If only you could believe in yourself the way I believe in you (Se ao menos você pudesse acreditar em si mesma da maneira que eu acredito em você)
You're the one I want (Você é quem eu quero)
If only you see all of the beautiful things that I see in you (Se ao menos você visse todas as coisas lindas que eu vejo em você)
It's true (É verdade)
Chloe (You're The One I Want) - Emblem3
Isabella
A chuva batia no vidro da janela, anunciando que aquele era mais um dia como todos os outros na quase sempre nublada Forks. Apertei o braço sobre a pequena criança que dormia ao meu lado na cama, respirando o cheiro do cabelo dela.
Chloe era uma menina esperta, mesmo com a pouca idade. Aos quase dois anos, ela formava frases curtas e já conseguia expressar suas vontades, além de estar começando a andar sem apoio. Seu pequeno corpinho estava começando a tomar forma de um bebê que muito em breve seria grande demais para sua idade, o que me obrigava a criar mais e mais músculos nos braços para segurá-la. E eu amava ser forte o suficiente para continuar sendo seu porto seguro.
O que me preocupava era que a cada dia ela parecia mais com o pai. Além do tamanho, com certeza herdado dele, ela era a criança mais linda que eu já tinha visto, com a pele branca quase translúcida, bochechas rosadas, o cabelo em um tom loiro escuro que parecia quase ruivo e grandes olhos verdes. Todas as cores eram dele. Mais uma vez, tentei afastar aquele pensamento que me atingia praticamente todos os dias quando olhava para ela.
Ele era o pai dela. Edward Cullen. O homem que eu mais amei - e ainda amava - mas também o que me machucou de maneira tão profunda que me fez não confiar em mais ninguém. Como se eu pudesse esquecer daquelas mensagens.
Edward havia retornado para Londres, para a casa do pai, quando descobri que estava grávida. Enviei uma foto do teste de gravidez e recebi como resposta as palavras mais dolorosas que já foram dirigidas a mim: Resolva isso sozinha, não quero me envolver.
Não parecia em nada com a pessoa com quem eu me envolvi nos meses anteriores, mas não importava naquele momento. Seguindo o conselho dele, bloqueei seu número e nunca mais busquei saber de nada sobre sua vida. Todos conhecíamos as estatísticas de homens que sumiam ao menor sinal de filhos, certo? Infelizmente, existem coisas que só descobrimos quando acontecem.
Entretanto, sem ele, eu não teria Chloe. Não teria crescido, amadurecido e decidido ser uma pessoa melhor a cada dia, por ela.
Quando decidi seguir com a gravidez e encarar que seria uma mãe solteira, tive a sorte que nem todas tem: uma família que segurou minha mão e enfrentou o caminho comigo. Claro, meu pai quis pegar sua arma e ir atrás de Edward. Depois ele quis ir atrás do pai de Edward. Por fim, Charlie quis ir atrás dos tios de Edward, que moravam na cidade, e isso eu não consegui impedir porque, bem, eles ficariam sabendo de qualquer forma.
O que consegui foi chorar e implorar que não contassem nada, o que foi efetivo. Em contrapartida, eles me pediram para acompanhar a vida daquele bebê. Eu gostava de Esme e Carlisle e, depois de um período, eles se mostraram confiáveis, então nossa família hoje era composta por muitas pessoas. Eu, Chloe, meu pai, sua esposa Sue e seus três filhos: Jake, Leah e Seth, que eram como meus irmãos. Esme e Carlisle estavam presentes como padrinhos - ou guardiões - de Chloe, sem nunca mencionar a ela ou a qualquer outra pessoa quem era seu pai. Eu tinha amigas também, que eram suas tias. Estávamos bem assim.
Durante a minha gravidez, a cidade entrou em uma espécie de pacto silencioso. Ninguém sabia oficialmente que Edward era o pai, mas as pessoas não eram burras. Bastava olhar para ela e a resposta estava ali. Por um milagre, não havia fofoca. Tinha a ver com o fato de Sue ser dona do único restaurante que servia boas refeições a qualquer hora do dia? Talvez fosse porque Charlie era o xerife? Ou então porque aquela criança era afilhada do médico responsável pelo hospital e ninguém queria ter a antipatia dele? Eu não sabia, mas ninguém dizia nada.
O fato era que nem eu, nem Chloe viramos uma grande atração. As pessoas seguiram suas vidas como se nada tivesse acontecido, mesmo quando eu voltei da faculdade com uma barriga enorme, algumas até se aproximaram para ajudar. Talvez algum comentário tenha sido feito, mas nada chegou até nós. E foi bom, porque lidar com tudo aquilo já era mais que o suficiente para mim. Ter uma rede de apoio era ótimo, mas a maior parte da carga ainda era minha.
- Mamãezinha - a voz infantil me chamou, me trazendo de volta. Hora de levantar.
Tomamos um banho juntas, ficando prontas rapidamente. Organizei a mochila e descemos para começar o dia, encontrando a casa na loucura rotineira. Seth estava indo para a escola, de carona com Leah. Jake geralmente saía mais tarde, mas estava na mesa para o café da manhã.
Bom dia, pestinha - ele cumprimentou, tirando-a do meu colo e ganhando um bico em resposta.
- Pestinha não… Sou uma pincesa - a pequena reclamou, com os cachinhos balançando junto com a cabeça.
- Muito bem - riu - Hora da princesa comer seus ovos.
Quase todos os dias, nossa rotina era igual: após o café da manhã, entrávamos no carro e íamos para o restaurante. Chloe brincava atrás do balcão e no escritório enquanto Sue cuidava da cozinha e eu cuidava do atendimento no salão, supervisionando os outros funcionários, e da administração. Seth se juntava a nós depois da aula. Era cansativo mas, novamente, eu era grata por sermos uma família unida.
Nós estávamos longe de sermos ricos, muito distantes do poder aquisitivo do pai dela, mas éramos felizes e tínhamos uma vida boa, com o conforto necessário, sem luxos. Cada um dava seu melhor.
Seria tudo perfeito, se eu não estivesse sentindo como se um relógio invisível fizesse tic tac na minha cabeça nos últimos dias. Quase como se a areia de uma ampulheta estivesse completando sua passagem para o outro lado, eu sentia que algo estava prestes a acontecer, e esse algo era grande.
