Edward
O som da água fervendo na chaleira completava o silêncio da manhã. Um silêncio que agora era tão pesado quanto a culpa que se arrastava comigo a cada passo. A casa de Bella tinha se tornado, para mim, uma espécie de refúgio. Era o único lugar que me fazia sentir alguma coisa além da dor constante que se instalou no fundo da minha garganta.
Mas eu sabia, lá no fundo, que minha presença ali estava incomodando mais do que ajudando. Não era o lugar que eu queria estar, mas era o único que me restava. A casa de Carlisle e Esme parecia intocável agora, como se a verdade que eu carregava fosse uma sombra que pairava sobre tudo, especialmente sobre eles.
Olhei pela janela, vendo o movimento tranquilo da manhã. Forks não mudava. Nada mudava, exceto eu. A ideia de comprar um espaço meu nessa cidade parecia cada vez mais tentadora.
— Edward? — Bella apareceu na porta da cozinha, a voz suave, mas com um toque de apreensão que não passava despercebido — Você vai mesmo sair hoje?
Balancei a cabeça, tentando espantar o cansaço acumulado. Não era a primeira vez que essa pergunta surgia, e sabia que não seria a última. O problema era que eu não sabia mais o que responder.
— Preciso ir. Emmett e Rosalie estão esperando por mim.
Bella se aproximou, o olhar fixo como se tentasse encontrar o que restava de mim. Eu podia ver as perguntas não ditas em seus olhos. Mas não havia espaço para elas agora. Não havia mais tempo para esclarecimentos. O silêncio se arrastou por alguns segundos antes dela se mover, a mão tocando meu ombro com uma suavidade que quase me fez desmoronar.
— Eu entendo. Mas… — ela hesitou, e eu senti o peso de sua voz — Será que é o melhor?
Eu a olhei, sentindo um nó apertar no peito. Era isso que me corroía. Bella, com seu coração aberto, queria estar comigo. E eu… perdido, incapaz de dar a ela o que ela merecia.
— Eu sei, Bella — murmurei, baixando o olhar — E eu também sinto falta de… nós. De como as coisas estavam antes de tudo isso.
Um flash de uma noite passou pela minha mente, antes de tudo ser diferente. Ela ficou em silêncio, seu olhar distante por um momento. Eu sabia o que estava acontecendo. As coisas estavam indo bem entre nós, até que essa revelação sobre Carlisle e minha mãe havia tornado tudo instável. E eu… eu não sabia como consertar. Eu não sabia se seria capaz de consertar.
— Vamos resolver algumas coisas quando eu voltar, ok?
Dei um beijo em sua testa e sai pela porta, levando comigo um copo térmico cheio de café. Era a única coisa que me mantinha acordado.
O dia passou em uma névoa de tarefas, papéis e números. O trabalho me consumia, mas não conseguia escapar de mim mesmo. Era uma forma de fugir e eu era bom nisso.
Emmett e Rosalie estavam tão envolvidos quanto eu, principalmente porque com a passagem do tempo e nossa ausência em Londres, as coisas no escritório estavam se tornando mais agitadas, e eles teriam que voltar em breve. Mas eu conseguia perceber que eles estavam diferentes, como se uma pergunta silenciosa estivesse nos rondando o dia todo. Eles, como eu, estavam cientes de que a situação não estava resolvida. Eles também sabiam que eu estava distante, que minha mente não estava mais aqui.
— Ei, cara — Emmett se aproximou enquanto eu olhava para o computador. Ele tinha aquele olhar de sempre, como se tentasse ver através de mim — Você está bem?
Eu não respondi de imediato, sentindo a pressão dos olhos de Rosalie também. Sabia que ela estava esperando uma resposta, mas o peso das palavras que eu havia escutado de Carlisle, o peso da minha verdadeira origem, era algo que me deixava sem ar.
— Só… tentando focar no trabalho — finalmente respondi, tentando soar natural. Mas minha voz traía a mentira.
Bella tinha razão, eu era um péssimo mentiroso. Emmett fez uma careta. Ele me conhecia bem demais para acreditar nisso.
— Edward, você tem que parar de se esconder no não vai te ajudar.
Rosalie ficou em silêncio, mas seus olhos estavam atentos. Eu podia sentir o peso da tensão entre nós três. Todos queriam me ajudar, eles vieram de outro país comigo para isso, mas ninguém sabia como.
— Não quero falar sobre isso — eu disse, a resposta saindo mais ríspida do que eu pretendia. Emmett não reagiu, mas Rosalie desviou o olhar, deixando o ambiente mais desconfortável do que já estava.
Eu precisava sair dali. Mais uma vez, minha mente corria para a ideia de fugir. De não ter que encarar mais nada. Talvez fosse mais fácil ficar longe, trabalhando até me perder completamente.
Mas quando olhei para a foto do aniversário de Chloe na mesa ao meu lado, senti um aperto no coração. Ela e Bella eram tudo. Eu não podia perder o que ainda estava certo em minha vida.
De volta à casa, o vazio me envolvia. Eu sabia que algo estava errado. Algo em mim, algo entre nós. Bella estava na sala, brincando com Chloe. Elas estavam sentadas no tapete, construindo com blocos, mas havia algo no ar. A pressão era tão densa que eu podia quase tocá-la.
— Eu pensei que você voltaria mais cedo — Bella disse, sua voz baixa, mas carregada de uma raiva que eu não sabia como lidar.
Eu passei pela sala, sem saber o que fazer, a sensação de estar longe de casa ainda mais forte. Cada passo em direção a ela parecia um peso a mais. Eu estava tentando ser o que ela queria, mas dentro de mim, eu não sabia mais o que ser.
— Não consegui. Precisava de mais tempo — eu murmurei, sem olhar para ela.
Bella levantou-se, caminhando até onde eu estava, sem pressa, com aquele olhar que só ela tinha. Aquele olhar que sabia quando eu estava mentindo, quando eu estava me afastando.
— Edward… — ela começou, e eu sabia que ela estava tentando entender. Tentando me alcançar de uma forma que parecia impossível.
Eu fechei os olhos por um momento, sentindo o peso do que eu tinha dentro de mim. Eu sabia que precisava falar. Eu sabia que precisava dizer a ela o que estava me consumindo, mas eu não sabia como.
— Por Deus, Bella. Eu estou tentando aqui, ok? Mas não sei como lidar com tudo isso. Não sei como lidar com o que eu sou agora, com o que foi… com a verdade. E não sei se sou capaz de ser o que você precisa neste momento — eu passei a mão pelo cabelo com tanta força que quase arranquei alguns fios — Eu queria conversar, mas essa não é a melhor hora.
Ela me olhou por um longo momento. Não disse nada, mas seu olhar dizia tanto. Eu podia ver a compreensão em seus olhos, a dor também.
— Eu estou aqui, Edward. Eu sei que você está perdido, mas não precisa fazer isso sozinho. Eu não vou te deixar.
Eu não disse mais nada, apenas a olhei, sentindo a angústia e o amor se misturando em mim, tornando tudo ainda mais confuso. Subi para um banho e vesti a máscara da normalidade no jantar.
À noite, depois que Chloe estava dormindo, Bella se aproximou novamente. Eu ainda estava perdido em meus próprios pensamentos, e ela sabia disso.
— Podemos conversar agora? — ela perguntou, quase um sussurro, e eu sabia que era o momento de tentar colocar as palavras certas no ar.
Mas, antes que eu pudesse responder, a campainha tocou, e o peso da incerteza voltou a invadir o ambiente, como se a revelação que eu tanto temia ainda não tivesse terminado de se desdobrar. Bella me olhou, e eu pude ver em seus olhos o mesmo reflexo de confusão que eu sentia.
— Você espera alguém? — ela perguntou, com a voz calma, mas com uma leve dúvida.
Eu balancei a cabeça, mas a sensação no ar não era de algo trivial. Era como se eu soubesse, com certeza, que aquela campainha seria o início de mais uma reviravolta na minha vida. Como se eu não tivesse tido o suficiente até agora.
— Não, não espero ninguém.
O som da campainha foi novamente repetido, mais insistente desta vez. Um impulso me fez me levantar e caminhar até a porta. O que eu encontraria do lado de fora? Um espectro do meu passado? Uma nova peça no quebra-cabeça da minha vida? O que mais poderia acontecer?
Ao abrir a porta, a última pessoa que eu esperava estava ali.
— Edward, eu… precisamos conversar.
O rosto de Carlisle apareceu, com uma expressão que eu já conhecia, mas que parecia mais distante, carregada de um peso silencioso. Algo estava acontecendo, algo que eu não sabia se estava pronto para ouvir.
A tensão entre nós era palpável. Ele se adiantou, hesitante, como se precisasse de permissão para entrar, mas eu não sabia como reagir. Era o último homem que eu queria ver. O último que deveria estar aqui.
— O que você está fazendo aqui? — minha voz saiu mais ríspida do que eu planejava.
Carlisle olhou para Bella, como se pedisse desculpas antes mesmo de falar.
— Eu sei que você está confuso, Edward — ele começou, a voz baixa e pesarosa — mas há coisas que você precisa entender, e é hora de elas saírem de uma vez.
Eu não sabia o que ele queria dizer, mas sabia que não queria ouvir. A dor que ele havia causado em mim, em Esme, em todos nós, ainda estava muito fresca. Mas, ao mesmo tempo, uma parte de mim sabia que essa conversa precisava acontecer.
Bella olhou para mim, um olhar silencioso, mas cheio de empatia. Ela sabia que eu não queria, mas ela também sabia que eu não podia fugir.
Eu me afastei da porta, fazendo sinal para que ele entrasse. A tensão que se seguiu era quase insuportável. Carlisle, como sempre, parecia tentar manter a compostura, mas seus olhos carregavam uma dor que eu não tinha visto antes.
Ele se sentou na sala, com os dedos entrelaçados, como se estivesse preparado para um julgamento. Irônico, porque eu nunca quis ser juiz.
— Você não sabia… — ele começou, e eu o interrompi com uma rispidez que não pude controlar.
— Eu sei o que você vai dizer, Carlisle. Eu sei sobre a sua traição, eu sei sobre a minha mãe, eu sei sobre minha origem. Não há mais nada que você precise me contar.
Carlisle me encarou, o verde em seus olhos mais escuros, mais profundos do que eu me lembrava.
— Mas há, Edward. E isso muda tudo. Eu nunca quis que você soubesse assim, mas talvez fosse hora de você entender o que realmente aconteceu.
Uma risada seca escapou da minha garganta. Finalmente olhei para ele, sentindo minha mandíbula travar.
— Toda a verdade? Isso significa que o que você me contou antes ainda era só uma parte?
Ele fechou os olhos por um instante, como se estivesse se preparando para um impacto.
— Fala logo! — eu disse, cruzando os braços, tentando manter a distância emocional.
Carlisle passou as mãos pelo rosto antes de me encarar.
— Eu não vou me justificar, porque nada do que eu disser vai mudar o que aconteceu. Mas você merece saber como tudo aconteceu.
Eu não respondi. Apenas esperei. Ele respirou fundo e começou.
— Elizabeth e eu… nós não tivemos um caso.
Minhas sobrancelhas se uniram em descrença.
— Certo. Só dormiram juntos uma vez e, por coincidência, você a engravidou. Fim da história. Ótimo saber que eu sou fruto de um caso de uma noite só.
Carlisle fechou os olhos novamente, como se minha raiva fosse esperada.
— Sim. Foi um erro. Um erro que eu passei a vida inteira pagando.
Senti minha garganta apertar, mas continuei calado.
— Eu era jovem e inseguro. Esme era tudo para mim, mas… tivemos um momento difícil. Ela perdeu um bebê, e eu não soube como estar ao lado dela. Eu não fui forte o suficiente para ajudá-la com a dor.
Esme. Meu estômago revirou ao pensar nela. Eu já sabia sobre sua perda, mas ouvir Carlisle falar disso, nesse contexto deixava tudo ainda pior.
— Elizabeth estava lá. Ela sempre soube como mexer comigo. Como me entender. Eu estava em um momento de fraqueza e… aconteceu.
Ela sabia mexer comigo, como se fosse uma mulher qualquer.
Cruzei os braços ainda mais forte contra o peito. Era da minha mãe que ele estava falando e ela não estava aqui para se defender.
— Você traiu minha tia outras vezes? — ele negou com a cabeça — Você se arrependeu?
Ele me olhou nos olhos.
— Todos os dias da minha vida desde então.
Desviei o olhar. Eu queria acreditar nele, mas havia tanta coisa atravessada dentro de mim que não sabia o que era raiva e o que era confusão.
— E você amou a minha mãe?
Ele pareceu pego de surpresa pela pergunta.
— Não.
Isso deveria me confortar? Porque não confortou.
— Então por que nunca me disse a verdade?
Carlisle esfregou o rosto com as mãos, e sua voz saiu mais alta.
— Porque eu não sabia, Edward!
Meus olhos estreitaram. Deixei o ar escapar pesadamente dos meus pulmões antes de falar novamente.
— Você sabia da possibilidade.
— O que isso mudaria para você? Edward era seu pai. Eu era apenas um homem que cometeu um erro.
A raiva subiu quente pelo meu peito.
— Você nunca pensou que eu tinha o direito de saber?
Carlisle não respondeu de imediato.
— Eu errei — ele disse, finalmente — Não há nada que eu possa fazer para consertar isso. Eu só quero que você saiba que, independente de qualquer coisa, eu nunca te vi como um erro. O meu único erro foi ter traído Esme.
Soltei uma risada incrédula, passando as mãos pelos cabelos.
— Você pode não ter me visto assim, Carlisle, mas foi exatamente assim que eu me senti a vida toda. O seu erro fez com que o meu pai me odiasse.
Carlisle pareceu querer dizer algo, mas então balançou a cabeça.
— Eu só quero que você saiba a verdade. O que você faz com ela… cabe a você decidir.
Ele se virou, indo em direção à porta. Então, Carlisle se foi. E eu fiquei parado ali, tentando descobrir quem eu era agora.
O som da porta se fechando foi um golpe final na frágil paz que ainda restava na casa. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor, mais pesado que qualquer palavra que tivesse sido dita entre nós. Eu ainda estava em choque, tentando processar a avalanche de informações que Carlisle acabara de jogar sobre mim.
Eu podia sentir o peso da verdade em cada célula do meu corpo. Esme… Ela não tinha culpa, estava tão ferida quanto eu. Mas o que ele me disse sobre a relação com Elizabeth, o que ele fez, estava me corroendo por dentro. Não era só sobre a mentira que ele havia me contado, mas sobre o que minha vida havia sido até agora. Como ele conseguiu esconder tudo isso de mim por tanto tempo? Como ele pôde ser tão… egoísta?
— Edward… — Bella falou baixinho, sua voz carregada de preocupação. Ela estava ali, como sempre, tentando me entender, mas eu não sabia como dar a ela a explicação que ela merecia.
Eu não queria que ela me visse assim, mas, ao mesmo tempo, era impossível esconder o que eu sentia. Eu estava desmoronando, e não havia como fugir disso. Eu não podia mais esconder nada. Nem mesmo de mim mesmo.
E então, eu chorei. De novo. Nos braços dela. Até os soluços serem o único som entre nós. Eu não aguentava mais aquela pressão toda. Tudo que eu conhecia parecia ter sido arrancado de mim.
Nós subimos para o quarto e eu tentei juntar todos os pedaços para não acordar Chloe. Ela não podia ser trazida para essa confusão também. Dormir parecia uma tarefa impossível, até que o cansaço finalmente me venceu e a última coisa que lembro de pensar era em como eu gostaria que aquele momento, com a minha pequena família, durasse para sempre.
O dia seguinte seguiu com um ritmo acelerado que parecia se refletir dentro de mim. Cada tarefa que eu tentava realizar no trabalho parecia estar distorcida, como se o ar ao meu redor fosse mais denso do que o normal, tornando a concentração cada vez mais difícil, a ideia de comprar uma casa estava esquecida e eu não conseguia ter uma conversa normal com Bella.
Mas, no fundo, o que realmente me tirava do eixo era o que acontecia fora do meu controle. As palavras de Carlisle ainda martelavam minha cabeça, e o peso da verdade me consumia por dentro.
Eu não sabia como lidar com a crescente pressão, a sensação de que o chão estava desmoronando sob meus pés. Quando percebi, a tensão se acumulou, e uma leve tontura me atingiu. Me apoiei na mesa e passei a mão pela testa, tentando espantar a sensação desconfortável, mas ela não desapareceu.
Foi então que meu coração deu um salto. Eu senti como se algo estivesse comprimindo meu peito, um aperto impossível de ignorar. A dor veio forte, seguida por uma aceleração incomum. Meu pulso disparou, e a sensação foi tão súbita que eu mal consegui reagir. As batidas do meu coração estavam fora de controle, rápidas e erráticas, como se estivessem tentando escapar do meu peito.
O ritmo cardíaco irregular era insuportável. Eu não conseguia respirar direito, como se o oxigênio estivesse me faltando. Cada batida parecia arrastada, cada segundo uma eternidade. Eu tentei respirar fundo, mas o ar parecia pesar mais do que o normal. O calor subiu pela minha pele, uma onda quente e desconfortável que me fez suar.
Fechei os olhos por um momento, tentando controlar o pânico crescente dentro de mim. Isso é só uma crise, vai passar, pensei, mas a voz da razão parecia distante, abafada pelo som do meu coração que ecoava na minha cabeça. Eu não sabia o que era mais difícil de suportar naquele momento: a dor física ou o medo de que algo estivesse errado com meu corpo, algo que eu não pudesse controlar.
Me forcei a focar, mas o ambiente ao meu redor estava girando. A sensação de vertigem tornou tudo ainda mais difícil. As imagens à minha frente começaram a se misturar, e as vozes de Emmett e Rosalie ficaram abafadas, como se estivessem distantes, perdidas em algum lugar.
Quando a crise parecia estar atingindo seu pico, tentei me manter em pé, mas uma fraqueza profunda me dominava. Eu estava prestes a sucumbir, mas então, por um milagre, o ritmo do meu coração começou a desacelerar gradualmente. Era como se meu corpo estivesse retomando o controle, ainda que de maneira hesitante. O alívio foi quase imediato, mas a sensação de vulnerabilidade ficou. E eu sabia que essa não seria a última vez que aquilo aconteceria.
— Edward? — A voz de Emmett chegou até mim, mas parecia tão distante. O cansaço tomou conta de meu corpo e, em um momento de total escuridão, eu desmaiei.
O impacto foi abrupto. Não havia mais consciência de onde estava, apenas o vazio da inconsciência. Quando meus olhos se abriram, o mundo parecia imerso em uma névoa. Eu estava deitado, mas meu corpo estava fraco, e a sensação de desorientação ainda me envolvia.
— Edward, você está bem? — ouvi a voz de Emmett, agora muito mais clara, mais próxima — Precisa ficar acordado, cara.
Fui puxado de volta à realidade por suas palavras, mas meu corpo se recusava a obedecer. As batidas do meu coração estavam mais calmas agora, mas não o suficiente para me dar conforto. Meu corpo parecia desgovernado, como se ele não estivesse mais sob meu controle. A sensação de vulnerabilidade era aterradora.
— O que... aconteceu? — minha voz soou fraca, rouca, como se eu estivesse tentando recuperar o fôlego de algo que não sabia como enfrentar.
— Você desmaiou — Rosalie apareceu ao meu lado, sua expressão tensa, mas com uma preocupação que eu não tinha visto antes — Estamos indo para o hospital. Você precisa de atendimento, agora.
Eu tentei protestar, tentar me levantar, mas não conseguia. Meus músculos estavam fracos, e a sensação de estar à mercê de algo tão indefinido me deixava sem forças para lutar contra a situação. Eu sabia que precisava ir ao hospital, sabia que algo não estava certo. Algo dentro de mim estava quebrado, e isso ia além da dor emocional. Agora, meu corpo estava mostrando os sinais de que não poderia mais suportar.
O caminho até o hospital foi uma mistura de consciência turva e o silêncio de meus próprios pensamentos. Eu sabia que não poderia continuar assim, que minha saúde e minha vida estavam em risco. Mas, por mais que tentasse entender o que estava acontecendo comigo, o medo da incerteza era o que mais me consumia.
— Vamos, Edward — Emmett pegou-me cuidadosamente nos braços, ajudando-me a levantar. Eu estava tão fraco que parecia que poderia desabar a qualquer momento — Fica com a gente, ok? Só precisamos chegar lá dentro.
A dor no peito ainda não havia desaparecido completamente, mas a sensação de pânico havia se acalmado, dando lugar a uma estranha sensação de impotência. Eu estava sendo levado, mas não sabia se tinha forças para me opor a isso. Não sabia o que viria a seguir, mas, pela primeira vez, fui forçado a encarar a fragilidade que eu tanto tentava esconder.
A única coisa que restava era tentar me segurar e esperar que, no final, eu fosse capaz de encontrar um caminho para sair dessa tempestade.
