capCapítulo 3 - Destruição e morte

O dia amanhecia tingido por tons dourados quando Naruto chegou à clareira. A brisa fria da manhã tocava sua pele enquanto ele observava o campo de treinamento natural: uma extensão aberta no meio da floresta, cercada por rochas, troncos espessos e alguns morros de terra endurecida.

Kushina já estava ali, parada no centro da clareira, os braços cruzados, o cabelo preso em um rabo de cavalo apertado. Estava descalça, vestida com roupas leves de treino, e havia um leve sorriso no canto dos lábios.

— "Hoje… sem Haki, sem Akuma no Mi, sem armas. Apenas punhos, pernas e o que o seu corpo pode fazer. Vamos ver se esses músculos que você andou cultivando valem alguma coisa de verdade."

Naruto estalou os punhos e se posicionou com um brilho nos olhos.

Naruto amarrou sua bandana laranja em sua testa para segurar o seu grande cabelo para não atrapalhar, Estava descalço, o chão quente sob os pés e para terminar ele estalou os punhos e se posicionou com um brilho nos olhos.

— "Então vamos ver se a velha ainda aguenta o tranco."

— "Velha?"

Ele não teve tempo de piscar.

Kushina avançou com uma explosão de velocidade. O solo sob seus pés rachou, e em meio segundo ela já estava diante de Naruto com um cruzado de direita que ele só teve tempo de bloquear com os dois antebraços. O impacto o lançou para trás, arrastando seus pés pela terra e derrubando um arbusto atrás dele.

"Tsc... como ela ainda é tão rápida?!"

Naruto avançou logo em seguida, girando o corpo e desferindo um chute baixo. Kushina saltou por cima, mas ele girou o corpo no ar e tentou acertá-la com um soco de cima. Ela cruzou os braços e segurou o golpe, mas mesmo assim a força foi tanta que o chão sob seus pés afundou.

BOOOM!

O impacto reverberou como uma explosão abafada. O solo tremeu. Um círculo de terra e poeira foi lançado ao redor, rachando o chão ao redor deles.

Kushina sorriu.

— "Isso é tudo?"

Naruto não respondeu. Ele girou e lançou uma sequência rápida de chutes — altos, baixos, invertidos. Kushina desviava com reflexos afiados, usando apenas o movimento do corpo, como uma dança fluida. Mas quando ele achou uma abertura e socou na lateral da costela, o impacto fez um estalo seco.

CRACK!

Uma árvore próxima, atingida pelo deslocamento de ar do golpe, se partiu ao meio, o tronco estourando em estilhaços de madeira.

Kushina cambaleou um passo para o lado, mas girou o corpo e retribuiu com uma joelhada que atingiu o peito de Naruto e o lançou contra um rochedo.

KRAAAAASH!

A pedra se despedaçou em centenas de pedaços com o impacto do corpo dele. Poeira subiu, cobrindo metade da clareira. O chão já estava irreconhecível: havia crateras, fissuras e pedaços de rochas por todo lado.

Naruto saiu dos escombros tossindo, mas com um sorriso selvagem no rosto.

— "Acho que minha costela trincou…"

— "Então tá um a um."

Eles avançaram ao mesmo tempo, e os socos se chocaram no ar. O som seco e potente reverberou como um trovão, e o vento ao redor deles foi empurrado com tanta força que varreu as folhas e grama por vários metros.

KA-THOOOOM!

O choque abriu um novo buraco no solo, como se algo tivesse explodido entre eles.

Naruto saltou para o lado, correndo em círculos, usando a velocidade para se aproximar por outro ângulo. Kushina girou em seu eixo e se abaixou para desviar de um chute horizontal, contra-atacando com um uppercut no queixo que fez o garoto voar três metros no ar.

Antes que ele caísse, ela apareceu acima dele com o punho fechado.

— "Pega essa, tubarão!"

BOOOOM!

Naruto caiu no chão com força, abrindo uma cratera no ponto de impacto. Poeira subiu em ondas, pedras saltaram, e o ar ao redor parecia tremer com a violência da troca.

Mesmo assim, ele ainda estava sorrindo quando se levantou.

— "Não vai ter descanso hoje, né?"

— "Só quando você me derrubar."

— "Então acho que vamos lutar por dias."

— "Ótimo. Tenho o dia interio livre"

E com isso, os dois se lançaram novamente um contra o outro — sem palavras, apenas movimentos, socos, chutes e a força bruta de dois monstros sorrindo no meio da destruição.

O céu já estava limpo, o sol a pino, e a clareira… irreconhecível.

O campo antes verde agora era uma cratera esburacada, repleta de rochas quebradas, árvores destroçadas e marcas profundas no chão. O ar estava quente, não pelo clima, mas pela energia gerada pelo impacto de cada troca.

No centro da destruição, Naruto e Kushina continuavam.

Naruto correu em zigue-zague, desviando de um chute giratório que passou a centímetros do seu rosto, cortando o ar com um "voosh" ameaçador. Ele girou o tronco, deu um passo à frente e contra-atacou com uma sequência de três socos rápidos — o primeiro ela desviou com o antebraço, o segundo rebateu com o ombro, mas o terceiro acertou direto na barriga.

WHAM!

Kushina foi lançada para trás como um projétil, batendo contra um rochedo que simplesmente explodiu em centenas de pedaços com o impacto.

KRA-KOOOM!

Pedaços de pedra voaram em todas as direções. Naruto não esperou. Avançou no encalço da mãe, saltando entre os destroços, chutando um deles como se fosse uma bola.

O fragmento de pedra maior que sua cabeça voou a toda velocidade em direção a Kushina — mas ela sorriu no meio da nuvem de poeira e desviou com um giro no ar, usando a parede do penhasco atrás dela como apoio para contra-atacar. Ela desceu como um raio, o pé estendido em um chute vertical.

"AAARGH!"

Naruto ergueu os dois braços e bloqueou, mas o impacto o empurrou para o chão, fazendo o solo se partir ao redor dele. A terra afundou três metros no ponto do impacto, uma cratera circular se abrindo.

— "Você tá ficando mais rápido, Naruto!" — ela disse, rindo entre uma respiração e outra.

Naruto, com suor escorrendo da testa, respondeu com um sorriso cansado:

— "E você ainda é um monstro... Mas eu aguento mais!"

Eles se lançaram de novo.

Dessa vez, a velocidade era tanta que mal dava para ver os movimentos. Cada choque entre seus corpos criava ondas de choque no ar, estalos altos e vibrações que sacudiam as árvores distantes. O impacto de um soco de Kushina em um gancho baixo fez o solo ao redor se elevar por um segundo como se tivesse sido empurrado de dentro pra fora.

Naruto respondeu com um chute giratório que não a atingiu diretamente, mas o deslocamento de ar foi tão forte que a jogou contra uma árvore. A árvore não resistiu: rachou como um palito de fósforo.

CRACK–BOOM!

O tronco decepado caiu lentamente enquanto Kushina girava no ar e aterrissava com leveza, os pés afundando no solo pela força da queda.

Por um instante, os dois ficaram parados. O suor pingando, a respiração pesada, os olhos vidrados um no outro.

— "Quer parar um pouco?" — ela perguntou, limpando o canto da boca com o polegar.

— "Se você parar, eu ganho." — Naruto respondeu, flexionando os braços com um sorriso atrevido.

— "Tsc... Esperto."

E então, eles correram um contra o outro mais uma vez. O chão tremeu com os passos. Ao se encontrarem no centro da clareira, dois socos se chocaram com tamanha violência que o ar explodiu ao redor.

BAAAAAANG!

Uma nuvem de poeira subiu como um cogumelo gigante. Árvores ao redor da clareira tombaram com o impacto, e uma onda de choque se espalhou até a borda da floresta.

Quando a poeira baixou, os dois estavam afastados outra vez, ofegantes, corpos cobertos de arranhões, sujos, mas sorrindo como se fosse o melhor dia da vida deles.

— "Você tá segurando força, né?" — Naruto perguntou.

Kushina levantou uma sobrancelha, fingindo surpresa.

— "Eu? Não. Imagina."

— "Hein... Eu também tô."

— "Ótimo. Então vamos ver quem para de segurar primeiro."

A clareira já não existia. O campo verde fora reduzido a ruínas — uma mistura de pedras soltas, árvores caídas e poeira que ainda flutuava no ar.

Kushina avançou, o cabelo preso em um rabo de cavalo desalinhado pelo vento da batalha. Naruto sentiu o solo estremecer sob os passos dela. Ele tentou interceptá-la com um chute giratório baixo, mirando as pernas — mas ela saltou como uma folha ao vento, aterrissando em um rochedo de costas para ele, apenas para lançar-se de novo para cima com um movimento fluido e impiedoso.

BAM!

O punho dela acertou o ombro de Naruto. Ele foi arremessado como um míssil, atravessando um tronco inteiro e indo parar dezenas de metros adiante, na beira de um penhasco com vista para o vale abaixo.

Naruto rolou pelo chão e se levantou rápido, o braço dormente. Ele respirava com dificuldade, e pela primeira vez... percebeu.

"Ela está se segurando... mas muito mais do que eu achei."

Do alto do penhasco, Kushina caminhou lentamente na direção dele. O vento balançava seus cabelos vermelhos, e havia algo em seu olhar... não arrogância. Nem crueldade.

Era calma. Confiança absoluta.

Ela parou a três passos de distância, observando o filho.

— "Você começou a pensar, né?" — ela disse, com um tom quase brincalhão.

Naruto não respondeu, mas seu punho cerrado tremia um pouco. Ele fechou os olhos por um segundo. Sentia dor nos músculos, no pulmão, na cabeça. Mas principalmente… no orgulho.

"Estou perdendo espaço. Cada movimento dela empurra o terreno a favor dela. Ela sabe onde pisar, onde cair, onde me fazer errar."

Kushina girou os ombros e os pulsos como quem se aquece antes de uma dança.

— "Quer mudar de cenário? Aqui já tá pequeno demais pra gente."

Naruto respirou fundo. — "Então vamos descer."

Ela sorriu.

— "Boa escolha."

E juntos, pularam do penhasco.

Caíram com impacto no vale abaixo. O chão tremeu, rachaduras se espalharam pelo campo gramado, e a grama voou em tufos com o deslocamento de ar. Eles estavam agora em uma área ampla, cercada por paredões de pedra e alguns poucos pilares naturais espalhados como colunas de arena.

Kushina desapareceu.

Naruto sentiu um arrepio e virou o tronco instintivamente — tarde demais. Um chute no peito o jogou para trás com força. Ele girou no ar três vezes antes de cair de costas, arrastando-se pelo chão e levantando poeira.

Ele se levantou ofegante, sangue escorrendo do canto da boca.

"Ela está me pressionando. E nem parece estar suando ainda..."

Kushina estava de pé a poucos metros, com as mãos atrás das costas. Observava como uma mestra avalia o progresso do aluno. Sem malícia, sem arrogância... mas sem esconder que dominava tudo ali.

Naruto correu de novo. Saltou, fingiu um soco de direita e tentou surpreendê-la com uma rasteira giratória. Mas antes que o pé dele tocasse o chão…

CRACK!

Ela pisou com precisão entre dois pontos de apoio, mudou o peso do corpo e contra-atacou com um soco curvo no flanco, que fez o corpo de Naruto se contorcer de dor. O impacto foi tão forte que o som do golpe ecoou como um trovão entre as rochas do vale.

BOOOOOM!

O solo rachou sob os pés dos dois. Um pedaço do paredão desabou ao longe, como se tivesse sentido o impacto.

Naruto recuou mancando, olhando ao redor. O terreno agora era dela. Ela sabia onde cada pedra estava, como cada grama reagia ao pisar. E ele... estava jogando fora de casa.

Mas mesmo com os olhos ardendo, o corpo latejando, ele sorriu.

— "Tá me dominando, né?"

Kushina ergueu uma sobrancelha.

— "Estou te ensinando."

Naruto estalou o pescoço e cuspiu no chão. — "Então ensina direito... porque eu ainda tô de pé!"

Ela sorriu. — "Aí está o meu garoto."

E novamente se lançaram um contra o outro.

O vale estava coberto por poeira e fragmentos de pedra.

Cada golpe entre Naruto e Kushina parecia o colidir de montanhas. Árvores haviam sido arrancadas pela raiz, o solo transformado em crateras e valas rasgadas por puro deslocamento de ar.

Mas ali, entre o caos, Naruto começou a mudar.

Ele não corria mais em linha reta. Começou a usar os pilares naturais do terreno, pulando entre eles, escondendo sua aproximação. Seus pés batiam nas rochas com precisão, cada salto medido em frações de segundo.

Kushina observava. Seus olhos seguiam cada movimento. Mas seu rosto mostrava algo novo agora: curiosidade.

Naruto surgiu de trás de um pilar, arremessando pedaços de pedra com precisão. Ela desviou com facilidade, mas os estilhaços serviram de distração.

De cima, ele caiu como um raio.

— "HAAAAAH!"

O punho dele desceu com força, e Kushina teve que usar as duas mãos para bloquear. O impacto abriu uma cratera sob os pés dela e espalhou uma rajada de vento em todas as direções. Ela foi empurrada dois metros para trás.

Naruto caiu no chão e girou para um chute baixo, que ela evitou com um salto. Ele não parou. Usou a energia do próprio giro para pular, colidir o cotovelo com o braço dela — e então explodiu para trás, saltando contra uma parede rochosa.

BOOOM!

Com os dois pés, ele se impulsionou da parede, rachando-a em centenas de lascas. Voltou como um projétil humano, mirando o peito dela.

Kushina sorriu.

Ela pisou no chão com leveza e girou o corpo como uma dançarina, desviando por um triz — e acertando Naruto com um contra-chute que o jogou direto para o rio que corria entre duas fendas do vale.

SPLASH!

Naruto afundou na água. A correnteza o levou por alguns metros, mas ele logo emergiu, ofegante e com os cabelos grudados no rosto.

— "Droga..." — murmurou, tossindo.

Na margem, Kushina o esperava sentada em uma pedra, os pés fora da água. Ela olhava para ele com expressão mista de orgulho e firmeza.

— "Tá melhorando. Começou a usar a cabeça." — ela disse, enquanto ele se aproximava da margem.

Naruto subiu devagar, com os músculos gritando de dor. Ele parou a alguns metros, encarando a mãe.

— "Você ainda tá se segurando, né?"

Kushina suspirou e se levantou.

— "Muito. Mas você também não tá no seu limite ainda. Você só não percebeu."

Naruto sorriu, mesmo com os lábios sangrando.

— "Então me mostra... faz eu perceber."

Ela fechou os olhos por um momento, o vento balançando seus cabelos como se o mundo parasse para escutar a decisão.

— "Tá bom, Naruto. Só um pouquinho mais forte."

Ela deu um passo à frente.

O som do impacto veio antes mesmo do movimento. Kushina desapareceu do lugar onde estava e reapareceu diante de Naruto com um chute descendente. Ele bloqueou, mas o chão sob seus pés rachou violentamente, e ele foi jogado para trás, voando como um boneco desgovernado.

BOOOM!

Naruto atravessou uma árvore, depois outra, até finalmente se chocar contra um afloramento rochoso. Seu corpo deslizou até o chão, deixando uma trilha de sangue e folhas.

Ele se levantou, cambaleando, mas de pé.

— "Não... vou cair ainda..."

Kushina se aproximava lentamente agora. O céu começava a escurecer, o fim da tarde caía em tons dourados e vermelhos.

Ela o olhou com respeito.

— "A próxima parte da luta vai doer mais... Mas você vai lembrar dela pro resto da vida."

Naruto assentiu, arfando.

— "Tô pronto."

E os dois se prepararam para a parte final.

A floresta ao redor já não era mais a mesma.

O chão estava esburacado, árvores arrancadas, pedras esmigalhadas. O campo de batalha parecia um cenário de guerra, moldado por dois titãs em conflito.

Naruto mal conseguia manter-se de pé. Seus braços tremiam, o corpo coberto de hematomas, arranhões e cortes. Mas seus olhos... seus olhos ainda estavam acesos. Determinados. Famintos por mais.

Kushina, agora parada a poucos metros, não sorria mais.

Ela observava o filho como uma guerreira diante de outro guerreiro. E, no fundo, sentia orgulho.

— "Essa é sua última chance de recuar, Naruto." — disse ela, a voz baixa, mas carregada de peso.

Ele cuspiu sangue no chão e assumiu uma postura de combate. — "Nunca."

Silêncio.

Então... ela desapareceu.

Naruto arregalou os olhos. Seu corpo reagiu por instinto, girando para trás e erguendo os braços para defender.

BOOOOOOM!

Um chute veio de cima com tamanha velocidade e força que, mesmo bloqueando, o impacto rasgou o chão em dezenas de metros ao redor. Naruto foi enterrado contra a terra, mas ainda tentou se erguer. Kushina não parou. Apareceu na frente dele com um soco direto, tão potente que o ar ao redor explodiu em um estrondo ensurdecedor.

Naruto foi lançado como um míssil — atravessou um rochedo, cortou o ar como uma pedra disparada de um estilingue gigante, até cair, destruindo completamente um trecho da floresta adiante.

Um silêncio absoluto caiu sobre o campo de batalha.

Cinzas e poeira flutuavam no ar. Galhos partidos choviam como folhas secas.

Kushina apareceu sobre o local da queda. Naruto estava deitado em uma cratera, desacordado. Seu peito subia e descia com dificuldade, mas ele estava vivo.

Ela se ajoelhou ao lado dele, tocando sua testa com cuidado. Seus olhos, antes firmes, agora estavam cheios de emoção.

— "Você cresceu tanto..." — sussurrou. — "Desculpa, meu filho... mas eu precisava mostrar onde estão seus limites. Para que você possa superá-los um dia."

Ela passou os dedos pelos cabelos bagunçados dele, limpando um pouco da terra e do sangue seco.

— "Você vai me odiar por isso... ou vai me agradecer. Talvez os dois."disse ela com um tom de humor e riso.

Kushina o ergueu com cuidado nos braços, como quando ele era apenas um bebê. Os olhos dela fitaram o céu escurecendo, as primeiras estrelas surgindo.

— "Vamos pra casa, Naruto."

E ela caminhou em silêncio pela floresta destruída, levando seu filho nos braços, enquanto o mundo ao redor parecia respeitar aquele momento — o fim de um duelo entre mãe e filho, entre passado e futuro.

O combate já havia passado, mas as marcas dele ainda estavam por toda parte. Não apenas no terreno arrasado — mas em Naruto.

Por três dias e duas noites, ele permaneceu desacordado, com o corpo coberto de bandagens e compressas, o rosto machucado e os músculos tensionados mesmo em descanso. Ele dormia como um guerreiro ferido... e era isso que ele era.

Kushina o havia levado para casa nos braços, em silêncio. E desde então, não saiu de perto dele.

Primeira noite.

Ela trocava os panos com cuidado, limpando seus ferimentos com ervas que ela mesma colheu pela manhã. Usava água quente, um pano macio... e mãos cheias de culpa e carinho. Dormiu sentada ao lado da cama, com a mão repousando sobre a do filho, como se sua presença pudesse protegê-lo mesmo em sonhos.

De vez em quando, ela murmurava algo baixinho.

— "Você me surpreendeu, Naruto..."
— "Mas também me assustou..."
— "Prometo que, da próxima vez... vou pegar mais leve..."

Mas ela sabia que não faria isso.

Segundo dia.

Naruto não havia se mexido. A respiração ainda era lenta, mas constante. A febre já havia passado, graças aos cuidados precisos de Kushina — banhos mornos com ervas curativas, compressas resfriadas, e sua supervisão constante.

Ela não comia muito. Só o necessário. Preparava uma tigela de sopa para ela e outra para ele, mesmo que ele não pudesse comê-la.

Deixava a tigela ao lado da cama.

— "Quando você acordar... ela ainda vai estar quente. Prometo."

Naquela noite, a brisa vinda do mar ficou mais fria.

Terceiro dia.

Ela o levou ele para a varanda da casa, deitado em um futon, para que ele pudesse sentir a brisa da tarde. Ele parecia respirar melhor ali, sob o céu aberto do que no seu quarto.

Kushina ficou ao lado, apenas observando. Seus olhos estavam normais, mas firmes.

Pela primeira vez em muito tempo... ela se sentia vulnerável.
Não por causa de uma ameaça externa. Mas pelo simples fato de ver seu filho assim.

E então... no início da terceira noite, com as nuvens já carregadas e o trovão começando a roncar no horizonte... ele abriu os olhos.

Lentamente.

Naruto piscou, encarando o teto da varanda de casa, sentindo o cheiro de chuva e terra molhada no ar.

— "...Mãe?"

A voz saiu fraca, quase um sussurro.

Kushina estava com uma toalha na mão, preparando-se para limpar a testa dele novamente. Ao ouvi-lo, parou. Seus olhos se arregalaram por um instante... depois suavizaram.

Ela se ajoelhou ao lado dele, segurando seu rosto com ambas as mãos.

— "Oi, meu solzinho..."

Ele tentou se levantar, mas gemeu de dor.

— "Ei, nada disso. Fica quietinho." — disse ela, deitando-o com cuidado. — "Você dormiu por três dias. Achei que ia ter que te acordar com tapas."

Naruto tentou sorrir, mas só conseguiu um leve suspiro. — "...Você me derrotou, né?"

Ela sorriu. — "Eu fui justa. Só não peguei leve."

Eles riram. Uma risada leve, cansada, mas real.

O trovão explodiu mais uma vez, e uma rajada de vento frio atravessou a varanda.

Kushina olhou para o céu.

— "Vai chover feio essa noite."

— "Eu não ligo... estou em casa."

Kushina olhou para ele, os olhos cheios de ternura.

— "É. Você está."

A chuva caía pesada sobre o mar revolto.

As ondas batiam como gigantes contra o casco do navio, mas a embarcação negra seguia firme, rasgando as águas como uma fera faminta em direção ao seu objetivo. Relâmpagos cortavam os céus, revelando, por breves instantes, a bandeira hasteada no topo do mastro:

Um leque branco e vermelho... manchado de sangue.

No convés, mesmo sob o dilúvio, uma figura solitária permanecia de pé — imóvel, serena, como se a tempestade ao seu redor fosse apenas uma brisa.

Madara.

Seu manto negro esvoaçava com o vento cortante, e seus olhos carmesim, gélidos e profundos como abismos, estavam fixos em um único ponto no horizonte: a ilha envolta pela escuridão.

A ilha de Kushina Uzumaki.

Ele não precisava de mapas.
Não precisava de bússola.

O ódio era seu guia.
O passado, sua bússola.
A promessa de sangue, seu combustível.

Atrás dele, alguns subordinados observavam à distância, sem ousar se aproximar. O clima era pesado, mas o que mais pesava era a presença dele. Madara carregava um silêncio que esmagava, um ar de condenação que se espalhava como veneno.

Ele murmurou, quase como se estivesse falando consigo mesmo — mas alto o bastante para o mar ouvir:

— "Doze anos se passaram... e você continua se escondendo como uma sombra, Kushina."

A lembrança de seus últimos encontros — de batalhas sangrentas e perdas irreparáveis — ainda queimava como brasas vivas em seu peito.

Ele apertou o punho, os nós dos dedos estalando sob a pressão.

— "A linhagem Uzumaki deveria ter desaparecido junto com sua vila a centenas de anos. Mas vocês... sempre insistem em sobreviver."

Relâmpago.

O rosto dele foi brevemente iluminado — os traços marcados pelo tempo, mas ainda letais, ainda frios como a morte.

— "Hoje... eu apago sua chama."

Com um gesto suave, ele ergueu a mão. Ao seu comando, a tripulação se movimentou. Homens armados, figuras encapuzadas, e até bestas domadas por poder sombrio — todos se preparavam.

O navio atravessava as últimas milhas. A ilha já podia ser vista entre os relâmpagos — suas montanhas, suas florestas, sua costa tranquila. Tão inocente. Tão frágil diante do que se aproximava.

Ele estendeu a mão para o nada, sentindo a chuva bater contra sua palma aberta."

Seus olhos brilharam com intensidade assassina.

— " Você, Kushina... vai pagar por cada gota de sangue Uchiha derramada."

E assim, enquanto a tempestade rugia, o destino navegava a bordo de um navio de vingança.
A ilha ainda dormia...
Mas o pesadelo estava a poucos quilômetros de distância

A noite havia caído com peso.
Relâmpagos cruzavam o céu como lâminas de luz.
O rugido do mar ecoava pelas encostas da ilha.

Kushina estava na varanda de sua casa, sentada em silêncio, observando as nuvens negras que se acumulavam no horizonte. A tempestade trazia consigo uma fúria familiar — mas não era apenas o tempo que parecia inquieto. Era algo mais. Algo... errado.

Um calafrio percorreu sua espinha.

Ela franziu o cenho. Seu corpo, treinado por anos de batalhas e perseguições, reconhecia a sensação. Não era apenas instinto de guerreira — era medo ancestral, gravado em sua carne desde a queda de sua vila.

— "Isso não é só uma tempestade..." — murmurou.

Se levantou devagar, os olhos se estreitando.

Então, o silêncio dentro dela gritou.

Seu coração deu um pulo no peito.
Seus pés tocaram a madeira molhada da varanda.
Seus olhos se fecharam...
E então, ela liberou seu Haki da Observação com tudo.

O mundo desapareceu por um segundo.

Tudo virou fluxo, intenções, presenças.
Seu poder percorreu a floresta, subiu as montanhas, cruzou o mar...
E então ela viu.

A quilômetros dali, em meio ao caos da tempestade, um navio se aproximava.

Um navio coberto de escuridão, envolto em intenções assassinas.
No convés, cercado por relâmpagos, havia um homem de pé — inabalável, como se o próprio mar o temesse.

Seus cabelos longos, negros e molhados pela chuva.
Sua postura rígida, o manto esvoaçando com o vento.
E então... aqueles olhos.

Vermelhos. Intocáveis. Inesquecíveis.

O ar ao redor de Kushina tremeu.

— "Não...!" — sua voz saiu num sussurro sufocado.

Ela caiu de joelhos no chão molhado, como se o mundo tivesse lhe arrancado o fôlego.
Seu Haki se retraiu em choque.
O corpo tremia... mas não de frio.

Ela havia reconhecido o símbolo no navio.
Havia reconhecido a sensação daquela presença.
Mas principalmente... ela havia reconhecido o homem.

— "Madara..." — ela murmurou, com os olhos arregalados. — "...ele me encontrou."

A chuva apertou, o trovão explodiu nos céus —
E o terror que ela havia enterrado há doze anos voltou à tona com força total.

Ela se levantou, cambaleando, ainda em choque, mas com o instinto de proteção dominando.

— "Naruto... preciso tirá-lo daqui... agora."

Mas mesmo enquanto corria para dentro da casa, seu coração sabia:

A guerra já havia começado e o inimigo... já estava chegando.

O vento rasgava a noite com uivos cortantes.
A chuva batia forte na madeira da casa, tamborilando como se quisesse avisar: "Corram."

Naruto estava sentado na varanda, coberto com um cobertor grosso. Seus olhos ainda pesavam um pouco da recuperação, mas ele insistia em ficar ali, ao lado da mãe, mesmo que ela não dissesse uma palavra há minutos. Ele sabia... algo estava errado.

— "Mãe...?" — ele chamou, olhando para o lado. — "O que foi?"

Kushina não respondeu.

Seus olhos estavam fixos no horizonte negro, onde raios iluminavam o mar como dentes de um monstro prestes a engolir tudo.

Suas mãos tremiam levemente, mas seu olhar estava firme.

Ela já havia sentido. Já havia visto.
E agora, não havia mais tempo.

De súbito, ela se levantou e virou-se para Naruto.

— "Venha comigo." — sua voz era firme, urgente, sem espaço para perguntas.

Naruto tentou se levantar, mas o corpo ainda doía. Ele se apoiou na parede, com o cobertor escorregando de seus ombros.

— "Mãe... o que está acontecendo? Você está estranha desde—"

— "Agora, Naruto!" — ela gritou, sua voz rasgando o som da tempestade.

O garoto se calou, alarmado.

Mesmo sem entender, ele viu nos olhos dela algo que nunca tinha visto antes.
Medo. Puro. Selvagem.

Ela o segurou firme, apoiando-o com o braço sobre o ombro dela. E então, sem explicar nada, correu com ele pela tempestade.

Eles dois correram juntos por trilhas escondidas sob as raízes das árvores, por entre a floresta que uivava ao vento como se pressentisse a tragédia que se aproximava.

Kushina manteve o Haki da Observação ativado o tempo todo — sentia os movimentos do navio, cada passo da tripulação. Eles estavam cada vez mais perto.

Pelas árvores encharcadas, pelos barrancos escorregadios, até alcançarem um lugar que Naruto conhecia bem: o penhasco a leste da ilha, onde o mar se chocava com fúria contra as pedras.

Lá embaixo, escondido entre as fendas rochosas, estava o que Kushina havia construído em segredo por anos:

Kushina se ajoelhou e afastou uma vegetação espessa.
Ali, entre raízes entrelaçadas, havia uma passagem secreta esculpida à mão .

Ela a abriu com cuidado, revelando a descida estreita de pedras que levava até a caverna.

— "Segura firme..." — disse ela, e Naruto, ainda meio atordoado, assentiu.

Descendo com dificuldade, ela entrou na escuridão da caverna...
E lá, à beira da água, protegido por estacas de madeira e lona grossa, estava o pequeno barco.

Feito com suas próprias mãos, em silêncio, durante noites em que o medo a mantinha acordada.
O barco era simples, mas resistente — construído com o único propósito de levar Naruto embora, se um dia o pior acontecesse.

A tempestade rugiu do lado de fora, como se gritasse contra aquela despedida.

Mas dentro da caverna, um silêncio solene pairava — como se o mundo prendesse a respiração.

Kushina se ajoelhou ao lado do pequeno barco.
Não era apenas uma embarcação improvisada… era um santuário de esperança.

O interior era apertado, mas cuidadosamente planejado: havia espaço suficiente para uma cama de palha trançada, coberta por mantas quentes, protegidas por lona resistente.
Logo ao lado, uma pequena despensa de madeira ocupava um canto, cheia de alimentos enlatados, frutas secas, água potável, biscoitos, e até algumas porções que ela mesma havia preparado dias antes, como se seu instinto soubesse que esse momento chegaria.

No fundo da embarcação, envolto em um tecido vermelho desgastado, estava um baú de madeira escura, com o símbolo espiral dos Uzumaki entalhado à mão.

Ela o abriu com cuidado, revelando seu conteúdo: fotografias, cartas, um antigo diario dela aonde ela aguardada todos os seus segredos, E o caderno de anotações com a caligrafia de Minato, o primeiro brinquedo de madeira de Naruto, E para terminar um colar com um cristal azul com um tom vibrante e translúcido.

Ela respirou fundo, tocando os itens com reverência. Cada um deles era parte de uma vida que ela queria que Naruto lembrasse… mesmo se ela desaparecesse.

"Naruto observava tudo, deitado na cama de palha que Kushina preparou. Estava meio atordoado, mas seus olhos estavam fixos nela."

Aos poucos, o entendimento cruel do que estava acontecendo invadia seu peito como gelo.

— "Você… não vai comigo, né?" — sua voz saiu trêmula.

Kushina parou. Seus olhos vermelhos encontraram os dele.

— "Naruto…" — ela sussurrou, se ajoelhando ao lado dele. — "Eu… queria ter mais tempo. Queria te ver crescer, ver você cruzar os mares, fazer amigos, conquistar seus sonhos… Mas se eu for com você, ele nos persegue até o fim. Se eu ficar, você tem uma chance."

Ele apertou os punhos, com os dentes cerrados, lutando contra as lágrimas e a dor.

— "Eu sou forte agora! Eu posso lutar com você! Eu—"

— "Você ainda está se recuperando. Mesmo no auge, ele... ele não é como nada que você já viu. Eu não posso arriscar. Não você."

Ela tocou o rosto dele com carinho, afastando os cabelos grudados pela chuva e suor.

— "Eu preparei esse barco durante anos… Toda vez que acordava no meio da noite pensando 'e se ele voltar?', eu vinha aqui. Cada tábua, cada parafuso, cada comida que eu sequei e guardei, cada lembrança que coloquei nesse baú… era pra esse dia. Mesmo torcendo todos os dias pra que ele nunca chegasse."

Naruto desviou o olhar.

As lágrimas escorriam silenciosas, se misturando com a chuva que pingava do seu cabelo.

— "Eu não quero te perder, mãe…"

Ela mordeu o lábio, como se estivesse segurando o próprio coração que implorava para não deixá-lo.

— "Eu sei, Naruto… Mas não é o fim. É só uma parte do caminho. Se eu sobreviver… vou encontrar você. E se não... tudo o que sou, tudo o que tenho, está aqui com você."

Ela fechou o baú, amarrou-o com cordas e o fixou no chão do barco.
Depois, colocou uma manta sobre Naruto e o ajeitou com cuidado.

— "O leme vai se guiar sozinho com o vento. Esse canal te levará para longe da ilha… e há ilhas seguras marcadas no mapa dentro do baú."

" E mais uma coisa sempre lembre do seu nome e o que ele significa Naruto D. Uzumaki ele carrega partes tanto de mim quanto do seu pai fazendo você ser único nesse mundo meu filho " disse kushina

Ela se levantou, o vento zunindo como lâminas ao redor da caverna.

Naruto a olhou com olhos suplicantes.

— "Me promete que vai voltar…"

Ela sorriu, um sorriso pequeno, cheio de dor e amor.

— "Prometo que vou tentar com tudo o que sou. Porque... você é meu mundo."

E então, com um último beijo na testa, ela empurrou o barco lentamente para o canal estreito que levava ao mar aberto, selando aquele momento entre mãe e filho como uma cicatriz eterna no coração dos dois

As águas o engoliram. O pequeno barco desapareceu na escuridão, levado pelo destino…
E Kushina ficou sozinha na entrada da caverna, o corpo encharcado, os olhos fixos no mar.

O trovão rugiu.
O vento soprou.
E ela sussurrou para si mesma:

— "Adeus, Naruto..." — sussurrou, agora sozinha, com o peito vazio.

A tempestade rugiu.
E Kushina se virou com os punhos cerrados, os olhos vermelhos de fúria.

— "Venha, Madara... estou esperando."

O céu rugia em fúria.
Relâmpagos cruzavam as nuvens carregadas como serpentes de luz.
E no mar revolto, um navio cortava as ondas como uma lâmina negra, desafiando a tempestade.

Na proa, firme como uma estátua de mármore esculpida pelo próprio ódio, estava Madara.
Sua capa negra com detalhes vermelhos tremulava violentamente, e em suas costas, o icônico Gunbai, sua arma ancestral, refletia a luz dos trovões com um brilho ameaçador.

Ao seu lado, um de seus subordinados – um homem alto e silencioso, o braço direito do Uchiha – observava o horizonte.

— "Ali está…" — murmurou ele.
— "Sim." — Madara respondeu com frieza. — "O esconderijo da cadela Uzumaki."

À frente, cercada por floresta e penhascos, a pequena vila costeira se revelava entre as brumas da chuva — suas casas simples, tochas acesas, moradores recolhendo suas redes, cuidando de seus filhos, ignorando a morte que se aproximava em silêncio.

Madara levantou seu olhar indiferente. Seus olhos percorriam a paisagem como se estivesse observando formigas.

— "Eles não importam." — disse ele, retirando calmamente o Gunbai das costas.
— "Vai... destruí-los?" — o braço direito perguntou, já conhecendo a resposta.

Madara fechou os olhos por um instante, como se decidisse que a misericórdia era uma perda de tempo.

— "Não deixarei testemunhas."

Com um único giro de punho, o Gunbai foi posicionado à frente de seu corpo.
A madeira antiga da arma vibrava com o poder contido nela.

Ele inspirou fundo.

E então, liberou seu Haki da Coragem com tanta intensidade que as nuvens acima se partiram em redemoinhos.
A água do mar se dividiu ao redor da proa, e a madeira do navio gemeu com a força que fluía pelo corpo do guerreiro ancestral.

Madara deu um único golpe com o Gunbai, cortando o ar horizontalmente à frente.

O vento explodiu.

O ataque invisível cortou o mar, levantando uma onda de pura pressão e poder físico, como se o próprio oceano se curvasse ao impacto.

A vila percebeu.

Primeiro, foi o som: um estrondo ensurdecedor, como se o céu tivesse desabado.

Depois, o vento: um vendaval ardente, pressionando os pulmões, arrancando telhados.

As pessoas saíram de casa, olhavam o mar, confusas.
Um pescador derrubou seu cesto.
Uma mãe segurou o filho no colo com força, assustada.
O ancião da vila caiu de joelhos, encarando o horizonte.

— "O... o que é aquilo…?" — alguém murmurou.

Mas não houve tempo para respostas.

O golpe os atingiu.

Toda a vila foi obliterada em um único instante.

Casas viraram pó.
Rochas foram pulverizadas.
Corpos desapareceram sem nem entender o que os atingira.

A floresta atrás da vila foi partida ao meio, como se um deus tivesse traçado uma linha de destruição absoluta por dezenas de metros.

E então… silêncio.

Um abismo negro substituía o lugar onde antes havia vida, risos, lares.

No convés do navio, Madara observava com olhos frios e serenos.

— "Agora sim... só nós dois restamos, Kushina."
Ele girou o Gunbai, apoiando-o no ombro com tranquilidade.

O braço direito ficou em silêncio, suprimindo um arrepio.
Mesmo ele, acostumado às barbaridades do mestre, sentia a alma pesar diante daquele massacre.

Madara deu um passo à frente.
O navio seguiu em frente, atravessando a costa devastada…
indo direto em direção à mulher que ele jurou destruir.

No topo do penhasco, sob a chuva que desabava com fúria sobre a ilha, Kushina permanecia imóvel.
Seus cabelos vermelhos colavam ao rosto, esvoaçando como uma bandeira banhada em sangue.

Seus olhos estavam fechados.

Mas seu Haki da Observação pulsava como um farol no meio da tempestade, varrendo o ar, o mar e tudo ao redor com precisão absoluta.

Então... ela viu.

Não com os olhos.
Mas com a alma.

O ataque.

O golpe devastador vindo do mar como uma foice invisível.

Ela sentiu cada vida sendo apagada como uma vela ao vento.
Cada grito preso na garganta.
Cada batida de coração interrompida.

Sua respiração falhou por um instante.
As mãos tremeram.

— "Eles... morreram..." — ela sussurrou, a voz vazia de emoção.

No fundo da sua visão do Haki, o vulto no navio se erguia como uma montanha sombria — Madara Uchiha, calmo, poderoso... maligno.

O mundo pareceu silenciar.

Um trovão estourou nos céus, sacudindo as nuvens.

Kushina abriu os olhos lentamente.
Eles ardiam. Mas não de lágrimas.

De fúria.

Ela se virou com firmeza, a capa já encharcada colando-se ao corpo.
Pisando com passos pesados, ela voltou correndo pela trilha até a cabana que chamava de lar.

A porta da casa se abriu devagar, rangendo contra o silêncio que agora dominava o lugar.

Kushina entrou, ensopada pela tempestade, seus cabelos grudados ao rosto, os olhos pesados de dor e decisão.

O chão de madeira que antes ecoava os passos animados de Naruto agora estava quieto.
A lareira ainda acesa aquecia um espaço onde a ausência queimava mais que o frio.

Ela parou no centro da sala.
Tudo estava exatamente como deixaram.
O prato favorito de Naruto ainda na mesa, intocado.

Kushina inspirou fundo. Seus dedos fecharam em punho ao lado do corpo.
Ela havia feito o necessário. Naruto estava longe, vivo.
Mas agora...

Agora era hora de enfrentar o passado.

Ela virou-se, com passos firmes, e seus olhos encontraram o suporte sobre a lareira de pedra.

Ali, descansando com imponência, estava a katana coberta por um pano vermelho.

Um pano que jamais tocava o chão.

Kushina estava de pé diante da lareira, os olhos fixos na espada envolta em vermelho. O pano caiu de seus dedos como pétalas secas ao chão, revelando a lâmina de lenda: Kurama, a katana que em tempos antigos havia lutado ao seu lado e ceifado destinos ao comando de sua vontade.

A bainha escarlate repousava serena, mas havia algo no ar.
Um silêncio denso.
Como o mundo prendesse a respiração.

Com a mão direita, firme e decidida, Kushina segurou o cabo. Os dedos se fecharam com naturalidade.
Era como se nunca tivessem se separado.

— "Vamos ver se você ainda se lembra de mim..." — murmurou ela, quase num sussurro.

SHIIIIIIING.

No instante em que puxou Kurama da bainha, algo indescritível aconteceu.

A lâmina pareceu vibrar.

Não com som — mas com intenção.

Uma descarga brutal de Haki do Armamento explodiu da empunhadura, como se a própria katana estivesse arrancando aquela energia do coração de sua dona. O ar ao redor de Kushina tremeu. As chamas da lareira se curvaram para trás. O chão rangeu sob seus pés.

— "Tch..." — ela ofegou levemente, sentindo o fluxo repentino e avassalador do seu próprio Haki sendo invocado — não por vontade, mas por conexão.

A lâmina escura ganhou uma coloração intensa, revestindo-se por completo em um manto negro de Haki do Armamento endurecido. Mas não era qualquer Haki.
Esse... esse tinha a assinatura brutal, selvagem e feroz de uma Uzumaki.

O brilho da lâmina desapareceu — substituído por uma escuridão vívida, como se a própria sombra tivesse ganhado forma.

Fissuras surgiram nas pedras da lareira, fragmentos saltaram das paredes, e o teto gemeu com o impacto da pressão.

Kurama rugia silenciosamente.

O ar estava pesado, quase irrespirável. Como se a katana estivesse viva. Como se estivesse acordando de um sono antigo com sede de guerra.

Kushina segurou firme com as duas mãos, os olhos flamejando num tom escarlate de pura convicção.

— "Você ainda me reconhece... não é, Kurama?" — disse, com um pequeno sorriso surgindo no canto dos lábios.

Um segundo depois, as paredes de madeira rangiram como se tivessem sido empurradas por um vento invisível. A força bruta do Haki canalizado pela katana fazia toda a estrutura da casa estremecer.

Flores murcharam nos vasos. O chão estalou.
E mesmo assim, a lâmina permanecia estável. Como uma extensão perfeita da alma de Kushina.

Ela girou o pulso devagar, e a katana cortou o ar com um som agudo e limpo — um corte que não precisava atingir carne para ser sentido.

E por um instante...
A tempestade do lado de fora silenciou.

Como se o mundo reconhecesse que uma guerreira estava, novamente, de pé.

Kurama havia retornado.

E ao lado de Kushina...
iria para a guerra uma última vez.

"Cinzas e Silêncio"

Kushina saiu da casa pela última vez. Seus olhos demoraram-se sobre cada detalhe como se os estivesse esculpindo na memória. O batente de madeira desgastado pela maresia. A varanda onde Naruto assistia ao pôr do sol. O chão da sala onde dançaram em noites de chuva. As marcas na parede onde, por acidente, uma shuriken ficou presa anos atrás.

Ela inspirou fundo.

O cheiro ainda era deles.
Um lar.
Um refúgio.
Agora... um risco.

Se deixasse qualquer pista, qualquer indicativo de que Naruto Uzumaki também viveu ali — não importaria o quão longe ele estivesse. Madara encontraria.

— "Me perdoe por isso..." — sussurrou ela para as memórias, segurando a bainha de Kurama com a mão esquerda.

Com a mão direita estendida para o chão de madeira seca da varanda, um brilho suave e avermelhado surgiu em seus dedos. A Nōri Nōri no Mi entrava em ação.

Ela tocou a madeira, lentamente adicionando uma nova propriedade:
"Combustível instantâneo de ignição expansiva."

O poder da fruta era absoluto. O que antes era apenas madeira comum, agora se tornava tão inflamável quanto pólvora refinada. Bastava uma faísca...

Ela girou Kurama no ar. A lâmina ainda pulsava com o Haki, faminta por ação. Com um giro elegante e calmo, Kushina cortou o ar ao lado da casa. O atrito do corte criou uma centelha que caiu suavemente no chão.

E então... fogo.

Um clarão explosivo tomou conta da varanda num rugido violento. Em segundos, as chamas lambiam as paredes e janelas como bestas famintas.

A casa que guardou tantos momentos —
Agora virava cinzas.

O fogo iluminava a noite já escura, dançando ao som dos trovões ao longe, anunciando a tempestade que se aproximava. Kushina deu alguns passos para trás, sem tirar os olhos do inferno que ela mesma havia criado.

— "Ninguém vai descobrir, Naruto."
— "Eles jamais vão saber que você existiu aqui."

As lágrimas ameaçaram vir... mas ela as conteve. Não havia mais espaço para fragilidade. Agora só restava o aço.

A fumaça subia aos céus como um sinal silencioso de despedida.

A última chama do lar dos Uzumaki se apagava.
E com ela... a mãe se preparava para se tornar lenda.

A chuva pesada começou a cair como aço líquido do céu, encharcando a floresta da ilha. Mas mesmo assim, as árvores pareciam estremecer não pela tempestade, e sim... pelo que andava entre elas.

Madara Uchiha pisava no solo úmido com a tranquilidade de um rei em terra conquistada.
Seu manto negro com detalhes rubros dançava ao redor do corpo, empurrado pelo vento.
Seus olhos, dois Sharingan girando lentamente, atravessavam a escuridão como lâminas vivas.

Cada passo seu fazia as folhas secas dissolverem-se como poeira.
Os pássaros já haviam fugido.
Os animais se calaram.
A própria floresta parecia sustentar a respiração.

A poucos metros do coração da ilha, Madara parou.
Adiante, a cena se revelou.

Uma casa em ruínas, consumida pelo fogo, com suas últimas chamas ainda brilhando no meio da chuva.
E em frente à destruição, parada como uma sentinela do inferno, estava ela.

Kushina Uzumaki.

A guerreira ruiva, envolta em um manto escuro encharcado, mantinha-se firme sob a chuva e brasas.
A katana Kurama já estava desembainhada, repousando em sua mão direita, coberta de Haki, a lâmina pulsando em harmonia com a sua dona.
Ela não tremia. Não recuava.

Madara sorriu. Um sorriso frio. Quase respeitoso.
— "Uzumaki... você queimou o próprio lar. Como esperado de uma mulher desesperada."

Kushina não respondeu. Seus olhos dourados estavam cravados nele.
Sem raiva. Sem medo. Apenas decisão.

O brilho da katana em sua mão iluminava parte de seu rosto, revelando a expressão de alguém que sabia que não sobreviveria àquela noite — mas também sabia que o inimigo teria que pagar um preço alto por sua vida.

Madara ergueu o braço, e um suspiro profundo ecoou da floresta atrás dele. Um haki denso e sufocante escapava de seu corpo como névoa negra.

Kushina girou lentamente a lâmina, e o som do metal cortando o ar se misturou ao rugido distante dos trovões.

Os olhos de Madara brilharam com interesse.
— "Então esta será... sua última dança?"

Kushina assentiu com um leve sorriso.
— "Uma dança... de sangue."

BOOM!

O trovão caiu com violência ao fundo, como se o próprio céu reconhecesse que dois titãs estavam prestes a colidir.

A floresta testemunharia um combate que viraria lenda.
A Sombra de Uchiha . E uma guerreira Escarlate.
Nenhum deles sairia dali o mesmo.

E talvez... nenhum saísse vivo.

O som da chuva era abafado pelos trovões que rasgavam os céus. O fogo da antiga casa agora era só brasas que se apagavam na lama — um túmulo silencioso de um passado que não voltaria.

E diante das chamas crepitantes e do cheiro de terra molhada, duas figuras se encaravam no coração da floresta.
De um lado, Kushina Uzumaki, envolta por sua capa vermelha ondulando sob o vento tempestuoso. A katana Kurama em sua mão direita pulsava com Haki negro, como se estivesse viva. Seus olhos, vermelhos e selvagens, cravados no homem à sua frente.

Do outro lado, Madara, envolto em seu sobretudo encharcado pela tempestade, apoiado levemente em sua perna de metal reluzente. Sua presença era esmagadora, e atrás de si, o demônio espectral azul — ainda em repouso, pairando sobre o convés do navio distante como uma sombra esperando ser invocada.

Ambos estavam imóveis. O ar ao redor deles estava pesado… carregado com uma pressão invisível.

Kushina respirou fundo e deu um passo à frente.

"Você voltou do inferno só pra morrer aqui, Madara."

O Uchiha sorriu com escárnio, os olhos brilhosos sob os cabelos molhados.

"Não... Eu vim mandar você de volta pra lá... Junto com o que restou do seu clã os demonios Asuras e de acompanhamento o seu marido Minato aquele desgraçado."

" É bom sabe que ele deixou apenas a casca de um corpo destruido e sem uma perna " Gritou Kushina

Então... o mundo parou.

Os céus escureceram por completo.

BOOOOOOMMMMMM!

Uma explosão invisível de energia rasgou a atmosfera.

Os dois libertaram seus Haki do Rei ao mesmo tempo.

O ar se partiu como vidro. Árvores próximas se despedaçaram, como se tivessem sido atingidas por furacões. O chão trincou em linhas profundas, abrindo fissuras pelo campo de batalha.

Pássaros caíram mortos do céu. Animais na floresta entraram em colapso, desmaiando ou fugindo em desespero.
A própria chuva hesitou por um segundo, desviando das duas presenças monstruosas como se a natureza soubesse que ali não era lugar para a vida.

A energia de ambos colidiu como ondas opostas de um tsunami.

— KRRAAAAAGGGGGGHHHHHHH! —

Um raio partiu o céu ao meio, iluminando as duas figuras. Madara avançou primeiro, como um monstro saído da escuridão. Kushina o interceptou com um grito de guerra, empunhando sua katana com ambas as mãos.

CHAAAAANG!

Espada e Gunbai de colidiram com uma força brutal. O impacto gerou uma onda de choque que derrubou todas as árvores ao redor, espalhando pedras e lama como se uma bomba tivesse explodido.

Kushina girou o corpo com maestria, sua espada dançando em um arco destrutivo. Madara bloqueou com a gunbai coberto por Haki, mas foi arremessado contra uma pedra, que explodiu em centenas de pedaços com o impacto.

Antes que ele tocasse o chão, Kushina já estava acima dele, descendo com um chute revestido de Haki que atingiu o solo em um pilar de energia negra.

BOOOOM!

O chão cedeu, formando uma cratera de mais de vinte metros de largura. As montanhas ao redor tremiam com os ecos do combate.

Madara emergiu dos escombros rindo, sangue escorrendo de sua testa.

"Então é isso, Kushina. Finalmente parou de se segurar."

"Você nem viu nada ainda." — respondeu ela, já avançando novamente.

Os dois se chocaram mais uma vez — punhos, pés, lâmina e gunbai trocando golpes com tamanha intensidade que o próprio ambiente se deformava à sua volta. Cada movimento destruía algo. Cada passo deixava uma marca no terreno.

E assim, a batalha começou.

Com os reis gritando seus Haki,
com a natureza fugindo do campo,
com o mundo se despedaçando ao redor deles…

E só estava começando.

A floresta ao redor já não existia mais. Apenas raízes quebradas, árvores carbonizadas e buracos profundos. Os céus ainda rugiam com trovões, e a chuva batia forte contra o chão estraçalhado.

Kushina e Madara estavam em pé sobre destroços de pedra e lama, ambos com respiração pesada, os corpos já cobertos de cortes e hematomas.

Mas nenhum deles diminuía o ritmo.

Kushina avançou primeiro — seus músculos tensionados, a velocidade absurda. Em um piscar de olhos, ela cruzou dezenas de metros e disparou uma sequência de socos e chutes envoltos em Haki. Cada impacto que não atingia Madara, acertava o ambiente, e o que tocava...

…simplesmente deixava de existir.

Um único soco afundou uma montanha ao longe, mesmo sem encostar nela — o ar comprimido pela força de impacto explodiu como dinamite.

Madara bloqueava, desviava, contra-atacava. Sua gunbai coberta com Haki do Armamento trocava golpes com a katana Kurama, que chiava a cada colisão. O som metálico dos impactos ecoava como marteladas de deuses.

— BAM! BAM! BAM! CLANG!

De repente, Madara girou o corpo, impulsionando sua perna de metal com um chute giratório. Kushina tentou bloquear, mas o impacto foi tão brutal que ela atravessou cinco rochedos seguidos, destruindo tudo em linha reta até emergir no topo de uma colina.

Ela escorregou pela lama, cuspindo sangue — o peito marcado por hematomas negros que se curava rapidamente .

Mas riu.

"É só isso, Madara? Esperava mais de alguém que matou meu marido ."

Os olhos do Uchiha se tornaram duas brasas intensas. Ele saltou como uma fera em fúria, e em um movimento rápido formou um selo com a mão, ativando sua Akuma no Mi.

— "Shin'en no Oni..." — sussurrou ele.
Um cintilar azul-fantasmagórico se espalhou pela floresta destruída.

O demônio espectral gigante começou a se materializar atrás dele, pairando sobre as nuvens da tempestade como uma entidade dos infernos. Tinha chifres curvos, olhos vazios e uma couraça de energia pulsante, feita de puro Haki para proteção e ataque adiçional.

Mas ele ainda não havia atacado. Madara queria medir a força de Kushina com seu próprio corpo antes de invocar o poder total da fruta.

Kushina se levantou, um pouco ofegante. Seus músculos começarama sentir a tensão da batalha , mas seu coração ardia. A katana Kurama estava em sua mão, com o fio tremendo de energia negra.

Ela girou o punho, flexionando os ombros.

"Vamos dançar, Madara."

Ela se lançou com brutalidade sobre o inimigo. Madara foi ao encontro. Os dois colidiram no centro da colina, e o impacto gerou uma cratera que colapsou o terreno por centenas de metros.

O chão inteiro afundou, e com ele, toda a colina ruiu, virando apenas um vale rachado e fumegante.

A ilha tremia.

Cavernas desmoronavam. Penhascos caíam no mar. Os poucos animais que ainda estavam vivos fugiam para o oceano.
A natureza estava morrendo junto com aquela batalha.

E mesmo assim… nenhum dos dois parava.

Madara socou o solo com o Haki, levantando dezenas de lâminas de pedra que voaram contra Kushina. Ela pulou entre elas, cortando uma a uma com a katana, criando um turbilhão de lâminas negras e estilhaços ao redor.

Quando ela chegou perto, disparou um chute no queixo de Madara que o lançou para o céu. Ele girou no ar, e enquanto caía, formou um soco flamejante com Haki do Rei, mirando no solo:

— "Raimei no Ken!" (Punho do Trovão)

O golpe acertou o chão, criando uma explosão em forma de cúpula, que destruiu tudo em centenas de metros. A explosão era azulada, misturando o Haki com o poder do demônio vindo da sua akuma no mi.

Quando a poeira baixou, Kushina ainda estava em pé, coberta de sangue, com a katana firme em mãos …

Mas sorrindo.

"Acha mesmo que isso vai me parar?"

Os dois sabiam…

Isso era apenas o começo.

O céu desabava em chamas e trovões. A ilha, antes viva, era agora um campo de guerra — uma terra morta, marcada por rachaduras, crateras e pedaços do que um dia foi montanhas.

E, em meio à destruição, ele surgia.

O Demonio Espectral Azul rugia no alto, com seu corpo gigantesco feito de energia da própria fruta do diabo que pulsava atrás de Madara. Seus olhos ocos brilhavam com fúria. O vento cortava o ar como lâminas.

Madara estava parado no topo de uma rocha quebrada. Seus olhos em brasa. Seu corpo, ferido, coberto de marcas negras pelo uso extremo do Haki e da Akuma no Mi. Mas sua presença ainda era opressora.

Com um estalar de dedos, o demônio atrás dele desceu como uma sombra viva vindo do inferno sobre Kushina.

Ela correu contra ele sem hesitar — mesmo com o peso daquele monstro rugindo sobre sua cabeça. Sua katana Kurama girava em espirais negras, ansioso por um combate feroz, desafiando de frente o poder de tal akuno no mi.

"Vamos, maldito!" — gritou ela.

O braço do demônio se ergueu como uma muralha viva e desceu sobre ela como um martelo divino.

BOOOOOOOM!

O impacto varreu tudo em centenas de metros. Penhascos explodiram, árvores voaram como palitos, a terra se abriu com um rugido sísmico.

Madara sorriu.

Mas então...
Do centro da poeira, uma silhueta surgiu.

Era Kushina.

Coberta de sangue. Sem o braço esquerdo. Com costelas expostas. Mas sorrindo.

— "Vai precisar de mais do que isso... pra me matar."

Madara apertou os olhos.
Seu Haki da Observação vacilou por um instante. Aquilo… não era natural.

Com um estalo grotesco, o corpo de Kushina começou a se regenerar.

O sangue cessou de escorrer. As costelas começaram a estalar de volta ao lugar, e o braço esquerdo, lentamente, se reformava em carne e osso, envolto por um vapor quente e avermelhado que puxava com puro Haki, como metal sendo forjado.

E então Madara viu.
Seus olhos...
A íris ainda tinha o tom natural — aquele vermelho intenso como rubi flamejante.
Mas o que realmente o fez congelar por um segundo foi a esclera do olho em si:
completamente negra.

Um abismo negro emoldurava aquelas pupilas incandescentes.
Como se os próprios olhos fossem janelas para algo antigo… algo que nunca deveria ter despertado novamente.

"Essa... é a minha raça, Madara aqueles como você os Hidras perderam a tanto tempo a séculos atrás que corram com rabo entre as pernas para as maos cheias de merda do gorveno mudial, so para terem uma unica e minima e miseral chanse de nos verçerem a tanto tempo atrás seus covardes desgraçados ." Rugiu Kushina

"Essa... sou eu, Kushina Uzumaki Membro Orgulhosa da raça dos Demonios Vermelhos Asura,

Ela apontou a mão ensanguentada para Madara, agora tremendo de ódio.

"Pronto para mata mais uma miseravel da raça humanos Indra"

O rosto de Madara se contorceu.
O semblante frio e calculista deu lugar a algo primitivo.
Raiva.
Humilhação.
Ódio ancestral.

— "Você ousa..." — ele sibilou, os olhos arregalados de fúria.
O Haki do Rei vazava dele como lava negra de um vulcão, torcendo o chão sob seus pés.
— "Você ousa cuspir na história da minha linhagem, no legado de Indra?!"

O demônio espectral azul atrás dele gritou em uníssono, como se compartilhasse da ira do mestre.

Madara gritou.

— "SUA MALDITA MONSTRA! EU VOU TE ARRANCAR DENTE POR DENTE, OSSO POR OSSO! VOU ENTERRAR A SUA RAÇA COM AS MINHAS PRÓPRIAS MÃOS!"

O chão explodiu ao redor dele. O trovão no céu pareceu responder ao seu ódio.

Agora, mais do que nunca...
era uma guerra entre dois titãs, entre raças que deveriam ter sido extintas.

Mas estavam ali.

Vivas.
Furiosas.
Prontas para destruir o mundo se necessário.

Madara então desceu pessoalmente. Saltou de sua posição e caiu como um meteoro, o Haki do Armamento fervendo nos punhos.

— "Então você vai MORRER MIL VEZES!"

Eles se chocaram de novo.

Madara usava agora tudo da sua Akuma no Mi. Os braços do demônio atravessavam o solo, tentando perfurar Kushina com ataques espectrais gigantescos. Cada golpe rasgava a terra, deixando crateras de quilômetros. Quando um acerto finalmente atravessou o abdômen de Kushina — sangue jorrou como fonte, espalhando-se em todas as direções.

Mas ela permaneceu de pé.

Gemendo. Ofegante. Os olhos vibrando de determinação.

— "Mais…"
— "Mais…"
— "Mais, Madara!" — ela urrou, cerrando os punhos. "Você pode arrancar meu coração, mas vai precisar de cem vidas pra me fazer cair!"

O demônio ergueu uma lança feita de Haki e energia espectral. A lançou.

A lança atravessou o ombro de Kushina.

O chão estremeceu. Ela caiu de joelhos. Madara avançou e deu um chute em seu rosto que a arremessou contra um rochedo distante, rachando a pedra no impacto.

Ela caiu, imóvel.

Silêncio.

O demônio pairava ao lado de Madara como uma extensão viva de sua alma. O Uchiha já respirava com dificuldade.

Mas então…
Um som.

"Tac… tac… tac…"

Era o som dos ossos quebrados de Kushina se rearranjando.

Ela se levantava de novo. A lança expulsa do corpo. Os músculos se costurando. Os olhos, ardendo com Haki do Rei.

— "Está cansado, Madara?" — ela sussurrou com um sorriso ensanguentado.
— "Porque eu estou só começando."

A tempestade rugia em concordância com sua fúria.

E no fundo, mesmo com todo seu poder…
Madara sentiu um calafrio na espinha.

Os céus trovejavam em uníssono com os passos de Kushina.

Ela avançava.
Sangue escorria pelo canto da boca. Seu corpo, coberto de ferimentos, regenerava em ciclos visíveis, como se cada célula sua recusasse a ideia de morrer.
Mas, mesmo com toda essa resistência, o cansaço começava a se instalar. Internamente, músculos gritavam. Ossos protestavam.

E Kurama... também sentia.

A katana pulsava na mão de Kushina.
Sentia o peso da luta — não apenas na lâmina, mas na alma.
Mesmo percorrendo que em qualquer momento ele quebraria , Ele se recusava a ceder.

A ligação entre arma e dona já transcende o aço há muito tempo.
Agora, era quase como uma extensão do próprio espírito de Kushina.
Cada batida do coração dela fazia a lâmina estremecer.
Kurama rugia em silêncio, desafiando o destino, lutando contra o inevitável.

Tanto Haki havia sido canalizado por aquele fio de morte, que a katana exalava calor.
O ar ao redor dela tremia como uma miragem no deserto.
Cintilava, quase como se o próprio espaço se partisse com o calor da pressão.

Kushina apertava o cabo da espada com firmeza, e Kurama respondia com vibrações sutis —
como se dissesse: "Ainda não. Ainda não acabou."

Madara, mais adiante, arfava.
Suava como um condenado.

A perna metálica emitia faíscas e guinchava a cada movimento.
Seu corpo, mesmo blindado por anos de poder, agora parecia traí-lo.
As veias saltavam em seu pescoço e têmporas, latejando com o esforço de manter o demônio espectral invocado.

E seu braço esquerdo… já não existia.
Reduzido a carne, osso e poeira por um embate direto anterior.

Mas nada disso se comparava à fúria que fervia em seu peito.
Nada o consumia mais do que a indignação.

Ele via a mulher à sua frente, coberta de sangue e feridas —
e, ainda assim, ela se curava.
Músculos se refaziam. Ossos voltavam ao lugar.

Órgãos regeneravam como se fosse apenas mais um ciclo comum… como se aquilo fosse natural para ela.

— "Como..." — Madara rangeu os dentes.
Seus olhos ardiam.
Seu orgulho, corroído.

— "Como esse corpo miserável continua de pé? Como você se regenera como se a própria morte tivesse medo de te tocar?!"
A cada segundo que passava, ele enfraquecia.
Ela, ao contrário… parecia ficar ainda mais forte.

Aquilo o enojava.
O irritava até a alma.

A realidade crua e brutal o esmagava: o corpo de um descendente de Indra... estava cedendo.
Enquanto o corpo maldito de uma Asura, uma demônia, se elevava.

A raiva o consumia.
Seu orgulho ancestral gritava.

— "ISSO É UMA PIADA?!" — ele vociferou, cuspindo sangue.
— "MEU CORPO ESTÁ CAINDO AOS PEDAÇOS, E VOCÊ AÍ, COMO SE ESTIVESSE BRINCANDO EM UM DIA DE TREINAMENTO?!"
O demônio atrás dele rugiu em resposta, mas até mesmo o espectro titânico parecia hesitar.

A diferença entre eles não era só de poder.
Era de essência.
Era de raça.
Era de destino.

Kushina olhou para ele, seus olhos flamejantes e com a esclera completamente negra, como buracos na realidade.
Como se o próprio inferno observasse Madara através deles.

E ali, naquele momento…
ele sentiu medo.

— "Você devia estar morta…", rosnou ele.

Kushina girou a lâmina com destreza, fazendo o ar assoviar.

— "Já morri tantas vezes que aprendi a levantar no instinto."

Ela avançou, e o mundo tremeu.

Os dois se chocaram.

Madara desceu o punho envolto em Haki do Armamento negro, e Kushina aparou com Kurama, o choque de forças gerando uma onda de impacto que varreu a floresta restante como se fosse feita de palha.

A lâmina estalou.

Kurama gemeu.

Mais um golpe, e outra rachadura correu pela extensão da espada. Kushina forçou mais Haki. As veias de seu braço incharam. O brilho da espada oscilou entre glória e morte.

Eles lutaram por minutos em velocidade sobre-humana. Golpes invisíveis, socos que explodiam montanhas. Rochas flutuantes destruídas no meio do ar. Cada movimento distorcia o terreno ao redor. Animais fugiam instintivamente, sentindo que o mundo ao redor deles estava acabando.

Então veio o golpe final.

Madara rugiu, erguendo sua Gunbai com ambas as mãos, canalizando até a última gota de poder que lhe restava.
O demônio espectral respondeu de imediato, condensando-se com violência num turbilhão de energia azul.
Em um piscar de olhos, uma armadura completa o envolveu — ossos de energia denso, garras e presas, chamas de ódio.

Um colosso. Um avatar do rancor ancestral.

— "Esse será o seu fim!" — gritou Madara, como um deus em fúria.

Kushina saltou, com um grito que fazia o céu tremer.
Todo o seu corpo, todo o seu Haki, toda a sua existência convergiu em uma única estocada.

Kurama gritou com ela.
A katana vibrou, incandescente, e juntos atravessaram o ar como um cometa vermelho.

O impacto foi apocalíptico.

A lâmina atingiu o peito do colosso demoníaco com força brutal.
A energia liberada no choque varreu a ilha, erguendo paredes de vento e ondas gigantescas.

Madara foi lançado para cinco quilômetros de distância, arrastado por sua própria criação que tentou protegê-lo da aniquilação.
A terra se rasgou sob seus pés.
Sua Gunbai estilhaçou.
Não apenas se partiu — ela virou cinzas ao vento.
Fragmentos da arma ancestral se dissolveram como se jamais tivessem existido.

E Kurama… Kurama cedeu.

Num último rugido, a lâmina se partiu em duas, alguns metros após o golpe.
Kushina caiu de joelhos, tossindo sangue.
Seu corpo começava a falhar.

Um som seco. Doloroso.
A lâmina quebrada girou no ar…
E cravou-se nas ruínas como um epitáfio de um tumulo.

O mundo ficou em silêncio.

O trovão calou.
O mar cessou.
O tempo pareceu parar para testemunhar o fim de uma lenda.

Kushina encarou os fragmentos de seu fiel companheiro.
Seus olhos marejaram — não de tristeza, mas de honra.

— "Obrigada por lutar ao meu lado até aqui meu amigo…" — sussurrou.

E então, sem espada, sem escudo, apenas com os punhos cobertos de Haki e a alma envolta em propósito, ela se levantou novamente.

Madara, ainda ao longe, cambaleando, arfando, olhou para ela com os dentes cerrados.
Sorriu com ódio.

— "Sem lâmina agora. Vai cair de vez, mulher?"

Kushina não respondeu com palavras.
Apenas com um olhar.

Um olhar tão profundo e decidido que o próprio inferno estremeceria.

'Se for cair, cairei de pé.'

Ela se manteve de pé, mesmo enquanto seu corpo dava sinais claros de exaustão.
Os músculos tremiam.
O sangue não parava de escorrer.
E ainda assim…
Seus olhos, agora com as escleras completamente negras, brilhavam com a cor natural do vermelho Uzumaki —
um contraste assustador e divino.

Ao seu lado, fincadas na terra destruída, repousavam as duas metades da lendária katana Kurama.
Um símbolo.
O fim de uma era.

Kushina ajoelhou, não por fraqueza…
Mas por reverência.

Repousou as mãos sobre os fragmentos da lâmina.

— "Kurama… você esteve comigo em cada batalha.
Rasgou inimigos, protegeu inocentes, guiou meus golpes quando meus olhos falharam…
Eu nunca estive sozinha porque você sempre esteve comigo."

A chuva caía, se misturando com as lágrimas que deslizavam por seu rosto —
sinceras, quentes, silenciosas.

Então, ela ergueu as duas metades da katana com cuidado.
Pela primeira vez em toda a batalha… ativou sua Akuma no Mi: a Nōri Nōri no Mi.

Seu Haki de Armamento envolveu suas mãos, denso como ferro vivo.
A fruta do diabo se manifestou, misturando suas propriedades à intenção de sua alma.

Ela fechou os olhos.
Sussurrou algo para as lâminas — um encantamento íntimo.

— "Que você se torne um com o destino… mas não com o meu.
Está na hora de protegerem aquele que carrega minha vontade."

Com um gesto delicado, encostou as duas metades uma na outra.

Uma luz tênue surgiu.
Uma força ancestral, invisível, envolveu os fragmentos —
não para uni-los em uma arma…
Mas para ligá-los em propósito.
Como irmãos separados…
Destinadas a se reencontrar um dia.

O Haki de Kushina pulsava através das lâminas.
A Nōri Nōri no Mi queimava em sua essência.
E então, aconteceu.

As duas metades da katana se ergueram lentamente, como se puxadas por um fio de destino invisível.
Pairaram no ar, girando em espiral, cobertas por uma aura mística de energia negra e dourada.
Elas não se fundiram — continuavam quebradas, imperfeitas… mas vivas.

A chuva parou.
O mundo silenciou.
Até o trovão respeitou o momento.

Kushina murmurou com a voz fraca, mas cheia de certeza:

— "Vão… fiquem com ele agora. Proteja meu filho, melhor do que você protegeu a mim, Sejam sua luz… e sua fúria."

E com um último impulso de sua Akuma no Mi, as duas metades da katana se ergueram lentamente no ar… então, como se guiadas por um propósito invisível, dispararam pelos céus em um raio de luz prateado.

As duas metades da katana Kurama brilharam com intensidade.
Um rugido invisível ecoou pelos céus.
E então, dispararam em linha reta, rasgando o céu como dois cometas gêmeos de fogo e sombra.

Voaram na direção do mar.

Rápidas. Firmes. Guiadas não por lógica, mas por propósito.
Cortaram as nuvens.
Ignoraram a distância.
Ignoraram o impossível.

No pequeno barco que balançava em meio às ondas agitadas, Naruto olhava para o horizonte…
E então, viu.

Duas linhas de luz cruzando o céu, como se o próprio mundo o estivesse chamando.
As lâminas giraram, desacelerando no ar diante dele.

Elas pararam, suspensas no ar — uma à esquerda, outra à direita.
Pairando.
Silenciosas.
Como sentinelas.

Naruto esticou a mão, o coração disparado.
Quando seus dedos tocaram a empunhadura da metade direita…
uma onda de calor e memória o invadiu.

A voz de sua mãe, suave, doce e poderosa, ecoou em sua mente:

— "Você não está sozinho, Naruto. Nunca esteve.
Carregue nossa vontade.
E faça esse mundo lembrar… do nome Uzumaki."

Os olhos do garoto se arregalaram, tomados por emoção.
As lágrimas escorreram, mas ele não chorava.
Ele despertava.

A segunda lâmina deslizou suavemente até sua outra mão.
Ele segurou ambas.

Duas metades.
Duas promessas.

Naruto olhou para a ilha distante…
E soube.
A guerra ainda não havia terminado.
Mas ele não era mais apenas um garoto no mar.
Agora, era o herdeiro de uma lenda.
E Kurama… estava com ele.

A katana já não estava mais em suas mãos.
Mas Kushina ainda era uma arma.

Madara, com sua perna metálica fincada no solo, observava a aproximação dela com um sorriso frio. Seu corpo ainda rodeado pelos fragmentos espectrais do demônio invocado, envolto por chamas azuis e fúria viva.

Mas agora era ela quem avançava.

Kushina correu.

Seus pés deixavam crateras no solo com cada passada.
O Haki do Armamento envolvia seus punhos, seus braços, até seus ombros — negro como carvão em brasa, com veios vermelhos pulsando como sangue flamejante.

— "NŌRI… KAITEN!" — gritou ela, ativando sua Akuma no Mi com um giro violento do corpo.

Ela tocou o próprio punho com a outra mão. No instante seguinte, o punho passou a carregar a propriedade de impacto cinético acumulado.

Cada soco… seria como o golpe de um canhão após uma viagem de 100 metros comprimida em 1 segundo.

Ela apareceu diante de Madara num piscar.

O primeiro soco veio de cima — Madara ergueu o braço com Haki para bloquear, mas o impacto o arrastou dezenas de metros para trás, o solo rachando e explodindo sob os pés dele. Árvores voaram. A floresta se partiu em duas.

Kushina não deu tempo.

A segunda investida veio de baixo, um gancho que fez o demônio espectral gritar, sentindo parte da dor refletida. Madara engasgou com sangue.

Ela então girou no ar — o próprio ar gritou.

Com o chute giratório infundido em Haki e a propriedade de "fragmentação", seu calcanhar acertou o ombro esquerdo de Madara, que foi lançado com brutalidade para um rochedo… que simplesmente explodiu em milhares de fragmentos.

Mas ela sabia que ele não cairia tão fácil.
Por isso, usou a Nōri Nōri no Mi novamente, tocando os próprios pés.

— "Propriedade: tração absoluta."

Com isso, ela se lançou no ar com velocidade impossível, indo atrás do inimigo antes que ele se recuperasse.

Ela o agarrou no ar, girando em espiral com ele, e o arremessou contra o chão com força tão brutal que toda a parte sul da ilha tremeu.

O impacto gerou uma cratera que devorou montanhas pequenas ao redor. O mar engoliu parte da costa. O céu parecia ruir.

Kushina caiu de pé, ofegante.
Sangue escorria do nariz, e um dos braços já não respondia tão bem — os músculos sobrecarregados pelas habilidades da Akuma no Mi.

Madara levantou-se do meio da cratera… rindo.

— "Você está se desfazendo aos poucos, Uzumaki… Mas que dança maravilhosa está me oferecendo."

Kushina cuspiu sangue e sorriu com o canto da boca.

— "Ainda não te dei o final… só os passos da introdução."

Ela estalou o pescoço.

E então, mais uma vez, avançou como uma tempestade de pura fúria e coragem.
A ilha já não era uma ilha. Era uma arena de titãs.

E a luta ainda estava longe de acabar.

A katana Kurama já não estava mais com ela.
Mas agora... o mundo inteiro se lembraria de quem era Kushina Uzumaki.

Ela estava diante de Madara, com o corpo marcado, sangue nos lábios e os cabelos longos esvoaçando como chamas vivas sob o vento da destruição.

Os céus rugiam.

A tempestade que cercava a ilha parecia parar por um breve instante.
Não por medo da guerra…
Mas em respeito ao que se erguia diante deles:

Uma mulher que havia perdido tudo.
E mesmo assim, escolhia lutar como um exército sozinho.

Madara caminhava com arrogância, a fumaça azul espectral do demônio invocado se contorcendo ao seu redor, um monstro com mil olhos e chifres que cresciam como raízes podres.

Ele apontou para ela com desprezo:

— "Você não tem mais espada, nem fôlego. Só orgulho. E isso morre junto com o portador."

Kushina, então, fechou os olhos.

A respiração desacelerou.

E pela primeira vez na batalha... ela liberou o verdadeiro poder de sua Akuma no Mi: a Nōri Nōri no Mi.

O chão começou a vibrar.

"Mōdo Zenshin..."
A voz dela saiu como um trovão calmo.
"...Nōri no Megami."

Ela tocou o próprio peito com a palma da mão.
Então as pernas.
Depois os braços.
E por fim… a testa.

No instante seguinte, o corpo inteiro de Kushina brilhou em vermelho carmesim e dourado, como se seu sangue tivesse se tornado puro fogo líquido.

O ar ao redor começou a vibrar, distorcer, como se o próprio espaço estivesse se rendendo à presença dela.

Ela havia conferido a si mesma dezenas de propriedades diferentes ao mesmo tempo:

"Resistência térmica absurda", para que seu corpo não derretesse com o calor da força que viria.

"Densidade superior ao aço", para que seus ossos suportassem os impactos.

"Velocidade de propagação sonora", nos punhos — socos que viajavam com a força de trovões.

"Propulsão invertida contínua", nos pés — como se cada passo fosse um míssil empurrando-a adiante.

E a mais temida delas...

"Amplificação exponencial de impacto acumulado".

Com um leve pisar, a terra explodiu.
Com um leve respirar, o ar cortou como navalha.
E então ela avançou.

Kushina virou um borrão carmesim, rasgando o campo de batalha com socos que destruíam o tempo entre a ação e a reação.

O primeiro impacto jogou Madara e o demônio para trás com um estrondo que ecoou a quilômetros. A floresta atrás deles foi desintegrada.
O segundo, um soco direto no estômago do Uchiha, fez a perna metálica dele ranger, e o demônio gritar de dor.
O terceiro, um chute que se moveu como um raio curvo, rachou o céu, e dividiu uma montanha ao meio.

Madara, mesmo com o Haki do Armamento ativado ao máximo, estava sendo arrastado como uma folha em um furacão.

A cada golpe, o chão recuava, a natureza se partia, e o mundo parecia dizer: "essa mulher está acima dos mortais."

Madara tentou reagir, invocando os braços gigantes do demônio, mas Kushina gritou com uma fúria ancestral:

— "VOCÊ VAI SENTIR O PESO DE CADA LÁGRIMA QUE FEZ CAIR!"

Ela socou o solo.

E o solo respondeu explodindo em um anel de destruição que fez a ilha tremer como um tambor de guerra.

Quando a poeira baixou… Kushina estava de pé, com sangue pingando dos braços, os músculos tensos e os olhos em brasa.

Madara estava enterrado em meio aos destroços, tossindo sangue, ainda de pé… mas agora, com olhos arregalados.

— "A sua... Akuma no Mi... É…"
Ele sussurrou, ofegante.

Ela ergueu o rosto lentamente, com um sorriso sem humor.

— "A minha fruta… não foi feita para matar."
"Ela foi feita… para esmagar deuses."

E nesse momento, o demônio espectral uivou, recuando como se pudesse sentir medo.

O campo de batalha havia mudado.
A ilha sangrava.
E Kushina… era a tempestade.

A terra estava em ruínas.

Os céus choravam trovões.
O mar rugia como se sentisse o fim da ilha se aproximar.

Madara cambaleava para trás, coberto de cortes profundos, seu braço esquedo perdido a muito tempo, com a perna de metal estralando a cada movimento. Seu corpo queimava. Sangue escorria por seus braços. E mesmo com o Haki do Rei estourando ao seu redor como um furacão de pressão invisível... não era suficiente.

O demônio espectral gigante que invocara com sua Akuma no Mi tentava protegê-lo, mas mesmo ele estava trincando, fragmentos de energia azulada evaporando no ar.

Kushina, no centro do caos, respirava fundo.

Seus olhos pareciam o fogo do inferno em um abismo negro.
Não havia mais dor.
A única coisa que restava… era a escolha de ir até o fim.

Ela sussurrou para si mesma:

— "Agora… chega de segurar."
"Quebremos todas as regras..."

Ela estendeu os braços e tocou novamente o próprio corpo — como se estivesse reprogramando o mundo com a ponta dos dedos.

A Nōri Nōri no Mi respondeu como uma fera indomável sendo libertada.

"Remover limite de tensão muscular."
"Liberar restrição de impulsos nervosos."
"Ativar Overdrive em força, velocidade, percepção, densidade e calor interno."
"Anular tempo de recuperação muscular entre impactos."
"Ignorar a fadiga, por tempo limitado."

O ar ficou pesado.

O céu trovejou com força suficiente para rachar penhascos a quilômetros de distância.

E então...

O corpo de Kushina explodiu em luz vermelha e dourada, como se um sol em miniatura estivesse andando pela terra.
Os músculos estremeceram, ganhando definição monstruosa sem perder agilidade.
Seus olhos ficaram completamente vermelhos, com anéis dourados girando em espiral.
E cada passo dela deformava o solo embaixo.

Madara recuou.

Não fisicamente — mas com o espírito.

O Haki do Rei dela colidiu contra o dele e o superou como uma avalanche engolindo uma chama.
Por um momento, ele não sentiu o chão sob os pés... só o medo.

O medo da morte verdadeira.

— "Isso..." — ele sussurrou. — "...isso é impossível."

Kushina avançou como um relâmpago.
Não havia som.
Não havia movimento.
Só um clarão.

E então, o primeiro soco, reforçado com o novo Overdrive, quebrou a barreira de Haki do Armamento de Madara novamente, rachando suas costelas e lançando-o como um míssil pelas árvores, destruindo o que restava da floresta.

O demônio espectral saltou para protegê-lo...

Mas Kushina voou como uma flecha viva, subindo junto, girando no ar, e cravou os dois punhos no peito da criatura, que gritou como uma tempestade possessa.

Ela rugiu:

— "VOCÊ NÃO VAI TOCAR NO MEU FILHO! NUNCA MAIS!"

Com um último impulso, Kushina desferiu um golpe de palma com o Haki do Armamento tão concentrado, que explodiu em forma de uma onda sônica negra, atravessando o ar e despedaçando parte do crânio do demônio invocado.

O ser desintegrou-se no céu, e Madara, no chão, cuspiu tanto sangue enquanto os olhos ardiam com incredulidade como se ele tivesse perdido metade do seu peso.

Ele tentou levantar…
Mas pela primeira vez, suas mãos tremiam.

Madara Uchiha… estava com medo e fraco.

— "Ela… vai me matar…" — ele sussurrou para si mesmo, enquanto o sangue escorria por sua boca.

Kushina pousou de volta no solo, ajoelhando brevemente com um joelho — seu corpo começava a trincar por dentro. A liberação do Overdrive era poderosa, mas terrivelmente autodestrutiva.

Mesmo assim…
Ela se levantou de novo.

E olhou nos olhos de Madara.
O olhar de quem já aceitou a própria morte — mas decidiu levá-lo junto.

A chuva caía com fúria sobre os destroços da ilha.
Penhascos já tinham ruído. A floresta era cinzas.
Montanhas? Esmagadas, reduzidas a vales encharcados de sangue e lama.

No centro de tudo… Kushina e Madara se encaravam.
Ambos mais monstros do que humanos naquele momento.

Madara, ferido, de pé por pura força de vontade, estava arquejando. Seus ossos doíam, o sangue jorrava sem para de sua boca, e sua perna de metal — agora trincada — mal conseguia sustentá-lo. A derrota estava selada no ar… mas ele não aceitaria.

Com um rugido desesperado, ele ergueu as mãos para o céu.

— "Se vou cair aqui... então que o inferno caia junto comigo!"

E então, invocou pela última vez o poder da sua Akuma no Mi.

A sombra do demônio espectral azul gigante rasgou o céu com um trovão.
Mas desta vez… ele não surgiu fora de Madara.
Ele fundiu-se com Madara.

A fusão era dolorosa. As veias de Madara saltaram, seu grito foi sufocado. Seu corpo crescia, distorcia-se, chamas azuis cobriam seus braços e ombros, garras surgiam de seus dedos, e olhos espectrais abriram-se sobre sua pele.
Era uma aberração entre homem e invocação.

E junto a isso, o Haki do Rei de Madara — alimentado pelo desespero — rugiu numa explosão cataclísmica que varreu a floresta restante e fez o mar se erguer como muralhas líquidas.

Mas Kushina… não recuou.

Ela se levantou novamente, mesmo com os músculos já tremendo, o sangue escorrendo pelos cantos da boca e as pernas trincando de dentro para fora.

Seu Haki do Rei respondeu.

Não como um rugido.

Mas como um canto final.
Uma melodia silenciosa de alguém que já sabia que ia morrer, e mesmo assim sorria diante do destino.

— "Você já perdeu, Madara..." — ela murmurou com voz rouca. — "...só ainda não percebeu."

Madara avançou.

E a terra gritou.

Suas garras cortaram o solo em fatias flamejantes.
Ele socava o ar e a pressão cortava rochedos ao meio.
Cada golpe era tão rápido que o tempo parecia quebrar.

Mas Kushina… reagia.

Desviava com o mínimo.
Bloqueava com os antebraços encharcados de haki.
Seus pés deslizavam sobre lama e sangue como se dançasse.

E a cada abertura…

Ela contra-atacava.

Um soco no estômago de Madara que afundou seu peito.
Um chute no queixo que fez o céu rachar.
Um pisão no chão que explodiu uma cratera sob ambos.

Madara urrava, golpeava, mordia, usava chamas do demônio, mas Kushina…
regenerava.

Seu corpo insistia em não morrer.
A raça dela — esquecida pelos séculos — estava ativando cada fibra em estado máximo.
E mesmo quando Madara explodiu metade do tórax de Kushina com o impacto do demônio espectral,
ela não caiu.

O sangue jorrou.
Costelas ficaram expostas.
Órgãos tremeram à vista…
Mas os músculos se reconstruíam, se entrelaçando em carne viva e ardente como se o inferno estivesse moldando seu corpo outra vez.

O vapor quente subia das feridas.
E os ossos... estalavam de volta ao lugar.

— "O que você é...?!" — Madara gritou, os olhos arregalados com puro terror, a voz falhando em meio à incredulidade.

O suor escorria por seu rosto.
Seu corpo estremecia.
Seu Haki da Observação — que jamais falhava — agora tremia em pânico.

Aquilo não era regeneração.
Era blasfêmia contra a lógica.
Contra a morte.

Kushina sorriu.
Os lábios rachados, o sangue escorrendo pelo queixo.
Mas os olhos…
os olhos dela estavam calmos.
A íris natural de um vermelho vívido.
Mas a esclera… negra como o vazio entre as estrelas.

O punho direito, coberto por Haki do Armamento tão denso que parecia metal líquido, pulsava como um coração monstruoso.

— "Sou a mãe... do homem que vai mudar esse mundo." — ela disse, com a voz carregada por fogo e destino.

E naquele instante, algo dentro de Madara quebrou.

Não era só ela.
Ela tinha um filho.
Um herdeiro Uzumaki, criado em silêncio, escondido do mundo, longe dos olhos do Governo Mundial e das mãos dos descendentes de Indra.

Um novo inimigo.
Um novo monstro.

Alguém que não apenas herdaria esse poder... mas que poderia superá-lo.

— "Outro…? Há outro...!" — Madara recuou um passo, ofegante, sua mente fervendo com mil cenários de um futuro onde sua raça seria extinta por aquele nome que tanto odiava.

"Uzumaki."

O medo, pela primeira vez, foi visível no olhar daquele que achava dominar o mundo.

E então…
Ela saltou.

O céu gritou junto com ela.

O trovão rugiu, a ilha tremeu, o ar se partiu.

Kushina girou no ar com a fúria de um furacão ancestral,
o braço direito elevado como uma lança divina,
e a palma esquerda carregada com Haki concentrado até o limite.

O calor da fúria de mil batalhas queimava em seus punhos.

E ela rugiu:

— "UZUMAKI…
ROKKON…
SENKAI!"

A terra foi rasgada.
O ar explodiu em um clarão.
E a última esperança de Madara foi engolida pelo nome que ele mais temia.

O impacto foi tão monstruoso que dividiu a ilha ao meio.
A onda de choque apagou as nuvens.
O mar foi empurrado em círculos concêntricos, formando um olho de tempestade.

Madara foi lançado com tanta força que a metade espectral do corpo começou a se romper, e ele afundou em uma cratera com mais de cem metros, engolido por pedras e fogo.

Silêncio.

Chuva.

Kushina caiu de joelhos.

Ela estava em pedaços.

Seus órgãos estavam falhando.
A visão turva.
O Haki esvaía-se como poeira.
Mas mesmo assim… ela estava sorrindo.

Porque ainda não tinha acabado.

Ela sabia que precisava se arrastar… mais um pouco…
Até Madara parar de respirar.

A tempestade agora era um sussurro distante.

A ilha, outrora viva, não passava de uma massa retorcida de pedra, fogo e cinzas flutuando no mar revolto.
No centro do caos… o silêncio era absoluto.

Kushina permanecia de joelhos.

Seus olhos semicerrados viam tudo através de uma névoa vermelha.
Ela sentia cada órgão gritando, seus ossos quase pó, o coração… batendo por teimosia.

Mas ela ainda ouvia.

Passos.

Lentos.
Pesados.
Arrastados.

Madara… ainda vivia.

Seu corpo estava queimado, a fusão com o demônio havia se rompido de forma violenta.
A pele pendia do rosto como trapos, sua perna metálica completamente destruída, e os olhos… vazios, mas ainda acesos com fúria.

Ele rastejava, com uma adaga feita de ossos do próprio braço.

— "Eu... ainda... posso... te... matar..." — ele arfava.

Kushina tentou ficar de pé.
As pernas não responderam.
Tentou levantar os braços.
Fracos demais.

Mas então…

Ela sorriu.

— "Você ainda... fala muito, Madara."

Ele berrou em fúria e se lançou para frente, cambaleando, pronto para enfiar a lâmina no peito dela.

Mas quando ergueu a mão...

Ela moveu o dedo. Apenas um.

E ativou sua Akuma no Mi uma última vez.

A regra era simples:

"Qualquer objeto metálico vindo em minha direção... se desintegra antes de me tocar."

A adaga quebrou em pó antes de chegar a um palmo dela.

Madara caiu de joelhos à sua frente.

— "Não... não pode ser... eu sou Madara... eu... não..."

Ele tossiu sangue.
Seus olhos se apagaram.

E então, ele tombou.
Ali. Diante dela.
Morto.

Por um instante, tudo cessou.

A chuva caiu leve, como se chorasse.
O mar acalmou, como se respeitasse.
E o mundo… se curvou.

Kushina olhou para cima.
O céu estava se abrindo em brechas, mostrando as estrelas…
E no horizonte, o navio de seu filho — Naruto — ainda seguia, lutando contra as ondas.

Ela sorriu com ternura.

— "Naruto... meu filho... viva... mais do que eu... mais do que nós..."

Seu corpo começou a tombar lentamente para trás.

E no último segundo…
o Haki do Rei dela explodiu pela última vez, como uma onda serena, atingindo o navio do filho — não para machucar — mas como uma despedida.

No convés, Naruto sentiu.

O mundo pareceu estremecer.
O vento sussurrou em seus ouvidos.
Seu coração parou por um segundo.

E ele soube.

Soube que a pessoa mais forte que ele já conheceu...
A mulher que o criou…
Sua mãe…

Tinha partido.

A ilha se partiu.
As ondas levaram os corpos.
E apenas os ecos da batalha permaneceram.

Mas no coração do oceano, naquela noite…

Nasceu uma lenda.

A mulher que venceu o demônio.
A mãe que salvou o futuro.
Kushina Uzumaki.

Fim de capítulo.