ele fala e permanece em silêncio por alguns minutos – sinto muito – ele diz desligando o celular –mas nosso encontro vai ter que acabar aqui, eu preciso ir.
- Nem pense em me deixar agora, Draco Malfoy! – a morena diz de forma enfática – eu vou com você!
O loiro pensa em falar alguma coisa, mas o olhar decidido de Hermione faz com que ele desista – tudo bem, vamos comigo – ele diz enquanto joga algumas libras sobre a mesa e o casal parte para o hospital torcendo para que não tenha acontecido o pior...
NOTA DA AUTORA
Finalmente estou aqui, desculpe a demora que desta vez extrapolou, não sei se tem alguém passando ainda por aqui mesmo assim eu me sinto na obrigação de dar uma satisfação sobre o meu sumiço.
Eu estou um pouco desanimada com a falta de comentários, não vou mentir, mas o que me fez demorar na verdade foi que eu viajei duas vezes esse ano e foram viagens longas, então eu acabei demorando mais do que eu previa.
Finalmente o grande encontro! Espero que tenham gostado, muita coisa ainda está para acontecer e quem puder deixar uma palavrinha nem que seja para me reclamar pela demora vai me fazer muito feliz.
Bjos e até o próximo
